Atenção: Com Lula fora, Bolsonaro sai na frente... mas acaba derrotado por Marina no 2º turno

Publicado em 31/01/2018 08:51
Com ou sem Lula, Brasil continuará socialista e anti-mercado

Nesta quarta-feira (31), o jornalista João Batista Olivi, do Notícias Agrícolas, comenta a pesquisa Datafolha divulgada hoje pela manhã, que testa dois cenários para a corrida eleitoral: um contando com o nome do ex-presidente Lula e o outro, sem.

No primeiro cenário, Lula (PT) mantém a liderança, com 37% dos votos, seguido por 16% do candidato Jair Bolsonaro (PSC). No segundo, Bolsonaro lidera com 18%, seguido por 13% de Marina Silva (REDE). Contudo, caso esse cenário se configure, a candidata do REDE venceria no segundo turno.

Como comenta Olivi, essa pesquisa deve "modificar muitos rumos da nossa corrida presidencial". Ele também lembra que a publicação vem sendo contestada pelo candidato Jair Bolsonaro, já que este aparece em maior destaque em outras pesquisas divulgadas.

A tendência, portanto, é que os votos destinados para Lula se distribuam entre Silva e o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), o que, para o jornalista, seria a manutenção de uma direção política.

Confira o comentário completo no vídeo acima

Editoria de Arte/Folhapress  
Editoria de Arte/Folhapress  

 

Reuters: Lula mantém liderança em pesquisa; sem petista, Bolsonaro lidera e 4 disputam 2º lugar, aponta Datafolha

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) manteve a liderança nas intenções de voto para a eleição presidencial de outubro apesar da condenação em segunda instância, enquanto em cenário sem o petista o deputado Jair Bolsonaro (PSC) lidera e até quatro concorrentes disputam o segundo lugar, apontou pesquisa Datafolha nesta quarta-feira.

De acordo com o levantamento, publicado pelo jornal Folha de S.Paulo, Lula tem 37 por cento das intenções de voto, contra 16 por cento de Bolsonaro e 7 por cento tanto para o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), como para o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), em um cenário sem a participação de Marina Silva (Rede). Nos demais cenários, a participação de Lula varia entre 34 e 36 por cento, enquanto Bolsonaro aparece com 16 a 18 por cento das intenções de voto.

No entanto, sem a presença de Lula os votos do petista são pulverizados. Nesse caso, Bolsonaro lidera com 18 por cento das intenções de voto, contra 13 por cento da ex-ministra Marina Silva (Rede), 10 por cento de Ciro e 8 por cento tanto para o apresentador de TV Luciano Huck (sem partido) com para Alckmin, em um dos cenários. Nos demais cenários sem Lula, Bolsonaro aparece com 19 e 20 por cento das intenções de voto.

Lula foi condenado na semana passada pelo Tribunal Regional da 4ª Região a 12 anos e 1 mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex no Guarujá (SP). A condenação pode deixar o petista fora da disputa com base na Lei da Ficha Limpa.

Incluído em alguns cenários pelo Datafolha, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), somou apenas 1 por cento das intenções de voto nas situações com Lula como candidato, e vai no máximo a 2 por cento sem o petista.

Outro nome visto como possível candidato do governo, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), também aparece com apenas 1 por cento das intenções de voto no cenário em que seu nome foi incluído pelo Datafolha, assim como o presidente Michel Temer (MDB).

Nas simulações para o segundo turno, Lula venceria todos os concorrentes, segundo o Datafolha: 49 a 30 contra Alckmin; 47 a 32 contra Marina; e 49 a 32 contra Bolsonaro.

Sem o ex-presidente, Marina venceria Bolsonaro por 42 a 32, enquanto haveria empate dentro da margem de erro nas disputas Alckmin (35) x Bolsonaro (33) e Alckmin (34) x Ciro (32).

O levantamento apontou, ainda, que o presidente Temer tem o maior índice de rejeição dos eleitores, com 60 por cento, seguido pelo ex-presidente Fernando Collor (PTC), com 44 por cento, por Lula, com 40 por cento, e por Bolsonaro, com rejeição de 29 por cento.

