Aliados de Marina já contam com o fim da comoção após enterro de Eduardo

Publicado em 17/08/2014 19:06 e atualizado em 18/08/2014 04:31
em PAINEL, da Folha de S. Paulo

Aliados esperam que Marina pelo menos empate com Aécio

POR PAINEL
17/08/14  02:00

Devagar com o andor Dirigentes do PSB e da Rede estão vacinados para não tomar as primeiras pesquisas com o novo cenário eleitoral como medida das chances reais de Marina Silva. A expectativa dos aliados é que ela largue ao menos empatada com Aécio Neves (PSDB) no segundo lugar. No entanto, o clima de comoção com a morte de Eduardo Campos deve se esvair até outubro. “Estamos no auge da emoção. Depois, as pessoas tendem a se acostumar”, diz o novo presidente do PSB, Roberto Amaral.

Meio vazio Passado o choque com a tragédia, Marina deverá enfrentar dificuldades na competição com Aécio. O tucano contará com mais estrutura e com palanques estaduais mais sólidos.

Meio cheio Por outro lado, a candidata que entra com a disputa em curso já é mais conhecida nacionalmente do que o tucano, que disputa sua primeira eleição fora das divisas de Minas Gerais.

Tabelinha Em São Paulo, o novo protagonismo de Marina tende a beneficiar Eduardo Suplicy (PT) no duelo com José Serra (PSDB) pela única vaga no Senado. Ela já havia declarado apoio ao petista, de quem é amiga.

Tarefa O novo presidente do PSB está preocupado em engajar Marina na disputa das vagas de deputado federal. “É isso que define a divisão do fundo partidário e da propaganda. Eleger dez senadores não dá um segundo a mais de TV”, diz Amaral.

Retrovisor Em 2010, o desempenho de Marina na eleição presidencial não turbinou o PV, que elegeu os mesmos 13 deputados da disputa anterior. Neste ano, ela apoiará candidatos da Rede espalhados por várias siglas.

Voz das ruas Funcionários do hotel que sediou as últimas reuniões do PSB em São Paulo torciam para que Marina fosse escolhida para substituir Campos. “Tem que ser ela”, repetia uma atendente que servia café aos políticos.

Futurologia Na torcida por um segundo turno contra Aécio, a campanha da presidente Dilma Rousseff (PT) considera que Marina tenderia à neutralidade nesse cenário, e parte de seus eleitores poderia anular o voto. Com ela no páreo, o tucano seria obrigado a apoiá-la.

Déjà-vu No segundo turno de 2010, a ex-senadora optou por não apoiar nem Dilma nem José Serra, candidato tucano à ocasião.

Novo discurso A campanha de Aécio vai levantar dúvida sobre a capacidade de gestão de Marina, que nunca esteve à frente de um governo. “Quem tem experiência para administrar um país em crise?”, questiona o coordenador José Agripino (DEM).

Sombra Com a candidatura de Campos, Aécio tinha um rival nesse quesito, já que o pernambucano também havia sido bem avaliado como governador do Estado.

O clima piorou Na capital paulista, 28% dos eleitores dizem que não votariam de jeito nenhum em Alexandre Padilha (PT) para governador, mostra o Datafolha. Na mesma época de 2012, a rejeição a Fernando Haddad (PT) na cidade era de 15%.

Rei do interior O governador Geraldo Alckmin (PSDB) ostenta seus menores índices de aprovação nos municípios paulistas com mais de 500 mil habitantes. Neles, 37% dizem que sua gestão é ótima ou boa. Em cidades médias, esse índice é de 58%.

O bispo derreteu A candidatura de Marcelo Crivella (PRB) ao governo do Rio sofreu queda acentuada entre os eleitores mais pobres. Há um mês, ele tinha 28% no universo com renda de até dois salários mínimos. Agora, aparece com apenas 16%.

"O PR-AFA de Eduardo Campos acertou Dilma", por Elio Gaspari, da Folha de S. Paulo 

 

A conta é simples: em agosto do ano passado, antes de ter o registro de seu Rede negado pelo Tribunal Superior Eleitoral, Marina Silva tinha 26% das intenções de voto na pesquisa do Datafolha. Tendo-se abrigado no PSB, acabou numa chapa que era encabeçada por Eduardo Campos. Há um mês, tinham 8%.

Os números de uma nova pesquisa do Datafolha estarão nas ruas nos próximos dias. Partindo-se dos 8%, somando-se o efeito da comoção provocada pelo acidente do jatinho PR-AFA, ela poderá surpreender. Para que Dilma saia incólume, qualquer ponto percentual que vá para Marina precisará sair do acervo de Aécio Neves, e essa hipótese é absurda. Dilma certamente perde quando fortalece-se a possibilidade de um segundo turno. Se Aécio Neves perde algo com a nova situação, é uma dúvida.

Manejando-se apenas percentagens vai-se a lugar nenhum. Falta saber o que Marina proporá para transformar preferências em votos. No primeiro turno de 2010 ela teve cerca de 20 milhões de votos (19,33%). Até agora, o programa de sua chapa foi ralo e confuso. Fala em "eixos programáticos", "brasileiros socialistas e sustentabilistas", "borda de desfavorecidos", "democracia de alta intensidade", em "ampliar a dimensão dos controles ex post frente à primazia dos controles ex ante". Propõe plebiscitos e "um novo Estado". Isso pode dar em qualquer coisa.

Com dois minutos no programa eleitoral gratuito contra 11 de Dilma e quatro de Aécio Neves, só as redes sociais e a internet poderão socorrê-la. Tomara que isso aconteça e que ela ponha carne no feijão. A ideia de uma candidata a líder espiritual reconforta o eleitor desencantado com a polaridade PSDB-PT, com seus mensalões mineiro e federal. Para o primeiro turno isso é um bálsamo. Para o segundo, uma aventura.

TIRO NA DOUTORA

Na quinta-feira o presidente do PSB, Roberto Amaral, anunciou que o partido só decidiria a substituição de Eduardo Campos depois do seu sepultamento.

O PSB é soberano, mas, se alguém no Palácio do Planalto acreditou que, derrubando-se Marina Silva dentro da grande área ajuda-se a doutora Dilma, enganou-se.

O efeito da jogada seria um pênalti contra a meta de Dilma. Quem derruba jogador sempre espera que o juiz não veja o lance. No caso, os juízes serão os eleitores, sobretudo os indecisos ou parte daqueles que pensavam em anular o voto.

DILMÊS

Levando um texto escrito e falando da tribuna do Palácio do Planalto, a doutora Dilma tratou do desaparecimento de Eduardo Campos e disse o seguinte:

"Uma morte tirou a vida de um jovem político promissor".

Fonte: Folha de S. Paulo

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