Agronegócio brasileiro em 2026: Cenário de margens apertadas, mas de boas projeções
Em coletiva virtual realizada nesta quarta-feira (29), analistas do Rabobank apresentaram os dados do estudo "Perpectivas para o Agronegócio Brasileiro 2026", e destacaram que o Brasil mantém vantagens competitivas no setor para o próximo ano, mesmo diante margens mais apertadas para o mercado de commodities.
Acompanhe alguns pontos divulgados no relatório:
CENÁRIO MACROECONÔMICO
As incertezas tarifárias seguem trazendo pressão para o cenário econômico mundial. O relatório aponta que o efeito das tarifas deve ficar mais nitido em 2026, contudo a inflação permanece elevada, com núcleos acima da meta.
A cotação do dólar deve encerrar 2025 em cerca de R$ 5,55, e avançar para R$ 5,70 no final de 2026, resultado da combinação de fragilidade fiscal, déficits recorrentes em conta corrente e incertezas políticas e eleitorais. Esse câmbio mais depreciado pode ajudar a sustentar receitas do agronegócio no exterior, mas ele também repercute no custo de insumos importados, elevando o custo de produção.
CRESCIMENTO NO MERCADO DE INSUMOS
Mesmo atingindo um recorde nas importações de fertilizantes em 2025 (46,6 milhões/toneladas), o Brasil mantém a expectativa de um aumento de 0,85% (47 milhões/toneladas) nas entregas para o próximo ano.
O analista do Rabobank, Bruno Fonseca, pontuou que, apesar da retração das margens resultantes das baixas produtividades nos últimos anos, os produtores brasileiros continuam investindo em suas lavouras e produções.
A análise destaca ainda que mesmo com a entrada de novo competidores no mercado (especialmente empresas chinesas de defensivos), para 2025 o mercado de defensivos no Brasil deve crescer cerca de 1,5% em volume vendido e 1,0% em valor, voltando a ficar acima dos US$ 20 bilhões. E para 2026, a expectativa do banco holandês é de continuidade do crescimento já observado.
PRODUÇÃO DE MILHO
Para o milho, o RaboResearch estima uma queda nas exportações de 5% (37 m/t) em 2026, um aumento de 2,2% na área plantada (22,2 m/hectares), e uma queda na de 3,5% (137 m/t) na produção da cultura no Brasil.
Segundo a analista Marcela Marini, a perspectiva é de uma safra/26 mais dentro da normalidade após o recorde registrado na produção passada, mas caso o clima permaneça favorável, a produção brasileira pode atingir novamente um bom volume de grãos.
Outro dado divulgado foi o consumo do produto para ração animal, que deve crescer 2%, sustentado pelas boas margens esperadas nos setores de aves e suínos, totalizando assim 69 milhões de tonelades. Estes dois setores são responsáveis por 75% do consumo de milho, e continuarão favorecendo a demanda pelo grão no país
PRODUÇÃO DE SOJA
Permanecendo abaixo da média histórica dos últimos anos, a área plantada de soja no Brasil deve registrar um aumento de 2% (48,8 m/ha) para safra 2025/26, somando também um crescimento de 3% (177 m/t) na produção da cultura.
A margem operacional sofrerá a retração de 38 % em 2025 para cerca de 24% em 2026, refletindo a pressão dos custos produtivos e incertezas globais.
PRODUÇÃO ALGODÃO
Na cultura do algodão, o Brasil vem se destacando. Existe estimativa de crescimento de 2,5% (2,1 m/ha) da área plantada, maior nível observador em 37 anos, e de um recuo de 2,4% (4 m/t) na produção da safra de 2025/26.
PRODUÇÃO CAFÉ
Ainda existem incertezas sobre o potencial produtivo da safra de 2026 de café no Brasil, mas as projeções do Rabobank apontam para um crescimento, quando comparada com a safra deste ano.
Para o analista Guilherme Morya, a preocupação maior é com o arábica diante das adversidades climáticas que afetaram as principais áreas cafeeiras da variedade nos últimos meses. Já o robusta, apresenta potencial de crescimento, impulsionado pelas podas em lavouras mais velhas, que estão sendo compensadas pelo aumento de área plantada.
O cenário continua apertado, e mantém a volatilidade no mercado futuro. O superávit é de 3,3 milhões de sacas no ano global do café 2025/26 (outubro/setembro), versus 1,7 milhão em 2024/25.