Soja: O grande déficit norte-americano não tem solução, por Liones Severo

Publicado em 11/04/2014 15:19 e atualizado em 15/04/2014 19:03
Liones Severo é consultor de mercado do SIM Consult.

Atualmente o déficit de soja no mercado norte-americano até a entrada da safra nova, em setembro, soma 4,038 milhões de toneladas de soja -- déficit este composto por 1,589.7 milhões de toneladas vendidas a maior e aguardando embarque; 1,769.04 milhões de tons de importações previstas pelo USDA; e, cerca de 680.000 t de industrialização (que supera a destinação estimada pelo USDA, no último dia 10 deste mês de abril).

Esse volume corresponde a um erro grosseiro de quase 5% na produção norte-americana, conforme avaliações e estimativas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos da América , o USDA.
 
Para suprir os déficits já estão previstas as importações acima mencionadas (1,769.04 mil de t), porém são inúmeras as dificuldades dessas operações serem contratadas e executadas, a saber:

1) Precisarão comprar a grande maioria dessa soja de origem brasileira;

2) Para realizarem resultado na industrialização precisarão de uma forte derrocada nos prêmios da soja brasileira (para se igualar custo/benefício);

3) Precisarão que a soja chegue às industrias do interior dos Estados Unidos até o mês de junho, considerando 20/30 dias de demora de navegação, descarga em chatas e internação, já que a grande maioria da industrias está distantes dos portos oceânicos;

4) Precisarão competir com outros países na aquisição da soja brasileira;

5) Precisarão colocar cerca de 80 navios de 50 mil toneladas em portos brasileiros, o mais tardar em meados de no final deste mês de abril, para que os embarques sejam concluídos até meados de maio (logística impossível);

6) Esses navios precisarão entrar na fila para disputar atracação com navios que estão sendo carregados para outros destinos.;

7) Precisarão fretar esse grande números de navios a custo competitivo e oportunizar a chegada dos mesmos em tempo hábil (a maioria dos navios disponíveis estão a Ásia, no eixo do Pacifico, portanto precisarão de pelo menos 35 dias de navegação para tocar nos portos brasileiros e mais 30 dias para começar a carregar);

8) Dificuldades nos portos norte-americanos, visto que a maioria não descarrega navios tipo panamax --  porque são todos voltados para a exportação de grãos (carregamento).
 
Enfim, consideramos quase impossível que consigam importar suas necessidades, ou mesmo o suficiente para aliviar o período de escassez que enfrentarão durante a entressafra, supostamente entre maio e agosto deste ano.
 
Existem outros agravantes que poderão deteriorar, ainda mais, o déficit de suprimento de soja no mercado norte-americano, ou seja :

A) Os Estados Unidos continuam vendendo safra velha de soja para seus vizinhos, principalmente para o México e América Central;

B) Estão exportando farelo de soja a níveis recordes e os excedentes exportáveis estão próximo do esgotamento. Muitos mercados consumidores de farelo de soja, principalmente europeus, estão a descobertos e optam comprar dos norte-americanos pela rapidez do embarque.

C) A Argentina não tem conseguido produzir e embarcar farelo de soja a contento da necessidade dos tradicionais consumidores e, a opção do Brasil ficou prejudicada porque as linhas de logística de embarques já estão ocupadas pelo forte carregamento de soja e outros produtos.
 
Diante disso, nossa larga experiência nessas negociações e execuções do mercado internacional, indica que, neste ano de 2014, os Estados Unidos enfrentarão a maior crise de escassez de todos os tempos, provavelmente se igualando à crise de 1973, quando inadimpliu compromissos de vendas de soja e farelo de soja para o mercado internacional -- mas especificamente para a antiga União Soviética.
 
Nossa consultoria tem comprovado acerto nos acontecimentos de problemas de logística dos portos brasileiros no ano de 2013 e, apontamos com muita antecedência as crises de escassez que se instalou nos meses de setembro e outubro de 2012 e 2013 no mercado brasileiro e, também a crise de escassez que existiu no mercado norte-americano durante os meses de maio a agosto de 2013.

Recentemente apontamos que as exportações de soja norte-americana de 2014 se esgotariam as vendas ainda no mês de dezembro do ano passado, como realmente aconteceu. Todos esses cenários antecipados podem ser comprovados pelas nossas entrevista à disposição no site do Noticias Agrícolas e no site de nossa consultoria SIM Consult.
 
Os produtores brasileiros e sul-americanos poderão se beneficiar desse cenário de escassez, que, se igualar o ano de 1973, promoverá uma forte elevação dos preços para a soja no mercado internacional.

(Cortesia do SIM Consult em favor da agricultura brasileira)
 
Assistam nossa entrevista antecipando a situação da soja no mercado norte-americano, postada dia 29 de novembro de 2013 :

>>  DA REDAÇÃO: Soja - Mundo terá escassez do produto e preços tendem a subir  

(Liones Severo)

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Fonte: SIM Consult

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