Brasil já embarcou, até outubro, 50 mi de t de soja para China

Publicado em 24/11/2017 08:55
Confira a entrevista com Fábio Trigueirinho - Presidente em exercício Abiove

O Brasil já embarcou cerca de 50 milhões de toneladas de soja para a China até outubro deste ano. A expectativa é de que os embarques continuem acontecendo, e em ritmo aquecido, já que a demanda da nação asiática não mostra sinais de desaquecimento. Os números são da Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais). 

Estimativas 'extra-oficiais', como da estatal Cofco - uma das maiores compradoras de grãos do mundo - indicam as importações chinesas ultrapassando as 100 milhões de toneladas. O Ministério da Agricultura da China fala em 95,97 milhões de toneladas e o USDA (Departamento de Agricultura do EUA) em 97 milhões. De 2008 a 2016, a China aumentou suas importações de soja em 6,2 milhões de toneladas por ano. 

Segundo o gerente geral da Cofco, Yanchuan Li, essa demanda intensa se dá pela força do consumo no setor do farelo de soja, que traz "altas e fortes taxas de crescimento". Ainda de acordo com o USDA, o processamento de soja chinês deve crescer 8% este ano. 

Essa movimentação, como explica o presidente da Abiove, Fábio Trigueirinho, em entrevista ao Notícias Agrícolas, alivia, mesmo que parcialmente, o cenário do carry over brasileiro da oleaginosa, que deveria ser mais alto, caso nossas exportações não se comportassem da maneira como se comportaram. "Devemos fechar o ano com mais uma surpresa positiva", diz. 

Ainda segundo Trigueirinho, os embarques brasileiros de soja não dão sinais de menor volume nos próximos meses - o que é um movimento atípico para este período do ano -, marcando ainda mais a força da demanda, que está, de fato, 'de olho' na soja do Brasil. "E temos soja para entregar". 

Safra 2017/18

A avaliação da Abiove da safra 2017/18 do Brasil, até este momento, é positiva, com as lavouras se desenvolvendo bem em quase todas as áreas produtoras do país. "Tivemos um atraso, mas nada que prejudique muito. Acredito que possa prejudicar mais o milho safrinha esse atraso", explica o presidente da associação. "Claro que não teremos a produtividade de 2016 - porque o ano passado foi um ponto fora da curva, mas são condições boas (sobre a soja)", completa. 

Assim, Trigueirinho acredita ainda que este deva ser um momento de preços estáveis, com o mercando se reequilibrando e buscando manter os US$ 10,00 por bushel na Bolsa de Chicago. 

Meio Ambiente e Soja Plus

Sobre a proposta de desmatamento zero no Cerrado, Fábio Trigueirinho é enfático ao dizer que a Abiove não apoia tal medida e lembra que há outras ferramentas que podem ser utilizadas para mudar a situação. 

"Nossa posição é mantida desde o início. O Brasil, nos últmios anos desenvolveu muito a parte da sustentabilidade, o sistema de governança pública melhorou muito, as ações do setor privado estão em pleno curso, está tudo sob controle, não é mais uma situação de descontrole. De 2000 a 2015, houve uma redução de 70% na conversao de vegetação nativa do Cerrado para outros usos. O Brasil está fazendo sua lição de casa, tem seus compromissos com da COP de redução de 37% de desmatamento e vai conseguir cumprir. Mas, tem que usar outas ferramentas, como o próprio Código Florestal, o CAR - que impressionou muito os europeus - e, claro, a colaboração dos produtores", diz. 

Trigueirinho diz ainda que o Brasil está pulando para um estágio mais avançado, trabalhando ainda mais com monitoramento ambiental e conta, inclusive, com desafios ainda muito grandes. Mas, reafirma, que há de se defender o desmatamento ilegal zero, e não nas áreas de Cerrado. 

"Temos muitas soluções na mesa, muito melhores do que fazer uma intervenção maior e propor uma moratória do Cerrado", concluiu.

Importações chinesas de soja do Brasil mais que dobram em outubro, diz alfândega

(Reuters) - As importações de soja brasileira pela China registraram alta de 132 por cento em outubro, para 3,4 milhões de toneladas, na comparação com o igual período do ano passado, com o produto do Brasil demonstrando competitividade no mercado global, mostraram dados alfandegários chineses nesta sexta-feira.

No acumulado do ano, a chegada da oleaginosa brasileira à China, maior importador global de soja, já registra alta de 24,4 por cento, totalizando 46 milhões de toneladas.

O volume enviado pelo Brasil corresponde a cerca de 60 por cento das importações totais de soja pela China no ano até outubro, que alcançaram 77,3 milhões de toneladas.

Os principais concorrentes do Brasil, maior exportador mundial da oleaginosa, a Argentina e os Estados Unidos, viram suas exportações ao país asiático caírem em outubro.

No caso dos Estados Unidos, foram desembarcadas 1,3 milhão de toneladas na China no mês passado, queda de 45 por cento ante o igual período do ano passado.

No acumulado do ano, no entanto, o país norte-americano ainda sustenta uma alta de 7,6 por cento, com importações de 22 milhões de toneladas pela China até outubro.

As exportações argentinas à China, por sua vez, registraram queda de 30 por cento em outubro, para 772 mil toneladas. No acumulado do ano, o volume importado registra queda de 24 por cento.

(Por Laís Martins em São Paulo)

  

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Por: João Batista Olivi e Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas/Reuters

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