Erenice foge de evento público

Publicado em 15/09/2010 18:13
Ministra-chefe da Casa Civil não foi a compromisso no Palácio do Planalto


Diante da revelação de escândalos envolvendo seus familiares, a ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, está fugindo de atos públicos - em que precisaria encarar representantes de outros órgãos e, principalmente, jornalistas e fotógrafos. Nesta quarta-feira, ela não compareceu a uma cerimônia, prevista em sua agenda oficial, no Palácio do Planalto.

A ministra participaria da cerimônia de lançamento do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas no Cerrado (PPCerrado), no Palácio do Planalto. Mas duas horas depois que a agenda foi divulgada, a assessoria de imprensa da Casa Civil comunicou a alteração: ela cancelou o compromisso para encontrar-se com seu secretário-executivo, Carlos Eduardo Esteves Lima. A justificativa - uma reunião com o próprio assessor - pode ter sido usada para evitar que a ministra se deparasse com a imprensa. 
 
Cerimônia - O local do evento, o Salão Leste do Palácio do Planalto, foi confirmado há três dias. Com isso, Erenice não teve condições de utilizar um espaço mais reservado. Assessores da Presidência da República cogitaram realizar o evento na sala de audiência – onde somente é permitida a entrada de cinegrafistas e fotógrafos, sem repórteres. Entretanto, a cerimônia acabou sendo organizada no lugar previsto inicialmente. 

A ministra do meio ambiente, Izabella Teixeira, lamentou a ausência de Erenice, já que o plano apresentado no evento - PPCerrado - era de responsabilidade da ministra da Casa Civil. Ainda assim, Teixeira rasgou elogios à colega: “Ela tem sido uma tremenda parceira nossa no ministério do Meio Ambiente. Eu não sei a razão pela qual ela não está aqui, mas a Casa Civil trabalhou conosco”.

Reportagem publicada na edição de VEJA desta semana revela que, com a anuência e o apoio da ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, sucessora de Dilma Rousseff no cargo, o filho de Erenice, Israel Guerra, transformou-se em lobista em Brasília, intermediando contratos milionários entre empresários e órgãos do governo mediante o pagamento de um “taxa de sucesso”. A empresa de Israel se chama Capital Assessoria e Consultoria. Não bastasse fazer uso da influência da ministra para fazer negócios, a "consultoria" ainda tem como sócios dois servidores públicos lotados na Casa Civil. 

Waldomiro e Erenice

Muita gente tem comparado a encrenca de Erenice Guerra com a de Waldomiro Diniz, o braço-direito de José Dirceu na Casa Civil, que foi obrigado a pular fora depois que foi revelada uma gravação sua extorquindo dinheiro para a campanha eleitoral de 2002. Ambos são casos escandalosos. Mas o caso da ex-braço-direito de Dilma tem um agravante: a traquinagem de Waldomiro foi feita antes de ele pisar na Casa Civil; o lobby do filho de Erenice – com sua anuência – foi feito já com ela instalada na Casa Civil.

Por Lauro Jardim

A testemunha Capital


Em 6 de julho do ano passado, Vinícius Castro foi uma das testemunhas do pedido de abertura da Capital Assessoria e Consultoria (veja reprodução acima). A empresa foi utilizada, segundo revelou VEJA nesta semana, por Vinícius e Israel Guerra, filho de Erenice Guerra, para fazer lobby dentro do governo. Na segunda-feira, ele deixou a assessoria da Casa Civil após a revelação.

No papel, a empresa – fechada oficialmente no mês passado – estava em nome da sua mãe, Sônia, uma dona de casa de Minas Gerais de 59 anos vendedora de queijo. O segundo sócio era Saulo Guerra, outro filho da ministra da Casa Civil que não tocava a Capital.

A VEJA, Fábio Baracat, sócio da MTA, disse sempre ter negociado com Vinícius e Israel a participação de sua empresa na área dos Correios, chegando a pagar pelo serviço.