A pesquisa mostrou também que sem Lula no pleito o número de pessoas que declararam que votarão em branco ou nulo chega a 32 por cento no cenário em que Bolsonaro lidera com 20 por cento, um aumento de mais de 10 pontos nesse índice em relação aos cenários com a presença do petista.

O Datafolha entrevistou 2.826 pessoas em 174 municípios entre os dias 29 e 30 de janeiro. A margem de erro é de 2 pontos para mais ou menos.

No Poder360: Bolsonaro lidera; Marina, Ciro e Alckmim embolam em 2º lugar, diz Datafolha (cenário de 1.o turno)

Se a eleição presidencial fosse hoje, a disputa teria Jair Bolsonaro (PSC) líder da disputa pontuando de 16% a 20%, a depender da combinação de cenários. Entre os candidatos tradicionais e já com partido definido, o 2º lugar ficaria embolado entre Marina Silva (Rede), Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB).

Quando são incluídos nomes de pré-candidatos ainda não filiados a partidos, entra na lista de segundos colocados o empresário e apresentador da TV Globo Luciano Huck, que tem de 5% a 8%.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que está quase fora da disputa por ter sido condenado em 2ª Instância a 12 anos e 1 mês de prisão, lideraria a disputa caso pudesse ficar no páreo. O petista tem de 34% a 37%, percentuais semelhantes ao que têm em outras pesquisas realizadas antes da sentença que recebeu do Tribunal Regional Federal da 4ª Região no último dia 24 de janeiro de 2018. 

Esses são os resultados principais da pesquisa Datafolha realizada nos dias 29 e 30 de janeiro em 174 cidades com 2.826 pessoas. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.

Eis 1 quadro com os percentuais máximos e mínimos alcançados por todos os candidato testados pelo Datafolha:

É interessante que o Datafolha tenha feito testes com 9 cenários diferentes –uma enormidade nesse tipo de pesquisa, pois o entrevistado fica cansado e tende a se desinteressar ao longo das respostas–, mas ainda há algumas situações que ficaram de fora. Isso é demonstração de como há uma miríade de nomes e hoje seria impossível verificar todas as dezenas de combinações.

Por exemplo, no caso do PT sem Lula, o Datafolha texto como nome alternativo Jaques Wagner, que foi deputado federal e governador da Bahia. O político que nasceu no Rio de Janeiro e fez carreira entre os eleitores baianos tem 2% das intenções de voto.

Não foi testado o nome do ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, também cogitado para ser o substituto de Lula na disputa presidencial.

Outra ausência importante na pesquisa Datafolha é 1 cenário apenas com os políticos profissionais, disputando o Planalto entre si. Não há, por exemplo, 1 cenário no qual são testados Bolsonaro, Marina, Ciro Gomes, Alckmin e algum nome do PT.

O que há de mais próximo disso é o cenário apresentado com o número 7 pelo Datafolha. Mas há ali uma distorção grande porque está ali também o nome de Luciano Huck –que pontua 8% e empata com Alckmin.

É possível inferir que os 8% de Huck se dividiriam 1 pouco entre os nomes do topo da tabela. Mas essa é uma especulação apenas, pois o Datafolha não fez esse teste.

O que haveria de mais próximo ao cenário só de nomes “profissionais da política”seria a cartela número 8 do Datafolha. O problema nessa simulação é que o nome do PSDB é o do prefeito de São Paulo, João Doria –cuja candidatura a presidente é incerta; ele deve, na realidade, concorrer a governador de São Paulo.

Doria pontua 5% no cenário número 8. Não tem contra si nenhum dos tais“outsiders” da política, como Luciano Huck e Joaquim Barbosa. E ainda assim o desempenho do prefeito de São Paulo fica atrás do obtido por Geraldo Alckmin.

O cenário 8 do Datafolha tem uma utilidade: mostra que o prefeito de São Paulo não ganhou tração no plano nacional a ponto de convencer o PSDB de que seria o nome mais competitivo na disputa. Hoje, o tucano que ocupa essa posição é Alckmin.

O Datafolha também testou alguns cenários que dificilmente vão se consubstanciar mais adiante quando os candidatos forem registrados oficialmente na Justiça Eleitoral.

