Soja: Nova safra brasileira não atende a demanda depois das perdas globais dos últimos 4 anos, afirma Liones Severo

Publicado em 16/02/2023 12:06 e atualizado em 16/02/2023 13:07
Adversidades climáticas tiraram quase 120 milhões de toneladas da produção global nos últimos quatro anos, enquanto consumo manteve constância. China tem retomada estupenda, segundo explica o diretor do SIMConsult, e efeitos voltarão a ser refletidos. Farelo de soja continua sendo o elo forte do complexo.
Liones Severo - Diretor do SIMConsult

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Soja: Nova safra brasileira não atende a demanda depois das perdas da safra global nos últimos 4...

 

A produção global de soja perdeu, nos últimos quatro anos, quase 120 milhões de toneladas em função da adversidades climáticas, e por conta disso a nova safra do Brasil não atende a demanda, segundo análise de Liones Severo, consultor de mercado e diretor do SIMConsult, em entrevista ao Notícias Agrícolas nesta quinta-feira (16). "A relação de oferta e demanda ainda é muito frágil, os estoques são mais baixos do que os do ano passado e existe essa condição. A demanda está espantosamente crescente, apesar dos poucos relatos sobre isso, mas o mercado, neste momento, mostra isso", diz. 

Severo traz ainda para sua análise as perdas em outras culturas, como as forrageiras - que são base importante para a produção de rações - o que fez com que os consumidores recorressem ainda mais ao farelo de soja, levando os preços do derivado à renovação de seu recorde. Tudo isso somando-se às perdas na Argentina, que diminui a oferta de soja, no processamento e, drasticamente, na oferta do derivado que chega ao mercado. 

"Não adianta anunciar uma grande safra se não tem indústria para processar, porque o valor da soja está, justamente, na decomposição do preço do grão no valor dos produtos, e o farelo é o produto final. Então, vemos que o que realmente importa é o processamento, a decomposição do grão. Há de se reparar essa condição que temos de industrialização", explica. 

Dessa forma, com a China contando com uma enorme capacidade estática de processamento de oleaginosas - de 179 milhões de toneladas, maior do que as capacidades somadas nos EUA, Brasil e Argentina - é natural que terá que levar mais grão importado para atender sua demanda, processá-lo internamente para, inclusive, vender farelo também aos demais países do Sudeste Asiático, região que é o grande comprador do farelo argentino. Além disso, há uma "vigorosa expansão no consumo de proteínas e esse é o desequilíbrio do mercado". 

"O preço representa todas as causas que aconteceram no passado, é a memória das causas registradas na memória da soja. Por isso os preços estão subindo e vão continuar subindo", afirma o consultor.

Por: Carla Mendes | Instagram @jornalistacarlamendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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