Milícias fascistoides (do PT) tentam bater em jornalista (Merval Pereira, de O Globo)
Milícias fascistoides tentam bater em jornalista. Sentem-se incentivados pelas falas de Gilberto Carvalho e Rui Falcão e estimuladas pelo arremedo de jornalismo financiado por estatais. Dilma, posso lhe garantir que isso não é bom nem para o país nem para a sua (re)candidatura! Que vergonha, presidente!
O jornalista Merval Pereira, colunista no Globo e comentarista do GloboNews, denunciou na sua coluna de domingo, no jornal, algo muito grave. Na coluna, reproduzida em seu blog, ele conta que foi à inauguração, na sexta-feira à noite, do museu MAR, na praça Mauá, zona portuária do Rio. Havia lá, informa, vários grupos de protesto. Os mais ruidosos atacavam a revitalização da área e criticavam a MP dos Portos, que já classifiquei aqui de um dos acertos do governo Dilma. Muito bem!
Reproduzo, em azul, trecho de seu artigo, intitulado “Meu momento Yoani”. Leiam com atenção.
“O que esses jovens do PT, do PCdoB, da Juventude Socialista, do PDT, sei lá de onde, queriam dizer é que a revitalização do centro do Rio é uma modernidade que rejeitam. E o que dizer da nova legislação sobre os portos do país? O que está por trás dos protestos, no entanto, é uma nada estranhável, embora exótica, aliança entre órgãos sindicais e empresários que operam os portos sem competição, beneficiando-se de uma reserva de mercado tão ultrapassada quanto prejudicial à economia brasileira.”
(…)
As pessoas que saiam da festa de inauguração forçosamente tinham que passar pelos manifestantes para pegar seus carros, e houve momentos em que as agressões verbais chegaram às raias da agressão física. Uma senhora que ia à nossa frente foi chamada de “fascista” por um manifestante, que gritou tão perto do seu rosto que quase houve contato físico.
Passei pelo grupo com minha mulher sob os gritos dos manifestantes, e um deles me reconheceu. Gritou alto: “Aí Merval fdp”. Foi o que bastou para que outros cercassem o carro em que estávamos, impedindo que saísse. Chutaram-no, socaram os vidros, puseram-se na frente com faixas e cartazes impedindo a visão do motorista. Só desistiram da agressão quando um grupo de PMs chegou para abrir caminho e permitir que o carro andasse.
Foram instantes de tensão que permitiram sentir a violência que está no ar nesses dias em que, como previu o Ministro Gilberto Carvalho, “o bicho vai pegar”. É claro que o que aconteceu com a blogueira cubana Yoani Sanchez nem se compara, mas o ocorrido na noite de sexta-feira mostra bem o clima belicoso que os manifestantes extremistas estão impondo a seus atos supostamente de protesto.
(…)
Voltei
Muito bem, meus caros. Já volto à manifestação. Antes, algumas outas considerações. Nesta segunda, Rui Falcão, presidente do PT, participou da abertura do Congresso Nacional de Trabalhadores Rurais da Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura). Esse modelo em que o chefe do partido fala a uma categoria que está sob a tutela da legenda tem história: é de inspiração fascista. Não é assim porque eu quero. É assim porque é o que informa a história. Falcão aproveitou a oportunidade para, mais uma vez, pregar o que os petistas chamam “democratização da mídia”, demonizado, uma vez mais, a imprensa brasileira. “Democratização”?
A fala acontece três dias depois de o Diretório Nacional do PT ter divulgado uma resolução que trata do mesmo assunto. No documento, a referência para a tal “democratização” são as propostas contidas no Fórum Nacional de Democratização da Comunicação. No sábado de manhã, escrevi um post a respeito. Demonstrei que o tal fórum defende, sem meias-palavras, que os “representantes da sociedade civil” — valer dizer: os petistas — controlem o conteúdo do que é veiculado pela imprensa. Assim, o que o PT chama democratização é, em verdade, ditadura partidária. É simples assim.
Pois bem… A violência retórica do petismo contra a imprensa tem crescido. Órgãos financiados pelo Banco do Brasil e pela Caixa Econômica Federal hostilizam abertamente os jornalistas considerados “de oposição” — ou incômodos ao governo — e abrem suas respectivas áreas de comentário às manifestações explícitas de ódio. Reitero: não se trata de exercício da divergência, por mais dura e azeda que fosse. Não! É satanização mesmo, com estímulo ao linchaento. Lá do Palácio do Planalto, no ano passado, Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência, avisou: “Em 2013, o bicho vai pegar”.
E está pegando. Como se vê, dados a fala de um ministro de estado, a permanente pregação dos petistas contra a imprensa e o incentivo do subjornalismo chapa-branca (que, reitero, publica comentários os mais desvairados, incentivando o pega-pra-capar), os ditos “militantes” decidiram partir para a ação direta. Antes, eles só protestavam, gritavam, xingavam. Agora não! Impunes, certos de que nada vai lhes acontecer, eles decidiram que é hora de começar a espancar aqueles de que discordam. É uma nova fase da sua “luta”.
Já não bastam mais as tentativas de linchamento moral; já não bastam mais as correntes organizadas de difamação na Internet. E olhem que eles se especializaram nisso! Como revelou reportagem da mais recente edição de VEJA, o rapaz que desenvolveu um programa, um método mesmo, para achincalhar os adversários do PT (ou os assim considerados pelo partido) é funcionário do deputado André Vargas (PT-PR), vice-presidente da Câmara. Seu nome é André Guimarães. Ele já vende seus serviços a quem estiver disposto a comprar. A depender do pacote, pode custar de R$ 2 mil a R$ 30 mil. Então ficamos assim: as estatais pagam a rede suja, e a Câmara paga um expert em difamação. Não é mais o suficiente.
Também isso tem história. Também isso obedece a uma gradação. Ao discursar para uma multidão no dia 10 de fevereiro de 1933, 11 dias depois de Hitler ter se tornado chanceler da Alemanha, Goebbels anunciou uma guerra contra a imprensa dos “judeus insolentes”. Em sua fala, fica evidente que a máquina difamatória contra os inimigos era apenas a primeira etapa do processo. E ele anunciava ali: “Um dia nossa paciência vai acabar e calaremos esses judeus insolentes, bocas mentirosas!” Quando “a paciência” dos nazistas acabou, a gente sabe bem o que fizeram.
Então é isto:
– a paciência de Gilberto Carvalho conosco acabou;
– a paciência de Rui Falcão conosco acabou;
– paciência da subimprensa a soldo conosco acabou.
Agora é chegada a hora de calar, na porrada, a boca dos “judeus insolentes”, que somos nós.
É uma vergonha, presidente!
É claro que ninguém vai encontrar nas palavras de Carvalho ou de Falcão o incentivo explícito à pancadaria — até porque isso ensejaria processo judicial. O mesmo se diga daquela gente financiada por estatais. Mas é óbvio que eles todos, juntos, formam o caldo de cultura que conduz a essa intolerância — que começa a crescer também dentro das redações, é bom que saibam — nesse caso, ninguém bate em ninguém; não ainda. Mas as ideias já começaram a ser impiedosamente espancadas; a liberdade de expressão já está sob permanente assédio.
Em recente evento do PT, lá estava fazendo o seu trabalho uma jornalista de TV. Assim que um dos chefões petistas fez um ataque à “mídia” e à sua suposta parcialidade, uma idiota gritou: “Fulana de Tal está Aqui!!!” Deixassem a coisa por conta dela, a repórter poderia apanhar ali mesmo. Foi o que aconteceu com Merval. Essa é a democracia deles — aquela em que as pessoas de que discordam são linchadas. Jamais se viu um democrata propor algo parecido. Já os comunas e os fascistas — essencialmente iguais, é bom notar — não podem tolerar a divergência. Inimigo é para ser esmagado!
Não adianta Dilma fazer cara de paisagem e fingir que não tem nada com isso. Tem, sim, presidente! Todos têm o dever de zelar pelas leis e pela Constituição, mas ao presidente da República é reservado também o papel de liderança moral, não de chefe de facção. Essa história de que ela nada pode no partido é, lamento!, mera conversa mole de quem está na zona de conforto. Se não tem como impedir a pregação bucéfala dos petistas, tem ao menos como censurá-la. Ademais, enquanto dinheiro publico continuar a irrigar campanhas organizadas de difamação, que já começam a resultar em agressão física, Dilma tem, sim, “a ver com isso”.
Não é bom, presidente!
Não, presidente, isso não é bom! Não é bom para o país por razões que me dispenso de explicar. E não é bom também para a sua candidatura. A corrida nem começou, mas a violência retórica já alcança dimensões estúpidas. Aqui e ali, já começa a haver sinais de que setores importantes da sociedade estão se cansando do autoritarismo petista. O caso de Yoani Sánchez, evocado por Merval, foi exemplar, não é? A tramoia contra aquela moça contou com a participação de um assessor do governo (e com o apoio técnico de um funcionário de um figurão do PT), e nada aconteceu.
