Cloroquina é de direita? Quarentena é de esquerda? Analista do NA acha essa disputa ideológica deplorável

Publicado em 09/04/2020 16:28 e atualizado em 12/04/2020 17:36
Acompanhe a análise do jornalista Fernando Pinheiro Pedro, exclusiva para o NA
Fernando Pinheiro Pedro - Jornalista, analista do NA

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Cloroquina é de direita? Quarentena é de esquerda?

 

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Em sua fala pública na última quarta-feira (08), o presidente Jair Bolsonaro voltou a defende ro uso da cloroquina no tratamento do Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. Ao longo das últimas semanas, a utilização do medicamento foi  inserida nos mais diversos discursos politicos.

Para o jornalista Pinheiro Pedro, a doença não deveria possuir tal cunho ideológico, já que ela não seleciona seus infectados. "A epidemia tem um aspecto ambiental e climático. Aqui no hemisfério sul estamos caminhando para estações mais frias, em que as imunidades ficam mais baixas e aí a pandemia pode atacar com mais força", explicou.

O ambiente virtual poluído pelo ódio, tritura reputações e ostenta a mais abjeta ignorância:

TARDIA DECEPÇÃO, por Antonio Fernando Pinheiro Pedro

Desde criança, fui criado em uma casa-biblioteca. Passei a infância e a juventude lendo, ouvindo histórias, trocando ideias sobre arte, política, música, mantendo relacionamentos positivos, cedendo e recebendo boas energias.

Aprendi piano para poder ler partituras, compreender a música.

Pude ver e ouvir grandes espetáculos, assistir Rostropovich tocar violoncelo a dois metros de distância, acompanhar Magda Tagliaferro interpretar ao piano e explicar, um a um, os 24 prelúdios de Chopin,  me emocionar com Astor Piazzola, ouvir a Orquestra Armorial, cantar com o Queen, me encantar com U2, amadurecer compreendendo a dedicação de Bach a Deus, a dedicação de Beethoven aos homens e o talento de Mozart direcionado ao divino e ao humano. 

Cresci, sempre procurando produzir coisas que transformassem positivamente o mundo e as pessoas, renovassem o entorno e acrescentassem valor. Nunca deixei de estudar, trabalhar e arriscar - ganhando, perdendo, mas sempre aprendendo.

Francamente, aos sessenta anos, ver bobagens infamantes como as que ando lendo nessas redes sociais... primeiro despejadas por blogs sujos das viúvas do lulodilmismo, agora excretadas pelos insetos com braçadeiras da seita bolsomínion, me faz repensar sobre a validade das novas tecnologias de convivência social da internet das coisas.

De fato, ser obrigado a digerir à força centenas de lixos postados com empáfia, suportar ofensas plenas proferidas por nulidades, ver a tela do computador, do celular, poluída por imundícies de toda ordem, definitivamente não é pra mim.

Vejo a roda girar para o ciclo cair na casa da mais podre mediocridade. Pior, no mal mais banal. 

O mal não é somente uma natureza do ser, ele pode ser construído no contexto de uma escolha política. Emprestando essa afirmação de Hannah Arendt sobre o nazismo, penso que  é nesse medíocre vazio de pensamento onde nos encontramos, que a banalidade do mal começa a se instalar.

Definitivamente! O ambiente virtual poluído de ódio, que tritura reputações e ostenta a mais abjeta ignorância, e que nos cerca, tornou-se uma decepção.

As redes sociais transformaram-se em teias de aranhas, que devoram cérebros e virtudes.

É necessário não se enredar nelas.

Antonio Fernando Pinheiro Pedro é advogado (USP), jornalista e consultor ambiental. Sócio do escritório Pinheiro Pedro Advogados.  Membro do Instituto dos Advogados Brasileiros – IAB e Vice-Presidente da Associação Paulista de Imprensa - API.  É Editor-Chefe do Portal Ambiente Legal e responsável pelo blog The Eagle View". Foi integrante da equipe que elaborou o plano de transição da gestão ambiental para o governo Bolsonaro.

Bolsonaro diz esperar atividade antes de 3 meses e cloroquina não politizada

Em transmissão de vídeo na sua página no Facebook, o presidente Jair Bolsonaro disse que o Brasil só tem condições de manter medidas econômicas de combate à crise provocada pela Covid-19 por até três ou quatro meses. Além disso, disse esperar "em breve, que seja publicado estudo emergencial dando muita força para uso da cloroquina" e reforçou que o uso do medicamento não pode ser politizado.

