Suinocultura em SC: falta demanda e frigoríficos ficam com câmaras cheias e granjas sem conseguir vender animais

Publicado em 27/03/2020 13:40
Suinocultor oferta animais a preços baixos em tentativa de evitar superlotação nas granjas, o que pode comprometer o status sanitário; preço de venda menor frente a custos de produção em alta
Marcos Antônio Spricigo - Produtor Rural e Proprietário de Frigorífico

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Entrevista com Marco Antônio Spricigo - Produtor Rural e Proprietário de Frigorífico sobre o Mercado de Suínos

 

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O fechamento de escolas, hotéis, restaurantes e demais cozinhas industriais durante o confinamento na pandemia do Covid-19 já apresenta problemas ao suinocultor e agroindústria em Santa Catarina. De acordo com Marcos Antônio Spricigo, suinocultor e proprietário de um frigorífico em Arroio Trinta, as câmaras frias da indústria estão lotadas, já que a falta de demanda impede o escoamento da produção, e as granjas enfrentam a falta de procura por animais para abate.

Segundo ele, na quinta-feira (26), quando há negociações de suínos vivos e carcaças em Santa Catarina, por meio de bolsa, não houve comercialização. "Vimos clientes preocupados, sem querer fazer pedidos, alegando falta de demanda. Em entrega de carcaça suína em Curitiba (PR), teve situação de clientes sérios, fidelizados, devolvendo porque estão sem condição de passar para frente, mesmo refazendo os preços", disse.

Spricigo explica que os compradores tanto de suíno vivo quanto da carcaça pedem que se espere uma semana para analisar como a situação vai se desenrolar para, talvez na próxima quinta-feira, tentar novamente fazer negócio.

"Nós não estamos deixando de produzir, mas não estamos tendo como vender a nossa produção. O temor é que esses animais fiquem parados na granja e o suinocultor não tenha como tratar, porque há problemas financeiros e de acesso aos insumos, e isso comece a ameaçar o status sanitário conquistado com tanto suor em Santa Catarina", afirmou. 

De acordo com ele, com os preços do suíno caindo devido à super oferta, o desafio de enfrentar os altos custos de produção aumentam ainda mais. "Hoje temos a saca de 60kg de milho em torno de R$ 54 a R$ 58, tonelada do farelo de soja entre R$ 1700 e R$ 1900, isso quando conseguimos comprar o farelo, sem contar os demais insumos dolarizados", explica.

Com os custos de produção atualmente empatando com o preço de venda, e com a tendência de queda nos preços do suíno devido às consequências do isolamento social em linha, Spricigo teme que mais prejuízos financeiros venham afetar o suinocultor. 

 

Por: Letícia Guimarães
Fonte: Notícias Agrícolas

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