“Esse Reinaldo! Os caras que tentaram agredir Merval, que chutaram seu carro, estavam também contra a MP dos Portos, editada pela própria Dilma…” Eu sei. Esses grupos sempre são livres para divergir à esquerda… Isso é lá com eles, problema interno. Eu estou cuidando aqui é da tolerância com o “outro”.
Nos textos que escrevi sobre Yoani, afirmei, está em arquivo, que a blogueira cubana era apenas a primeira da fila e que os fascistoides estavam se preparando para espancar também os adversários nativos. Eis aí. Dilma não precisa nos cobrir de beijos, como faz com “Chalitinha”. Basta que faça cumprir a Constituição da República Federativa do Brasil.
Por Reinaldo Azevedo
Gilberto Carvalho, aquele cuja fala inspira arruaceiros e trogloditas que querem bater em jornalistas, passa dos limites mais uma vez
Não foi só Rui Falcão que discursou na abertura de uma reunião da Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura) — ver post a respeito. Gilberto Carvalho, o maior chefão do PT depois de Lula e ministro de Estado, também estava lá. É aquele que anunciou no ano passado: “O bicho vai pegar”. Muito bem!
Carvalho decidiu responder a uma crítica do senador Aécio Neves (MG), possível candidato do PSDB à Presidência em 2014, segundo quem o governo decidiu acabar com a miséria por decreto. Ok. Carvalho é secretário-geral da Presidência, e é razoável que responda à crítica. Mas num evento de caráter sindical, que deve, por princípio, ser independente de partido??? É espantosa a degradação dos valores republicanos sob o comando petista.
Mais: um ministro de estado está obrigado a certo decoro. Carvalho — o chefe daquele rapaz que participa de conspirações contra blogueiras cubanas — perdeu completamente a noção de limites e se expressou nestes termos, referindo-se a Aécio, segundo informa a Folha Online:
“Ao contrário do que disse um senador irresponsavelmente nos últimos dias, de que nós iremos extinguir a miséria por decreto, não é isso, não, seu senador. Nós não estamos extinguindo a miséria por decreto. O governo Dilma não abandonou seu povo e por isso a miséria está nos abandonando”. Foi adiante: para Carvalho, Aécio representa “governos neoliberais, que querem voltar a governar um dia o país”. E emendou: “Mas o povo não vai deixar porque o povo sabe quem está com ele, quem caminha com ele, quem não o abandona”.
Grosseria, mistificação e vulgaridade. Grosseria porque o “seu senador”, goste Carvalho ou não, foi eleito pelo povo e é tão legítimo quanto Dilma Rousseff. A rigor, quem não tem voto popular é Carvalho. Mais: foi eleito para fazer oposição — e, nas democracias, são as oposições que legitimam governos, uma vez que estes existem também nas ditaduras, como a cubana, por exemplo, para onde Carvalho mandou um assessor fazer treinamento de ciberguerrilha…
Mistificador, Carvalho usa um slogan publicitário como argumento. Como fica claro que já está fazendo campanha, incorre também numa incorreção ética ao subordinar ao partido aquilo que pertence ao governo. Mistificador também porque, com efeito, os petistas estabeleceram que não é miserável quem ganha pelo menos R$ 70. Ao conceder uma bolsa de R$ 70, eliminam uma “miséria” que o próprio partido inventou. Espero que a campanha eleitoral dos que pretendem desalojar o PT do poder exibam como e onde vive um “não-miserável” de R$ 70 e um suposto classe média de R$ 300.
A vulgaridade política fica por conta dessa obsessão asquerosa, que consistem em afirmar que os petistas têm o monopólio do amor pelo povo, como se as conquistas que antecederam a gestão petista não tivessem existido. É claro que os adversários do PT têm de cuidar disso. A questão é saber como fazê-lo.
O Brasil é, sim, dados todos os seus marcos legais e institucionais, uma democracia. Mas vive uma democracia degradada, que se rebaixa um pouco por dia. Nas ruas, os trogloditas já acham que podem linchar os que consideram adversários. Num evento sindical, que deveria ser apartidário, dirigente do PT e ministro de Estado comparecem para linchar moralmente a oposição.
É um esculacho!
Por Reinaldo Azevedo
Portos – Campos e sindicatos se unem para mudar projeto de Dilma
Na Folha:
O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), e o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), se uniram para combater a reforma proposta pela presidente Dilma Rousseff para o sistema portuário brasileiro. Os dois se encontraram ontem no Recife e defenderam mudanças no texto da Medida Provisória 595, que propõe várias mudanças na maneira como os portos são administrados e está em discussão no Congresso Nacional. A Força Sindical, que representa vários sindicatos de trabalhadores dos portos, é contra a reforma porque ela libera os terminais privados dos portos para contratar mão de obra sem as exigências impostas pelos sindicatos nos terminais administrados pelo governo.
Campos não gosta da medida provisória porque ela transfere do governo de Pernambuco para o governo federal o controle sobre projetos de expansão do porto de Suape, o maior do Estado. ”Eles gerem, há muitos anos, dezenas de portos que são infinitamente mais ineficientes do que Suape”, disse Campos. “Como é que o porto público mais eficiente do Brasil pode tomar lições com quem há décadas gere portos que são mais ineficientes do que ele?” Campos e a Força Sindical também têm motivos políticos para caminhar juntos. Campos quer ser candidato à Presidência da República nas eleições de 2014, e uma aliança com a segunda maior central sindical do país pode ser útil para seu projeto.
(…)
Por Reinaldo Azevedo
Sou tenso demais para ser bilionário!
Vai, leitor, confesse. Você, a exemplo deste escriba, ainda que por alguns minutos ao longo da vida, pensou algo assim: “Pô, se eu ganhar XX milhões (quaisquer dois dígitos já estão de bom tamanho) na mega-sena, não vou é fazer mais nada! Só passear!”. Pois é… “É por isso que você é pobre e está aí com as mãos entrevadas de tanto escrever”, sopra o diabo da ironia. Eu sei…
Mas por que isso? Esse mundo dos bilionários anda muito buliçoso. Está começando a me deixar nervoso, especialmente nesses tempos em que o sujeito pode ganhar e perder bilhões sem que o dinheiro (o do bilionário ranqueado ao menos) chega a se materializar. Vejam Eike Batista, por exemplo. Há um ano, dizia-se que ele tinha uma fortuna estimada em US$ 30 bilhões. Agora, teria caído para US$ 10,6 bilhões. Em um ano, US$ 19,6 bilhões teriam voado pela janela — US$ 1,6 bilhão por mês, US$ 53,8 milhões por dia, US$ 2,2 milhões por hora (incluindo aquelas em que os bilionários também dormem). Imaginem Tio Rei, com a sua ansiedade: “Caramba, quando eu acordar, estarei US$ 11,22 milhões (cinco horas de sono) mais pobre!”. Não dá pra mim… Não tenho temperamento para ter US$ 30 bilhões. Para perder US$ 19,6 bilhões, então, nem pensar.
Leia reportagem publicada na VEJA.com. Fico cá me perguntando: “Será que Eike perdeu mesmo o que nunca chegou efetivamente a ter?” Leiam o que segue.
*
Encerrada a semana em que a OGX amargou o triste posto de empresa que mais perdeu valor na Bovespa, a segunda-feira começa com mais uma má notícia para Eike Batista: o empresário despencou da 7ª para a 100ª colocação no ranking anual dos mais ricos da revista americana Forbes. De acordo com a publicação, que se refere a Eike como “o maior perdedor do ano”, o brasileiro ficou 1,616 bilhão de dólares mais pobre por mês em 2012 – o equivalente a perdas de 2 milhões de dólares por hora. Ao todo, a fortuna de Eike caiu de 30 bilhões de dólares para 10,6 bilhões de dólares.
A queda na Forbes se segue ao mau resultado do brasileiro no ranking da Bloomberg, no qual Eike sequer figura entre os 100 mais ricos do mundo. Segundo a Forbes, a fortuna do brasileiro foi reduzida em 19,4 bilhões de dólares em 12 meses, uma queda de 65%.
A nova edição da lista de bilionários da revista consagrou o empresário mexicano Carlos Slim como o homem mais rico do mundo. Quando o ranking foi montado, em 14 de fevereiro, Slim tinha uma fortuna estimada em 73 bilhões de dólares. Mas, depois disso, as ações da sua empresa América Móvil caíram fortemente. Randall Lane, editor da Forbes, comentou que a liderança de Slim, ampliada neste ano, “é uma declaração de que a riqueza é realmente global, e não um monopólio americano, como às vezes pareceu durante décadas”. O mexicano, de 73 anos, fez grande parte da sua fortuna no setor de telecomunicações, mas também atua nos setores de varejo, matérias-primas, finanças e energia.