Segundo o presidente, o governo federal já investiu mais de R$ 600 bilhões para minimizar os impactos da crise. "Já ultrapassou os R$ 600 bilhões. É isso que o governo está fazendo: tinha uma ponte que deu uma enchente e arrastou a ponte, estamos agora reconstruindo virtualmente a ponte, mas temos um limite: mais de três ou quatro meses fica complicado", falou Bolsonaro, que disse esperar que "as atividades voltem antes" deste período.

--"Por mim, quem não tem medo de quarentena já deveria estar trabalhando", defendeu.

De acordo com o presidente da República, alguns governadores e prefeitos já estão com planos de começar a flexibilizar as ações de restrição no combate ao coronavírus. Um dos políticos que deve fazer isso logo, segundo Bolsonaro, é o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), que esteve reunido hoje com o presidente. Segundo Bolsonaro, "ao que tudo indica, (o remédio) tem salvado vidas".

Criticadas por Bolsonaro, medidas de isolamento perdem força nas maiores cidades do país

SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - O isolamento social imposto nas maiores cidades brasileiras contra o surto de coronavírus está começando a perder força, de acordo com novos dados desta semana analisados pela Reuters, com mais pessoas saindo de casa enquanto o presidente Jair Bolsonaro segue criticando as medidas de restrição de circulação.

Os governos estaduais do Rio de Janeiro e de São Paulo têm manifestado preocupação à medida que suas ordens de isolamento social perdem eficácia, mesmo no momento em que o surto de Covid-19 se espalha pelo país e o número de casos confirmados chega a quase 16.000, com 800 mortes.

Dados de telefone celular, de transporte público e entrevistas com taxistas do Rio e de São Paulo apontam para um aumento do tráfego e da circulação de pessoas nas ruas das duas maiores cidades do país.

Prefeitos e governadores que tentam manter os brasileiros dentro de casa têm tido dificuldades diante dos repetidos ataques de Bolsonaro às medidas de distanciamento social, que ele descreveu como "veneno" que poderia matar mais pelas dificuldades econômicas provocadas do que o próprio vírus.

No Estado de São Paulo, dados de celulares coletados sem identificação dos usuários pelo governo e passados à Reuters na quarta-feira mostraram que o número de pessoas consideradas em isolamento social atingiu o ponto mais baixo nesta semana desde o início do confinamento, em 24 de março.

"O isolamento social caiu significativamente nos últimos dois a três dias e isso faz com que nosso desafio cresça", disse a secretária de Desenvolvimento Econômico do Estado, Patricia Ellen, à Reuters. "Existe essa preocupação.”

Na quarta-feira, 49% dos moradores de São Paulo foram considerados em "isolamento social", em comparação com um pico nos dias de semana de 56% em 30 de março, de acordo com uma análise governamental dos dados de celulares coletados de operadoras de telefonia. Os maiores picos foram aos domingos, quando 59% permaneceram isolados.

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse a repórteres nesta quinta-feira que o Estado almeja uma taxa de cumprimento da medida de 70%, o que, segundo ele, a ciência mostrou ser necessário para que seja adequadamente eficaz.

Na cidade de São Paulo, o número de passageiros usando ônibus públicos aumentou 28% na segunda-feira em comparação com o mesmo dia da semana anterior, segundo dados oficiais.

Nesta semana, o metrô do Rio registrou o maior número de passageiros em dias úteis para uma segunda e terça-feiras desde o início do isolamento, no dia 23 de março. Trens e ônibus também tiveram um aumento no número de passageiros.

Luciano Ventura de Jesus, um taxista de 58 anos em São Paulo, disse ter visto um aumento na demanda de passageiros desde a semana passada.

Ele agora faz sete ou oito viagens por dia, contra apenas duas ou três na semana passada. Em um dia normal, antes do confinamento, ele disse fazer de 12 a 15 viagens.

"As pessoas estão mais relaxadas (em relação ao isolamento)", afirmou.

 

Por: João Batista Olivi e Ericson Cunha
Fonte: Noticias Agricolas/agencias

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