Valor da soja em reais está maior que o preço médio praticado no final do ano passado, mas vendedores seguem cautelosos

Publicado em 09/03/2020 17:10
Alta da moeda americana beneficia quem tem dívidas em reais, mas é um grande problema para os endividados em dólar
Ênio Fernandes - Consultor em Agronegócio da Terra Agronegócios

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Entrevista com Ênio Fernandes - Consultor em Agronegócio da Terra Agronegócios sobre o Fechamento de Mercado da Soja

 

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O mercado brasileiro de soja mais uma vez foi beneficiado pela alta forte do dólar frente ao real, que subiu quase 2% para se aproximar de R$ 4,80. O avanço da moeda norte-americana neutralizou as perdas intensas - e de cerca também de 2% - dos futuros da soja na Bolsa de Chicago. 

Com a vantagem cambial, o Brasil segue liderando as vendas internacionais, com os preços para seus concorrentes pouco atrativos para quem vende em dólares, como os EUA e Paraguai. Da mesma forma, o cenário também não é favorável para a Argentina e, dessa forma, a competitivida brasileira ainda é a maior. 

A segunda-feira, no entanto, foi de pouca movimentação diante de um mercado operando em modo de pânico. As cotações do petróleo nas bolsas de Londres e Nova York cederam mais de 20% somente nesta sessão e levou junto todas as demais commodities. 

Mais do que isso, além dessa insegurança crescente diante do atual cenário, é necessário que os produtores brasileiros, apesar da alta forte do dólar, revejam suas estratégias de comercialização para que possam fazer bom uso das oportunidades. 

"Alta da moeda americana beneficia quem tem dívidas em reais, mas é um grande problema para os endividados em dólar", como explica o consultor em agronegócio, Ênio Fernandes, da Terra Agronegócios. 

Assim, os indicativos base porto seguem acima dos R$ 90,00, bem acima do praticado na média do mesmo período do ano passado, porém, com os vendedores cautelosos e avaliando, não somente a formação dos seus custos de produção, mas avaliando ainda a realidade de suas dívidas. 

Além disso, o mercado em Chicago espera ainda pelo novo boletim mensal de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). A demanda limitada de uma forma geral pelo coronavírus e um surto que, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), pode se tornar uma pandemia, deverá refletir em menores exportações norte-americana, como explica Todd Hultmann, analista líder do portal internacional DTN The Progressive Farmer. 

"Até agora, 2020 tem sido um ano de surpresas que não param de aparecer. A última, o coronavírus se espalhando por todo o mundo, já está exercendo uma pressão óbvia sobre os preços das commodities norte-americanas. O novo boletim do USDA pode trazer exportações de grãos e alimentos, de uma forma geral, menores", diz. 

Veja as expectativas para o USDA, na íntegra, no link a seguir:

>> Soja: USDA pode aumentar estoques finais dos EUA e manter safra do Brasil

Por: Aleksander Horta e Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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