Leite: Após oito meses em queda, preço ao produtor sobe 3,8%

Publicado em 28/02/2018 11:14

Depois de consecutivas quedas desde maio/17, o preço do leite recebido por produtores subiu em fevereiro. De acordo com pesquisas do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, a “média Brasil” líquida (preços sem frete e impostos da BA, GO, MG, SP, PR, SC e RS) de fevereiro foi de R$ 1,024/litro, aumento de 3,8% (ou de 3 centavos/litro) frente a janeiro. A valorização do leite no campo esteve atrelada à redução na oferta e ao leve aquecimento da demanda.

A captação dos laticínios e cooperativas amostrados pelo Cepea recuou em todos os estados pesquisados. De dezembro/17 para janeiro/18, houve queda de 2,17% no Índice de Captação de Leite do Cepea (ICAP-L) na “média Brasil”. Esse resultado se deve aos baixos preços praticados nos últimos meses, que tem desestimulado produtores a investir na atividade – cenário observado em todo o Brasil, mas especialmente no Sul, onde o leite foi negociado abaixo de um Real por litro.

Além da menor receita, os custos de produção têm se elevado desde outubro/17, em função da valorização do milho. Os preços do concentrado 22% de proteína bruta, principal insumo da atividade leiteira, registraram alta de 3,41% de outubro/17 a janeiro/18, de acordo com levantamento do Cepea. Outro fator que influenciou a queda da captação em fevereiro foi a estiagem em algumas regiões, que prejudicou a qualidade das pastagens e, consequentemente, a produção. Alguns colaboradores consultados pelo Cepea consideraram, inclusive, um adiantamento da entressafra neste ano, especialmente no Sul do País.

A demanda, por sua vez, dá sinais de reação. Mesmo que na percepção dos agentes o consumo ainda esteja enfraquecido, o mercado tem absorvido as consecutivas altas dos preços dos derivados. Segundo pesquisas diárias do Cepea, o leite UHT negociado entre indústrias e o atacado do estado de São Paulo tem se valorizado continuamente desde a segunda quinzena de janeiro – de lá para cá, a alta acumulada é de 15,7%. Inicialmente, o aumento das cotações foi justificado pelas empresas como uma tentativa em recuperar a margem, que vem sendo espremida desde o ano passado. No entanto, a manutenção do movimento de valorização, a diminuição das promoções e a menor amplitude de preços sinalizam um reaquecimento da demanda, favorecida pela maior estabilidade econômica.

NOTA: Atendendo às demandas do setor e buscando se manter na vanguarda da geração de dados sobre o mercado lácteo, o Cepea sediou no dia 7 de fevereiro de 2018 um importante encontro com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e com a Viva Lácteos (Associação Brasileira de Laticínios), visando remodelar a metodologia da pesquisa de preços ao produtor. Dentre os temas discutidos, ressaltou-se a necessidade de uma nova forma de coleta de dados, com a regionalização das informações de acordo com o município do produtor e com a estratificação dos dados por faixa de produção. As modificações na metodologia já começaram a ser estruturadas em fevereiro, devendo ser efetivamente implementadas ainda neste semestre, contribuindo para uma melhor amostragem e representatividade dos dados. Considerando-se os estados de GO, BA, MG, SP, PR, SC e RS e a captação de janeiro (paga em fevereiro), a amostra do Cepea representou cerca de 44% do volume da Pesquisa Trimestral do Leite, do IBGE.

Tabela 1. Preços pagos pelos laticínios (brutos) e recebidos pelos produtores (líquido) em FEVEREIRO/18 referentes ao leite entregue em JANEIRO/18

Fonte: Cepea

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Embrapa Gado de Leite: Abril registra nova queda no custo de produção de leite
Produtores de leite do Brasil se mobilizam para doações aos criadores gaúchos
Captação de leite no RS vai sendo normalizada, com pequena perda em volume, diz liderança Do Sindilat
Preço do leite pago ao produtor sobe pelo 5º mês seguido, segundo média da Scot Consultoria
Frente Parlamentar do Leite discute melhoramento genético