Soja tem semana volátil em Chicago, mas fecha 6ª feira em alta com boas novas da demanda

Publicado em 02/06/2017 17:29
Miguel Biegai - Analista da OTCex Group
Apesar dos ganhos na última sessão da semana, balanço foi negativo para o contrato julho, que fechou ainda abaixo dos US$ 9,30. Mercado atento aos números das vendas norte-americanas e ao próximo reporte mensal de oferta e demanda do USDA que chega no dia 9 de junho. Atenção aos estoques e exportações.

Podcast

Miguel Biegai - Analista da OTCex Group

Download
 

O mercado internacional da soja registrou uma semana bastante volátil, apesar de mais curta. Os preços, depois do feriado do Memorial Day nos Estados Unidos, retomaram seus negócios na terça-feira (30) com baixas expressivas, para voltar a subir somente nesta sexta-feira (2). 

Bons números da demanda pela soja norte-americana motivaram os ganhos nesta última sessão da semana, com vendas semanais para exportação acima das expectativas do mercado mais uma vez. Os dados foram reportados pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).  

Na semana encerrada em 25 de maio, as vendas americanas da safra 2016/17 somaram 610,2 mil toneladas, enquanto as projeções dos traders variavam de 200 mil a 550 mil toneladas. Com esse total, no acumulado da temporada, as vendas dos EUA já somam 58.438,1 milhões de toneladas, contra 47,69 milhões do mesmo período do ano anterior e bem acima da última projeção do USDA de 55,79 milhões. No boletim mensal de oferta e demanda do próximo dia 9, essa estimativa poderia ser revista. 

Ainda nesta sexta, o USDA anunciou ainda uma nova venda de 200 mil toneladas de soja - 70 mil foram da safra 2016/17 e os outros 130 mil da 2017/18 - para a Espanha e o informe também contribuiu para os ganhos. Na semana, entre os anúncios diários, as vendas americana somaram 330 mil toneladas. 

Apesar disso, os fundamentos que ainda pressionam o mercado - como os altos estoques globais, a boa safra da América do Sul e mais as perspectivas de uma grande safra dos EUA na temporada 2017/18 - seguem no radar dos traders. E o quadro fez com que, no balanço da semana, os preços fechassem com perdas de 0,46% a 0,67% entre os vencimentos mais negociados. 

O julho fechou com US$ 9,21 por bushel e o novembro, referência para a safra americana, com US$ 9,25. 

Preços no Brasil

No Brasil, o impacto dessa semana negativa em Chicago foi imediatamente refletido e as cotações perderam, nas principais praças de comercialização, entre R$ 0,50 e R$ 2,50 por saca no interior do país. Nos portos, as baixas chegaram a R$ 3,00 por saca de perda no acumulado da semana, ou 4,32%, como foi o caso do terminal de Imbituba em Santa Catarina, onde fechou com R$ 66,50 por saca.

Os preços no mercado nacional seguem afastando os produtores de novas vendas e a comercialização no Brasil, portanto, permanecem travada. Porém, enquanto novos negócios não aparecem, o ritmo das exportações brasileiras ainda é bom e surpreende. 

Em maio, o volume foi de 10,959 milhões de toneladas - um recorde histórico - contra 10,4 milhões do mês anterior e 9,9 milhões de maio de 2016, de acordo com os últimos números da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).  

"Apesar deste incremento de 15 por cento, as exportações de soja estão abaixo do esperado pelo mercado. Este fato se deve muito em função das dificuldades na aquisição do grão pelas tradings devido à resistência de produtores em negociar sua produção com base nos preços atuais pagos pelo mercado, considerados baixos pelo setor produtivo, e que busca recuperar parte do prejuízo de 2016, em decorrência das perdas na safra por problemas climáticos", disse a Anec (Associação Nacional dos Exportadores de Cereais) em entrevista à agência de notícias Reuters.

A pressão do dólar também ainda limita o avanço dos preços no Brasil e segue como um dos principais pontos de atenção do produtor rural brasileiro. Na semana, a moeda americana acumulou uma perda de 0,33% para a última referência em R$ 3,25. 

"O mercado inverteu (a trajetória) com o político, em busca de proteção, com a possibilidade de novas gravações ou outras notícias surgirem", justificou o gerente de tesouraria do Banco Confidence, Felipe Pellegrini à Reuters. 

Leia mais:

>> Dólar sobe e termina em R$ 3,25 nesta 6ª com cautela com cena política

Na sequência, veja mais informações da entrevista do analista de mercado Miguel Biegai, da OTCex Group ao Notícias Agrícolas nesta sexta-feira (2) sobre o mercado da soja nesta semana e mais as expectativas para a próxima.

Soja tem semana volátil em Chicago, mas fecha 6ª feira em alta com boas novas da demanda

Nesta sexta-feira (2), o mercado da soja começou a trabalhar em recuperação na Bolsa de Chicago (CBOT), encerrando o dia em campo positivo.

De acordo com o analista de mercado Miguel Biegai, da OTCEx Group, o mercado teve uma uma queda muito forte ao longo da semana devido a melhorias das condições climáticas dos Estados Unidos. A semana começou na região dos US$9,30/bushel e foi até US$9,10/bushel, linha que não conseguiu ser rompida.

Hoje, portanto, a recuperação não é apenas técnica, mas também baseada em fundamentos, tendo em vista os números de exportação dos Estados Unidos que surpreenderam o mercado com mais de 600 mil toneladas vendidas pelos Estados Unidos. Assim, o acumulado exportado soma 58 milhões de toneladas, superando largamente a projeção do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), como fruto de uma demanda forte e aquecida, sobretudo dos países asiáticos.

Assim, Biegai acredita que o USDA pode rever os números de exportação no seu próximo relatório ou ainda que o mercado prevê um cancelamento grande de exportações norte-americanas, esperando que a demanda passe para a América do Sul.

Já no relatório passado, o USDA já não trouxe grande alteração em seu número de exportações, "talvez pensando em rolar uma parte dessas exportações para 2017/18". Os Estados Unidos continuam competitivos, o que justifica o número expressivo de exportações nesta época do ano.

Esse atual momento dos preços também trouxe preços em queda no mercado interno brasileiro, com as referências dos portos chegando a testar os níveis de R$67. Para Biegai, a melhor estratégia de comercialização, no momento, é que o produtor se livre do risco da sua safra física o máximo possível e ficar posicionado em uma opção que permita que ele participe de uma alta mesmo sem o produto em mãos. "Você usa a Bolsa de Chicago como se fosse seu armazém", diz o analista.

Esses níveis das cotações só ocorreram, em grande parte, por conta da valorização do dólar em relação ao real. Anteriormente a isso, o mercado na CBOT vinha em movimento de alta.

O analista ainda lembra que possui uma teoria de que os baixos preços no mercado da soja de 2014 para cá são fruto de um maior estímulo ao consumo no mundo, decorrente de suscetivas safras cheias ao longo dos anos.

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Tags:
Por:
Carla Mendes e Izadora Pimenta
Fonte:
Notícias Agrícolas

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário