França aguarda avanços sobre clima em negociações entre UE e Mercosul, diz ministro francês da Agricultura

Publicado em 17/02/2023 07:33 e atualizado em 17/02/2023 08:04

Por Gus Trompiz e Sybille de La Hamaide

 

 

PARIS (Reuters) - A França está esperando para ver se o retorno de Luiz Inácio Lula da Silva ao poder no Brasil permitirá o progresso nas questões climáticas e de desmatamento que permanecem linhas vermelhas para Paris em qualquer acordo comercial entre União Europeia e Mercosul, disse o ministro da Agricultura do país europeu.

A França tem sido um dos principais opositores à proposta de acordo alcançada em 2019 entre o Executivo da UE e o Mercosul, formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.

O presidente da Argentina, Alberto Fernández, por sua vez, culpou o protecionismo europeu pelo atraso no acordo.

A Comissão Europeia e a Alemanha pediram neste ano a retomada das negociações comerciais para a conclusão de um acordo.

"O presidente mudou (no Brasil), a questão é se o acordo vai mudar", disse o ministro da Agricultura da França, Marc Fesneau.

"Acho que uma linha vermelha em geral seria algo que aumentasse as emissões de gases de efeito estufa nos países que comercializam conosco", disse Fesneau à Reuters em uma entrevista.

A vitória eleitoral de Lula no ano passado sobre Jair Bolsonaro, que foi criticado na Europa por reduzir os compromissos de preservar a floresta amazônica e apoiar a ação global contra a mudança climática, elevou as expectativas de melhoria dos laços diplomáticos.

A França fez pressão para que os acordos comerciais internacionais da UE respeitassem os padrões do bloco em áreas como a proteção ambiental.

Como o maior produtor agrícola da UE, a França tem enfrentado protestos de agricultores preocupados que os produtos mais baratos da América do Sul inundarão o mercado europeu se um acordo comercial for firmado.

Lula prometeu rever a política climática brasileira e deter a destruição da Amazônia.

O comércio internacional foi vital para a segurança alimentar, particularmente diante dos riscos climáticos e geopolíticos, disse Fesneau, argumentando que um recente acordo comercial entre a UE e o Canadá, conhecido como Ceta, tinha beneficiado a França apesar das críticas generalizadas.

"Não se trata de ser a favor ou contra o Mercosul. A questão é o quais são as cláusulas de reciprocidade presentes no acordo", disse.

A invasão da Ucrânia pela Ucrânia, prestes a completar um ano, continua sendo uma ameaça ao fornecimento global de grãos, disse Fesneau, reiterando um apelo para que rotas terrestres alternativas da Ucrânia para a UE sejam mantidas para combater o risco de uma nova interrupção das exportações marítimas da Ucrânia.

Fonte: Reuters

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