Bunge despacha 1º navio com soja de novo terminal no Pará

Publicado em 27/04/2014 11:46

 

A Bunge começou a operar desde sábado o seu novo terminal portuário de Barcarena, na região metropolitana de Belém, no Pará, por onde embarcou o primeiro navio com soja. O navio Taurus Ocean partiu de Barcarena com 60,9 mil toneladas de soja destinadas à Espanha

O terminal, que abre uma nova rota de exportação de grãos pelo Norte do país, melhorando a competitividade do produto agrícola brasileiro. A soja que está sendo carregada no terminal de Barcarena, ainda em uma operação experimental, chegou principalmente via barcaças provenientes de um terminal fluvial no interior do Pará, às margens do rio Tapajós, em Itaituba, que começou a operar há um mês.

A nova rota de exportação deverá trazer benefícios para a cadeia produtiva e exportadora de grãos, com cultivo especialmente no norte de Mato Grosso, maior produtor brasileiro de soja.

Pelo uso do transporte fluvial em parte do trajeto para levar a soja até Barcarena, estima-se, por exemplo, uma redução nos custos de frete de cerca de um terço na comparação com os gastos para transportar produtos agrícolas de Mato Grosso aos portos do Sul/Sudeste, de caminhão, o modal mais utilizado atualmente.

A multinacional Bunge será a primeira a operar na nova rota, que também ganhará novas empresas do agronegócio no futuro, com investimentos já em curso. A Bunge espera exportar até 2 milhões de toneladas de grãos pelo novo complexo logístico já em 2014. Um segundo navio para carregar soja já aguarda na região do porto. Trata-se do Gaeca Universalis, também destinado à Espanha.

Cultura da soja se firma como alternativa rentável para áreas de várzea no RS

 

Desde a década de 1980, José Augusto Bezerra Neto semeia soja em solos de várzea no município de Camaquã, no sul do Rio Grande do Sul, a fim de realizar a rotação de culturas em uma região dominada pelas lavouras de arroz. O agricultor conta que, na época, o cultivo não prosperou em função do alto risco de perda por inundação. “O manejo deixava a desejar, já que os drenos comunitários eram mal dimensionados”, afirma.

O excesso de chuva ainda ameaça o cultivo na região. A diferença é que agora os produtores estão dominando as técnicas de manejo e descobrindo as vantagens da utilização da soja em rotação com o arroz.

A cada safra, aumenta a área de várzea destinada ao cultivo de soja, e a oleaginosa vem se firmando como uma opção viável e rentável para os produtores da metade sul do estado. De acordo com dados do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), a soja ocupou 302.579 hectares de várzea no RS na safra 2013/2014.

Segundo José Augusto Bezerra Neto, a várzea apresenta um bom potencial para a produção de soja. Entretanto, é preciso tomar alguns cuidados para minimizar os riscos de perda e garantir uma boa produtividade. O principal fator apontado por Bezerra é referente ao excesso de umidade.

Os cuidados com o solo também são importantes. Evitar o revolvimento, realizar adubação verde e deixá-lo coberto durante o inverno são algumas atitudes que resultam em solo aerado e nutrido, evitando a compactação. Com isso, o agricultor garante boas condições para o desenvolvimento do sistema radicular da soja em um solo com pouca profundidade.

Na safra 2013/2014, as condições climáticas favoreceram a produção de soja na várzea. Por isso, agricultores que vem realizando um manejo adequado, como José Augusto Bezerra Neto, tiveram bons resultados.

Bezerra destinou 150 hectares de várzea para a cultivar de soja FPS Júpiter RR e ficou muito satisfeito com o resultado. A produção obtida foi de 80,5 sacos por hectare. “FPS Júpiter RR apresenta bom porte e arquitetura de planta, permitindo uma boa penetração de inseticidas e fungicidas”, afirma o agricultor de Camaquã.

De acordo com o coordenador da unidade de cultivos de verão da Fundação Pró-Sementes, Victor Sommer, FPS Júpiter RR é testada há 5 anos em áreas de várzea e vem apresentando bons resultados repetidamente. “Trata-se de uma cultivar resistente à Fitóftora, doença comum em solos encharcados. Além disso, a planta apresenta altura mediana e é resistente ao acamamento”, explica Sommer. De acordo com o pesquisador da Pró-Sementes, FPS Júpiter RR possui uma ampla adaptação, destacando-se tanto em áreas com problema de drenagem quanto em regiões que não possuem este característica, como coxilhas. A cultivar pertence ao grupo de maturidade 5.9, apresenta hábito de crescimento indeterminado e é licenciada exclusivamente pela Fundação Pró-Sementes.

Outra boa opção para estas áreas, segundo Sommer, é a cultivar de soja FPS Urano RR. Também licenciada pela Fundação Pró-Sementes, o material tem hábito de crescimento determinado e grupo de maturidade 6.2. Ele recomenda que o agricultor inicie com a semeadura da FPS Júpiter RR em meados de outubro e plante a FPS Urano RR a partir de início de novembro.

“Se não fizermos rotação, a cultura do arroz desaparece”, alerta José Augusto Bezerra Neto. Neste contexto, a soja surge como a melhor alternativa para a rotação em solos de várzea. Entre as vantagens deste sistema, Victor Sommer cita a melhoria da produtividade do arroz após o cultivo de soja RR e a boa liquidez da oleaginosa. “Através do uso do glifosato nas lavouras de soja RR, constata-se uma redução drástica dos níveis de infestação de plantas invasoras na cultura do arroz subsequente”, informa o engenheiro agrônomo da Fundação Pró-Sementes.

Fonte: Reuters + Pró-Sementes

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