Em segundo lugar na lista aparece o americano Bill Gates, cofundador da Microsoft, com 67 bilhões de dólares. O mais bem colocado na lista entre os brasileiros é o financista Jorge Paulo Lemann, em 33º lugar, com uma fortuna de 17,8 bilhões de dólares. Entre os investimentos de Lemann estão a empresa alimentícia Heinz, a rede de fast-food Burger King e a Anheuser-Busch InBev, maior cervejaria do mundo.
A grande novidade nas primeiras posições é o espanhol Amancio Ortega, cofundador do grupo Inditex, do setor de vestuário. Com um patrimônio estimado em 57 bilhões de dólares, ele superou o americano Warren Buffett e o francês Bernard Arnault, e assumiu a terceira colocação. A fortuna de Ortega cresceu 19,5 bilhões de dólares em relação à lista anterior – maior salto entre os bilionários do mundo, segundo a Forbes.
Buffett, presidente e executivo-chefe do conglomerado Berkshire Hathaway, ficou com a quarta colocação, com um patrimônio de 53,5 bilhões de dólares. É a primeira vez desde 2000 que ele não aparece entre os três mais ricos do mundo. “Warren teve um ótimo ano, só que Amancio Ortega teve um ano melhor”, disse Lane, editor da publicação. “Ele tem uma das linhas dominantes de vestuário na Europa.”
Arnault, do grupo de marcas de luxo LVMH, caiu para a décima posição, com 29 bilhões de dólares. A francesa Liliane Bettencourt, do império de cosméticos L’Oreal, é a mulher mais rica do mundo, ocupando o 9º lugar na lista com 30 bilhões de dólares.
O bilionário mais jovem do mundo é o empreendedor da internet Dustin Moskovitz, de 28 anos. O ex-colega de quarto do fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, e um dos primeiros investidores da rede social, ficou na posição 353, com fortuna de 3,8 bilhões de dólares.
Mais endinheirados
A lista da Forbes, em sua 27ª edição, é a maior da história, com 210 novos bilionários. “É um ano muito bom para ser bilionário, e um ano muito mais fácil para ser bilionário. Você tem essas forças econômicas e os mercados globais crescendo, e isso está empurrando mais gente para cima do limite”, explicou Lane. O patrimônio total dos 1.426 bilionários do mundo, segundo a Forbes, chega a 5,4 trilhões de dólares. Na lista anterior, era de 4,6 trilhões.
Por Reinaldo Azevedo
Falando como pré-candidato, Aécio diz que vai “refrescar a memória sobre a bendita herança do governo Fernando Henrique”
Na VEJA.com:
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) foi recebido nesta segunda-feira em Goiânia como candidato tucano à Presidência da República em 2014. Ao chegar ao evento organizado pelo governador Marconi Perillo (PSDB-GO), o mineiro ouviu gritos de “Aécio Presidente” e acabou aderindo ao clima de campanha. Questionado se o seu nome já está na disputa, respondeu: “(Está) Na boca do povo”.
Em rápida entrevista, Aécio voltou a criticar a gestão federal: “O governo levou à bancarrota patrimônios públicos como a Petrobras”, disse. “A Petrobras é uma demonstração clara do desgoverno e da perversidade nas empresas públicas”, enfatizou. Ele disse que o PSDB vai discutir nas próximas semanas os equívocos na estatal e afirmou ainda que o país assiste “passivamente ao desmonte da indústria e vê gargalos na infraestrutura”. “O governo tirou os olhos de 2013 e focou em 2014″, disse. O senador ainda criticou as políticas sociais do governo Dilma. “Governo que acha que pode acabar com a pobreza por decreto merece ser enfrentado e combatido.”
Indagado se sua campanha era sem volta, Aécio limitou-se a dizer: “Será”. Em seguida, afirmou que pertence a um grupo e a um partido que irão “refrescar a memória sobre a bendita herança do governo Fernando Henrique” e mostrar ao país gestões de sucesso nos estados administrados pelos tucanos.
A escalada de críticas do senador mineiro à gestão petista é parte de sua estratégia para tentar se consolidar como adversário de Dilma em 2014. No mês passado, ele usou a tribuna para discursar em contraponto à festa preparada pelo PT para comemorar dez anos no poder. “Não é mais a presidente quem governa. Hoje, quem governa o Brasil é a lógica da reeleição”, disse na ocasião.
O “Fórum Discutindo o Futuro de Goiás e do Brasil”, organizado pelo diretório do partido no estado, é também uma tentativa de Perillo recuperar espaço no PSDB depois de ter seu nome envolvido nas investigações da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que apurou esquema de jogos ilegais comandado por Carlinhos Cachoeira.
Por Reinaldo Azevedo
Não! Chalita não foi bem na entrevista ao Estadão. Ou: Uma presidente que cobre aliados de abraços e carinhos e beijinhos sem ter fim…
Admiradores do deputado federal Gabriel Chalita (PMDB-SP) — parece que alguns deles leem este blog… — enviaram alguns comentários me esculhambando porque, dizem, deixei aqui de chamar a atenção para uma entrevista que ele concedeu ao Estadão de domingo, aos repórteres Fausto Macedo e Bruno Boghossian. O link está aqui. Segundo esses leitores, eu só teria “omitido” — como se eu fosse obrigado a reproduzir o mundo em meu blog! — a entrevista porque “Chalita foi muito bem…” Errado! Não achei importante, mas, se esses leitores acham, pois não!
Ele não foi bem coisa nenhuma! Foi é muito mal. E, considerando duas respostas que deu, vou fazer aqui algumas perguntas que não querem calar. Leiam (em vermelho). Volto depois.
(…)
Como conheceu Grobman?
Esse cara frequentou mesmo a minha casa e foi em algumas viagens do Consed (Conselho Nacional dos Secretários de Educação). Ele namorou uma menina que foi diretora da PUC, a Márcia (Alvim). Ela trabalhava na secretaria. Eu vi as fotos que ele tirou do meu apartamento, ele ia sozinho lá, tirava foto dele próprio no apartamento. Se ele tirou tanta foto porque não tirou foto do dinheiro? Se ele viu esse dinheiro colocado lá por que não fez foto?
O que ele fazia na secretaria?
Roberto nunca teve sala na secretaria. Eu não sei por qual caminho ele chegou na secretaria. Ele começou a ficar mais próximo da Márcia. Nunca foi assessor, nem formal nem informal. Ter foto comigo ele pode ter, todo mundo tem foto comigo. A Márcia namorou com ele um tempo e depois descobriu que ele era casado. Teve viagem que ele (Grobman) foi junto. Deve ter ido a duas, três, não sei se quatro dessas viagens. Na Espanha, eu comecei a ficar um pouco preocupado porque ele abordava muitos outros secretários e usava meu nome para apresentar projetos. Quando percebi, cortei totalmente. Ele começou a ir no meu programa de TV, da Canção Nova, dois anos depois. Falou que tinha um dossiê contra um inimigo político. Eu disse: leva para a polícia. Ele sempre foi muito esperto em questões tecnológicas, em apagar coisas. Roberto falava “se sair alguma coisa contra você me fala que eu faço sumir tudo da internet”. Resolvi me afastar dele. Ele é meio estranho, já se vestiu de marinheiro, de piloto de avião. Uma amiga dele disse que para a última namorada ele se apresentava como da Abin (Agência Brasileira de Inteligência). Cada vez uma história. Ele realmente fantasia histórias, cria coisas. Com as mulheres ele é gentilíssimo. É uma coisa complicada. Eu fiquei com medo.
Voltei
1: Chalita admite que Grobman foi a algumas viagens do Conselho Nacional dos Secretários de Educação. Era funcionário do COC, uma empresa privada. O que fazia ele nessas “viagens”?
2: Chalita costuma levar a tiracolo, em viagens, os namorados de suas assessoras? Por quê?
3: Segundo o deputado, o rapaz visitou seu apartamento algumas vezes, sozinho. Há coisas que só são explicáveis no Admirável Mundo de Chalita. Pergunto:
a: Grobman tinha a chave?
b: a mansão suspensa de Chalita era administrada por empregados. Por que eles deixavam Grobman entrar na ausência do proprietário?
c: Grobman era esquisito? Mas não o suficiente para acompanhar Chalita em viagens internacionais, inclusive a uma praia na Normandia?
4: VEJA traz uma foto dos dois na França. Na entrevista, Chalita disse que começou a ficar incomodado com o seu parceiro de viagens quando estavam na… Espanha! É aquele que o deputado diz nem saber como chegou à Secretaria…
5: Chalita diz que Grobman já se fantasiou de marinheiro e piloto de avião. Tudo para demonstrar que o rapaz “é estranho”. O deputado só não achava estranho que o funcionário de uma empresa privada o acompanhasse em viagens oficiais à França, à Espanha etc.
6: Segundo diz, Grobman o procurou com um dossiê. Ético, Chalita teria dito: “Vá à polícia”. Está certo! Foi o que fez o deputado Fábio Feldman quando o material contra Chalita chegou às suas mãos. Em vez de botar no horário eleitoral, encaminhou ao Ministério Público.
