Yanomami acampam em quadra de escola fugindo da malária e da fome

Publicado em 23/04/2013 10:47
Cerca de quarenta índios Yanomami, entre crianças, jovens e adultos ocupam há três dias a quadra da escola estadual Manoel Augostinho de Almeida, na vila Antônio Ribeiro Campos, na região de Campos Novos, a 70 quilômetros da sede de Iracema, município no Centro-Sul de Roraima.

Os indígenas alegam que deixaram a comunidade onde viviam, a Maiamase, na região do Catrimani, porque a malária estava dizimando famílias inteiras. “Perdi dois irmãos e outros parentes. Não temos gente lá na comunidade para cuidar da nossa saúde”, reclamou Joaquim Yanomami, um dos líderes.

A falta de comida também é motivo de reclamação dos índios. Eles garantem que não conseguem mais viver só da caça, pesca e da agricultura. “A gente também quer comida. Tá faltando lá na aldeia. Nossos filhos estão morrendo de malária e de fome”, lamentou Joaquim. Não bastasse isso, a comunidade Maimase ainda está em conflito com outras aldeias próximas. 


O prefeito de Iracema, Rarisson  Nakaiama (PSDB), teria dado carona aos índios até a quadra da escola, quando eles se aproximavam da vila. Os Yanomami já tinham andado dez dias, da missão Catrimani até Campos Novos. Durante o percurso, uma índia grávida de dois meses morreu e foi enterrada na beira da estrada. Os parentes não souberam detalhar o local.

No início da tarde de ontem, desconsolado e distante dos outros, o marido da índia que morreu no caminho estava sentado no final da quadra, apenas observando a outra filha, de seis anos, correr pela área da escola. Ele não quis conversar com a reportagem.

“Também queremos que a Funai (Fundação Nacional do Índio) vá pegar o corpo da parente que ficou para trás. Ela morreu porque estava muito doente de malária e por isso não aguentou, assim como outros parentes que ficaram lá na comunidade, também morrendo”, denunciou Joaquim.

O líder alega que só voltarão à aldeia Maimase quando a Funai disponibilizar médicos, enfermeiros e remédios. “Veio a metade, mas ainda ficou parente lá na comunidade. Só voltamos quando resolverem nossos problemas”.

Os Yanomami avisaram que se ninguém resolver a situação, como forma de protesto, vão continuar a caminhada até chegar a Boa Vista. “A gente descobre o caminho. Queremos que a Funai nos dê assistência”, reivindicou.

O coordenador da Fundação Nacional do Índio em Roraima (Funai/RR), André Vasconcelos, informou no começo da noite de ontem, por telefone, que servidores da Fundação, anteontem, já teriam ido ao local com ônibus para fazer o translado dos Yanomami de volta à comunidade Maiamase, mas eles teriam se recusado.

“Pediram ferramentas e alimentação para voltarem, e já estamos providenciando isso. A situação é um pouco complicada porque eles têm conflitos étnicos com outras tribos”, ressaltou o coordenador.

Sobre a suposta epidemia de malária na comunidade Maimase, o coordenador adiantou que também vai verificar a denúncia junto às autoridades responsáveis pela saúde Yanomami em Roraima. 

DOAÇÕES – No início da tarde de ontem, a professora Maria da Silva Mendonça e outras servidoras públicas ajudavam a servir o almoço às famílias indígenas. “A nossa comunidade doou roupas e comidas para eles. Estamos aqui ajudando, pois tem muitas crianças e até idosos”, comentou.

Pela manhã, a direção da escola suspendeu as aulas de Educação Física. “Muitos estão definhados devido à longa caminhada e por isso dormem um pouco mais”, justificou a professora. A escola estadual atende alunos das últimas séries do ensino fundamental e dos três anos do ensino Médio.

COMENTÁRIOS

Nome:   
8359-Jose Garcia Ribeiro Lopes                          Data: 21:34:13 - 14/04/2013
Raimundo ferraz, o ministerio Publico tambem e conivente com o abandono dos povos indigenas, porque a raposa serra do sol e o maior exemplo que temos em Roraima, os indigenas daquela regiao estao abandonados e ninguem faz nada. os yanomamis e um caso a parte, ja que na raposa vai de carro imagine com os povos yanomamis, que so de aviao. os administradores da funai sao uma farsa, que fazem de conta que atendem, mas se um cidadao for atender qualquer indio desses a funai manda prender o cidadao no ato. eu por exemplo se encontrar um indio em uma estrada jamais darei uma carona, mesmo com o coraçao apertado mas nao darei uma carona.

Nome:   
8817-Chichirivich da Silva                          Data: 16:32:34 - 14/04/2013
Uma vez vi um índio morrendo no HGR, fui à FUNAI e eles me disseram que não podiam fazer nada. O detalhe é que o índio nem português falava para dizer o que estava sentindo. O resumo dessa ópera é que os índios mortais estão jogados às traças, enquanto os recursos federais chegam e vão pra outros lugares, tudo isso com a conivência dos líderes indígenas que se dizem defensores da causa, que viajam para Brasilia e para o exterior para palestrar ou mostrar o quanto defendem seus irmãos. Enquanto isso, os pobres mortais morrem a mingua.

Nome:   
1035-Raimundo R. Ferraz                          Data: 21:49:01 - 13/04/2013
Esto que estamos vendo é uma vergonha, eu procuro onde estão as autoridade da FUNAI responsevis pelos povos indiginas aqui no Etado? é essa a assistência que a entidade esta dando a estes seres humanos e os recursos federais tá indo pra onde? o que estar aí é um crime e uma prova que a entidade que deve dá assistência a estas famílias não tá dando coisa alguma, é provavel que faz bastante tempo que não aparece ninguem lá dos responsaveis pela saúde dos indigenas. COM A PALAVRA O MINISTERIO PUBLICO FEDERAL.
Fonte: Jornal de Boa Vista (RR)

NOTÍCIAS RELACIONADAS

COOPERATIVISMO EM NOTÍCIA - edição 13/12/2025
Minerva Foods avança em duas frentes estratégicas e alcança categoria de liderança do Carbon Disclosure Project (CDP)
Pesquisador do Instituto Biológico participa da descoberta de novo gênero de nematoide no Brasil
Secretaria de Agricultura de SP atua junto do produtor para garantir proteção e segurança jurídica no manejo do fogo
Manejo do Fogo: Mudanças na legislação podem expor produtores a serem responsabilizados por "omissão" em casos de incêndios
Primeira Turma do STF forma maioria por perda imediata do mandato de Zambelli