Aumento forte dos estoques de farelo e grão na China aliado ao financeiro tiram 4% da soja em Chicago

Publicado em 23/06/2022 17:10 e atualizado em 23/06/2022 19:50
Farelo e óleo também despencam na CBOT. No Brasil, perdas no interior do país já chegam a R$ 15,00 por saca e baixa nos portos também é forte. Momento é ideal para a compra de um seguro de baixa.
Eduardo Vanin - Analista de Mercado da Agrinvest

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Aumento forte dos estoques de farelo e grão na China aliado ao financeiro tiram 4% da soja em Chicago

Os futuros da soja derreteram nesta quinta-feira (23) na Bolsa de Chicago e terminaram o dia com perdas de mais de 4% entre os futuros da oleaginosa mais negociados. Os primeiros vencimentos, inclusive, perderam o patamar dos US$ 16,00 por bushel, com o julho valendo US$ 15,93 e o agosto US$ 15,07 por bushel. Os mais alongados trabalham desde ontem abaixo dos US$ 15,00. 

O mercado da soja em grão e dos derivados - com o óleo perdendo mais de 5% - foi duramente pressionado, mais uma vez, pela combinação de fundamentos preocupantes do lado da demanda, com o consumo da China muito travado em função de sua política de tolerância zero contra o Covid, e a forte aversão ao risco no financeiro. 

"E os prêmios não reagiram, e até caíram cerca de 80 cents de dólar por bushel no mesmo período em que a soja caiu US$ 1,70. Então o flat price - que é a soma de Chicago com o prêmio - caiu bastante. E essa é uma demonstração de que a demanda está muito ruim", explica Eduardo Vanin, analista de mercado da Agrinvest Commodities. 

Assim, os preços observados no interior do Brasil chegaram a perder, em média, até R$ 15,00 por saca neste intervalo, com perdas consideráveis sendo marcadas também nos portos do país. 

O caminhar dos preços, portanto, que vinham sendo guiados pela oferta e as preocupações com uma possibilidade de nova quebra de safra nos EUA passaram a ser pressionados pela demanda mais contida. E parte dessa retração que se observa nas compras chinesas se dá com o aumento dos estoques de farelo de soja na nação asiática - os quais passaram de 300 mil toneladas em março para mais de um milhão de toneladas agora - e de grão nos portos, os quais superam sete milhões de toneladas. 

"Também caiu o mercado físico na China e essa é mais uma demonstração de que há mais oferta neste momento e a demanda não é muito boa. A luz no fim do túnel é o suinocultor na China, que tem melhora nas margens, uma vez que caiu o preço do milho, do farelo, e o preço da carne suína continue subindo. E agora esperamos que o peso de abate dos animais voltem ao normal", diz o especialista. 

Assim, a China que deveria estar comprando cerca de 30 barcos de soja por semana neste momento, tem comprado de 15 a 18, confirmando esse ritmo mais lento das compras. 

Vanin destaca ainda o peso da política severa contra o coronavírus não só sobre as commodities agrícolas - em especial grãos e óleos - mas também sobre as metálicas, refletindo as preocupações com o crescimento econômico global do gigante asiático, bem como do restante do mundo. 

No paralelo, permanecem também atenções sobre o desenvolvimento da nova safra dos EUA. Embora se espere as próximas quatro semanas sendo de tempo mais quente seco, mapas novos mudaram um pouco, indicando temperaturas mais amenas e duas possibilidades de chuvas em sete dias, o que pressionou ainda mais os preços. 

Mais do que isso, o mercado também espera pelos novos números de revisão de área que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) traz na próxima quinta-feira, dia 30 de junho. 

Por: Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte: Notícias Agrícolas

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