Soja: Sem impacto efetivo, La Niña ainda é incógnita para o mercado

Publicado em 01/12/2017 09:37
Três modelos climáticos já mostram chuvas menos abrangentes e mais limitadas para o sul do Brasil e Argentina nos próximos 15 dias. Impactos do fenômeno, porém, ainda não causam preocupação severa e, dessa forma, reação do mercado internacional ainda não é expressiva.
Confira a entrevista com Matheus Gomes Pereira - Analista de Mercado da AgResource Mercosul


O analista de mercado Matheus Gomes Pereira, da AgResource Mercosul, conversou com o Notícias Agrícolas nesta sexta-feira (1) para fazer um balanço do mercado da soja e da safra da América do Sul em 2018.

Ele destaca que o produtor sul-americano deve ter maior atenção para o Clima de agora em diante. Os próximos cinco dias mostram um padrão climático favorável no centro do Brasil e também para o oeste da Argentina. Contudo, o país vizinho e o sul brasileiro são pontos de alerta, devido à falta de chuvas desejadas e de um cenário ideal para o desenvolvimento da oleaginosa.

Após os cinco dias que vêm a seguir, as chuvas devem desaparecer e retrair na Argentina, enquanto o padrão favorável continua para a região central do Brasil, com chuvas acima de 40mm. A região do Matopiba deve receber muitas chuvas, que se estenderão até o dia 11 de dezembro. Os modelos americano, europeu e canadense mostram situações bem semelhantes e há, sim, possibilidade de essses quadros se confirmarem.

A probabilidade de um La Niña é cada vez mais iminente para começar em dezembro e se estender até o mês de fevereiro. Não há chuvas expressivas desde o começo de novembro para o sul da América do Sul e essas previsões não têm mudado, como destaca Pereira. A preocupação real com o fenômeno, segundo o analista, só não se tornou concreta porque ainda se trata de previsões.

O gráfico demonstrado por Pereira, baseado no modelo australiano, trouxe a última atualização da inserção das temperaturas do Oceano Pacífico, que estão muito compatíveis com o padrão de La Niña - mais do que vinha sendo previsto no mês de outubro.

Mercado internacional

O mercado internacional passa, por sua vez, por um momento de incerteza, precisando de fatos consumados. Contudo, se essas previsões continuam até a próxima semana, o volume especulativo tende a ganhar mais força. Nas últimas seis semanas, nenhum movimento agressivo foi observado e Pereira avalia que a confirmação de um La Niña seria um destes movimentos capazes de mexer com as cotações.

Os Estados Unidos trabalham com exportações mais lentas do que no ano passado e a China não possui interesse em novas compras para datas futuras neste momento. O Brasil tem uma soja mais atrativa e exporta cerca de 500 mil toneladas por semana para os asiáticos, mas o mercado precifica mais o fato de que os norte-americanos não estão com um movimento compatível para essa época do ano.

O analista acredita que o mercado deve se manter no patamar dos US$10/bushel ou um pouco abaixo até que haja alguma novidade do lado climático. Para os produtores, ele recomenda uma atenção para as oscilações do dólar, que podem gerar oportunidades enquanto a soja não oscila com frequência.

 

Por: Carla Mendes e Izadora Pimenta
Fonte: Notícias Agrícolas

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