Queda de 13 centavos na média de preços pagos ao produtor de leite acende sinal de alerta e afeta margens da atividade

Publicado em 01/11/2016 11:08
Mais uma queda forte para o leite pago ao produtor. Além do aumento na oferta, a demanda fraca ajuda a pressionar ainda mais as cotações
Confira a entrevista de Wagner Yanaguizawa - Analista do CEPEA

Nesta segunda-feira (31), o Cepea divulgou seu relatório mensal de acompanhamento do mercado do leite, indicando um segundo mês consecutivo de recuo no preço recebido pelo produtor.

O pesquisador do Cepea, Wagner Yanaguizawa, explica que a queda já era esperada, uma vez que aumenta a oferta de leite no campo. A média nacional do preço líquido fechou a R$1,361 e a média nacional do preço bruto, a R$1,5060. O acumulado do ano, no entanto, ainda está positivo em 37,5%.

O índice de captação, por sua vez, teve um aumento de 6,24%. No acumulado do ano, a variação está "quase ficando positiva de novo, pois estava negativa o ano inteiro", explica o pesquisador. O aumento de captação já é esperado para o final do ano - com destaque para a Bahia, que teve aumento de mais de 10,7% de captação.

Ainda segundo o Cepea, a grande maioria das fontes, 94,2%, espera ainda uma baixa de preços. Uma porcentagem de 4%, no entanto, acredita em alta, uma vez que o volume de chuvas foi abaixo da expectativa no último mês. O pesquisador indica que a tendência é contrária: deve haver um aumento das chuvas e a oferta do leite deve aumentar ainda mais. "Com demanda enfraquecida, deve continuar caindo o preço ao produtor", diz.

Ele avalia também que a importação tem impactado de certa forma o mercado interno. Mesmo com a normativa que proibe a reidratação do leite em pó proveniente de outros países, o leite em pó brasileiro "não tem competitividade" com mercados como Argentina e Uruguai, destaca. A entrada desses produtos é considerada, portanto, "inevitável", mas ele lembra ainda que o setor gostaria de um estabelecimento de cotas para a importação proveniente do Uruguai, já que essas cotas já existem para os argentinos. "É a alternativa mais viável a curto prazo".

Os patamares de custo de produção também não possuem expectativas de grande queda, já que o milho e o farelo de soja representam 40% do custo de produção pago pelo produtor. "As margens estão se estreitando e tendem a se estreitar ainda mais até o final do ano", avalia o pesquisador.

A demanda também colabora para enfraquecer os preços. Pontualmente, há promoções de leite e derivados, mas a queda ainda não estimulou o consumo, a medida em que o poder de compra do consumidor ainda é pequeno.

 

Por: Aleksander Horta e Izadora Pimenta
Fonte: Notícias Agrícolas

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