Marina oficializa posição de neutralidade para segundo turno

Publicado em 17/10/2010 14:55


Terceira colocada na eleição presidencial, Marina Silva (PV) oficializou na tarde deste domingo a opção pela neutralidade no segundo turno, como a Folha antecipou neste domingo.

Em votação simbólica, a ex-presidenciável, que recebeu 19,6 milhões de votos, referendou a posição para a nova etapa da corrida presidencial.

Dos cerca de 170 votantes, apenas quatro declararam apoio a Dilma Rousseff (PT) ou José Serra (PSDB). Mesmo Fernando Gabeira, o candidato derrotado ao governo do Rio que contou com o apoio do tucano no primeiro turno, preferiu a independência do partido.

Individualmente, os filiados estão liberados para aderir às campanhas da petista ou do tucano. É o que Gabeira faz ao endossar a candidatura de Serra.

"O fato de não ter optado por um alinhamento neste momento não significa neutralidade quanto aos rumos desta campanha", disse Marina, na convenção do PV em São Paulo, em um espaço cultural na Vila Madalena.

Ela leu carta aberta com críticas ao que chamou de "dualidade destrutiva" entre PT e PSDB. Segundo Marina, os dois partidos pregam a "mútua aniquilação" na disputa entre Dilma e Serra.

"A agressividade do seu confronto pelo poder sufoca a construção de uma política de paz", atacou a senadora. A verde prometeu ainda defender sua fé --ela é evangélica--, sem contudo usá-la "como arma eleitoral" --uma crítica à dominação da pauta religiosa nesta nova fase da disputa.

O secretário de Comunicação do PV, Fabiano Carnevale, afirmou à Folha antes da convenção que a cúpula do partido se comprometeu a não aprovar decisão diferente da de Marina. "Está combinado que a posição oficial do PV será a mesma de Marina. Vamos marchar juntos."

DECISÃO DE PT E PSDB FORAM CONSIDERADAS PÍFIAS

A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, publicou em seu site neste sábado a carta de intenções enviada a Marina Silva (PV) na qual concorda em partes com compromissos da agenda ambiental divulgada pelo partido da senadora.

Ontem, o presidente do PSDB, Sergio Guerra, também divulgou a carta entregue ao PV. Após arrancar compromissos de Dilma e Serra, o PV informou que a adesão às propostas não definirá o rumo do partido no segundo turno.

"Antes de tudo, saúdo a iniciativa de condicionar o posicionamento de seu partido a uma discussão de caráter programático. Ela é necessária e oportuna, sobretudo quando se verifica uma lamentável tentativa de mudar o foco do debate eleitoral para questões que, tendo sua relevância como temas de sociedade, não estão, no entanto, no centro da reflexão que o país necessita realizar para definir seu futuro", afirma Dilma no documento.

O PSDB também seguiu a mesma linha em sua resposta. Segundo Guerra, há uma "grande convergência" entre o programa de governo do PSDB e as propostas apresentadas pelo PV.

Na carta, Dilma comenta ponto a ponto da proposta do PV. "As observações que seguem refletem nossa primeira percepção da Agenda. Elas deverão ser objeto de novos aprofundamentos."

Na questão das mudanças climáticas, energia e infraestrutura, a petista afirma que há pontos defendidos por Marina que precisam ser negociados.

"É o caso da criação de uma agência reguladora para a política nacional de mudanças climáticas. Mas temos acordo quanto à necessidade de um arcabouço institucional capaz de coordenar, implementar e monitorar iniciativas nesse setor", diz a presidenciável.

Ontem, o vice-presidente do PV, Alfredo Sirkis, disse que petistas e tucanos concordaram, em conversas separadas, com quase todas as exigências da senadora. No entanto, afirmou que isso não será "decisivo" para fechar apoio a um deles.

"Isso não é um exame de múltipla escolha, em que vence quem acertar mais questões", disse Sirkis. "Faremos uma análise da conjuntura política. É mais complexo que contabilizar promessas de cada um."

O deputado eleito expressou descontentamento com a formalização dos compromissos por escrito, exigida pelo PV. Segundo ele, as cartas enviadas ontem por PT e PSDB são "vagas e algo pífias, embora tenha havido esforço por parte de ambos para atender nossa agenda em muitos pontos".

Presidente do PSDB entrega carta de intenções sobre apoio do PV no 2º turno

O presidente do PSDB, Sergio Guerra, enviou na sexta-feira uma carta de intenções ao presidente do PV, José Luiz de França Penna, sobre o apoio a José Serra no segundo turno da disputa presidencial.

Segundo Guerra, há uma "grande convergência" entre o programa de governo do PSDB e as propostas apresentadas esta semana em 10 pontos pelo PV.

"As sugestões do PV mostram não apenas identidade com nossas diretrizes programáticas, mas, também, apresentam coerência com nossa prática política", diz o tucano, citando as administrações do PSDB em São Paulo.

De acordo com o presidente do PSDB, de um programa de governo comum poderá ser feito a partir da decisão do PV sobre o apoio neste domingo.

O senador eleitor por São Paulo, Aloysio Nunes, e um dos coordenadores da campanha de Serra, Xico Graziano, foram escalados para costurar os entendimentos entre os partidos.

Guerra apresenta ainda seis pontos em que haveriam acordo estabelecido: voto distrital; valorização dos policiais; aumento da matriz renovável de energia; vantagens tributárias para produtos sustentáveis; veto à anistia dos desmatadores e reforma tributária.

Fonte: Folha de S. Paulo

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