Soja em Chicago pode ver maior pressão sobre as cotações com aumento de área nos EUA

Publicado em 30/05/2017 12:00
Clima nos EUA e câmbio ainda seguem como principais fatores de influência sobre os preços em Chicago. Possível migração de acres do milho para a soja podem pesar severamente sobre as cotações. Movimento reduz ainda mais ritmo dos negócios no Brasil.

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Miguel Biegai - Analista da OTCex Group

 

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Nesta terça-feira, a Bolsa de Chicago (CBOT) retoma os negócios após o feriado do Memorial Day nos Estados Unidos. Assim, o mercado da soja começa a semana estável, trabalhando de lado, com pequenas baixas, porém sem grande expressividade.

O analista de mercado Miguel Biegai, da OTCex Group, destaca que a sexta-feira trouxe uma queda forte, rompendo o suporte dos US$9,40/bushel.

Este fator vem em decorrência da expectativa de uma mudança de uma parcela de área de milho para a soja em solo norte-americano. Hoje, será divulgado mais um boletim de acompanhamento de safras do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), mas apenas no mês de junho será possível dar conta de uma informação precisa das áreas que efetivamente migraram.

Existe uma preocupação em algumas regiões dos Estados Unidos, segundo Biegai, de perder a janela de plantio de milho, o que permitiria esses produtores a mudarem para a soja. Mesmo que essa mudança seja de 1% a 2%, isso pode trazer uma grande diferença no resultado final da produção.

Hoje, o contrato julho/17 já testou os patamares de baixa e chegou a alcançar US$9,22/bushel. Este contrato vinha dentro de uma tendência de alta, mas, quando o dólar valorizou em relação ao real, devido ao cenário político brasileiro, esta tendência foi rompida. Caso esse contrato feche abaixo dos US$9,22/bushel hoje, essa tendência de baixa poderia ser consolidada ou, ainda, acelerada.

Neste momento, o clima continua sendo um fator de atenção para o mercado, mas além dessa questão, o dólar também se torna um fator. Quanto mais ele estiver valorizado em relação ao real, maior a possibilidade de as cotações em Chicago caírem.

Biegai acredita que o momento atual não é ideal para os produtores brasileiros venderem - o ideal seria um dia de alta, não necessariamente aguardando uma tendência consolidada de alta. Em relação à comercialização, o analista aponta que a estratégia mais inteligente para o produtor é vender sua soja física e comprar uma participação em uma possível alta, por meio de uma operação de call. Assim, os produtores podem participar da alta como se estivessem com a soja na mão.

Para os produtores que desejam realizar essa operação hoje, a melhor alternativa é comprar uma opção para o mês de setembro, que expira no mês de agosto. Se até lá houver algum problema climático, a produtividade dos Estados Unidos pode ficar ameaçada - o que, consequentemente, pode indicar períodos de alta no mercado da CBOT.

Nas negociações para o mercado interno, Biegai acredita que não há muitas perspectivas boas neste momento para as cotações. O dólar reage, mas pressiona os preços internacionais da soja. A demanda, por sua vez, está presente, mas não há muitos produtores fazendo contato para manifestar interesse em vendas. As ofertas que vêm aparecendo, como visualiza o analista, são feitas, em grande parte, para cumprir compromissos.

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Por: Carla Mendes e Izadora Pimenta
Fonte: Notícias Agrícolas

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