O cenário número 5 inclui o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa, que marca 5%. Mas nessa lista de candidatos não está a pré-candidata da Rede, Marina Silva –e isso distorce os resultados.

Já no cenário 6, o Datafolha apenas retira o nome de Marina Silva e deixa os demais profissionais da política. Ao mesmo tempo, inclui o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que é filiado ao PSD, do ministro das Comunicações, Gilberto Kassab. Nessa combinação, Meirelles aparece com 2%. O tucano Alckmin tem seu melhor desempenho, com 11%, colado em Ciro (com 13%)
o seu melhor desempenho.

CENÁRIOS COM LULA

Apesar ser praticamente impossível que Luiz Inácio Lula da Silva consiga disputar –porque pode ser preso ou porque será barrado pela Lei da Ficha Limpa–, o Datafolha testou 5 dos seus 9 cenários com o nome do petista.

Lula tem de 34% a 37%, percentuais não muito diferentes do que registrou em pesquisas anteriores, de vários institutos.

O mais notável a ser dito sobre a presença de Lula é que sua capacidade de transferir votos permaneceu inalterada em relação ao período anterior, quando ainda não estava condenado em 2ª Instância.

Essa habilidade transferir votos é o indicador mais relevante neste momento, uma vez que é real a possibilidade de Lula ficar fora da corrida pelo Planalto. Como se observa no quadro do Datafolha, é grande a rejeição a 1 possível nome ungido pelo ex-presidente: 53%.

SIMULAÇÃO DE 2ª TURNO

O Datafolha testou 6 possíveis disputas de 2º turno. No Brasil, quando nenhum candidato obtém pelo menos 50% mais 1 dos votos válidos, os 2 mais bem votados se enfrentam numa rodada final.

Nos 3 cenários em que Lula é testado em 2º turno, o petista ganha com folga dos seus adversários na pesquisa Datafolha: 49% a 30% contra Alckmin; 47% a 32% contra Marina e 49% a 32% contra Bolsonaro.

Nas outras 3 simulações sem Lula no 2º turno o Datafolha encontrou o seguinte:

  • Alckmin 34% X 32% Ciro Gomes
  • Marina 42% X 32% Bolsonaro
  • Alckmin 35% X 33% Bolsonaro

REJEIÇÃO

Segundo o Datafolha, o nome hoje mais rejeitado numa eventual disputa pelo Planalto é o do atual presidente, Michel Temer. De acordo com a pesquisa, 60% dizem que não votariam no emedebista de jeito nenhum.

Lula é rejeitado por 40%. O ex-presidente Fernando Collor (PTC), que anunciou sua pré-candidatura, é rejeitado por 44%.

Bolsonaro tem uma taxa de rejeição de 29%. Marina fica com 23% e Ciro Gomes com 21%.

CONDENAÇÃO DE LULA

condenação do ex-presidente a 12 anos e 1 mês de prisão pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal) pode torná-lo inelegível, mas sua participação na campanha depende de uma decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que só deve ocorrer em setembro. Até lá, ele pode se apresentar como pré-candidato e recorrer a tribunais superiores para garantir seu nome na disputa.

Caso tenha sua candidatura seja barrada na Justiça, os principais beneficiados no cenário eleitoral seriam a ex-senadora Marina Silva, que passa de 8% para 13% de intenções de voto e Ciro que cresce de 6% para 10%. Outros candidatos também crescem quando Lula está fora do páreo, mas de forma mais tímida: tanto Geraldo Alckmin quanto Luciano Huck sobem de 6% para 8%.

Porém, sem Lula, o percentual de eleitores que diz não saber em quem votar ou que votaria em branco ou nulo sobe de 16% para 28%.

O Datafolha testou o nome do ex-governador baiano Jaques Wagner como 1 dos possíveis substitutos de Lula pelo PT. Ele aparece com 2% de intenções de voto na pesquisa.

GERALDO ALCKMIN

Favorito para se candidatar à Presidência pelo PSDB, Alckmin patina em todos os cenários testados. O governador de São Paulo tem de 6% a 11% das intenções de voto.

