Produção brasileira de soja pode superar expectativas, mas aumento das demandas interna e externa equilibrariam mercado
O Secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Sávio Pereira, conversou com o Notícias Agrícolas para destacar as perspectivas do ministério em relação à atual safra de grãos do país.
A Companhia Nacional do Abastecimento (Conab) divulgou sua perspectiva de 226 milhões de toneladas para 2017/18. Contudo, o atraso no plantio de soja poderá trazer consequências para o plantio de milho safrinha, como destaca Pereira. Por outro lado, a situação de chuvas nesta safra, em geral, é boa, o que abre espaço para bons rendimentos.
Ele lembra que, embora o número divulgado pela Conab seja inferior à 2016/17, é importante ressaltar que a situação climática do ano anterior foi "uma das melhores dos últimos 20 anos". As perspectivas para 2017/18, porém, ainda são grandes - aparentemente, o fenômeno La Niña não deve trazer grandes problemas para o número total da safra, embora seja "difícil prever o futuro".
Dois efeitos são os principais responsáveis pela queda da safra: a redução na área de milho na primeira safra em função da queda dos preços, o que leva a uma transferência para a área de soja e, consequentemente, uma menor produtividade, como é típico do cultivo em relação ao cereal; e a área a ser plantada de milho safrinha, que ainda é uma incógnita.
Ele salienta ainda que o Brasil não corre o risco de ter um problema de desabastecimento e que o Brasil segue sendo o segundo maior exportador mundial de milho, com a perspectiva de 30 milhões de toneladas para este ano comercial. A soja, por sua vez, que tem uma projeção de 109 milhões de toneladas por parte da Conab, segue beneficiada pela demanda crescente por parte da China e pelo B-10, que será implementado no próximo ano, implicando em uma adição de 10% de biodiesel no combustível comum.
Uma das pressões mais fortes, entretanto, é a logística, ponto que Pereira acredita que já teve uma grande melhora, já que a safra do Mato Grosso possui, atualmente, outros caminhos para ser exportada que não os portos de Santos e Paranaguá. A situação, para ele, não é a ideal, mas a expectativa é que haja uma melhora dentro de dois anos.