Com excesso de umidade, produtores de trigo do PR devem estar atentos ao aparecimento da mancha amarela

Publicado em 07/06/2017 11:01
Doença já está presente em algumas plantações no norte do estado. Mancha amarela pode reduzir a produtividade das lavouras do cereal. Rotação de culturas, tratamento de sementes e investimento em cultivares resistentes à doença são medidas preventivas. Controle químico deve ser realizado após a comprovação da doença nas lavouras.
Confira a entrevista com Paulo Kuhnem - Fitopatologista da Biotrigo Genética

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Paulo Kuhnem - Fitopatologista da Biotrigo Genética

 

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Além de atrasar o plantio do trigo nas principais regiões produtoras, as chuvas constantes também acenderam o alerta para as doenças nas lavouras. No norte do Paraná, algumas plantações, com mais de 50 dias, já registram o aparecimento da mancha amarela. Até o momento, o estado tem cerca de 73% da área prevista para essa temporada cultivada, segundo levantamento do Deral (Departamento de Economia Rural).

Na visão do fitopatologista da Biotrigo Genética, Paulo Kuhnem, a intensidade da doença nas plantações preocupa. “Essa doença é ocasionada por um fungo, que por sua vez sobrevive nos restos culturais do trigo. E essa condição de molhamento foliar, com mais horas de orvalho, favorece o desenvolvimento do fungo”, explica.

Paralelamente, o molhamento também facilita que os esporos do fungo cheguem às folhas do baixeiro, conforme ressalta o especialista. “Com isso, o fungo produz uma toxina e penetra nas folhas, ocasionando a necrose, que são as manchas amarelas. E à medida que a planta cresce a doença passa para a espiga e afeta os grãos, o que pode impactar a produtividade das lavouras”, diz Kuhnem.

Formas de controle

Para evitar os prejuízos, os produtores adotam medidas preventivas. A rotação de culturas, tratamento de sementes e o investimento em cultivares resistentes à doença são opções aos triticultores. O fitopatologista reforça que em áreas de monocultura de trigo a intensidade da mancha amarela pode ser maior.

“Isso porque a palhada da safra passada é fonte de inóculo para essa safra. Então, a rotação de culturas é importante, pois reduz uma das principais fontes de inóculo. No momento da aquisição das sementes, os produtores também pode realizar a análise de patologia para saber se o fungo está presente ou não na semente”, afirma.

Controle químico

Após a comprovação da doença nas lavouras, a recomendação é que os agricultores realizem o controle químico. Os produtores devem estar atentos aos períodos de aplicação para evitar perdas maiores do que os custos de controle. Por outro lado, as condições climáticas adversas ainda dificultam a entrada dos produtores nos campos.

“Também realizamos um experimento com doses de nitrogênio e a intensidade da mancha amarela nas lavouras. Vimos que houve uma redução da doença nos tratamentos com maiores doses de nitrogênio, uma correlação positiva de 67%. Isso mostra que uma planta bem estabelecida se torna menos suscetível a infecção do fungo”, ressalta Kuhnem.

O fracionamento da aplicação de nitrogênio também pode ser uma opção aos produtores. “Fracionar a aplicação em duas ou três vezes evita perdas por lixiviação e disponibiliza de maneira uniforme o nitrogênio nas plantações. E temos observado que isso aumenta a produtividade e qualidade do trigo”, finaliza o fitopatologista.

Por: Fernanda Custódio
Fonte: Notícias Agrícolas

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