No 2º turno, Alckmin seria derrotado por Lula e aparece tecnicamente empatado em uma disputa com Ciro Gomes. Nesta 2ª simulação, quase 1 terço dos eleitores diz que votaria em branco ou nulo.

O governador paulista vem sofrendo problemas dentro do próprio partido para viabilizar sua candidatura. Uma potencial alternativa Alckmin seria o prefeito paulistano João Doria, que também não decolou: aparece com, no máximo, 5% das intenções de voto. 

Lula ainda poria um nome do 2º turno; aglutinador do centro segue necessário (por REINALDO AZEVEDO)

As eleições ainda estão longe, sim, e o cenário eleitoral tende a mudar. Caiu um pouco o potencial de transferência de votos de Lula, segundo o Datafolha, mas ainda é alto o percentual dos que dizem que votam com certeza (27%) ou poderiam votar (17%) num candidato indicado pelo chefão petista. Hoje, isso seria suficiente para pôr um ungido seu no segundo turno. Logo, o fortalecimento de um nome do “centro” segue um tema importante para quem repudia a ideia de uma disputa ente um petista e Bolsonaro. Alckmin tem o desafio de demonstrar: “Esse cara sou eu”.

Datafolha registra o desempenho pífio de paraquedistas como Huck e Barbosa. E ainda não se consolidou nome do “centro”

Ora, ora, ora… Com ou sem o petista Luiz Inácio Lula da Silva na disputa, o desempenho dos chamados “outsiders” é pífio. O que aparece em melhor situação é Luciano Huck. Dada a sua presença na televisão, nem seria de esperar outra coisa. Mas o desempenho é modesto.

Sem o ex-presidente, acontece o óbvio: Jair Bolsonaro lidera a disputa com 18% a 20% dos votos, patamar em que empacou, é bom notar. Atenção para um dado: nas simulações em que Lula não aparece, o ganho de Bolsonaro se dá dentro da margem de erro. Ele vai para a primeira colocação só porque o petista não está na lista, não porque tenha um acréscimo significativo de votos.

Muito bem! Sem Lula, quem disputaria o segundo lugar, indo para o turno final, se a eleição fosse hoje? Aliás, cumpre comemorar: ainda bem que não é. Tem-se uma embolada. Em dois cenários irrealistas porque sem Marina Silva (Rede), e ela será candidata em qualquer caso, Ciro Gomes (PDT) aparece com 12% ou 13% dos votos, em empate técnico com Geraldo Alckmin (PSDB), com 11%. Numa simulação em que aparece o nome de Luciano Huck — que, acho, não vai disputar —, Marina fica com 13%, seguida por Ciro, com 10%. O apresentador surge com 8%, em empate com Alckmin.

O prefeito João Dória, a julgar pelos números, deixou de assombrar a pré-candidatura do governador de São Paulo. Numa simulação bastante plausível caso fosse ele o candidato tucano, Marina alcançaria 16%, seguida por Ciro, com 12%. Álvaro Dias, do Podemos, figuraria com 6%, e Doria, com apenas 5%. Aliás, quando Lula aparece na lista, ele marca apenas 4%. Já aqui uma primeira conclusão: o prefeito de São Paulo, se quiser mesmo disputar a eleição, terá de concentrar seus esforços no embate pelo Palácio dos Bandeirantes.

E as simulações de segundo turno quando Lula está fora da disputa? Bem, é de trincar catedrais… Alckmin e Ciro ficariam tecnicamente empatados, com, respectivamente, 34% e 32%. Em setembro, a diferença era de 37% a 29%. Marina imporia uma boa distância a Bolsonaro: 42% a 32%, mas ela já foi bem maior; há quase cinco meses, o placar era de 47% a 29%. Também haveria um empate técnico entre o tucano, com 35%, e o militar reformado, com 32%. Não é um quadro que deva levar as pessoas de bom senso a soltar rojões.

