Onde foi parar o “fenômeno” Marina?, análise de José Roberto Toledo

Publicado em 18/10/2010 16:48

O Distrito Federal foi a única unidade da Federação onde Marina Silva (PV) foi a candidata mais votada no primeiro turno. Não por coincidência, é um dos locais onde José Serra (PSDB) empatou com Dilma Rousseff (PT) na pesquisa Ibope de segundo turno: 45% a 43%.

O DF é um bom exemplo de como os eleitores de Marina escolheram seu candidato sem esperar orientação nem dela nem do seu partido. Isso aconteceu por razões diversas. Para começar, há diferentes eleitores de Marina.

Na média nacional, os evangélicos, segundo o Ibope, migraram na proporção de 3 a 1 para Serra. Foi a maior diferença. Entre os marinistas católicos a proporção foi metade dessa.

A migração dos eleitores de Marina para Serra foi proporcionalmente maior entre as mulheres e entre os jovens. Também quem votou em Marina e tem nível superior optou duas vezes mais pelo tucano do que pela petista.

Já entre aqueles que se auto-classificam como brancos, Serra ficou com mais ex-votos de Marina do que Dilma. O oposto aconteceu entre os eleitores que, pelos mesmos critérios, se auto-denominaram pretos e pardos.

Em resumo, Serra retomou os eleitores de Marina que tinham um perfil semelhantes aos múltiplos grupos que compõem o eleitorado serrista: brancos que fizeram faculdade e mulheres evangélicas que não querem ouvir falar em mudança na lei do aborto, por exemplo. Em eleições passadas, esses eleitores mais provavelmente votaram em candidatos do PSDB.

Dilma ficou com um minoria que tem características demográficas mais parecidas com seu eleitorado de origem.

Na prática, nada mudou. O “fenômeno Marina” não foi realmente um fenômeno. Foi apenas um grito de alguns ex-eleitores tucanos (principalmente, mas também petistas), cansados da polarização entre os dois partidos. E que voltaram ao ninho original no segundo turno.

Não por acaso, Marina não recomendou voto nem em Dilma nem em Serra. Tinha muito pouca gente escutando.

Grupo do PV declara apoio a Serra em evento

Anunciada no domingo, a decisão do PV de ficar independente no segundo turno não impediu a mobilização de um grupo verde favorável à candidatura de José Serra (PSDB) já nesta segunda-feira.  Quem está à frente do evento, marcado para a tarde, em São Paulo, são os candidatos derrotados ao governo paulista, Fábio Feldmann, e do Rio de Janeiro, Fernando Gabeira.

Durante o encontro, o antigo comitê de Feldmann, na Zona Oeste da capital paulista, vai se transformar em um comitê suprapartidário. Fotos dele ao lado de Serra e Gabeira serão espalhadas pelo espaço, sob a condição de não haver nenhuma referência ao PV, como determinado pelo regimento do partido.

Na lista de convidados que comparecerão no evento, intitulado “Verdes com Serra”, estão ainda o governador-eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin, e um dos senadores eleitos pelo estado, Aloysio Nunes, além do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Do lado verde, estarão ainda prefeitos, deputados federais e deputados estaduais eleitos pela sigla.

Alternância – Os secretários municipais do Verde e do Meio Ambiente do governo paulista, Eduardo Jorge, e da Pessoa com Deficiência, Marcos Belizário, também confirmaram apoio a Serra. Integrantes da executiva nacional do PV, ambos estavam entre as quatro pessoas que votaram contra a independência do partido, na plenária ocorrida neste domingo. “Acho positivo para o país a alternância no poder num governo federal e, na minha opinião, o Serra é o mais preparado”, afirma Belizário.

O secretário diz respeitar a opinião do partido, mas acredita que a decisão só deveria ter sido tomada depois de mais discussões. Para Belizário, a neutralidade seria uma opção somente se houvesse uma preferência equilibrada entre os dois candidatos. “Toda unanimidade não faz bem. No partido político, a unanimidade é quase impossível. Muitos não quiseram expor seu sentimento. Mas ainda acredito que o partido tomou a posição correta ao seguir a ideia da Marina. Votei de outra forma porque quis manter minha posição até o final.”

Estratégia - O deputado federal Fernando Gabeira já havia declarado apoio a Serra antes da decisão do partido, mas na plenária defendeu a independência, que considerou ser uma opção menos traumática. “O ideal seria que a decisão de Marina Silva e do partido coincidisse, desde que cada um pudesse apoiar quem quisesse”, explica. “Esse foi um entendimento estratégico, a melhor posição para sobreviver e chegar a 2014 com a candidata que teve uma excelente performance no primeiro turno”.

Fonte: O Estado de S. Paulo

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