BC reduz juro básico a 12,25% e diz que ritmo de corte dependerá da atividade

Publicado em 23/02/2017 07:29

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Por Marcela Ayres

BRASÍLIA (Reuters) - O Banco Central reduziu nesta quarta-feira a taxa básica de juros em 0,75 ponto percentual pela segunda vez seguida, a 12,25 por cento, menor nível em dois anos, diante da fraca atividade econômica e sinais favoráveis para a inflação, e deixou a porta aberta para acelerar o passo em breve.

O BC ressaltou que a economia, que nos últimos dois anos viveu forte recessão e ainda dá sinais mais tímidos de recuperação, terá forte peso nas decisões daqui para frente.

"Uma possível intensificação do ritmo de flexibilização monetária dependerá da estimativa da extensão do ciclo mas, também, da evolução da atividade econômica, dos demais fatores de risco e das projeções e expectativas de inflação", afirmou o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC em comunicado.

A decisão era amplamente esperada pelo mercado. Em pesquisa Reuters, 53 de 54 analistas consultados previram redução de 0,75 ponto percentual para a Selic.

"O mercado tende a reagir com redução de taxas... embutindo probabilidade maior de corte de 1 ponto na próxima reunião (do Copom)", afirmou o economista-chefe do banco Santander, Maurício Molan, acrescentando que o BC indicou "claramente que a 9 por cento, que é o que o mercado projeta, a meta (de inflação) está cumprida".

Ao reduzir sua projeção de inflação a cerca de 4,2 por cento em 2017 no cenário de mercado, ante 4,4 por cento, e mantendo a visão de alta do IPCA a 4,5 por cento no ano seguinte, o BC ressaltou que esses cenários embutem hipótese de que a Selic alcance 9,5 e 9 por cento ao final de 2017 e 2018, respectivamente.

E, diferentemente dos outros comunicados sob a gestão de Ilan Goldfajn, o BC não fez projeção para a inflação pelo cenário de referência.

Com a investida, o BC fez sua quarta redução na Selic, após dois cortes de 0,25 ponto percentual cada e um de 0,75 ponto, no mês passado.

Para o economista-chefe do banco J.Safra, Carlos Kawall, o BC mostrou confiança na trajetória da inflação e indicou que vê riscos mais equilibrados.

"Eu diria que abriu-se uma porta para um movimento de (corte de) 1 ponto percentual na próxima reunião", disse Kawall, que acredita que uma tramitação positiva da reforma da Previdência poderá ser um fator decisivo nesse sentido. Ele segue, contudo, prevendo outro corte de 0,75 ponto na Selic em abril.

A manutenção da velocidade agora veio após o BC ter apontado em suas últimas comunicações que este seria o novo ritmo de afrouxamento, diante da inflação mais disseminada, expectativas de inflação ancoradas e atividade econômica aquém do esperado.

A queda recente do dólar frente ao real e dados ainda mais positivos sobre o avanço de preços na economia vêm despertando apostas de nova aceleração no ritmo de cortes daqui para frente.

O BC também ponderou no comunicado que "a extensão do ciclo de flexibilização monetária dependerá das estimativas da taxa de juros estrutural da economia brasileira, que continuarão a ser reavaliadas pelo comitê ao longo do tempo".

"Veio um comunicado bastante neutro, mas nada que impeça um corte maior na próxima reunião. O ponto que chamou a atenção é a questão da taxa de juros neutra. Isso passa a mensagem de que ele está mais preocupado com o tamanho do afrouxamento do que com o ritmo propriamente dito", avaliou o economista do banco Brasil Plural Raphael Ornellas.

Em relação aos riscos que avaliará de perto, o BC apontou o alto grau de incerteza no cenário externo, o choque de oferta favorável nos preços de alimentos e recuperação da economia "mais (ou menos) demorada e gradual que a antecipada".

No comunicado, o BC repetiu que a convergência da inflação para a meta de 4,5 por cento no horizonte relevante --2017 e com peso cada vez maior o ano de 2018-- é compatível com o processo de flexibilização monetária.

Mais cedo, foi divulgado que a prévia da inflação oficial mostrou maior pressão do que o esperado em fevereiro, mas ainda assim atingiu o menor nível para o mês em cinco anos, acumulando 5,02 por cento em 12 meses.

A meta do governo é de inflação de 4,5 por cento pelo IPCA neste ano e no próximo, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.

(Com reportagem adicional de Silvio Cascione)

>> Veja entrevista de Sérgio Vale, da MB Associados, sobre o momento e as condições futuras para a economia brasileira.

 

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Fonte:
Reuters

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