Greening exige cuidados na implantação de pomares de citros
O vetor da bactéria é o psilídeo-dos-citros (Diaphorina citri), pequeno inseto sugador de seiva do floema, de coloração cinza e com manchas escuras nas asas. Ele se hospeda em todas as variedades cítricas e na planta ornamental murta. Os adultos tem de 2 a 3 mm de comprimento, asas transparentes e colocam seus ovos em brotações novas.
Os ovos têm forma alongada e afilada nas extremidades e são amarelo-alaranjado. As ninfas são achatadas e alimentam-se de brotos novos, movimentando-se pouco. Durante sua alimentação eliminam substâncias açucaradas em grandes quantidades.
A Embrapa Clima Temperado, realiza pesquisas com o objetivo de verificar a ocorrência do psilídeo e a possível entrada do HLB nas regiões produtoras de citros do Rio Grande do Sul. Em parceria com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e a Secretaria Estadual de Agricultura, Agronegócio e Pesca foram coletadas amostras de citros em seis regiões citrícolas do Estado, sendo: região de Pelotas (Pelotas, São Lourenço e Canguçu), Fronteira Sul (Rosário do Sul, São Gabriel e Santa Margarida), Vale do Caí (Montenegro, Pareci Novo, Harmonia e São Sebastião do Caí), Alto Uruguai (Mariano Moro, Aratiba, Erechim e Marcelino Ramos), Fronteira Oeste (Itaqui, São Borja e Santo Antonio das Missões) e Missões (Ijuí, Crissiumal, Irai e Alpestre). Essa atividade será realizada anualmente, através de parceria entre as instituições mencionadas.
O pesquisador da Embrapa Clima Temperado, Dori Edson Nava, explica que o trabalho consistiu em coletar 20 ponteiros de citros, uma vez por mês, em cada município da região abrangida. Também foi realizada a inspeção de plantas com sintomas do HLB, sendo destas plantas retiradas ramos com suspeita de HLB e junto com os ponteiros encaminhado para os laboratórios de Entomologia e de Fitopatologia da Embrapa Clima Temperado, onde se procederam a verificação da presença do inseto vetor e testes diagnósticos para se detectar a presença da bactéria causadora do HLB.
“Visando complementar as amostragens também realizamos uma visita técnica nos pomares de onde foram retiradas as amostras para se detectar as pragas alvo. Depois, de analisar as amostras no laboratório não foi detectado a presença do inseto vetor e do HLB”, explica Nava. Segundo ele, da visita técnica foi constatada a presença de cinco formas imaturas de inseto vetor (ninfas) no município de Marcelino Ramos. “Isso indica que o inseto ocorre no Estado, mas em populações pequenas e localizada na região do Alto Uruguai”, conclui, conforme relatos da década de 40 do século passado.
O pesquisador da Embrapa Clima Temperado, Bernardo Ueno, explica que apesar do Estado estar livre da doença é preciso adotar algumas medidas que possibilitem sua prevenção, visto que a possível entrada da doença no Rio Grande do Sul preocupa o setor citrícola local. “A escolha dos fornecedores de mudas de citros nesse momento é vital. Por isso, se deve evitar mudas oriundas dos Estados onde a doença já foi detectada”, destaca Bernardo.
Além disso, em caso de contaminação algumas informações são determinantes para o controle da doença: quantidade de plantas doentes na propriedade no período de início de controle, idade média das plantas, tempo desde a adoção das medidas de controle do HLB na propriedade, distância entre propriedades vizinhas sem manejo da doença, controle do inseto vetor, número de inspeções/erradicações de plantas sintomáticas e incidência de HLB no município onde a propriedade está localizada.
“O monitoramento da presença do inseto deve ser realizado semanalmente pelos produtores, inspecionando 1% das plantas de cada talhão analisando, no mínimo, três brotações de cada planta. As vistorias devem ser feitas em espiral, partindo da borda em direção ao centro. Além disso, é preciso observar se há insetos adultos nas plantas (eles preferem ficar na parte inferior da folha). Nas brotações, é preciso verificar se há existência de ovos e ninfas”, explica Nava. O uso de armadilhas adesivas amarelas e verdes que monitoram o psilídeo que podem ser colocadas nas bordas das propriedades, aplicações de inseticidas sistêmicos na primavera e no verão, pulverização de inseticidas de contato e rotação de produtos para evitar o aparecimento de psilídeo resistentes aos produtos químicos utilizados podem contribuir para o sucesso do controle da doença.