Desafios da educação em quatro palavras, por Dr. Marcos Fava Neves

Publicado em 04/05/2017 09:14
Professor Titular da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo, Campus de Ribeirão Preto

Discurso proferido na Cerimônia de Premiação Deusa Ceres, Auditório do Centro Cana – IAC, Ribeirão Preto, 03/05/2017

Agradeço aos responsáveis pela indicação da láurea “Medalha Fernando Costa” como educador de 2016, emocionante honraria em minha vida. Esta medalha pertence à minha família, amigos e a todos ensinadores diários que fazem parte da minha vida.

Faço aqui um jogo com quatro marcantes palavras: valor, compartilhamento, captura e criação.

Começando com “valor” (Latim valore), que relaciona a capacidade da produção (bens e serviços) satisfazer necessidades e desejos de indivíduos. E normalmente associado a algo positivo, que foi gerado, que sobrou na mesa, que rendeu. Algo “de valor”.

A segunda é “captura”, associada ao reconhecimento, ao mérito que premia o  diferencial de esforço. A chance de captura incentiva indivíduos ao empreendedorismo, à superação. Sociedades, organizações públicas e privadas que não valorizam o mérito deterioram suas médias ao longo do tempo, destruindo coletivamente valor e fracassando.

A terceira palavra é “criação”, ligada à inovação, à ideia, ao trabalho, à capacidade, à liberdade, atenção, pensamento, ao espírito aguçado, ao sonho, à disciplina.

Finalmente a quarta é “compartilhamento”, que é a visão do suficiente, do repartir, da inclusão sustentável, da melhoria coletiva com diminuição de injustiças sociais inevitáveis e também das criadas.

Como sequenciar valor, captura, criação e compartilhamento, para que sejam uma filosofia individual e coletiva de vida?

Primeiro entender que não há compartilhamento sem criação. Vimos mais de uma década de retrocesso onde se forçou o compartilhamento via elevação de impostos, descontrole de gastos públicos, roubos, corrupção e geração de um conjunto incrível de desiludidos dependentes dos demais. Não foram privilegiados os mais aptos para a criação, que são os indivíduos, empreendedores e as empresas e focou-se numa visão míope de Estado/Governo criador, de tutela, comprometendo nosso processo de criação.

Segundo, compreender que não há estímulo ao compartilhamento sem captura. A pouca  possibilidade de captura na forma de lucro, renda ou outros, pela deterioração da competitividade e um ambiente hostil aos empreendedores, diminuiu o ímpeto de criação e faltou o que compartilhar.

Como educadores temos o desafio de inserir nos aprendizes esta visão enfrentando um crescente número de outros educadores que ao mesmo tempo espalham doutrinas que pregam o compartilhamento do que não foi criado, a captura do que não é fruto do seu esforço e uma visão de dependência, de vitimização, de coitadização, de estímulo à delegação de problemas que são em essência, do indivíduo e de suas famílias, para a sociedade arcar. Doutrina destruidora de valor, sem exemplos de êxito no mundo, obsoleta, mas que encontra no ensino muitas vozes.

Concluo dizendo que nossa ainda mal educada sociedade só sairá deste descalabro onde se meteu por escolhas erradas de lamentáveis lideranças se priorizar a educação e que esta vise obsessivamente a filosofia de “criação, captura e compartilhamento de valor”, sequência correta das nossas quatro palavras, que leva à geração individual e coletiva de renda. Os fatídicos últimos anos do Brasil e nossas contas públicas escancararam que sem geração de renda inexiste distribuição sustentável de renda.

Passou da hora de removermos os entulhos, soltarmos as amarras e educar nossa sociedade neste país cheio de recursos para marchar com força rumo à filosofia individual e coletiva da “criação, captura e compartilhamento de valor”.

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Fonte: Marcos Fava Neves

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