Pioneiro no comércio de frango com a China diz que "os chineses jamais nos abandonarão, pois dependem da proteína do Brasil"

Publicado em 14/08/2020 12:11 e atualizado em 16/08/2020 17:21
Osler Desouzart - Consultor - OD Consulting
Entrevista com Osler Desouzart sobre as consequencias para o comercio com a China após notícias sobre suposta carga de frango brasileiro contaminado com Covid

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Entrevista com Osler Desouzart - Consultor - OD Consulting sobre o Coronavírus em frango importado pela China

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Em depoimento ao Notícias Agrícolas, o especialista em comércio com a China, Osler Desouzart, demonstra que a notícia de suposta contaminação de uma carga de asas de frango do Brasil para a China "foi muito provávelmente um engano de enormes proporções, mas que já está minimizado".

Ao mesmo tempo, Desouzart garante que as relações comerciais da China com o Brasil "dificilmente serão abaladas, pelo menos por parte dos chineses, pois eles dependem enormente de nossa produção de alimentos, principalmente de nossa proteina".

Osler Desouzart, da OD Consulting (que atua como consultor da cadeia de proteína animal), foi o pioneiro do comercio de frango com a China. Foi ele quem realizou a primeira venda de uma carga de frango brasileiro para a China nos anos 70. 

--"Antes de realizar o negócio tive de aprender como os chineses fazem comércio conosco. Foi duro, mas aprendi. Agora, após anos de relação com eles, posso garantir que jamais nos abandonarão"...

FALSO NEGATIVO

Sobre as notícias de suposta contaminação de uma carga de asas de frango num descarregamento de caixas num porto do sul da China, Osler diz duvidar da ocorrencia. "É bem provável que tenha sido um exame de proteína tipo falso positivo; tanto é que os demais exames - das cargas e de quem teve contato com ela - deram negativo, e o próprio governo chines não encampou o alerta, ficando a notícia restrita às autoridades sanitárias daquela localidade. Isso já foi minimizado", disse ele.

O que não pode ser minimizado, no entanto, são as consequencias dessa notícia no comércio mundial, pois muito provavelmente os países concorrentes - como os da Europa - vão querer nos impor mais barreiras sanitárias baseada numa notícia sem fundamento,; isso eles já fizeram antes e não será surpresa se tentarem novamente".

Desousart publicou no Notícias Agrícolas (no Fala |Produtor), seu posicionamento a respeito dessa notícia (abaixo):

Tenho as mais sérias dúvidas do mundo que o virus estivesse na superfície dos produtos enviados a -20ºC. Seria a primeira notícia do mundo sobre o virus presente em superfície de carne. Considerando a recepção e manipulação logística dos produtos, já que na China persistem os casos, me indago se a fonte de contaminação estaria na origem ou no destino... Vejam que o produto não havia chegado a Hubei, província central onde se registram novos casos de Covid-19, mas estaria em portos do sul do país. Adendo que ninguém come frango cru e que o virus falece em temperaturas superiores a 37ºC. Frango ou qualquer carne frita, cozida ou em churrasco supera 73ºC no miolo da carne. Temo que a UE-27 use tal para impor mais restrições e proibições às exportações brasileiras de frango. Espero que os vizinhos sul-americanos não corram a imitar os europeus, demonstrando o quanto somos desunidos diante de quem quer condenar esta região a seu insignificante papel de supridor de matérias primas básicas às "metrópoles" saudosos factualmente dos séculos XVI a XIX quando a América Latina sabia de seu lugar.

Comentário de OSLER DESOUZARsobre a notícia: China diz que frango importado do Brasil testou positivo para o coronavírus
 

Setor de carnes vê 'jogada comercial' da China em notícia sobre frango com covid-19 (Estadão)

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O dia seguinte da divulgação de que autoridades municipais de Shenzhen, na China, teriam encontrado traços de coronavírus em uma embalagem de carne de frango importada do Brasil foi marcado por questionamentos do setor exportador brasileiro sobre as razões por trás da divulgação da notícia. Embora a China não deva anunciar embargo à carne do Brasil - seu principal fornecedor de proteína animal -, a divulgação já prejudicou o produto nacional. Segundo fontes, a divulgação pode ter motivos políticos e comerciais.

