Trigo: Produtores seguem desanimados e perspectiva é de nova queda na área semeada no RS

Publicado em 05/04/2018 09:40
Triticultores precisam de produtividade entre 55 a 60 scs/ha para empatarem com os custos de produção. Governo anunciou novo recuo no preço mínimo para a cultura, para R$ 36,17 a saca. Plantio no estado deve ter início no final de maio. Contudo, preços internacionais mais altos e seca na Argentina seguem no radar e ainda podem influenciar decisão dos produtores.
Confira entrevista com Hamilton Jardim - Presidente da Comissão de Trigo - Farsul

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Novamente, na safra 2018/19, os produtores podem reduzir a área cultivada com o trigo no Rio Grande do Sul. Diante dos altos custos de produção e dos preços que ainda deixam margens ajustadas, o estado poderá registrar a menor área semeada na história nesta temporada. Os trabalhos de plantio deverão ter início a partir do final de maio.

O presidente da Comissão de Trigo da Farsul (Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul), Hamilton Jardim, destaca que no ano passado foram cultivados cerca de 650 mil hectares com o cereal. "Porém, até o momento, a procura por sementes está baixa, o que indica que poderemos ter mais uma vez uma redução na área de cultivo", completa.

Além disso, ainda nesta quarta-feira, o Governo reduziu o preço mínimo do trigo em grão para o Sul do país, de R$ 37,26 para R$ 36,17 a saca. "Esse é um cenário muito ruim aos produtores. A cultura do trigo é única em que os agricultores olham o preço mínimo. E nosso grande problema é a paridade de importação, que é o valor que o produto internacional chega ao país, e os produtores precisam saber como calcular esse preço", pondera Jardim.

Em contrapartida, os custos de produção permanecem elevados. Nas principais regiões de produção no estado, os produtores precisam de uma produtividade média entre 55 a 60 sacas de trigo por hectare para empatarem com os custos. Sem contar que o trigo é uma cultura com alto risco e que não é totalmente coberta pelo seguro, conforme destaca a liderança.

"Com isso, muitos produtores optam por não plantar a cultura e ficam dependentes da safra de verão. Uma receita apenas para custear todas as atividades, cenário que compromete a sustentabilidade do sistema e também do plantio direto", afirma Jardim.

Embora o cenário seja de desestímulo nesse momento, o presidente da Comissão ainda ressalta que no mercado internacional os preços ainda permanecem elevados. E na Argentina, as preocupações estão voltadas ao clima seco. "Esses fatores ainda podem influenciar na tomada de decisão dos produtores. E também temos a previsão de La Niña, e em anos com o evento climático temos colhido boas safras", reforça Jardim.

Por: Fernanda Custódio
Fonte: Notícias Agrícolas

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