Itaú BBA: O agronegócio brasileiro pode ser afetado por tarifas recíprocas dos EUA

Publicado em 25/04/2025 11:09
Cenário de um menor crescimento global, sem limite recessivo, poderia reduzir a demanda por algumas commodities leves, como suco de laranja, café e algodão

A sinalização dos Estados Unidos de adotar tarifas comerciais recíprocas reacendeu preocupações sobre os rumores da economia global e seus reflexos para o agronegócio brasileiro. Segundo análise do Itaú BBA, um cenário de menor crescimento mundial, mesmo que não recessivo, tende a enfraquecer a demanda por algumas commodities agrícolas, como suco de laranja, café e algodão, ao mesmo tempo em que pode abrir oportunidades estratégicas de mercado para o Brasil.

No caso do suco de laranja, o consumo global já vem em queda, pressionado por preços mais altos ao consumidor. Os Estados Unidos são hoje o principal destino das exportações brasileiras de bebida (35% do total), seguidos por Bélgica (28%) e Holanda (23%). Diante de uma eventual retração na demanda americana, o Brasil teria o desafio de ampliar seus planos para a União Europeia ou diversificar para destinos como China e Japão. Vale destacar que os EUA importaram 70% de seu suco (em equivalente FCOJ) do Brasil em 2024, e outros 24% do México, o que indica limitações para uma substituição completa da produção brasileira.

O café também está entre os produtos sensíveis ao novo cenário. Em 2024, os EUA importaram 24,6 milhões de sacas de cafés verdes, sendo 31% de origem brasileira. A substituição do arábica brasileiro seria difícil, tanto pela quantidade adquirida quanto pela oferta global mais restrita. Para o café robusta, o Brasil ganha vantagem competitiva: países asiáticos como Vietnã, Indonésia e Índia — também produtores — foram tarifados em 46%, 32% e 26%, respectivamente, enquanto Brasil, Colômbia e Honduras enfrentam tarifas de 10%. Esse diferencial pode favorecer a participação brasileira no mercado americano.

No algodão, o movimento tende a ser semelhante ao da soja, com possibilidade de o Brasil ampliar exportações para a China. Em 2023, o país asiático importou 760 mil toneladas de pluma americana, sendo seu principal destino. Com expectativa de nova safra recorde no Brasil em 2024/25, diante da ampliação da área plantada, o país surge como o principal substituto natural do algodão norte-americano, apesar da redução da necessidade de importação por parte dos chineses.

Fonte: Itaú BBA

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