Mesmo com especialistas de todo mundo insistindo que a chance de transmissão do coronavírus por alimentos é muito remota, as Filipinas anunciaram ontem suspensão temporária do recebimento de carne de frango do Brasil. O País hoje fornece cerca de 20% de todo o consumo dessa proteína ao país.

À medida que a notícia se espalha, o País corre riscos de mais prejuízos, segundo o presidente da Associação Brasileira de Comércio Exterior (AEB), José Augusto de Castro. Isso porque os principais clientes do frango brasileiro ficam na Ásia e no Oriente Médio. De janeiro a julho de 2020, a exportação do produto somou US$ 4,1 bilhões, alta de 11% em relação ao mesmo período de 2019.

Para Castro, há a chance de o Brasil estar sendo usado pela China para fazer um aceno aos Estados Unidos em um momento difícil da relação entre as duas potências. "A China quis cutucar o Brasil para preservar os Estados Unidos, em um momento difícil da relação. Estão fazendo a política de boa vizinhança, com fundo comercial", disse. Ele criticou a posição "passiva" do Brasil em relação à China e afirmou que é necessário que o País defenda seus interesses em questões comerciais.

O presidente do conselho da BRF, Pedro Parente, também tocou na questão dos interesses chineses na tarde de quinta-feira, durante evento em São Paulo. Parente disse que, embora o País precise manter "excelentes relações" com seu principal cliente de proteína animal, a notícia sobre o frango brasileiro "tem uma conotação comercial". "Sabemos é que, por uma questão de reincidência de covid-19 na China, era necessário encontrar (.. ) uma desculpa para explicar um fato sem que ele fosse de responsabilidade interna", frisou o executivo.

A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, afirmou ontem que ainda aguarda mais informações da China sobre o caso - reiterando que a situação ainda não foi confirmada oficialmente. No entanto, o governo pretende mandar um recado forte ao mercado ao reagir à ação das Filipinas.

A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) ressaltou ontem que a barreira filipina ao frango brasileiro não segue nenhum critério técnico ou sanitário - baseia-se apenas na notícia veiculada pela China.

Contaminação

Ao Estadão, o consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia, Marcelo Otsuka, lembrou que, por se tratar de um alimento industrializado, é difícil que o frango exportado estivesse contaminado. "A questão da presença do vírus é muito questionável, porque seria preciso que ele se mantivesse viável por 40 dias, considerando o período em que saiu do Brasil até chegar na China. O mais provável é que a presença do vírus tenha se dado pela manipulação do produto lá."

O que a China avalia não é a presença do vírus, mas material genético do vírus. "Há uma diferença aí. É um rastro, significa que o vírus esteve lá. Pode inclusive ser o material genético de um vírus morto. Mesmo que estivesse vivo, não sei se haveria uma quantidade suficiente para causar uma infecção", disse.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

(A seguir, notícia da agencia chinesa sobre nossa produção agrícola):

Safra de grãos recorde e exportações do agronegócio sustentaram economia brasileira, afirma governo (por Xinhua)

Rio de Janeiro, 14 ago (Xinhua) - A safra de grãos recorde e o aumento das exportações fizeram do agronegócio uma atividade essencial para salvar a economia brasileira de um impacto ainda maior causado pela pandemia do novo coronavírus, segundo afirmou a ministra da Agricultura, Tereza Cristina.

Em uma entrevista nesta sexta-feira à Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Cristina destacou que a safra agrícola recorde prevista para este ano, junto com o Plano Safra do governo para ajudar os agricultores fizeram com que o setor crescesse enquanto o resto da economia sofria com os efeitos da pandemia.

"O agronegócio foi o motor da economia e conseguiu não deixar nosso Produto Interno Bruto cair mais. Foi um gerador de riquezas para o mercado interno, para as exportações e para o emprego. O agronegócio brasileiro não deixou de empregar. Alguns setores, inclusive, aumentaram o emprego durante este período difícil da pandemia", ressaltou.

A ministra da agricultura comentou que se espera este ano uma safra de grãos recorde de 253 milhões de toneladas, graças ao investimento em pesquisa e desenvolvimento e às chuvas em boa parte dos estados brasileiros no primeiro trimestre.