A entrevista informa que Chalita recebeu, só em 2012, R$ 1,7 milhão em direitos autorais. Corresponde à venda de um ano? Digamos que fique com 10% do valor de capa dos livros. O valor total da venda seria de R$ 17 milhões. Considerando a sua vastíssima obra, o preço médio de capa seria aí da ordem de R$ 30. Ele precisaria ter vendido quase 600 mil exemplares em único ano — e isso só no Brasil — para atingir esta marca. Digamos que, sendo quem é, fique com 20% — seriam quase 300 mil exemplares. Tudo isso pode ser verdade, claro!; não estou a aqui a dizer que é mentira. De toda sorte, é impossível confirmar. As editoras não revelam quantos livros ele vendeu. “Está sugerindo o quê?” Nada! Estou apenas apontando como tudo é incomum no mundo de Chalita.
Dilma e os beijinhos
Parte do sucesso, até agora ao menos, de Chalita se deve ao que me parece ser uma espécie de ausência de superego, que confere às pessoas o prudente senso de ridículo. Seja para os padrões à esquerda, de centro e à direita, ele tem realmente uma abordagem absolutamente inusitada, que surpreende e constrange. Leiam esta pergunta e esta resposta:
O caso afeta pretensões políticas?
Vou ser candidato. Governador, deputado… A presidenta Dilma nunca me convidou para ser ministro. Ela me trata muito bem. Estive com ela essa semana, me deu um abraço carinhoso, como sempre, no jantar na casa do (Michel) Temer. Ela me beijou muito, “ô Chalitinha”. Vou presidir a Comissão de Educação e quero fazer um trabalho muito legal. Eu tenho um sonho na minha vida que é aprovar a Lei de Responsabilidade Educacional, com sanções ao gestor que não cumprir as metas previstas.
Voltei
Chalita era, sim, candidato a ministro. A promessa de cargo fez parte do acordo para apoiar Fernando Haddad — em cuja companhia (e da família) ele passou a desfilar em eventos sociais. Vejam ali. Dilma o teria beijado “muito”, afirmando: “Ô Chalitinha”.
A presidente tem marqueteiros que cuidam de sua imagem. Também é avó de um neto. O fotógrafo oficial da Presidência a acompanha. Se quisesse essa imagem da “beijoqueira”, já teria aparecido fazendo tchuca-tchuca no netinho… Mas não! Notem bem: qual petista, neste vasto país, diria: “A presidente me beijou muito”? Dirceu? Delúbio? Genoino? João Paulo Cunha? Nem Fernando Haddad, que também faz a linha fofo-ternurinha, a tanto se atreveria…
Mas Chalita segue adiante, defendendo coisas como a tal “Lei de Responsabilidade Educacional”, para punir gestor que não cumprir metas previstas. Parece coisa avançada e progressista. É só mais uma tolice vistosa. Por que não uma Lei de Responsabilidade Sanitária? Uma de Responsabilidade de Segurança, e por aí afora?
Vênia máxima aos que acham que Chalita foi bem na entrevista. Não foi, não! Ele foi é muito mal. Há respostas suas que desafiam a lógica mais elementar — ao menos com o que se sabe até agora. O destaque fica para o destemor com que desafia o ridículo, observação que segue válida mesmo que seja inocente.
Beijinhos de Dilma… “Ô Chalitinha…” Quem, reproduzindo a fala de um interlocutor, refere-se a si mesmo no diminutivo? Chalita parece fascinado com essa imagem do menino certinho e prodígio, sempre amparado por uma mulher mais velha, que o protege das maldades do mundo. Antes de Dilma, houve outras a ocupar esse lugar na sua imaginação — e nos eventos sociais. Diante de um grupo delas, certa feita, teria aceitado o desafio de começar a escrever um livro de imediato, durante a conversa… Parece que tudo começou com uma professora que morava num asilo e que lhe teria dado Sartre para ler quando o inocente infante tinha apenas oito aninhos. Ele contou isso numa entrevista. A molecada ranhenta e de cascão no pé soltava pipa, jogava pião, fugia do banho, fazia coisas inconfessáveis. Chalita lia Sartre. Teria surpreendido aquela doce (e perigosíssima!) senhora, segundo ele mesmo revelou, com uma frase que vale por uma divisa intelectual. Ao devolver o livro à sua preceptora, disparou: “Não entendi nada, mas adorei”.
PS – Não, não estou dizendo que Chalita é culpado — e peço que vocês também não digam. Estou sustentando que o caso tem de ser investigado. E que a entrevista dele, ao contrário do que disseram seus admiradores, é ruim de doer e mais deixou fios desencapados do que explicou o imbróglio, ainda que Dilma o tenha coberto de beijos.
Por Reinaldo Azevedo
PT defende em resolução censura à imprensa, e Rui Falcão convida jornalistas a apoiar proposta. Exagero? Então leiam!
Agora é para valer. O Diretório Nacional do PT divulgou uma resolução nesta sexta em que defende um “novo marco regulatório das comunicações”, que vem a ser o outro nome do “controle da mídia”, mera perífrase para se referir à censura. Eles são petistas e não desistem nunca.
O governo Lula tentou, mais de uma vez, criar mecanismos para censurar a imprensa. Deu com os burros n’água. Dilma Rousseff, até outro dia, dava sinais de que não entraria nessa. Nunca se sabe. Também até outro dia, ela reconhecia em FHC o arquiteto do Real e coisa e tal. Há duas semanas, vem esculhambando o tucano. Lula decidiu antecipar o calendário eleitoral e impôs à presidente uma agenda. Emparedada por más notícias e pelo pibinho, ela não teve como fugir. De todo modo, é pouco provável que ceda a esse aspecto da agenda em particular. Mas os petistas já encontraram uma saída. E Rui Falcão, presidente do PT, deixou claro que espera contar com a colaboração dos jornalistas em seu projeto de censura. Ele quer ver os coleguinhas botando a corda no pescoço para que um de seus estafetas possa puxá-la quando necessário.
Na resolução, escreve o PT (em vermelho):
(…) o DN [Diretório Nacional] conclama nossa militância a coletar, este ano, mais de 1,5 milhão de assinaturas para apresentar ao Congresso Nacional um projeto de lei de iniciativa popular. O PT se associará à campanha por um Projeto de Lei de Iniciativa Popular em favor de um novo marco regulatório das comunicações, tal como proposto pela CUT, pelo Fórum Nacional de Democratização da Comunicação (FNDC) e outras entidades.
(…)
Não percam de vista o tal Fórum Nacional de Democratização da Comunicação (FNDC). Já volto a ele. Antes, vou me fixar em outros aspectos. O PT sabe que o governo federal, de moto próprio, não criará mecanismos oficiais de censura, como quer o partido. Então é preciso recorrer à galera. O petismo pretende apresentar uma emenda de iniciativa popular. É só uma forma de tirar o peso das costas de Dilma. É claro que, se o governo quisesse, impediria que uma porcaria como essa (entre outras) constasse da resolução. Mas sabem como é.. Dilma não vai ela mesma censurar a imprensa, mas permite que seu partido lance uma proposta cujo objetivo esse. Faz sentido! A presidente manteve, por exemplo, o pornográfico esquema de financiamento estatal da imprensa suja, cujos objetivos mais do que declarados são puxar o saco do governo, atacar a oposição e difamar o jornalismo independente.
O governo permite, assim, que a investida petista contra a liberdade de expressão seja lavada por uma suposta emenda de iniciativa popular.
Ao defender a tal regulamentação, Rui Falcão afirmou:
“Nós aprovamos um documento que enfatiza de novo a questão do alargamento da liberdade de expressão. Peço para vocês, jornalistas, que enfatizem essa questão. Ela nada tem a ver com censura ou controle (da mídia). Mas pode ampliar o mercado (de trabalho), garantir que vocês possam ter um código de ética reconhecido pelas empresas. Para que vocês não tenham uma matéria eventualmente adulterada ou mesmo apurar matérias que fraudem a consciência de vocês”.
É asqueroso!
É mentira! A regulamentação que os petistas e uma penca de movimentos de esquerda defendem agride, sim, frontalmente a liberdade de expressão, constitui censura e busca o controle de conteúdo da informação. Falcão poderia dizer o que significa “apurar matérias que fraudem a consciência” dos jornalistas. Vamos a um exemplo: digamos que um petista ladrão seja flagrado roubando o Banco do Brasil. Caberia a um jornalista eventualmente filiado ao PT alegar escrúpulo de consciência se escalado para fazer uma reportagem a respeito?
Vejam que coisa: o pedido de Falcão aos jornalistas, em que ele nega a pretensão da censura e do controle, já circula por aí. Que tal, então, a gente entrar no mérito do que diz a resolução? Lá está que o petismo usará como referência de sua luta o que foi “proposto pela CUT, pelo Fórum Nacional de Democratização da Comunicação (FNDC)…” Ok! A íntegra da proposta do tal fórum, encampada pelo partido, está aqui. Destaco abaixo, em vermelho, alguns mimos do texto. Comento em azul.
