Cuidados nutricionais na gramicultura aumentam resistência e qualidade dos gramados e podem apoiar na rentabilização da grama para paisagismo
Cultura relativamente recente no Brasil, a gramicultura tem se tecnificado nas últimas décadas graças à crescente produção de conhecimento científico, que já começa a mostrar a relação entre a nutrição balanceada e a melhora da performance na produção de gramados. Um programa nutricional adequado é fundamental para evitar o que o produtor de grama mais teme: a quebra do tapete, que pode acarretar prejuízos significativos, já que ele tem apenas uma única oportunidade em 12 meses – tempo do ciclo da cultura – para fazer a colheita.
Construir um gramado resistente depende do bom enraizamento e da formação de rizomas, caules subterrâneos que são ricas reservas nutritivas e ajudam na reprodução e rebrota da grama. O trabalho precisa começar logo após a colheita, com a correção do solo. Os macro e micronutrientes essenciais devem ser aplicados antes do início do fechamento do gramado para que possam ter absorção adequada. Nesse momento, há grande demanda da planta por fósforo, mas também é necessário fornecer potássio, cálcio, enxofre, boro e zinco.
Durante a adubação de cobertura, os fertilizantes nitrogenados são importantes para impulsionar um fechamento mais rápido do tapete, mas sem nutrição equilibrada não há resistência. Assim, o potássio continua tendo papel determinante nessa fase de manutenção para garantir a estrutura de raízes e rizomas e, portanto, minimizar quebras na hora da colheita. A adubação complementar com fertilizantes foliares de alta tecnologia também tem se mostrado uma aliada dos produtores para melhoria na qualidade da grama, principalmente na fase de finalização do cultivo.
Apesar da resistência ser a principal preocupação na gramicultura, a qualidade, que inclui o aspecto visual, é um elemento que agrega valor e pode contribuir para melhorar a rentabilização do produto, especialmente para o segmento de paisagismo e jardinagem, que responde por 31% do mercado consumidor, de acordo com dados da Associação Nacional Grama Legal. Além de um gramado bem fechado, esse segmento valoriza a coloração mais verde das folhas.
Um experimento com grama esmeralda, em lavoura demonstrativa localizada no Estado de São Paulo, principal região produtora de grama, observou que a aplicação de adubo foliar de alta performance com componentes de matriz orgânica melhorou todos os indicadores da planta e teve desempenho superior no aspecto de coloração da grama. A solução, que combina nutrientes como zinco e boro com extrato de algas marinhas, um composto orgânico, elevou o índice SPAD, que mostra o nível de clorofila nas folhas, de 36,2 para 40,2. Com mais clorofila, o índice de intensidade da cor verde das folhas, medido por um equipamento chamado Field Scout, praticamente dobrou, de 278 para 494.
Os avanços da ciência agronômica para nutrição de plantas e o desenvolvimento de tecnologias de agricultura de precisão já permitem que o setor conte com programa nutricional especializado, baseado em produtos de alta performance, assistência técnica e ferramentas digitais que auxiliam na melhor combinação de soluções para cada etapa do cultivo. Em áreas de produção que vêm adotando essa abordagem já existem, inclusive, relatos de diminuição no ciclo do cultivo. Embora ainda seja necessário experimentos comprobatórios, os relatos corroboram os demais indícios de que o manejo nutricional adequado e cuidadoso pode ajudar a extrair o potencial máximo das áreas e contribuir para o impulsionamento do mercado de gramados no Brasil.