"Corremos um grande risco de ter um déficit de alimentos; o que temos agora é uma má distribuição", diz Steve Cachia

Publicado em 18/01/2021 10:48 e atualizado em 18/01/2021 12:11
Condição favorece a manutenção dos preços altos e continuidade da escalada das commodities agrícolas. Para a rentabilidade do produtor brasileiro, movimento está atrelado ao caminhar do dólar frente ao real.
Steve Cachia - Consultor da Cerealpar e TradeHelp

Podcast

Entrevista com Steve Cachia - Consultor da Cerealpar e TradeHelp sobre o mercado da soja

 

Download
 

A escalada das commodities agrícolas continua e segue em pleno andamento o novo ciclo de altas que vinha sendo adiantado ao Notícias Agrícolas por analistas e consultores de mercado, como Steve Cachia, consultor da Cerealpar e da TradeHelp, em entrevista nesta segunda-feira (18). A oferta de alimentos é muito restrita e o consumo continua crescendo, levando a altas, nos últimos 12 meses da ordem de 70% na soja; 60% no milho; 40% no trigo, café 40%; mercado de suínos 60%. 

Para commodities energéticas e metálicas também foram registradas boas altas, como 100% no petróleo e na prata, mais de 80%.

"Tudo isso é um sinal mais forte de que o que estamos vendo hoje não é um movimento isolado, mas um movimento em conjunto e que pode perdurar por mais tempo", explica Cachia. "Mas ainda é cedo para sabermos quais fundamentos teremos no segundo semestre de 2021". 

Depois de concluída a safra da América do Sul, o mercado volta todos os seus olhos para a nova temporada dos Estados Unidos, onde haverá uma intensa disputa por área e nenhum espaço para condições adversas de clima, dados os já baixos estoques globais de grãos - nos EUA contabilizando a menor relação estoque x consumo dos últimos anos - e da demanda que permanece crescente. 

Na outra ponta, os fatores limitantes para esta esacalada seriam pressões sazonais da colheita sul-americana e o início da safra norte-americana. "O fator demanda não vai deixar o mercado respirar e vai ajudá-lo a se manter firme", acredita o consultor. Mais do que isso, cita o atual quadro geopolítico intenso - pandemia, vacinações, posse de Joe Biden nos EUA, mercado financeiro, dólar - e o posicionamento dos fundos investidores também influenciando no andamento dos preços. 

"Nós corremos um grande risco de ter um déficit de alimentos. No momento ainda não, mas o que há agora é uma má distribuição de matéria-prima e alimentos. Estamos chegando próximos à temporada dos EUA e se o clima por lá não ajudar podemos entrar em uma drástica crise de segurança alimentar, bastante preocupante. Alguns países onde há muitas preocupações com pos efeitos do Covid, com a segurança alimentar interna. Começaram a colocar algumas restrições em suas exportações, querendo estoques estratégicos que não víamos há décadas, mas a demanda de um modo geral acabou fazendo que com a gente subestimasse os estoques que tínhamos, ou seja, os estoques que pareciam abundantes, de repente não eram", explica Cachia. 

Por: Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte: Notícias Agrícolas

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Soja segue lateralizada em Chicago nesta 6ª feira e ainda espera por novidades e pelo novo USDA
Soja sobe em Chicago com atenção à demanda da China e clima na AMS, mas preços sentem leve pressão no BR nesta 5ª feira
Safra 25/26: primeiro foco de ferrugem asiática em área comercial é confirmado em MS
Empresas da Índia cancelam importação de óleo de soja após alta no preço, dizem traders
Soja sobe levemente em Chicago nesta 5ª feira, esperando pelo USDA e monitorando notícias conhecidas
Soja fecha com quase 1% de baixa em Chicago nesta 4ª feira e deixa negócios no BR ainda mais limitados