O FNDC reivindica que este Marco Regulatório leve efetivamente à regulação da mídia, e contenha, também, mecanismos de controle, pela sociedade, do seu conteúdo e da extrapolação de audiência que facilita a existência dos oligopólios da comunicação que desrespeitam a pluralidade e diversidade cultural.
Viram? A “sociedade” teria “mecanismos de controle do conteúdo” do que é veiculado. Mas quem é “a sociedade”? Ora, todos sabemos! Trata-se de ONGs, sindicatos, associações disso e daquilo, movimento sociais, todos aqueles grupos que são controlados pelo… PT! Mas isso é pouco: seria preciso evitar a “extrapolação de audiência”. Se uma emissora, por exemplo, começasse a ter telespectadores demais, seria preciso dar um jeito de cortar suas asinhas. Como? Sei lá! O tal fórum dá uma pista de como seria esse “mecanismo de controle”. Leiam.
O FNDC propõe inclusão, na estrutura das empresas de Rádio e TV, de mecanismos que estimulem e permitam o controle público sobre a programação, como conselhos com participação da sociedade, conselhos editorais e serviços de ouvidoria.
A exemplo do que acontece na Venezuela chavista, rádios e TVs seriam comandados por “conselhos” populares, entenderam? Uma miríade de ONGs e movimentos sociais — tudo franja do petismo — decidiria a pauta do Jornal Nacional. O PT também não abre mão da possibilidade de punir jornalistas rebeldes. Mais uma proposta:
O FNDC propõe a criação de mecanismos de controle público, tais como conselhos de comunicação municipais e estaduais, agências reguladoras, ombudsman e Conselho Federal dos Jornalistas.
As emissoras ficariam sujeitas a essa borrasca de conselheiros, e os jornalistas, individualmente, seriam monitorados pelo Conselho Federal de Jornalismo — proposta já repudiada pela sociedade. O PT já arrumou um laranja para apresentar o texto. O órgão teria competência, imaginem só, para cassar a licença de jornalistas.
Publicidade
O fórum também está preocupado com as criancinhas, é certo!. No que diz respeito à publicidade, prega:
Quanto à influência da publicidade nas relações de consumo e na construção de subjetividade, em especial no período da infância, o FNDC defende:
- A necessidade de resgatar a plenitude do desenvolvimento da criança em virtude do assédio do mercado, fortalecendo os valores da infância, priorizando o ato de brincar e não o objeto, o brinquedo anunciado.
- Que as reais necessidades da criança sejam contempladas quanto à preservação da saúde, inclusive quando são evidentes os apelos publicitários para o consumo de alimentos inadequados e prejudiciais como gorduras trans e outros, camuflados em elaboradas mensagens publicitárias.
Eu sempre fico fascinado com o verbo “resgatar”. Dá a ideia de que vivíamos no Éden antes de essa porcaria de capitalismo vir dar nas nossas terras. Digam-me cá: jogar pião, como joguei (e sou bom nisso até hoje, como constatei outro dia; sei fazer o bicho “dormir” na fieira… Alguns leitores, a esta altura, hão de perguntar: “Do que fala esse Reinaldo?”), é superior a brincar no iPad? Por quê? Uma criança, não sendo “assediada pelo mercado”, será assediada por quem? Por pedagogos do partido? Trata-se de uma linguagem rançosa, boçal, velha, que expressa uma concepção de educação que é prima pobre da doutrinação, que já é uma lástima. Mas entendo essas almas: depois de submeter os meios de comunicação à censura dos “conselhos populares”, o PT quer golpear também a sua receita publicitária. Quanto mais dependentes eles forem da Petrobras, do Banco do Brasil, da CEF e do próprio governo federal, melhor!
Se vocês lerem a íntegra da proposta que o PT tomou como modelo em sua resolução, encontrarão lá a reivindicação para que o estado passe a financiar as produções comunitárias. E quem é a “comunidade”? Bidu! A turma do partido. Faltasse besteira, lá vai outra: o fórum quer a volta da obrigatoriedade do diploma de jornalista.
Mas por quê?
O PT chegou ao poder com a “mídia” que está aí — ou quase. Digo “quase” porque, na média, o jornalismo brasileiro já foi mais crítico, menos sabujo, mais independente, menos atrelado à pauta do partido do poder, mais corajoso, menos pusilânime diante daqueles que se querem “os donos do povo”. Quando na oposição, o partido jamais falou em controlar a imprensa. Ela lhe era útil, e o partido foi uma fonte inesgotável de dossiês e denúncias contra seus adversários. Algumas chegaram a ser estupidamente veiculadas pela imprensa, sem qualquer comprovação, tal era a intimidade do partido com jornalistas.
Hoje, essa imprensa, com importantes exceções honrosas, está muito mais rendida ao poder. Mesmo assim, isso parece pouco ao PT. O partido está em seu terceiro mandato no governo federal; tem chances imensas de conquistar o quarto mandato. Desde que as eleições diretas foram reinstituídas no país, é a agremiação mais bem-sucedida: venceu três das seis disputas… Tudo o mais constante, em 2015, serão quatro de sete.
Cumpre, então, perguntar: que diabo de mal a imprensa livre faz ao PT? Em que prejudica os seus anseios? Ao contrário: até Lula reconhece ser ele próprio produto da liberdade de imprensa. Por que a sanha autoritária, a volúpia da censura? A resposta é óbvia: o partido quer o poder absoluto. Isso não significa que pretenda, sei lá, pôr a oposição na clandestinidade. Ele só quer torná-la irrelevante, demonizando aqueles que não se submetem à sua vontade. Lembram-se daquele blogueiro lulista que chegou a sugerir que reportagens procurassem identificar os que consideravam o governo ruim ou péssimo? É fascismo na veia!
Notem, ademais, que o “controle da mídia” voltou a ser pauta urgente e inegociável para os petistas depois da condenação dos mensaleiros. Eles não querem uma imprensa que possa, enfim, vigiar os seus corruptos, os seus peculatários, os seus quadrilheiros.
Encerro
Mas Rui Falcão, mesmo assim, quer o apoio dos jornalistas para a proposta. Diz que é tudo em favor do mercado de trabalho e da liberdade de expressão. O PT deu uma prova recente do que entende por pluralidade e imprensa livre: mandou seus bate-paus para a rua para xingar e agredir Yoani Sánchez. Na reunião que organizou a tramoia contra a blogueira, estava um homem de Gilberto Carvalho, que vem a ser um dos dois braços esquerdos de Dilma Rousseff.
Por Reinaldo Azevedo
Petista, que é funcionário de vice-presidente da Câmara, é pago com dinheiro público para alimentar rede de difamação na Internet. E já está vendendo seus serviços
Vejam estas duas caras.
Por que estão aqui? Vamos lá.
Escrevi na manha de ontem um texto sobre a resolução do Diretório Nacional do PT que, na prática, prega a censura à imprensa. O partido pretende manipular uma proposta de emenda à Constituição de “iniciativa popular” para regulamentar o que eles chamam “mídia”. Como evidencio naquele texto, eles querem mesmo é controle de conteúdo.
O PT já interfere avidamente no setor, e a imprensa, no Brasil, em muitos aspectos, é menos livre hoje do que já foi um dia. E como se dá essa interferência? O governo federal, por meio da publicidade direta e das estatais, premia veículos sabujos. O dinheiro público financia uma vasta rede de difamação disfarçada de jornalismo — os blogs sujos, os sites sujos, as revistas sujas, os sujos sujos… Seu trabalho é falar bem do PT, atacar a oposição e difamar a imprensa independente.
As coisas não param por aí. E voltamos, então, àqueles dois senhores que estão lá no alto. O da esquerda é o deputado André Vargas (PT-PR), secretário de Comunicação do PT e vice-presidente da Câmara dos Deputados. O da direita é André Guimarães, seu funcionário. O que eles fazem? Reproduzo texto publicado na VEJA Online, que se refere a uma reportagem de Hugo Marques, publicada na revista desta semana. Leiam. Volto em seguida.
*
São muitas as histórias de anônimos que alcançaram a fama por meio da internet. O petista André Guimarães tem planos ambiciosos nessa direção. Criador da RedePT13, uma organização virtual formada por perfis falsos e blogs apócrifos usados para atacar aqueles que são considerados inimigos do partido, ele já é uma celebridade entre seus pares. Se é preciso espalhar uma mentira para difamar alguém, Guimarães é acionado. Se for apenas para ridicularizar um oponente, o rapaz conhece todos os caminhos sujos. Na visita da blogueira Yoani Sánchez, ele trabalhou como nunca. A rede postou montagens fotográficas, incentivou os protestos e difundiu um falso dossiê produzido contra ela pela embaixada cubana. O problema é que o “ciberguerrilheiro” petista sustenta sua atividade criminosa com dinheiro público, dinheiro do contribuinte. André Guimarães é funcionário do Congresso. Está lotado e recebe salário no gabinete do deputado André Vargas, o atual vice-presidente da Câmara e secretário nacional de comunicação do PT.
