China vai elevar estoques locais de grãos para garantir segurança alimentar

Publicado em 22/01/2015 10:21
China, uma leitura equivocada, POR LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS, (na FOLHA)

PEQUIM (Reuters) - A China vai pedir que governos locais aumentem suas reservas de grãos e deverá dar mais responsabilidade para os governos locais na manutenção de estoques, em meio a projeções de problemas de segurança alimentar "de longo prazo", disse a cúpula do governo nesta quinta-feira.

O Conselho de Estado disse em um comunicado que o governador de cada província receberá a responsabilidade de aumentar a produção local e as reservas de grãos, além de manter os preços regionais estáveis.

Segundo o comunicado, a expectativa é que a oferta de grãos no maior país consumidor do mundo deverá permanecer "apertada no longo prazo", devido a restrições dos recursos hídricos e de terras agricultáveis, o que faz aumentar os desafios de segurança alimentar do país.

"Governo locais e departamentos devem entender completamente a importância e a complexidade de garantir a segurança de abastecimento de grãos", disse o comunicado publicado no site oficial do governo chinês.

Grandes cidades deverão manter estoques suficientes de cereais e óleos vegetais para cobrir meio mês de consumo, disse o governo.

Analistas do setor agrícola disseram que a decisão provavelmente não terá impacto nas importações de grãos do país, uma vez que é o governo central que ainda controla questões como as cotas de importação.

(Por Niu Shuping e David Stanway)

Na FOLHA: China, uma leitura equivocada

POR LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS)

A divulgação dos principais dados da economia chinesa em 2014 permite ao analista mais cuidadoso uma leitura diferente da encontrada na imprensa internacional.

Aliás, foi muito interessante verificar que os principais órgãos da mídia mundial –desde o prestigioso "Financial Times" aos mais importantes jornais brasileiros– trouxeram a mesma chamada em sua primeira página: "A China tem o menor crescimento econômico dos últimos 24 anos".

Contei no Google pelo menos 35 jornais com manchetes similares. Ofuscados por essa leitura padrão, de abrangência mundial, informações relevantes sobre a segunda maior economia do mundo nos dias de hoje ficaram sem a devida consideração.

Gostaria de trazer ao leitor da Folha o que me parece significativo para entender seu desenvolvimento recente e projetar os próximos anos, deixando de lado a leitura com tintas de catástrofe da mídia.

Em primeiro lugar, é preciso entender o verdadeiro significado dessa abstração estatística chamada de Produto Interno Bruto de uma economia, conhecida em sua forma mais popular como PIB. O PIB representa a totalidade de renda gerada durante o período de um ano em uma sociedade, somando os ganhos monetários de pessoas, empresas e governo.

Aqui vale uma primeira observação em relação à manchete que a imprensa mundial escolheu para chamar a atenção de seus leitores: fala do menor crescimento percentual em 24 anos, e não em termos monetários. E ninguém vive de percentagem para tocar sua vida.

Se deixarmos de lado esse erro primário e nos concentrarmos na medida monetária dos principais itens do PIB divulgados, o quadro que emerge é muito mais rico e intrigante. Em primeiro lugar, a renda pessoal do chinês cresceu, em 2014, 8% quando medida em relação ao ano anterior.

Em razão desse crescimento maior do que a taxa média da economia, a participação do consumo das famílias, pela primeira vez, ultrapassou os 51% do PIB. As vendas ao varejo cresceram, em 2014, mais de 12%, superando o crescimento da produção industrial, que chegou a 8,3% no mesmo período.

Em outras palavras, a China caminha rapidamente na direção de uma sociedade de consumo. Ou seja, seu crescimento econômico não depende mais apenas dos investimentos do governo em projetos na infraestrutura do país, como estradas de rodagem e de ferro e a construção de residências nas suas grandes, médias e pequenas cidades.

Essa é uma mudança fundamental para garantir a estabilidade de longo prazo de sua economia, como sempre defenderam os analistas mais lúcidos da realidade chinesa.

Outro sinal claro dessa nova economia que está sendo construída no país de Mao Tsé-Tung vem do crescimento de dois dígitos na atividade de serviços em 2014. Telecomunicações, comércio eletrônico, alimentação fora do domicílio e principalmente turismo –interno e externo– representam hoje parte importante do PIB chinês.

Mesmo no segmento de bens industriais, a demanda continua a crescer de forma vigorosa. Em 1994, as vendas de automóveis na China chegaram a 24,5 milhões de automóveis, com crescimento de 9% em relação a 2013. Para o leitor ter uma ideia da grandeza desses números, basta compará-los com os números nos Estados Unidos –18 milhões– e na Europa –12 milhões.

Os setores que puxaram a taxa de crescimento do PIB para seu nível mais baixo em 24 anos –como ressaltado pela mídia mundial– foram os investimentos do governo e a construção de residências. No caso do mercado imobiliário, a taxa de expansão em 2014 foi negativa.

Ora, esses setores que representaram na China o motor inicial do crescimento extraordinário dos últimos 24 anos já não tinham mais condições de fazê-lo, e sua substituição pelo consumo é uma mudança fundamental para a continuidade da marcha da sociedade chinesa para o posto de maior economia do mundo.

Talvez a manchete mais adequada para a divulgação dos números do PIB de 2014 deveria ser a seguinte: "A China já é o maior mercado consumidor do mundo e deixa de ser uma sociedade de poupadores".

China pretende promover o cultivo de batata, diz agencia chinesa

por Xinhua

A China tem um plano para fazer da batata a quarta comida mais importante do país, atrás do arroz, trigo e milho, expandindo a área de cultivo da planta, revelou Yu Xinrong, vice-ministro da Agricultura.

Batata tem sido plantada há cerca de 400 anos na China e conta hoje com uma área total de cultivo de 5 milhões de hectares no país asiático, mostram dados do ministério, que disse que a área será ampliada para 10 milhões de hectares, a fim de garantir o abastecimento de cereais.

Na opinião de Wan Baorui, diretor da Comissão Estatal Consultiva de Alimentos e Nutrição, com a rápida urbanização registrada no país, já chegou a hora de tornar a batata uma comida básica. Além disso, isto pode fazer com que as pessoas tenham mais uma opção na mesa de jantar.

Estima-se que a China enfrente, em 2020, uma demanda adicional de 50 bilhões de quilos. Falta ao país terra cultivável e potencial para aumentar a produtividade de trigo e de arroz, mas seria mais fácil obter avanços na produção de batata, diz uma análise do ministério.

A China tem um limite mínimo de segurança de 120 milhões de hectares como terra de cultivo. Porém, existe sempre uma grande pressão no que diz respeito à proteção deste tipo de terra, principalmente devido à urbanização acelerada.
 

Fonte: Reuters + Folha de S. Paulo

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