Segundo ela, a articulação de sua pasta com o Ministério da Infraestrutura no início da pandemia foi essencial para impedir problemas de logística e evitar o desabastecimento no país.

"Necessitávamos organizar o abastecimento de nosso mercado interno e também não descumprir acordos internacionais. O ministro Tarcísio, da Infraestrutura foi fundamental porque a colheita não pode esperar. O produto necessita ser colhido naquele momento e tivemos um problema de logística e de cuidado com as pessoas nesta pandemia. Montamos um grupo, fizemos um planejamento e, até agora, tudo tem dado certo", disse Cristina.

A ministra lembrou que as exportações do agronegócio brasileiro cresceram 10% no primeiro semestre do ano em comparação com a primeira metade de 2019 , totalizando US$ 61 bilhões. "O Brasil é o celeiro do mundo. Alimentamos nossos 212 milhões de habitantes e exportamos para alimentar mais de 1 bilhão de pessoas no mundo", enfatizou.

Para manter o crescimento, a ministra considerou fundamental a abertura de novos mercados, bem como diversificar a pauta de exportação, reduzindo a dependência da soja.

Nesse sentido, disse que o Brasil passou a exportar alimentos para 51 novos mercados este ano, graças a negociações comerciais. Desde 2019, foram abertos 89 novos mercados para os produtos do agronegócio brasileiro.

Sobre a safra 2020-21, que começa a ser plantada este semestre, destacou que o governo destinará este ano 236 bilhões de reais (US$ 43,7 bilhões) em crédito subsidiado a produtores rurais, privilegiando os pequenos e médios produtores, que, tradicionalmente têm mais dificuldades de acesso ao crédito.

ABPA: SUSPENSÃO DA EXPORTAÇÃO POR FILIPINAS NÃO TEM FUNDAMENTOS TÉCNICOS E CIENTÍFICOS

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São Paulo - A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) disse que ainda não foi informada oficialmente sobre eventual suspensão da importação de carnes de aves brasileiras pelas Filipinas. “Se confirmada, a ABPA apoiará o Ministério da Agricultura na apresentação dos esclarecimentos, já que se trataria de uma decisão sem fundamentação técnico-científica e pendente de esclarecimentos e demonstrações”, afirmou a ABPA em nota encaminhada ao Broadcast Agro .

Mais cedo, o Departamento de Agricultura das Filipinas informou a suspensão temporária das importações de aves do Brasil, após a China ter afirmado que detectou traços do coronavírus em carga de asas de frango congeladas vinda do Brasil. "Com os relatórios recentes da China e em conformidade com a Lei de Segurança Alimentar do país para regulamentar os operadores de empresas de alimentos e proteger os consumidores filipinos, a proibição temporária da importação de carne de frango é imposta”, disse o Departamento de Agricultura das Filipinas em um comunicado.

A ABPA destacou que “não há evidências científicas” de que a carne seja transmissora do coronavírus, citando a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). “Ao mesmo tempo, o setor exportador brasileiro reitera que todas as medidas para proteção dos trabalhadores e a garantia da inocuidade dos produtos foram adotadas e aprimoradas ao longo dos últimos meses, desde o início da pandemia global”, acrescentou a entidade.

CARNES/CHINA: GACC INFORMA QUE FRIGORÍFICO DO PANAMÁ SUSPENDEU EXPORTAÇÃO À CHINA DE MODO VOLUNTÁRIO

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São Paulo, 14/08/2020 - A Administração Geral de Alfândegas da China (GACC, na sigla em inglês) informou nesta sexta-feira que uma unidade de processamento de carne do Panamá suspendeu voluntariamente a exportação de seus produtos bovinos para a China no dia 3 agosto.

A opção de veto voluntário à comercialização para o gigante asiático ocorre em meio à uma série de suspensões da China à importação de carne de frigoríficos de vários países. O motivo alegado extraoficialmente pelo governo chinês para essas suspensões seria a necessidade de aumentar o controle sanitário por causa da covid-19.
 

 

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Fonte:
NotíciasAgrícolas/Estadão

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1 comentário

  • José Augusto de Souza

    Excelente entrevista!!! o palestrante com grande conhecimento e entendimento de como funciona o comércio internacional!!! parabéns ao Osler e ao joão batista pelas informações!!!

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