O documento da Junta Comercial de Brasília é mais um indício de que, em vez de ter repudiado “todas as acusações”, o ex-assessor da Casa Civil sabe muito mais do que se imagina sobre o que fez a Capital.

Por Lauro Jardim

Quanto mais mexe…

Ah, vocês vão me desculpar o vocabulário, mas o fato é a que a história envolvendo a “Família Eu” fede mais a cada dia. Leiam esta maravilha. Volto em seguida (Reinaldo Azevedo):

Empresa MTA nega relações com Erenice Guerra e seu filho

A empresa MTA (Máster Top Linhas Aéreas) afirmou nesta quarta-feira que nunca teve relações “comerciais” com a ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, e seu filho Israel Guerra, apontado como lobista que atua no governo federal. A nota foi divulgada após a revista “Veja” publicar reportagem afirmando que a empresa contratou consultoria do filho da ministra para conseguir contratos com o governo.

Em nota, a MTA diz que todos os contratos foram feitos mediante licitação e com o menor preço na disputa. “A empresa nunca teve qualquer tipo de relação comercial ou negocial com o Israel Guerra, tampouco com a ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra”, diz o texto. “Todos os contratos firmados entre com os Correios resultaram de processos licitatórios regulares e transparentes, nos termos das leis”, afirma a MTA.

A empresa diz ainda que Fábio Baracat não pertence aos quadros da empresa. Ele é um consultor que, segundo a revista Veja, representou a empresa nos encontros com a ministra e seu filho Israel Guerra. “Ao contrário do afirmado em reportagem da revista Veja, Fábio Baracat nunca foi sócio, funcionário ou administrador da empresa”.

O atual diretor de operações dos Correios, Eduardo Arthur Rodrigues da Silva, disse à Folha que a empresa de Israel Guerra foi contratada para “agilizar” a tramitação de processos da MTA na Anac. Ele assina a procuração com a renovação da concessão de transporte aéreo dada pelo órgão.

Segundo a MTA, Rodrigues não é funcionário da empresa, mas “prestou serviços de consultoria aeronáutica”. A companhia afirma que os contratos com os Correios foram firmados antes de Rodrigues se tornar diretor da estatal.

Comento
Prestem atenção a esta seqüência:
1 - VEJA procurou Israel Guerra para que ele falasse sobre seu trabalho de “intermediação”. Ele não se lembrava de nada.

2 - A reportagem aponta a Israel as evidências de que dispõe, e ele, então, recobra a memória em e-mail enviado à revista (aquele que saiu de um computador da Casa Civil!!!) na sexta-feira. Lembrou que havia trabalhado para regularizar a situação da MTA e que tinha recebido por isso. Certo!

3 - Na segunda-feira, em entrevista à Folha, Israel disse ter sido enganado por Fábio Baracat —  aquele mesmo que ele, assumidamente, apresentou à Mamãe Gansa como seu “amigo” — e negou ter recebido dinheiro da MTA. O mesmo dinheiro que afirmou ter recebido naquele e-mail lido previamente por mamãe.

4 - Na terça, ontem, Erenice admitiu que sim, o filho recebera pouco mais de R$ 100 mil da MTA. Até agora, temos:
1 - Israel antes de sexta - “Não recebi”;
2 - Israel na sexta: “Recebi”;
3 - Israel na segunda: “Não recebi”;
4 - a mãe de Israel na terça: “Recebeu”.

Que coisa, né? Convenha, leitor: você, por exemplo, sabe quanto dinheiro tem, de onde vem e quem paga, certo? A “Família Eu” parece um tanto confusa.

Agora é a MTA que vem a público — de onde estará falando? O Jornalo Nacional tentou achar o escritório da empresa e não conseguiu — para dizer que nunca teve relações comerciais com Fábio, o que desmente a própria ministra Erenice Guerra, a Mamãe Gansa.

Parece que a tática da defesa é apostar na confusão. Bem, cabe uma pergunta: o que essa gente tenta esconder? Resposta: no mínimo, o que VEJA já revelou.

Por Reinaldo Azevedo
Fonte: Veja.com.br

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