Leite: preços atingem recorde nominal em algumas regiões em agosto, média de alta de 4,8%

Publicado em 03/09/2020 10:18
Apesar de ser o terceiro mês de valorização consecutiva para o produtor, custos de produção em agosto (milho e farelo de soja) subiram proporcionalmente mais
Rafael Ribeiro de Lima - Zootecnista - Scot Consultoria

Podcast

Entrevista com Rafael Ribeiro de Lima - Zootecnista - Scot Consultoria sobre o Mercado do Leite

 

Download

O preço do leite pago ao produtor em agosto, referente ao produto captado em julho, teve alta média de 4,8%, chegando ao valor médio de R$ 1,48/L, conforme afirma o zootecnista da Scot Consultoria, Rafael Ribeiro de Lima. Segundo ele, esta média leva em conta 18 Estados brasileiros, e em algumas regiões, as altas ultrapassaram 6%, 8%, ou até 10%. A média máxima por litro de leite com bonificação chegou a R$ 1,92. 

Apesar desta alta, que atingiu recordes nominais em algumas áreas do Brasil, Lima explica que os custos de produção subiram mais do que o preço do leite, puxados pela suplementação com milho e farelo de soja na alimentação do gado, já que as pastagens estão reduzidas pelo tempo seco.

"Se a gente teve 4,8%, em média, de alta em agosto no preço pago pelo leite, ou mesmo considerando o avanço máximo de 10%, pontualmente registrado em algumas regiões, ainda é bem abaixo que o aumento de 20% no valor do milho só em agosto, ou 15% no farelo de soja", disse.

O aumento nos preços pagos pelo leite ao produtor é fruto de uma conjunção de fatores, conforme diz Lima. Há uma maior concorrência entre os laticínios pela matéria-prima, já que além da entressafra, as empresas não fizeram estoques no primeiro trimestre devido às incertezas geradas pela pandemia do coronavírus. 

"Temos também a situação de que em meados de julho o escoamento dos produtos melhorou, puxado pela reabertura do comércio em algumas regiõe sdo país, e o auxílio emergencial cedido pelo Governo Federal", conta. 

Essa melhor demanda da população por produtos lácteos fez com que a cesta de lácteos analisada pela Scot Consultoria também registrasse alta em agosto; 3,8% no atacado e 3,2% no varejo. 

Para o mês de setembro, Lima projeta que os preços pagos ao produtor em relação ao leite captado em agosto ainda deve ter viés de alta, devido ao tempo seco e a produção  mais enxuta. Já no mês seguinte, com a previsão da chegada de chuvas mais regulares, os valores devem começar a esfriar. 

 

 

Por: Letícia Guimarães
Fonte: Notícias Agrícolas

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Estudo mostra que produtores de leite perdem R$ 1.200 por vaca com mastite. Especialista indica métodos de prevenção
“Aprovação do projeto que proíbe a reconstituição de leite em pó e derivados é um avanço em SC” avalia FAESC
Goiás proíbe venda de leite líquido feito a partir de leite em pó importado
Gadolando celebra prêmio Destaque Holandês e cobra medidas efetivas de apoio à cadeia leiteira
Gadolando aponta ano ruim para o produtor e sugere medidas para um resultado melhor em 2026
CNA alerta para crise no setor leiteiro e defende medidas antidumping