“Outsiders”
Conheço poucos assuntos tão aborrecidos como essa conversa de “nova política”. No mais das vezes, não passa de uma cascata levada adiante por caras novas com métodos velhos. O caixa dois deu lugar ao financiamento secreto. Está cheio de gente por aí incapaz de revelar os respectivos nomes dos, como é mesmo?, “senhores que os ajudam”. No livro “Gabriela”, de Jorge Amado, os coronéis faziam o mesmo com as moças do Bataclan: tudo por baixo dos panos. É uma profissão antiga.

A Lava Jato, como a gente vê, fulminou lideranças do centro político e revigorou Lula, mas, a população, por enquanto, não comprou os paraquedistas da política. Vamos ver o que vai acontecer no Congresso. Sem Lula, Joaquim Barbosa aparece com 5% das intenções de voto; com o petista, repete essa marca ou coisa pior: 3%. Dado que ele e um desses surfistas do moralismo tosco que tomou conta do debate — favor não confundir com a moral! —, o resultado beira o ridículo.

Será que Luciano Huck faz ferver o caldeirão? Quando Lula disputa, o apresentador empata com Alckmin em 6% ou pode ficar ainda abaixo: 5%. Com o petista expulso do certame, ambos ficam em 8%. Sim, esse empate vai render alguma dor de cabeça ao governador de São Paulo. Logo vão começar a falar em potencial de crescimento etc e tal. Bem, eu continuo a achar que é maior o potencial de quem sabe fazer articulação com os partidos políticos — vale dizer: Alckmin. Mas isso não quer dizer que a situação seja confortável.

Com ou sem Lula, em suma, o tal nome do “centro” ainda não se firmou. 

Sem Lula, brancos e nulos chegariam a 32%; 31% dos eleitores do petista não votariam em ninguém 

Notem o estrago que a Lava Jato causou à política brasileira quando decretou, com o apoio dos cretinos e dos oportunistas de direita — alguns deles disputando eleições… — que todos os políticos eram iguais. Nos cenários em que Lula disputa a eleição, o percentual de brancos e nulos varia de 12% a 19%. Já é alto. Quando, no entanto, seu nome não aparece na lista de candidatos, segundo o Datafolha, esse número varia de 28% a 32%. Nada menos de 31% dos eleitores de Lula dizem que não votarão em ninguém se seu nome não estiver no cardápio da urna. Marina Silva (Rede) e Ciro Gomes (PDT) são os mais beneficiados pela eventual saída do petista do certame. Ela herdaria 15% dos seus votos, e ele, 14%. Luciano Huck ficaria com 8%, e Bolsonaro, com 7%.

Eleição ilegítima? Isso é tolice. Ainda voltarei muitas vezes ao assunto. Pra começo de conversa, em democracias em que o voto é facultativo — a esmagadora maioria —, a efetiva participação do eleitorado é ainda menor. Ocorre que o assunto, nesse caso, é outro. Ou os analistas decifram o enigma, ou este vai devorá-los. Onde está esse eleitorado de Lula, que se monstra, vamos dizer, imune à Lava Jato? Qual o perfil daqueles 50% que são infensos à operação, declarando que não votariam de jeito nenhum num candidato que tivesse o apoio de Sérgio Moro, o juiz sem máculas? Ora, depois de tudo, 53% afirmam o mesmo sobre um indicado pelo chefão petista. Ocorre que Moro não foi condenado com estardalhaço nem está sendo ameaçado de prisão. Na imprensa, é tratado como mestre dos mestres. Que eleitorado é tão refratário ao juiz?

Condenação não abala prestígio eleitoral de Lula, evidencia Datafolha. Mas os tontos continuarão a trocar política por polícia

Os idiotas de todos os matizes (de direita, de centro, de esquerda), de todos os trajes (esportivo, social, toga ou de adolescentóide meio velhusco, com retardo moral, a brincar de “nova política”…), de todas as profissões — e isso inclui o jornalismo — estão brincando com fogo, sim. E esse é um bom modo de se queimar. Notaram como Luiz Inácio Lula da Silva se tornou o redutor de todas as questões do país? Não se discute mais nada que não tenha como referência a figura de… Lula! É um espanto. Até a ministra Cármen Lúcia, num lance de primarismo que só pode ser explicado pela falta de vivência política, pelo provincianismo intelectual e pela arrogância derivada dessa perspectiva apequenada resolveu fazer digressões sobre a pauta do STF tendo, ora vejam, o petista como referência, não é mesmo?

