Preços na suinocultura têm curva de alta em abril, mas demanda não deve seguir tão aquecida nos próximos meses, diz especialista

Publicado em 28/04/2022 15:16 e atualizado em 28/04/2022 16:24
Além da redução na oferta tanto de animais para abate quanto de carne no mercado, demanda externa e interna favoreceram elevações
Luiz Gustavo Tutui - Analista de Mercado do Cepea

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Entrevista com Luiz Gustavo Tutui - Analista de Mercado do Cepea sobre o Mercado dos Suínos

A suinocultura brasileira viu os preços subirem neste mês de abril, principalmente na segunda quinzena do mês, o que é atípico, conforme explica Luiz Gustavo Tutui, analista de mercado do Cepea. Segundo ele, as altas fora puxadas pela demanda interna e externa, além de uma redução na oferta de animais para abate e de carne suína. 

A demanda aquecida, principalmente no mercado interno, pode ter sido favorecida pelos feriados presentes na segunda quinzena do mês, além do término do período de Quaresma, quando parte da população evita o consumo de carne. 

Estas altas, entretanto, podem não ter uma continuidade em um ritmo tão acelerado nos próximos meses, segundo Tutui. Isso porque, além do favorecimento em relação aos feriados, a população segue com baixo poder aquisitivo, e não há previsão de que mais medidas de amparo econômico sejam criadas, como foi o caso da liberação do saque do FGTS, por exemplo.

"Isso acaba fazendo com que haja um certo limite de consumo, ainda que a carne suína esteja neste momento mais competitiva que a de frango. Para maio, há a expectativa do Dia das Mães, que é uma data tradicionalmente muito boa para vendas de carne suína, mas não podemos olhar com muito otimismo para a demanda nos próximos meses", disse.

Analisando o intervalo entre 27 de março e 27 de abril, as principais praças produtoras registraram variação de alta no valor do quilo do animal vivo entre 16,22%, no caso do Rio Grande do Sul até 29,87% em São Paulo. Este incremento vem amparado também pela alta no preço da carcaça suína, que foi de 22,59% no mesmo período. Tutui pontua que o fato de a ponta produtora e a indústria estarem "caminhando juntas" em termos de proporção de aumento mostra uma "qualidade" na alta dos preços, apontando para uma equalização de ritmo entre os elos da cadeia.

 A respeito da diferença entre as proporções de aumento no preço do suíno vivo entre as praças produtoras, o especialista aponta que São Paulo é, tradicionalmente, mais consumidor do que produtor de carne suína, e que normalmente o ritmo das mudanças de preço são mais perceptíveis no Estado, diferente de outras praças que produzem mais e distribuem os animais ou a carne para outras regiões do país. 

Atualmente, de acordo com a série histórica do Cepea, a carne suína atingiu o maior índice de competitividade frente à carne de frango em 12 anos. Isso aponta que pode haver um favorecimento no consumo mas, de acordo com Tutui, o produtor precisa estar atento ao mercado, já que um controle muito rígido de oferta pode trazer os preços mais para cima e reduzir essa competitividade, gerando um recuo do consumidor. 

 

Por: Letícia Guimarães
Fonte: Notícias Agrícolas

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