Voltei
Vocês tratem de acreditar no que seus olhos leram. O vice-presidente da Câmara dos Deputados tem um funcionário cuja especialidade é difamar pessoas e instituições na Internet. Ele se tornou o fortão do bairro Peixoto nessa matéria.
Assim, sempre que vocês ouvirem um petista pregando a “regulamentação da mídia” para, segundo diz o partido, “democratizar a comunicação”, não hesitem um só instante em chamar a justificativa de mentira, de empulhação, de safadeza mesmo! O PT, que já usa hoje dinheiro público para manter redes de difamação, quer encontrar caminhos para controlar o conteúdo também nas empresas privadas de comunicação.
Leiam a reportagem na revista. O tal André Guimarães desenvolveu de tal sorte a expertise da difamação que, acreditem!, ele sai Brasil afora oferecendo o seu método para estados e prefeituras. O pacote oferecido, a depender do serviço, pode custar de R$ 2 mil a R$ 30 mil de mensalidade. Na reunião feita na embaixada cubana, que traçou a estratégia para difamar Yoani Sánchez no Brasil, estava presente um outro especialista em “ciberguerrilha”: Ricardo Augusto Poppi Martins, que trabalha para Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência.
Poppi: homem de Carvalho participou de reunião que decidiu ação difamatória contra Yoani Sánchez
Para idiotas
O “trabalho” de Guimarães é coisa para cretinos, para idiotas. Mas quantos são os cretinos e os idiotas? Uma das “sacadas” de sua rede difamatória, por exemplo, é opor Julian Assange, que está escondido na embaixada do Equador na Inglaterra, a Yoani Sánchez. Segundo esse gênio da análise política, isso demonstraria que o capitalismo, que estaria querendo prender Assange, é uma ditadura, e o comunismo cubano, que permitiu a viagem de Yoani, é uma democracia. Uau!
Embora Assange tenha cometido uma penca de crimes envolvendo o roubo de dados sigilosos (isso nada tem a ver com jornalismo ou liberdade de expressão; é banditismo) —, e o único crime da blogueira cubana seja escrever o que pensa —, o chefão do Wikileaks está escondido na embaixada de um país que censura a imprensa, regime que ele apoia com entusiasmo, porque há uma ordem de extradição contra ele para que responda por crime de estupro.
Mas isso é o de menos. As democracias não proíbem que as pessoas digam boçalidades. O ponto é outro. Guimarães está sendo pago com dinheiro público para alimentar uma rede de difamação.
Em maio, os blogueiros puxa-sacos que se dizem “progressistas” vão realizar um encontro em Fortaleza. Constituem a linha de frente dos difamadores a serviço do petismo. Guimarães será um dos destaques do evento. Lula e José Dirceu devem aparecer por lá. Faz sentido. É o lugar certo para um condenado em última instância por corrupção ativa e formação de quadrilha.
Por Reinaldo Azevedo
Financial Times ironiza “Guido, o vidente” e diz que ele insiste em tocar seu disco quebrado
Xiii… O Financial Times vai ver a bronca que vai levar da Dilma. Outro dia a Economist criticou Guido Mantega, e a presidente quase mandar invadir a Inglaterra… Agora é o Financial Times! Pô, o pessoal daquela ilha tá a fim de sacanear Banânia, é? Leiam o que publica a VEJA.com.
O jornal britânico Financial Times aproveitou o resultado frustrante do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de 2012 para ironizar o governo – sobretudo a figura do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que teima em fazer previsões inatingíveis para a economia brasileira. “O Brasil vai crescer entre 3% e 4% em 2013! E isso quem diz é Guido Mantega, o ministro da Fazenda, também conhecido como ‘Guido, o Vidente’, então deve ser verdade”, informava o site do jornal, em artigo cujo título era “O disco quebrado de Guido Mantega”.
Segundo o FT, o otimismo persistente do ministro não tem colaborado para a melhora da credibilidade do governo. “É compreensível que o Mantega esteja na defensiva depois que o IBGE publicou outro conjunto de dados frustrantes nesta sexta”, escreveu o jornal, ressaltando também a importante queda na taxa de poupança e investimentos na economia brasileira, mostrada também pelo IBGE. A taxa de poupança ficou em 14,8% do PIB, ante o porcentual de 17,2% em 2011. Já a de investimentos terminou o ano em 18,1% do PIB, ante 19,3% no ano anterior.
O jornal afirma que os resultados de 2012 mostram a realidade que muitos temiam que ocorresse: ao cortar gastos públicos para equilibrar as contas, em vez de reduzir as despesas correntes e o tamanho da máquina pública, o governo acabou prejudicando os investimentos e afugentando os empresários. “O Brasil deu início a uma série de iniciativas para impulsionar o investimento de novo, mas todas deram pouco ou nenhum resultado”, diz o FT. “Nada disso, no entanto, tirará o sorriso da cara de Mantega”.
Bons ventos - A crítica do FT se refere às declarações do ministro nesta sexta-feira, após uma conversa com a presidente Dilma na noite de quinta-feira. Mantega demonstrou otimismo – em alguns momentos exagerado – com a situação atual da economia brasileira. Para ele, os dados preliminares do primeiro trimestre mostram um nível de atividade em recuperação, repetindo o desempenho do quarto trimestre. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) subiu 0,62% do terceiro para o quarto trimestre de 2012. O ministro espremeu os dados e reforçou que as vendas no varejo continuam em alta.
O consumo foi o modelo de crescimento escolhido pelo governo para empurrar a expansão da economia brasileira nos últimos anos, mas a estratégia parece mostrar sinais de esgotamento. No segundo semestre do ano passado, houve uma perda constante no indicador, que teve retração de 0,5% em dezembro ante novembro. Mesmo assim, fechou em 8,4% no ano, segundo o IBGE. Mas, como no início do ano passado, quando previu um crescimento robusto, o tal “pibão” que a presidente Dilma tanto cobra, Mantega repetiu o discurso agora. “O crescimento para este ano ficará entre 3 e 4%”, afirmou.
Desde o segundo governo de Getúlio Vargas, em 1951, a média de crescimento do biênio inicial de Dilma Rousseff só é melhor que o mesmo período de Fernando Collor de Mello, quando a economia brasileira estava em recessão. Para se defender, Mantega afirma que não é correto fazer comparação com o passado, principalmente porque desde 2003 os governos Lula e Dilma elevaram o patamar de crescimento médio da economia brasileira. “Criamos condições para que o crescimento volte ao patamar de 4%”, reforçou.
Por Reinaldo Azevedo
Eduardo Campos e a quadratura do círculo. Ou: Acordo feito com Lula sempre teve um preço. E ele sempre cobrou, como o “Coisa Ruim”
Eu já disse que vejo bom bons olhos a eventual candidatura de Eduardo Campos (PSB), governador de Pernambuco, à Presidência da República. Não porque tenha simpatia por seu pensamento ou seja admirador de sua obra política. Não poderia ser mais transparente nos meus motivos: considero que o racha do condomínio liderado pelo PT é fator que concorre, embora não determine, para a eventual derrota do partido, embora isso seja difícil, reconheço. Resta evidente que a multiplicação de candidaturas dificulta a vitória de Dilma no primeiro turno. Tanto melhor, dada essa lógica, se um dos postulantes tem potencial para arrancar votos do mesmo campo ideológico do petismo. Assim, torço para Campos ser candidato.
Aí aquela corja financiada por estatais se assanha: “Tá vendo como a candidatura de Campos interessa à direita? O Reinaldo Azevedo confessa!”. Pois é… Antes fosse! Só se, agora, eu virei “a” direita brasileira, né ?
O que, na esfera econômica, poderia ser “a direita” está comprada pelo governo. Setores que já foram identificados com a direita política estão na base petista. Os “direitistas” brasileiros gostam mesmo é de mamar nas tetas do BNDES ou foram cevados pelos muitos anos em que Lula lhes pagou o “Bolsa Juro”, que é Bolsa Família dos bilionários.
Não existe direita digna desse nome no Brasil. Este país não consegue dar à luz liberais autênticos. Há até “inteliquituais” que sustentam que liberalismo não é coisa para país pobre, como se o estado estivesse na raiz da riqueza dos países desenvolvidos… Os que chegaram a sonhar com essa condição não resistiram a uma saleta no Palácio do Planalto ou a dois ou três telefonemas dos Supremos Mandatários. Logo caíram de joelhos. Lembro-me de Odorico Paraguaçu, personagem de Dias Gomes de “O Bem Amado”, que exigia que Dirceu Borboleta o ajudasse a colocar o paletó a cada vez que o governador telefonava… A candidatura de Campos, embora eu não aposte muito que vá se viabilizar, interessa é à democracia.