E vem o Datafolha. Para surpresa de ninguém, ou só dos tontos, Lula — ele mesmo! — conserva o seu poder de fogo eleitoral. Não há brasileiro que não o conheça e que não saiba que “ozômi” lá mantiveram por unanimidade a sua condenação, que aumentaram a sua pena e que o querem em cana. Não obstante, seu potencial eleitoral segue praticamente o mesmo. Segundo pesquisa divulgada nesta quarta, se a eleição fosse hoje, ele teria entre 34% e 37% dos votos. Nos cenários em que o nome do ex-presidente é testado, Jair Bolsonaro continua em segundo, variando de 16% a 18%. A margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos.

O suposto arranhão ao prestígio de Lula pode ser ficção. Seus índices, em simulações de segundo turno, variaram dentro da margem de erro. Comparem-se os dados desta pesquisa de agora com os relativos àquela divulgada no dia 4 de dezembro do ano passado. O petista vencia o tucano Geraldo Alckmin por 52% a 30% — agora, por 49% a 30%. Batia Marina Silva, da Rede, por 48% a 35%; desta feita, 47% a 32% — a diferença até pode ter aumentado, passando de 13 pontos para 15 pontos. Os 51% a 33% contra Bolsonaro seriam agora 49% a 32%. Na pesquisa publicada no começo de dezembro, a rejeição ao ex-presidente era de 39%; agora, é de 40%.

O que esperam que eu diga? Hoje, não é apenas o PT a fazer campanha eleitoral em favor do ex-presidente. Também há o juiz Sergio Moro, os procuradores buliçosos da República, a direita xucra, o antipetismo asinino, o TRF-4, com sua votação concertada — com “c” — mal disfarçando que aquela unanimidade raramente se produziu em dezenas de outros julgamentos; a celeridade de um magistrado do STJ ao negar um habeas corpus. Não chegarei a dizer que o homem nem teve tempo de ler, é claro! Uma coisa me parece certa: não teve tempo de ponderar, ainda que fosse para negar.

É evidente que se trata de uma cascata autoritária, e ainda voltarei ao assunto, esse negócio de que eleição sem Lula é, por si, ilegítima porque, afinal, ele representaria a vontade de milhões de eleitores. Fosse por esse critério, a gente poria fim ao direito penal e reduziria tudo à Justiça eleitoral. Mas convenham: as mulheres e homens de Estado não estão ajudando, não é? Começa a parecer verossímil, embora seja falso, que tudo não passaria de uma trama para tirar Lula da eleição.

Não vejo como Lula possa disputar o pleito de 2018. A menos que a Justiça Eleitoral decidisse passar por cima da Lei da Ficha Limpa. E, ainda assim — o desdobramento é controverso —, entendo que restaria um último apelo ao STF. E creio que Lula perderia. Mas é claro que o PT o manterá candidato, como já afirmei aqui muitas vezes, até para que possa operar a transferência de votos.

Lula sofreu um pequeno abalo nesse quesito. Na pesquisa anterior, 48% diziam não votar de jeito nenhum num candidato que tivesse seu apoio. Agora, são 53%. Votariam com certeza em alguém indicado por ele 27% — na pesquisa divulgada em dezembro, eram 29%. Poderiam fazê-lo 17%; antes, 21%. Sérgio Moro exibe praticamente a mesma influência negativa e positiva: rejeitariam alguém com o apoio do juiz 50% dos entrevistados; seguiriam a sua orientação 25%, e poderiam fazê-lo 22%.

Para encerrar este post: apostaram que a condenação de Lula por Sérgio Moro poria a tampa no caixão. Não aconteceu. Depois se declarou que Lula estava morto e enterrado em razão das denúncias de Antonio Palocci. Não aconteceu. Desta vez, a corda teria sido puxada pelo TRF-4. Não aconteceu de novo! Agora, os tontos torcem para que venha a prisão…

Fonte: NotíciasAgrícolas/Reuters/RedeTV

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