Café: Em 2013, Brasil exportou terceiro maior volume da história, mas falta de valor agregado dificultou a receita

Publicado em 17/01/2014 17:09 e atualizado em 20/01/2014 14:42

Em 2013 o Brasil exportou 31 224 918 sacas de café, o terceiro maior volume anual de nossa longa história de exportadores de café (exportamos café desde os anos 40 do século 18!), suplantado apenas pelos anos de 2010 (33 028 992 sacas) e 2011 (33 509 228 sacas).

Apesar deste excelente desempenho, a receita cambial com as exportações de café – que 50 anos atrás, no início dos anos 60 do século 20, representava metade de toda a receita cambial do país – em 2013 representou apenas 5,3% das receitas alcançadas pelo agronegócio brasileiro, atrás do complexo soja, carnes, complexo sucroalcooleiro, produtos florestais e complexo cereais, farinhas e preparações. 

Essa extraordinária perda de participação do café nas exportações brasileiras aconteceu apesar do Brasil continuar sendo o maior produtor e exportador de café do mundo. Sinal do crescimento do agronegócio e da economia brasileira nos últimos 50 anos, mas também da pressão sobre os preços por traders e países consumidores, que com a globalização da economia e as ferramentas da tecnologia da informação dominaram o comércio de café com os mais de 50 países produtores, a grande maioria subdesenvolvidos e dependentes da receita do café. 

Os cafeicultores brasileiros, com a renda de sua produção foram os grandes responsáveis pelo crescimento da economia brasileira nos séculos 19 e 20, principalmente entre 1850 e 1950. Agora, no início do século 21, com os preços praticados pelo comércio internacional, têm dificuldades até para pagar os custos de produção. Está mais do que na hora de reformularmos nosso comércio de café. Não podemos continuar exportando café da mesma maneira como fazíamos há 50 anos. 

O Brasil continua a ser o grande produtor de café do mundo, peça fundamental no mercado, mas, como os números mostram, não depende mais de sua receita. Não precisamos continuar nos sujeitando a exportar café verde como “commodity”, para outras economias agregarem valor e lucrarem. Temos condições políticas e econômicas para reformular nosso comércio de café. 

Tivemos uma semana calma para os negócios de café. Com a divulgação das estimativas da safra brasileira de café 2014, mostrando números bem menores do que analistas previam até pouco tempo atrás, e a aproximação do período de exercício das opções de venda para três milhões de sacas, leiloadas pelo governo federal no semestre passado, produtores e compradores mostraram-se cautelosos, procurando enxergar como o mercado se desenvolverá nas próximas semanas e meses. No mercado físico brasileiro o volume de vendas realizadas não foi grande. Quem teve condições, adiou o fechamento de negócios. 

O CECAFÉ – Conselho dos Exportadores de Café do Brasil, informou que no último mês de dezembro foram embarcadas 2.804.300 sacas de 60 kg de café, aproximadamente 4% (130.634 sacas) menos que no mesmo mês de 2012 e 5% (140.409 sacas) a mais que no último mês de novembro. Foram 2.423.486 sacas de café arábica e 86.583 sacas de café conillon, totalizando 2.510.069 sacas de café verde, que somadas a 290.406 sacas de solúvel e 3.825 sacas de torrado, totalizaram 2.804.300 sacas de café embarcadas. 

Até o dia 15, os embarques de janeiro estavam em 718.378 sacas de café arábica, e 36.658 sacas de café conilon, somando 755.036 sacas de café verde, mais 38.303 sacas de café solúvel, totalizando 793.339 sacas embarcadas, contra 907.515 sacas no mesmo dia de dezembro. Até o dia 15 os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em janeiro totalizavam 1.174.999 sacas, contra 1.443.421 sacas no mesmo dia do mês anterior. 

A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 10, sexta-feira, até o fechamento de hoje, sexta-feira, dia 17, caiu nos contratos para entrega em março próximo, 350 pontos ou US$ 4,63 (R$ 10,88) por saca. Em reais, as cotações para entrega em março próximo na ICE fecharam no dia 10 a R$ 377,44/saca e hoje, dia 17 a R$ 364,02/saca. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em março, a bolsa de Nova Iorque fechou com baixa de 120 pontos.

Fonte: Escritório Carvalhaes

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