Agricultura conservacionista ganha escala com o Programa AISA e redesenha a relação entre solo, água, agropecuária e geração hidrelétrica no Brasil
O Programa Ação Integrada de Solo e Água (AISA), realizado entre 2021 e 2025 pela Itaipu Binacional, consolidou uma das mais abrangentes iniciativas brasileiras de integração entre ciência, agricultura e segurança hídrica. Atuando na Área de Contribuição Hídrica Incremental do Reservatório de Itaipu (Área Incremental) – que é de aproximadamente 147.000 km² e abrange 228 municípios no Paraná e no Mato Grosso do Sul - Itaipu articulou uma rede nacional de instituições científico-tecnológicas e de ensino com mais de 390 pessoas trabalhando em torno de uma agenda comum: produzir mais, com mais rentabilidade econômica, conservar melhor e garantir água de qualidade e segurança hídrica, essencial não apenas para a continuidade da agricultura e da produção de alimentos, fibras e bioenergia, mas também para a geração de energia hidrelétrica que abastecerá Brasil e Paraguai nas próximas décadas.
O diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional, Enio Verri, explica que o AISA representa um novo patamar de integração entre produção e conservação. “A matéria-prima da produção de energia em Itaipu é a água, que precisa se infiltrar pelo solo por dezenas de milhões de hectares entre o Paraná e Mato Grosso do Sul, até chegar ao reservatório de Itaipu. Um caminho que encontra diferentes desafios para os pesquisadores, mas uma feliz convergência: o que é bom para a produção de energia também beneficia a agropecuária, um motor de desenvolvimento tecnológico e social. Quando garantimos solo saudável, água limpa e manejo sustentável, fortalecemos o agricultor, protegemos o território e asseguramos a longevidade energética da Itaipu”, afirma. "Um programa robusto como o AISA é decisivo porque une ciência de ponta, inovação e apoio direto a quem produz no campo, e isso gera benefícios para toda a sociedade", complementa. A primeira fase do AISA, concluída agora em dezembro, teve a duração de quase cinco anos e contou com a participação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (antigo Iapar–Emater, agora IDR-Paraná, Iapar-Emater), da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo (USP/Esalq), e da Fundação de Apoio à Pesquisa e ao Desenvolvimento (FAPED).
Ao longo da execução, mais de 90 mil pessoas, entre produtores, técnicos, gestores públicos e cooperativas, foram impactadas pelos 17 projetos, sendo 16 de Pesquisa e Transferência de Tecnologias e um de Gestão da Informação e do Conhecimento, que realizaram ações de transferência, capacitação, dias de campo, materiais técnicos e monitoramentos realizados em propriedades reais. O resultado é um conjunto de tecnologias validadas que melhora a infiltração de água no solo, reduz a erosão, conserva as florestas fluviais ou matas ciliares, aumenta a estabilidade produtiva e a resiliência agrícola frente a eventos climáticos extremos, tanto estiagens, quanto excesso de chuvas. Benefícios que alcançam toda a cadeia agroindustrial e protegem o reservatório de Itaipu contra assoreamento e poluição.
Segundo Hudson C. Lissoni Leonardo, Engenheiro Sênior da Itaipu, idealizador e coordenador-geral do AISA, os resultados demonstram que ciência aplicada e governança territorial são determinantes para conciliar produtividade e sustentabilidade. “A Itaipu avança em uma agenda inédita para o setor elétrico brasileiro: integrar ciência, agricultura conservacionista e governança territorial para garantir a segurança hídrica do presente e do futuro”, afirma Leonardo.
Foram entregues mapeamentos inéditos de solos, ferramentas de diagnóstico de manejo conservacionista, dados e informações de monitoramento climático e hidrossedimentológico, tecnologias e recomendações para sistemas produtivos sustentáveis, ações de saneamento rural e alcançados resultados como novos parâmetros testados e validados, maior estabilidade produtiva ao longo dos anos, melhor rentabilidade econômica, aumento acumulado de produtividade em médio e longo prazo em cobertura permanente e manejo adequado, com efeitos sinérgicos na estabilidade de produção agropecuária, recarga de aquíferos freáticos livres e produção de água, reflexo da melhor qualidade física dos solos e melhores condições de infiltração de água. Além de ter tido influência direta na proposta de política pública nacional ZARC Níveis de Manejo, que passa a considerar níveis de manejo conservacionista na concessão do seguro rural em um projeto-piloto no Paraná na safra 2025/2026.
De acordo com Alexandre Hoffmann, gerente-adjunto de Portfólios e Programas de PD&I da Embrapa, a parceria com a Itaipu Binacional é estratégica, tanto pelos temas e resultados que se materializam ano a ano nos trabalhos executados nos estados do PR e MS quanto pelo fato de proporcionar a abordagem, por meio de duas empresas públicas, em questões cruciais para a sustentabilidade da agricultura, servindo de referência para todo o Brasil e para outros países no manejo do solo e da água. "O AISA I é um nítido exemplo de sucesso, pela sinergia entre nossas equipes e com os agentes de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) e produtores rurais em um expressivo número de municípios e também por abrir espaços para que essa parceria se mantenha ativa ainda por longo tempo, já que são ações de PD&I que requerem estudos de longo tempo para avaliação do efetivo impacto. O Workshop realizado em abril de 2025 foi um momento em que essas constatações ficaram ainda mais visíveis, com o aval da Diretoria da Embrapa e dos gestores das Unidades para que as ações em curso se fortaleçam e novas abordagens alinhadas aos interesses em comum entre Itaipu e Embrapa gerem ainda mais impactos positivos para a sociedade", destaca Hoffmann.
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