Ocorre que…
Ocorre que não dá para fazer de conta que não existe, de fato, uma contradição insanável na sua ambição, que Luiz Inácio Apedeuta (mas nunca burro!) da Silva sabe explorar com absoluta precisão. Campos é do campo — inevitável o trocadilho! — governista, ora essa! Mais do que isso! Ele é governo também, embora possa estar eventualmente insatisfeito com a fatia que lhe cabe no latifúndio. Se pretende concorrer com Dilma Rousseff, está a dizer que algo não vai bem no governo, que erros estão sendo cometidos.
O que não vai bem? Quais erros? Ele pretende nos contar isso só em 2014? Certo! Ele acha que é hora de transformar, como leio no Globo, o país “num canteiro de obras”, que é preciso “unir” em vez de dividir, que ainda não é hora de tratar de eleições. Tá! Posso até concordar em parte, especialmente com a condenável antecipação do calendário eleitoral. Mas como é que Campos passou a ser considerado um postulante à Presidência? Não sejamos ingênuos, não é? O governador tem hoje uma assessoria que consegue pautar a imprensa. Ele, mais do que outros, antecipou o tal calendário…
Em Fortaleza, o Apedeuta afirmou que não vai barrar a candidatura de ninguém e coisa e tal, mas que seria conveniente que o PT e PSB seguissem unidos, sem rompimento… Ora, em algum momento, Campos terá de dizer: “Não posso mais seguir com o PT!”. Se Lula percebeu que ele poderia, eventualmente, fazer isso só em 2014, resolveu jogar: “Então é já! Decida-se!”.
Há, é inescapável, uma quadratura do círculo na pretensão de Campos, embora, reitero, eu a veja com simpatia, digamos assim, estrutural. Caso não rompa já com o governo, ele só tem um alternativa para se apresentar ao eleitorado: “Eu sou o melhor nome para levar adiante o projeto de poder que aí está. .Alguém dirá: “Mas quem lhe disse que é o mesmo, Reinaldo?”. Não é? Então qual é? “Ah, isso será dito mais pra frente…” Sei. Enquanto isso, o PSB segue com o PT? Não faz sentido!
Impossibilidade teórica
Eu até gostaria que isso rendesse, sabem? Mas vejo uma impossibilidade também conceitual, teórica. Uma das grandes dificuldades das oposições no confronto com o PT tem sido criar valores alternativos. Ao contrário: não só não criam como acabam, muitas vezes, referendando os dos adversários. Campos, por óbvio, padece dessa mesma falha, com a dificuldade adicional de estar no governo. Fico cá a imaginá-lo num eventual debate mais azedo com o petismo, a dizer que o governo pecou nisso e naquilo. Alguém, e tenderá a ser o eleitor, vai lhe fazer a pergunta óbvia: “E por que o senhor estava lá?”.
Jornalistas conversam com muita gente. Conheço bons interlocutores de Campos. Dizem que, até onde percebem, a sua candidatura é para valer. Ele realmente não estaria disposto a abrir mão da disputa. Não teria disposição para ocupar uma vaga no Senado (eleger-se-ia com os pés nas costas), à espera de 2018, porque considera que a Casa é um cemitério de candidaturas. Fala em possibilidade de vitória, mas ninguém acredita que ele acredite nisso. Acham mesmo que ele avalia que 2014 é o ano de se tornar uma figura de alcance nacional, de olho na disputa seguinte, quando não estarão no páreo nem Lula nem Dilma.
Seja como for, Campos precisa dizer um pouco mais do que vem dizendo. Ciro Gomes já sonhou com a possibilidade de ser o candidato do bloco liderado pelo PT. Percebeu que a tarefa era impossível. Aliás, em 2010, Lula recorreu a Campos para esmagar as pretensões de Ciro. Em 2012, recorre a Ciro para esmagar as pretensões de Campos para 2014.
Ora, meus queridos, nessas coisas, não há mágica. Recorrendo a uma metáfora já clássica, Lula é como o demônio, não é? Dá ao vivente certas coisas que ele anseia, mas também lhe cobra um preço. Não é fácil dar um truque no cramulhão, assim, sem mais nem menos. Reitero: eu até posso torcer por isso, mas não consigo fazer de conta que estamos diante de um processo endossado pela lógica dos fatos. Não estamos.
É claro que é uma estupidez Lula antecipar o calendário eleitoral (também para que o governo e seu partido se livrem da avalanche de más notícias). Mas o Babalorixá de Banânia está apenas sendo lógico quando, com outras palavras, pergunta a Campos de que elado ele esta. “Ah, estou do lado do Brasil…” Não dá! Isso é apenas retórica.
Não posso fazer nada, leitores! O meu realismo me obriga a escrever, às vezes, contra as minhas próprias esperanças. É claro que eu poderia encerrar convidando Campos a abandonar a barca petista. Mas tenho senso de ridículo.
Por Reinaldo Azevedo
Herança maldita – Petrobras já perdeu em 2013 mais que em todo 2012
Por Eulina Oliveira, no Estadão Online:
Petrobras perdeu R$ 53,9 bilhões em valor de mercado somente em 2013, até ontem, 28 de fevereiro, segundo cálculos da consultoria Economatica. O montante é maior que o verificado em todo o ano de 2012, de R$ 36,7 bilhões. Segundo a consultoria, o recuo no primeiro bimestre deste ano é o terceiro maior da história da empresa, fazendo-se a comparação com os resultados anuais fechados. A maior queda de valor de mercado da Petrobras aconteceu em 2008, quando a companhia perdeu R$ 205,9 bilhões. Em 2011, a perda foi de R$ 88,683 bilhões.
Desde o fim de 2010, a estatal perdeu R$ 179,3 bilhões de valor de mercado – passou de R$ 380,2 bilhões para R$ 200,9 bilhões no último dia 28 de fevereiro. No mesmo período, outra blue chip, a Vale, perdeu R$ 82,6 bilhões, passando de R$ 275,0 bilhões em dezembro de 2010 para R$ 192,3 bilhões no fim de fevereiro de 2013. Nos dois primeiros meses deste ano, a Vale perdeu R$ 22,772 bilhões em valor de mercado, ante ganho de R$ 17,164 bilhões em todo o ano de 2012. O levantamento da Economatica mostra também que, atualmente, a Petrobras é a segunda maior empresa em valor de mercado do Brasil, atrás da Ambev (R$ 274 bilhões). A diferença para a terceira colocada, a Vale, é de apenas R$ 8,6 bilhões, ou 4,4%.
Por Reinaldo Azevedo
Financial Times ironiza “Guido, o vidente” e diz que ele insiste em tocar seu disco quebrado
Xiii… O Financial Times vai ver a bronca que vai levar da Dilma. Outro dia a Economist criticou Guido Mantega, e a presidente quase mandar invadir a Inglaterra… Agora é o Financial Times! Pô, o pessoal daquela ilha tá a fim de sacanear Banânia, é? Leiam o que publica a VEJA.com.
O jornal britânico Financial Times aproveitou o resultado frustrante do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de 2012 para ironizar o governo – sobretudo a figura do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que teima em fazer previsões inatingíveis para a economia brasileira. “O Brasil vai crescer entre 3% e 4% em 2013! E isso quem diz é Guido Mantega, o ministro da Fazenda, também conhecido como ‘Guido, o Vidente’, então deve ser verdade”, informava o site do jornal, em artigo cujo título era “O disco quebrado de Guido Mantega”.
Segundo o FT, o otimismo persistente do ministro não tem colaborado para a melhora da credibilidade do governo. “É compreensível que o Mantega esteja na defensiva depois que o IBGE publicou outro conjunto de dados frustrantes nesta sexta”, escreveu o jornal, ressaltando também a importante queda na taxa de poupança e investimentos na economia brasileira, mostrada também pelo IBGE. A taxa de poupança ficou em 14,8% do PIB, ante o porcentual de 17,2% em 2011. Já a de investimentos terminou o ano em 18,1% do PIB, ante 19,3% no ano anterior.
O jornal afirma que os resultados de 2012 mostram a realidade que muitos temiam que ocorresse: ao cortar gastos públicos para equilibrar as contas, em vez de reduzir as despesas correntes e o tamanho da máquina pública, o governo acabou prejudicando os investimentos e afugentando os empresários. “O Brasil deu início a uma série de iniciativas para impulsionar o investimento de novo, mas todas deram pouco ou nenhum resultado”, diz o FT. “Nada disso, no entanto, tirará o sorriso da cara de Mantega”.
Bons ventos - A crítica do FT se refere às declarações do ministro nesta sexta-feira, após uma conversa com a presidente Dilma na noite de quinta-feira. Mantega demonstrou otimismo – em alguns momentos exagerado – com a situação atual da economia brasileira. Para ele, os dados preliminares do primeiro trimestre mostram um nível de atividade em recuperação, repetindo o desempenho do quarto trimestre. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) subiu 0,62% do terceiro para o quarto trimestre de 2012. O ministro espremeu os dados e reforçou que as vendas no varejo continuam em alta.
