Ração animal mais cara esfria demanda

Publicado em 02/03/2011 07:27
A alta dos grãos está afetando diretamente os preços domésticos da rações para produção animal, que utilizam milho e soja como matérias-primas. Índice de preços elaborado pelo Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações) mostra que entre janeiro de 2010 e fevereiro de 2011, a ração utilizada na produção de aves teve uma valorização de 13%. No mesmo período, o produto utilizado na alimentação dos suínos subiu 15%.

O aumento dos preços já começa a influenciar a demanda por ração. Apesar de os dados do primeiro bimestre do ano ainda não terem sido finalizados, o vice-presidente executivo do Sindirações, Ariovaldo Zani, diz haver no setor uma percepção de "esfriamento".

Segundo o executivo, até dezembro do ano passado havia uma demanda aquecida pela perspectiva de que os preços dos grãos se mantivesse em patamar elevado durante o primeiro trimestre de 2011, mas em janeiro o volume já foi menor. "A partir de março conseguiremos ter uma ideia da real tendência, mas por enquanto mantemos nossa perspectiva de que o mercado cresça ao redor de 4% em 2011", afirma Zani.

O aumento do preço das rações está diretamente associado à alta dos grãos. Cálculos do Valor Data mostram que em 12 meses até fevereiro, a soja subiu no mercado interno 44%, enquanto o milho avançou 72%. Como 90% da composição das rações de aves e suínos é formada por soja e milho, o peso da nutrição no custo das proteínas animais aumentou, influenciando as margens do setor.

Por serem os maiores consumidores de ração, as cadeias de aves e suínos são as que mais sentem os impactos. Nos últimos 12 meses, o setor mais afetado foi a indústria de suínos. Em São Paulo, por exemplo, os preços médios da arroba recuaram 12% em 12 meses. Na indústria de aves, o efeito foi menor, já que o preço médio do frango vivo avançou 32% (ver texto abaixo).

Com os grãos em alta, as indústrias de nutrição animal têm repassado para os produtos finais. "Não é possível segurar essa valorização sem fazer repasses. Por isso, os produtores estão cobrando das empresas novas tecnologias que permitam ganhos de produtividade", afirma Lauriston Bertelli, diretor-técnico da Premix.

Até os nutrientes que compõem a ração final já passam por reajustes de preços. Segundo Cidinei Miotto, diretor comercial da Nutron, a demanda mundial por microingredientes é elevada e não é possível evitar que as altas sejam levadas adiante na cadeia.

Na cadeia bovina, a influência do mercado de rações pode ocorrer sobre os confinamentos. No ano passado, o segmento não foi influenciado pela alta dos grãos pois a valorização teve início no segundo semestre, diferente do que ocorre neste ano. "A chegada da safra [de grãos] pode fazer com que os preços da ração parem de subir, mas já identificamos um interesse do pecuarista em planejar desde já seu pacote nutricional", afirma Carlos Grossklaus, diretor-comercial da Socil para o Centro-Oeste.

Outra preocupação da indústria de rações é com a logística. Segundo Sérgio Morgulis, diretor-técnico da Minerthal, a valorização dos grãos traz junto a elevação do preço dos frete. "Eu pago frete para comprar a matéria-prima e novamente para distribuir o produto final", diz.

Fonte: Valor Econômico

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