Com queda nos preços e falta de liquidez, área de trigo deve recuar 30% nesta safra em Guarapuava (PR)

Publicado em 11/04/2017 11:36
Alguns produtores deverão investir na cevada, canola ou até mesmo deixar as áreas em pousio. Plantio deve se concentrar entre os meses de junho e julho na região. Na safra de verão, produtores ainda esperam melhores oportunidades de negócios com a soja. Saca é cotada próxima de R$ 58,00. No milho, preço está ao redor de R$ 21,00 e não cobre o custo de produção.
Confira a entrevista de Rodolpho Botelho - Pres. Sind. Rural de Guarapuava/PR

Podcast

Confira entrevista com Rodolpho Botelho

 

Download

O presidente do Sindicato Rural de Guarapuava (PR), Rodolpho Botelho, detalhou, em entrevista ao Notícias Agrícolas, a situação do planejamento da safra de inverno na região para essa temporada e também o andamento da comercialização da soja. De acordo com Botelho, os produtores devem reduzir a área destinada ao trigo pela dificuldade de comercialização e também pelos preços recebidos.

Segundo dados da Secretaria de Agricultura do estado, a previsão é que haja uma queda de mais de 30% na área do cereal. Os produtores que plantavam apenas eventualmente vão sair "totalmente fora" nesse planejamento do plantio de inverno, como detalha o presidente, enquanto outros devem ainda investir em outras culturas.

Botelho detalha que a região planta trigo em junho e julho e colhe em novembro e dezembro. Neste momento, grande maioria das regiões já colheram seu trigo, então, a região de Guarapuava possui uma dificuldade a mais na sua comercialização. Embora tenham havido boas produtividades no ano passado, a dificuldade na comercialização se impôs e os preços giraram em torno de R$500 a R$550 a tonelada, o que se posiciona abaixo do custo de produção.

As culturas que aumentam em decorrência da diminuição do trigo são a canola, ainda em pequenas quantidades e principalmente a cevada, que pode ter um aumento de 20%. Produtores e técnicos buscam substitutos para as gramíneas de inverno e a canola é uma das opções, embora sua produtividade oscile muito em função de clima, chuva e frio.

O presidente acredita que a cultura do trigo precisa de maior incentivo, uma vez que no Brasil é produzido apenas metade do consumo interno. Para Botelho, o setor produtivo precisaria ser apoiado em contrapartida às importações frequentes por parte de tradings de trigo de outros países da América do Sul e até mesmo da América do Norte. Em função do clima, a região não possui opção de safrinha de milho e necessita de culturas mais específicas.

Para a cultura do milho, o cenário de produtividade é bom: são esperados até 15kg por hectare na média de produtividade. Houve uma pequena comercialização antecipada, mas haverá dificuldade de comercialização dali em diante em função de uma provável safrinha grande a nível nacional. Os produtores aguardam por alguns repiques de preço. Neste momento, as referências de preços estão em média de R$21 no balcão e R$23 no lote. Os produtores trabalham no negativo em relação ao custo de produção.

A soja ainda dá lucro, mas os preços também se encontram em baixa e a comercialização, parada. As referências para a oleaginosa são de R$56 a R$58 no balcão e R$60 a R$62 no lote.

Por: Fernanda Custódio e Izadora Pimenta
Fonte: Notícias Agrícolas

NOTÍCIAS RELACIONADAS

ANA e INPE lançam publicação que atualiza dados sobre irrigação de arroz no Brasil
Abiarroz intensifica ações para abertura do mercado chinês ao arroz brasileiro
Federarroz monitora situação das chuvas em lavouras arrozeiras gaúchas
CNA debate área plantada de soja e milho no Brasil
Ibrafe: Preços já estão 40% abaixo do praticado no ano passado.