Agronegócio traz prosperidade para o Sul do Piauí

Publicado em 05/07/2010 16:30 e atualizado em 04/03/2020 21:24
As imagens impressionam. No alto das chapadas piauienses, uma agricultura moderna e sustentável se desenvolve a passos largos. A vegetação de cerrado deu lugar às fazendas de grãos que chegam a registrar as mais altas produtividades do Brasil. São quatro grandes chapadas com altitude média de 600 metros e um regime de chuvas que varia entre 900 e 1200 milímetros por ano.   Hoje, são cerca de 400 mil hectares plantados com soja, milho, arroz e algodão, uma ocupação ainda modesta se considerarmos um potencial de expansão para 2,8 milhões hectares somente em áreas de cerrado.

A colonização do cerrado ganhou fôlego a partir de 1994, com a vinda dos primeiros produtores rurais gaúchos para o município de Bom Jesus, a 630 km da capital Teresina. Idemar Cover,o gringo, foi um dos pioneiros no plantio de soja na região, conviveu com o preconceito e enfrentou muitos desafios.

“Há 16 anos quando nós conhecemos o Piauí, a gente sabia das dificuldades que a gente ia enfrentar aqui e que ainda hoje temos, nós não tínhamos infra-estruturam não tínhamos telefone... aqui era uma cidade que vivia em função de política. A economia da cidade girava em torno de agricultura de subsistência e política”, diz o sojicultor.

Hoje o município de Bom Jesus tem cerca de 24 mil habitantes e uma infra-estrutura ainda deficitária em telefonia, rede de esgoto e iluminação pública. Mas já registra avanços importantes, nas áreas de educação e saúde, cultura e lazer e principalmente na melhoria de renda da população.

Segundo a ajudante geral Carliana Alves de Souza, “a cidade antes da soja era bem precária, situações de emprego, desenvolvimento social, na agricultura ela evoluiu bastante... e cresceu. Com a chegada de novos povos na cidade cresceu bastante, construções a gente tem universidades. Então pra mim a evolução foi muito boa”. 

Assim como Carliana, Moacir da Cruz Soares, que é garçom, acredita que “daqui pra frente vai melhorar mais ainda porque está trazendo as grandes empresas pra nossa cidade, gerando mais empregos, mais negócios e crescendo a cidade cada vez mais com certeza vai melhorar daqui pra frente.

Bem perto de Bom Jesus, a menos de 40 km do município fica a Serra do Quilombo, uma das áreas mais tecnificadas no Sul do Piauí. Apesar de uma colonização recente,  de pouco mais de 15 anos, a serra conta hoje com cerca de 50 propriedades com tamanhos que variam de mil a 10 mil hectares e uma infraestrutura moderna. A soja é o principal produto cultivado, mas o milho já aparece como uma alternativa para a diversificação e rotação de culturas. 

Nessa área recém colhida da fazenda Manganelli dá pra ver o resultado de um trabalho bem feito de preparo do solo.

 “Esse solo aqui já é um solo corrigido, é um solo de 8 para 9 anos já, está com uma correção muito boa. A gente está vendo uma tonalidade de terra escura uma terra preta que é a característica de solo no sul do Piauí. Ela tem uma média de 25 até 30 cm com essa tonalidade e o restante, aqui pra baixo, é uma argila, que se for aberta uma trincheira a gente iria visualizar isso aí.

Em regiões de cerrado essa é uma característica de um solo bem mais produtivos, do que em outras regiões que tem um solo mais pobre. O custo praticamente é o mesmo de outras regiões , porém , o diferencial é que a resposta é mais rápida, nos primeiros anos se consegue obter altas produtividades , já.”, explica o produtor rural Nelson Flores Manganelli.

Outra característica importante das fazendas na Serra do Quilombo é a estrutura de armazenagem própria, com capacidade para receber boa parte da safra. Na fazenda Agro Santos, os silos são importantes aliados no gerenciamento da comercialização da safra. O produtor Nivaldo José dos Santos investiu cerca de 4 milhões de reais na construção de um armazém com capacidade para 250 mil sacos de milho e soja. Como estratégia, está vendendo,   primeiramente, o milho e deixando a soja para negociar mais tarde.

“Eu penso que a gente tinha que comercializar o milho.  A soja, já que está em baixa, tem que segurar.  Em função do milho ter uma safra recorde esse ano a nível Brasil, eu acho que a perspectivas dele de subir, são muito poucas. Então eu acho que tem que vender o milho e segurar o soja. Hoje a nível de exportação tá 28, 29. Mercado interno, 32,33. Mas as perspectivas são de que vai subir um pouco mais,  e com essa estrutura você consegue gerenciar isso? Sim, é possível segurar mais um pouquinho. Na minha opinião, R$ 40 o saco  para poder equilibrar os negócios. Porque senão você não consegue fazer a reposição de adubos, insumos, essas coisas assim.”, afirma Santos.

A  Transcerrado, uma rodovia estadual que corta todas as chapadas produtoras de grãos no sul do Piauí. São cerca de 400 km de uma rodovia que ainda não foi asfaltada. Essa rodovia foi aberta há 5 ou 6 anos. No entanto, é uma rodovia importante para o escoamento dos grãos, da produção de grãos aqui na região. Valtério Manganeli, ele já estava aqui na Serra do Quilombo quando a rodovia foi aberta.

“Isso é uma rodovia que corta toda essa extensão onde o povo tá se colocando para iniciar os plantios aqui no sul do Piauí, que é a região produtora. Isso aí traz muito benefício para a região, só que foi uma rodovia que foi feita, não foi asfaltada, ficou sem conservação. Por várias vezes os produtores tiveram que se reunir aqui e fazer conservação para poder trafegar por essa estrada”, diz o produtor.

Ao longo desse trecho de 400 km tem unidades, como a da Bunge, são unidades de entrega dos grãos onde os produtores podem deixar seu material, seu produto e depois esse produto é distribuído, o que facilita a vida do produtor também.

“Tem muitos produtores  que não tem armazenagem, não tem secador, então esses pontos de recebimento da Bunge, da própria Ceagro, que trabalham aqui na região são muito importantes para o produtor principalmente na época da colheita. E tem mais empresas prometendo se instalar na região também”, afirma Valério.

Por: Aleksander Horta
Fonte: Notícias Agrícolas

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