Perdigão e Sadia anunciam hoje a maior companhia de alimentos

Publicado em 15/05/2009 08:27
Perdigão e Sadia concluem fusão A Perdigão e a Sadia devem encaminhar hoje à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) o fato relevante anunciando a tão esperada fusão. A nova empresa, que vai desbancar a Bunge Alimentos do topo de maior empresa de alimentos do Brasil, com faturamento bruto de R$ 25 bilhões, deve se capitalizar, inicialmente, a partir da oferta de ações. "O fechamento dessa operação não depende da entrada do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Perdigão e Sadia devem publicar hoje na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) o fato relevante anunciando a tão esperada fusão. A nova empresa, que vai desbancar a Bunge Alimentos do topo de maior empresa de alimentos do País, com faturamento bruto de R$ 25 bilhões, deve se capitalizar, inicialmente, a partir da oferta de ações. "O fechamento dessa operação não depende da entrada do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Se o mercado de capitais responder bem à emissão, não será necessária a entrada do banco, a não ser que a instituição queira subscrever ações por avaliar que é um bom negócio", disse ontem uma fonte da Sadia, que confirmou que a fatia da companhia dentro da nova empresa seria um pouco superior a 30%. O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, admitiu, no entanto, que a estatal de fomento poderá participar da operação. Coutinho coloca como condição, o respeito ao consumidor e a livre concorrência, além da estabilidade de emprego.

Além do mais, a situação da Sadia estaria menos desconfortável no curto prazo com a renegociação de parte dos débitos expressivos que estavam para vencer no terceiro trimestre deste ano, próximos de R$ 2 bilhões. No balanço divulgado ontem, a companhia apresentou a redução do passivo de curto prazo (vencimento em até 12 meses) de R$ 8,4 bilhões para R$ 7 bilhões. A diferença, de cerca de R$ 1,4 bilhão, é o volume renegociado no início de ano referente à dívida do primeiro trimestre cujo pagamento foi postergado para prazos que variam entre 180 e 360 dias. "Mas diariamente estão sendo rolados outros débitos", afirmou a fonte.

Em seu balanço do primeiro trimestre, a Sadia informou que as operações de Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC) de R$ 2,1 bilhões, estão em processo de negociação com os bancos credores, sendo que os valores com vencimentos em abril e maio (R$ 625,0 milhões) foram "rolados" para períodos de 120 a 360 dias. A empresa informou que conseguiu também rolar por 180 dias R$ 35 milhões de um total de R$ 1,2 bilhão de Notas de Crédito de Exportação (NCE) com vencimento concentrado em setembro.

Até o fechamento desta edição, por volta de 22h, o acordo ainda não tinha sido assinado, mas a publicação na CVM antes da abertura do mercado, estava prevista. Por impossibilidade de falar sobre o assunto no início da noite de ontem, a Sadia chegou a cancelar uma conferência que faria com a imprensa para anunciar os resultados do primeiro trimestre, na qual, certamente, os diretores da empresa seriam questionados sobre o fechamento do acordo com a Perdigão.

O balanço do primeiro trimestre das companhias mostra que houve piora no nível de endividamento de ambas. A Perdigão, que encerrou o quarto trimestre de 2008 com dívida de R$ 3,39 bilhões de dívida líquida, elevou esse indicador para R$ 3,6 bilhões. A Sadia elevou de um trimestre para outro um endividamento R$ 6,7 bilhões para R$ 6,8 bilhões.

No total, a nova companhia acumulará dívidas de R$ 10,4 bilhões, dos quais R$ 3,23 bilhões de curto prazo, todo valor vindo do passivo circulante da Sadia. A relação da dívida líquida total com o Ebitda ( lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) é de 4,5 vezes.

A nova empresa deve ter, portanto, como maior acionista individual a Previ (Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil) com cerca de 10% da participação. A Previ já detém 8,58% de participação na Sadia e 14,15% na Perdigão.

Ofuscado ontem pelo fechamento da fusão entre Sadia e Perdigão, o balanço do primeiro trimestre de ambas companhias foi de prejuízo. A Sadia teve resultado líquido negativo em R$ 239 milhões, um pouco maior do que o da Perdigão, que foi prejuízo de R$ 226 milhões. No quesito receita bruta, a Sadia teve R$ 2,8 bilhões e, a Perdigão, R$ 3,03 bilhões. A geração de caixa da Perdigão equivaleu a quase o dobro da geração da Sadia. A primeira teve Ebitda de R$ 118 milhões, e a segunda de R$ 62 milhões.

A fusão das duas empresas já começou a ser questionada pela elevada concentração no mercado de alguns produtos. Entre eles, o mercado de pizzas, onde juntas, as companhias vão deter 66% de participação (Sadia 33,5% e Perdigão 33,1%). Em massas, esse percentual é ainda maior, de 85,1% (Sadia 51,7% e Perdigão 33,4%). A nova empresa também iriam acumular 69,7% do mercado de congelados de carnes e 54,3% do de industrializados de carnes.

Durante todo o período de rumores de fusão, as ações das duas companhias tiveram forte valorização na BM&F Bovespa. Desde o começo de abril, os papéis da Perdigão valorizaram-se 26%, enquanto os da Sadia, 47%.

Ontem, a Perdigão voltou a subir. As ações da empresa fecharam em R$ 36,37, alta de 2,74%. As da Sadia encerram o pregão de ontem em R$ 4,63, alta de 2,88% em relação aos R$ 4,50 do dia anterior.

 

Fonte: Gazeta Mercantil

Fonte: Gazeta Mercantil

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