Compra de fundos de investimentos mudam rumo dos preços da soja em Chicago, após relatório baixista do USDA

Publicado em 12/08/2020 17:47 e atualizado em 12/08/2020 18:47
Análise gráfica mostra que vencimento novembro em Chicago atingiu média móvel de 50 dias e se romper esse nível , soja pode buscar os US$ 9,00/bushel nos próximos dias
Mário Mariano Moraes Júnior - Diretor Comercial Agrosoya/Novo Rumo Commodities

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Entrevista com Mário Mariano Moraes Júnior - Diretor Comercial Agrosoya/Novo Rumo Commodities sobreFechamento de Mercado da Soja

 

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O dia foi bastante movimentado para a soja na Bolsa de Chicago e o mercado encerrou o pregão com ganhos de 8,75 a 12,50 pontos entre as posições mais negociadas na Bolsa de Chicago. As cotações evoluíram forte nesta quarta-feira (12), mesmo com a chegada de números fortes sobre a nova safra americana que foram reportados pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) em seu boletim mensal de oferta e demanda. 

No entanto, da mesma forma, o reporte mostrou ainda um aumento também dos dados da demanda, o que ajudou a amenizar o impacto da estimativa da segunda maior safra de soja da história dos EUA, como explicou o analista de mercado Mário Mariano, da Novo Rumo Commodities em entrevista ao Notícias Agrícolas. 

Assim, o contrato agosto encerrou o dia com US$ 8,90 e o novembro, US$ 8,83 por bushel, que é, como afirma o analista, um patamar importante de referência para o mercado e, se mantido, poderia levar o mercado a buscar os US$ 9,05 por bushel como um novo alvo. "Isso considerando a leitura gráfica", diz Mariano. 

NÚMEROS DO USDA

O USDA aumentou a nova safra de soja dos EUA de 112,54 para 120,43 milhões de toneladas em seu boletim mensal de oferta e demanda de agosto, divulgado há pouco. Houve ainda incremento da produtividade para 59,73 sacas por hectare, contra 55,81 do reporte anterior, e aumento dos estoques finais de 11,57 para 16,6 milhões de toneladas. 

Por outro lado, o USDA aumentou também o esmagamento da soja para 59,33 milhões e as exportações americanas para 57,83 milhões de toneladas, contra 58,79 e 55,79 milhões do relatório de julho. As importações foram mantidas em 410 mil toneladas. 

DEMANDA

Ainda dando suporte ao mercado veio um novo anúncio de venda de soja dos EUA para China e destinos não revelados de 378 mil toneladas da safra 2020/21 e que levou o total das vendas informadas oficialmente, na semana, a 1,209 milhão de toneladas. "As compras feitas pela China de hoje, ontem e segunda-feira foram o principal motivador para as altas de hoje", diz Mariano. 

Leia Mais:

+ USDA informa mais vendas de soja para a China e total na semana passa de 1,2 milhão de t

E esse movimento demandador mais forte dos EUA não serve só como impulso para as cotações, mas também para os fundos de investimento, que fizeram novas compras no mercado nesta quarta diante dessas informações. Contabilizando compras nos EUA e no Brasil, nesta semana a China já teria comprado mais de 1,7 milhão de toneladas. 

MERCADO BRASILEIRO

O mercado brasileiro, por sua vez, segue também muito aquecido e firme, considerando os cenários tanto da safra velha, quanto da safra nova. Nesta quarta não subiram só os preços da soja na Bolsa de Chicago, mas também os prêmios - com altas de 6,06% a 9,38% entre as principais posições de entrega - e o dólar, que ao longo do dia chegou a subir até 2% e fechou o dia com R$ 5,45.

A demanda permanece muito forte e a disputa entre exportação e a indústria nacional pelo volume remanescente da safra velha também se intensifica diariamente e é mais combustível para o produto nacional. "Hoje, a soja brasileira já é US$ 30,00 por tonelada mais cara que a dos EUA e já há especulações de washouts da soja brasileira pela China (...) Se confirmados, essa soja poderia ser redirecionada para o mercado interno", explica Mário Mariano. 

 

Por: Aleksander Horta e Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte: Notícias Agrícolas

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