Governo busca identificar líderes para negociar fim de protestos, diz fonte

Publicado em 24/02/2015 18:11
Reuters e VEJA

BRASÍLIA (Reuters) - Uma das primeiras providências do governo federal para tentar encerrar paralisações de caminhoneiros é identificar as lideranças do movimento para buscar uma interlocução com a categoria, disse à Reuters uma fonte que participou de uma das reuniões que estão ocorrendo nesta terça-feira em Brasília para tratar do assunto.

"Precisamos identificar quem são os líderes para negociar. Já estamos tentando uma interlocução", disse a fonte, afirmando que as primeiras reuniões com os representantes dos caminhoneiros devem começar ainda nesta terça ou na quarta-feira.

Caminhoneiros promovem desde a semana passada bloqueios de estradas em vários Estados do país, afetando o transporte de uma série de produtos e limitando a oferta de combustíveis e matérias-primas para a indústria de alimentos, com impacto também na exportação do país.

Nesta terça-feira, caminhoneiros fecharam acessos ao porto de Santos, principal do país.

Os protestos dos transportadores cobram redução de preços de combustíveis e aumento dos fretes.

(Por Leonardo Goy)

 

Em VEJA: 

Greve de caminhoneiros afeta abastecimento e litro da gasolina sai a R$ 5 no PR

No quarto dia de paralisação, manifestantes protestam contra o aumento do preço do diesel e o baixo valor dos fretes em viagensA greve dos caminhoneiros chega ao quarto dia e afeta a produção e o abastecimento, especialmente de combustíveis, de algumas regiões do país. Os manifestantes protestam contra o aumento do preço do diesel e o baixo valor dos fretes nas viagens. No Paraná, um dos Estados mais afetados, houve o bloqueio de 37 pontos no interior, afetando os municípios de Pato Branco, Dois Vizinhos, Francisco Beltrão e em Foz do Iguaçu (PR). Nessas áreas, há informações de que alguns locais estão vendendo o litro da gasolina a 5 reais. 

Em entrevista à Rádio CBN, o diretor do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis do Paraná (Sindicombustíveis-PR), Valter Venson, disse que "a preocupação é que a falta de álcool, diesel e gasolina, além de prejudicar os usuários, possa interferir na segurança pública, uma vez que ambulâncias e viaturas policiais podem ficar paradas".

Por causa da greve, os produtores também estão alertas com o risco de cargas perecíveis, congelados e hortifrutigranjeiros também serem perdidos. Em Santo Antônio do Sudoeste (PR) as aulas foram suspensas por causa da falta de combustível. Ainda não há um cálculo sobre o total dos prejuízos.

O Porto de Paranaguá é um reflexo da paralisação. De um total de 900 caminhões que deveriam chegar até o local para descarregar, apenas 45 chegaram e a previsão para os próximos dias seria de 1.600 caminhões, o que não deve ocorrer. Em Foz do Iguaçu, as autoridades colocaram em prática um plano de emergência para evitar a falta de combustíveis, no caso do aeroporto, a Infraero colocou em execução um plano de contingência.

Representantes da Associação Brasileira dos Caminhoneiros, devem se reunir nesta terça-feira, em Brasília, para negociar com o Ministério dos Transportes e a Casa Civil. Segundo o diretor da associação, Aroldo Araújo, uma das possibilidades em discussão é a redução da alíquota do ICMS sobre o óleo diesel cobrada nos Estados, que pode aliviar o preço dos combústiveis. "Esta alternativa daria fim à greve atual, mas não resolve o problema. Temos que pensar em uma tabela nacional de custos, não apenas do frete, mas de tudo que envolve o transporte", afirmou. 

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Setor automotivo - A paralisação também causa prejuízos ao setor automotivo. Com a greve, a Fiat dispensou, pelo segundo dia consecutivo, cerca de 6 mil trabalhadores do primeiro e segundo turnos da fábrica de Betim, região metropolitana de Belo Horizonte (MG), nesta terça-feira. Considerando que a planta produz aproximadamente 3 mil carros diariamente, a paralisação dos dois turnos faz com que pelo menos 2 mil veículos deixem de ser produzidos por dia. Na segunda-feira, cerca de 6 mil trabalhadores do segundo e do terceiro turnos já tinham sido liberados.

Segundo a Fiat, eles estão sendo dispensados porque o protesto impediu que as autopeças e componentes utilizados na fabricação de veículos chegue no horário programado. A fábrica de Betim está localizada na BR-381 (rodovia Fernão Dias), principal ligação entre São Paulo e Belo Horizonte. A Fiat ainda disse que está monitorando o protesto, "na expectativa de que a situação se normalize", para decidir quando os trabalhadores devem voltar.

Agronegócio - Os protestos também comprometem a circulação de produtos do campo e de remessas de insumo no oeste de Santa Catarina. De acordo com a Federação da Agricultura do Estado (Faesc), pelo menos cinco frigoríficos devem paralisar atividades nesta terça-feira. De acordo com o presidente da Faesc, José Zeferino Pedrozo, os motoristas estão impedindo a circulação de caminhões com insumos para a agroindústria. A entidade estima que os bloqueios em rodovias na região afetem o transporte diário de 3 milhões de frangos, 6 milhões de litros de leite e de 20 mil suínos, prejudicando a economia local.

No Mato Grosso, os bloqueios em rodovias prejudicam o transporte de diesel, ameaçando os trabalhos nas lavouras, já que o insumo é usado no maquinário usado na colheita. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), as interdições acontecem em trechos das duas principais rodovias federais no estado, a 163 e a 364 que cortam o estado e dão acesso ao terminal ferroviário da América Latina Logística (ALL) em Rondonópolis e aos portos de Santos (SP) e Santarém no Pará.

O Sindicato dos Postos de Combustíveis e Distribuidoras de Mato Grosso informou hoje que alguns postos no interior já sentem efeito dos bloqueios e que já começa faltar diesel em alguns estabelecimentos da Região Norte. 

(Com Estadão Conteúdo

Fonte: Reuters + VEJA

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