Palocci não explicou nada, por Reinaldo Azevedo e Augusto Nunes

Publicado em 03/06/2011 21:58
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Palocci não explicou nada

Não! Antonio Palocci não explicou nada. E, acho eu, para piorar, alguns milhões que tinham uma noção não mais do que ligeira do caso ficaram com a nítida impressão de que ele tem o que esconder já que ele se nega a informar o essencial. O repórter Júlio Mosquéra, do Jornal Nacional, teve uma atuação profissional exemplar. Se essa era a “grande entrevista” e os esclarecimentos que Palocci tinha a dar, então Dilma Rousseff pode ir cuidando do substituto. 

Por Reinaldo Azevedo

O que ainda falta para a demissão?

A palidez do rosto, o tremor das mãos, os lábios secos, a voz gaguejante, a impossibilidade de consumar o gesto de apanhar o copo d’água ─ os incontáveis sintomas de nervosismo bastariam para transformar a entrevista de Antonio Palocci à TV Globo numa confissão de culpa. Mas o conteúdo conseguiu ser pior que a forma: o chefe da Casa Civil não explicou nada. Enredou-se em frases desconexas, negou-se a revelar os nomes dos clientes, perdeu-se em números e porcentagens e naufragou num palavrório tão raso que, na imagem de Nelson Rodrigues, uma formiga conseguiria atravessá-lo com água pelas canelas.

Em 17 de julho de 2005, levado às cordas pelo escândalo do mensalão, o presidente Lula fez de conta que aprendera a lição antiga como o mundo: “A desgraça da mentira é que, ao contar a primeira, você passa a vida inteira contando mentiras para justificar a primeira que você contou”, constatou numa entrevista ao Fantástico. “Trabalhar com a verdade é muito melhor”. O problema é que a verdade é incompatível com mitômanos e megalomaníacos. Portador das duas patologias, Lula seguiu contando um mentira atrás da outra. No momento, jura que o mensalão nem existiu.

Em 2006, no depoimento à Corregedoria do Senado, o caseiro Francenildo Costa repetiu, com sinceridade, a lição que Lula declamou por esperteza: “O lado mais fraco não é o do caseiro, é o da mentira”, ensinou a vítima de Palocci. “Duro é falar mentira que você tem que ficar pensando. A verdade é fácil”.  Como Lula, Palocci foi longe demais para contar a verdade. Vai seguir mentindo até a queda, que só falta agora ser formalizada. Se o que tem a dizer é o que disse à Globo, a presidente Dilma Rousseff tem o dever de demiti-lo imediatamente.

A farsa desta sexta-feira não pode ser repetida. O Brasil não merece ver pela segunda vez o homem que não merecia uma segunda chance.

(por Augusto Nunes)


Folha: Oposição diz que explicações de Palocci não foram suficientes

Congressistas da oposição afirmaram pelo Twitter que as explicações do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, sobre a sua empresa de consultoria Projeto não foram suficientes.

Em entrevista ao 'Jornal Nacional', da TV Globo, ele disse que não atuou no governo em favor das empresas para as quais prestou consultoria. "Não existe nem um centavo que se refira à política ou à campanha eleitoral [no faturamento da Projeto]", disse Palocci, em entrevista que foi gravada durante a tarde de hoje, em Brasília.

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Segundo ele, os negócios feitos pela Projeto entre 2006 e 2010, período em que o ministro possuía mandato como deputado federal, eram apenas relacionados a empresas privadas.

Já em entrevista à Folha, Palocci disse que não informou à presidente Dilma Rousseff os nomes dos clientes de sua consultoria nem a natureza dos serviços que ela prestou.

"O ministro Palocci sequer deu uma declaração que ajudasse a esclarecer o seu enriquecimento. Repetiu o que já vinha saindo na imprensa", afirmou o líder do DEM na Câmara, deputado ACM Neto (BA), em seu Twitter.

Para o oposicionista, "esse comportamento de Palocci só solidifica nossa desconfiança de que ele esconde algo muito sério dos brasileiros, algo escandaloso.

Já o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) afirmou que as entrevistas nada acrescentaram.

"Palocci assegurou que não trabalhou na arrecadação de campanha, mas como coordenador político, então, esconder as empresas-clientes?", questiona Alencar.

"Palocci enrolou e não explicou o que o Brasil inteiro esperava tanto: quanto ele ganhou, quem pagou e que serviços ele prestou", afirmou o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP).

"Essa entrevista do Palocci só serviu para solidificar uma coisa: ele é o Delúbio Soares do governo Dilma Rousseff", atacou o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO).

"Mesma cantilena e nada foi explicado. Como governo impede comparecimento Palocci no Parlamento só cabe lutar processo MP investigação da PF", afirmou o presidente do PPS, Roberto Freire, também no microblog.

Já o senador Tião Viana (PT-AC) foi um dos poucos governistas a sair em defesa do ministro no Twitter. "Palocci foi firme, respeitoso, objetivo."

Fonte: Veja.com.br

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