O consumo foi o modelo de crescimento escolhido pelo governo para empurrar a expansão da economia brasileira nos últimos anos, mas a estratégia parece mostrar sinais de esgotamento. No segundo semestre do ano passado, houve uma perda constante no indicador, que teve retração de 0,5% em dezembro ante novembro. Mesmo assim, fechou em 8,4% no ano, segundo o IBGE. Mas, como no início do ano passado, quando previu um crescimento robusto, o tal “pibão” que a presidente Dilma tanto cobra, Mantega repetiu o discurso agora. “O crescimento para este ano ficará entre 3 e 4%”, afirmou.
Desde o segundo governo de Getúlio Vargas, em 1951, a média de crescimento do biênio inicial de Dilma Rousseff só é melhor que o mesmo período de Fernando Collor de Mello, quando a economia brasileira estava em recessão. Para se defender, Mantega afirma que não é correto fazer comparação com o passado, principalmente porque desde 2003 os governos Lula e Dilma elevaram o patamar de crescimento médio da economia brasileira. “Criamos condições para que o crescimento volte ao patamar de 4%”, reforçou.
Por Reinaldo Azevedo
Jornal espanhol diz que Chávez deixou hospital para passar momentos finais com a família
No Globo Online:
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, teria sido levado à residência presidencial na ilha La Orchila, com o objetivo passar a fase final de sua doença em um ambiente familiar, segundo informações do jornal espanhol “ABC”. A transferência teria sido feita na última sexta-feira, depois de os médicos terem avaliado negativamente o resultado de uma tomografia. De acordo com o exame, tumores no pulmão estariam se desenvolvendo rapidamente, afetando 35% do órgão esquerdo, informou o diário citando fontes próximas à equipe médica. O vice-presidente da Venezuela Nicolás Maduro, no entanto, não comentou os rumores e se limitou a dizer que o Chávez está lutando pela “sua saúde e sua vida” durante um congresso em Caracas nesta sexta-feira. Seguindo a mesma linha, o irmão do presidente, Adan Chávez, afirmou que ele “continua na luta, na batalha, temos certeza da vitória”.
De acordo com o “ABC”, a permanência no Hospital Militar, onde Chávez estaria sendo submetido a cuidados paliativos, foi considerada desnecessária. Optou-se por um lugar fora de Caracas, onde a família pudesse ficar ao lado do paciente e reagir em caso de qualquer eventualidade. Na Orchila, ilha a 160 quilômetros da capital da Venezuela, Chávez teria instalado em 2011 equipamentos de cuidados especiais e reformado a enfermaria da residência presidencial.
(…)
Por Reinaldo Azevedo
Balança comercial tem o pior fevereiro da história do país
Na VEJA.com:
A balança comercial brasileira registrou déficit de 1,276 bilhão de dólares em fevereiro, conforme informou nesta sexta-feira o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). As exportações, que somaram 15.551 bilhões de dólares no mês, ficaram abaixo das importações, de 16.827 bilhões de dólares, o que explica o saldo negativo – o maior para meses de fevereiro desde 1959, início da série histórica do Banco Central. Analistas esperavam um déficit de 500 milhões de dólares. Foi o segundo mês consecutivo de déficit comercial, ainda sob a influência do registro atrasado de aquisições de gasolina feita pela Petrobras no exterior em 2012, mas que estão sendo contabilizadas somente neste ano, elevando as importações. Em janeiro, o déficit havia ficado em 4 bilhões de dólares, também o pior resultado para o mês desde 1959.
Em fevereiro, o volume de exportações subiu 13,7% sobre o mesmo mês de 2012. Pela média diária, as vendas externas caíram quase 9% no mês passado sobre 2012. Os embarques para a China cresceram 2,3% pela média diária na comparação com fevereiro de 2012, enquanto que para os Estados Unidos caíram 25,4% e, para a União Europeia, 18,3%. Já as importações de fevereiro ficaram praticamente estáveis em relação a igual mês de 2012. Mas, pela média diária houve alta de quase 3% em fevereiro sobre janeiro. No mês passado, as importações de combustíveis e lubrificantes somaram 3 bilhões de dólares. Pela média diária, que somou 166,7 milhões de dólares, houve alta de 37,5% sobre um ano antes. Com isso, o ano acumula déficit comercial de 5,312 bilhões de dólares. No mesmo período do ano passado, o saldo estava positivo em 399 milhões de dólares.
A expectativa do governo é que os saldos deficitários na balança comercial sejam revertidos no segundo trimestre, com o início dos embarques da safra agrícola brasileira e com as exportações de minério de ferro com preços superiores aos praticados em 2012.
Por Reinaldo Azevedo
Aécio critica estagnação econômica e diz que País está ‘no rumo errado’
No Estadão:
O senador Aécio Neves (MG), provável candidato do PSDB à Presidência da República em 2014, criticou o resultado do Produto Interno Bruto (PIB), que ficou em 0,9% em 2012. Em nota, o tucano afirmou que o governo Dilma Rousseff poderia ter tomado medidas no ano passado para evitar a estagnação, mas escolheu o “irrealismo”. Em sua avaliação, o Brasil segue “no rumo errado”.
“Se o governo Dilma não optasse pelo irrealismo e pela auto enganação, o País talvez tivesse se livrado do mau resultado do PIB anunciado hoje pelo IBGE”, inicia a nota do senador. “Tivesse o governo do PT tomado melhor pé da situação já no decorrer de 2012, é possível que nossa economia não tivesse tido desempenho tão negativo quanto o crescimento de 0,9% conhecido nesta manhã. Tempo perdido não se recupera”, afirma.
O tucano aponta que o Brasil cresceu “muito menos que o resto do mundo”, que setores como a indústria “vão de mal a pior” e a expectativa para os próximos meses na área de investimentos “não é das melhores”. “São diagnósticos que vimos apresentando ao longo dos últimos meses, mas aos quais a gestão da presidente Dilma Rousseff contrapôs-se com previsões tão otimistas quanto irrealistas. O resultado oficial do IBGE mostra que estávamos certos, infelizmente”, acrescenta.
(…)
Por Reinaldo Azevedo
Mantega é uma piada!
A imprensa brasileira, com as exceções costumeiras, está virando o território da falta de memória. Há muitos fatores que concorrem pra isso. Um deles, sem dúvida, é a velocidade com que as informações — e desinformações — são produzidas e postas para circular. Fica difícil reter alguma coisa se as pessoas a tanto não se dispõem. Some-se a isso o fato de que o PT é mais do que um partido tentando implementar um programa de governo. O que era inicialmente um ajuntamento ideológico foi transformado em torcida. Por que eu sou corintiano? Sei lá! Porque meu pai era? Pode ser. Mas eu não tenho uma razão racional pra isso. E tendo a achar, claro!, que meu time é injustiçado pela conspiração dos não-corintianos, que o juiz não gosta muito da gente etc. Assim é o petismo, também o das redações sem memória: está sempre tentando a se defender dos “adversários”, e isso implica lidar mal com a verdade. O tema e amplo e fica para outros textos. Por que trago a questão agora? Porque esse PIB ridículo de 2012, de 0,9% tem história, tem um marco importante, que precisa ser lembrado.
Em junho do ano passado, o Credit Suisse — que já vinha desafiando a, como direi?, ciência de Guido Mantega, prevendo um PIB de apenas 2% — baixou a sua projeção para 1,5%. O ministro ficou furioso. É que a Mãe Dinah havia inaugurado aquele ano prevendo uma expansão da economia de 4,5%, depois dos magros 2,7% de 2011. Ali pelo início do segundo trimestre, ele decidiu baixar 0,5 ponto e se contentou com 4%. No fim de junho, já não era tão preciso a respeito, mas uma coisa o homem assegurava: seria superior a 2011 — logo, rondando a casa dos 3%.
Como o PT tem o “dom de iludir”, para lembrar a bela música em que Caetano Velosa responde à belíssima “Pra que mentir?”, de Noel Rosa e Vadico, a reação irada de Mantega ganhou mais visibilidade até do que a projeção do Credit Suisse. Cumpre lembrar as palavras do ministro, então, quando confrontado com aquela projeção:
“É uma piada. Vai ser muito mais que isso!”
Como vocês viram, foi quase a METADE DISSO.
Mantega estava num hotel, na Barra, no Rio, onde se encontrava a delegação brasileira que participava da “Rio + 20”. Fazia-se acompanhar de Fernando Pimentel, ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Este senhor, nessa pasta, ainda renderá a Dilma Rousseff um Prêmio Jabuti na categoria “Ficção”. Ele foi um pouco mais ameno do Mantega. Deitou sobre a projeção do Credit Suisse um olhar caridoso, de latino-americano safo e superior, que encara com piedade e bonomia tupiniquins a ignorância dos bárbaros:
“Acho que a visão que os europeus têm é necessariamente negativa por ser influenciada pelo clima por lá. A situação do mercado financeiro na Europa é muito ruim. Não acompanho esse pessimismo do Credit Suisse. Acho que nós vamos crescer mais que isso”.
Ministros de estado não têm, claro!, de ficar fazendo previsões pessimistas. Mas também podem evitar o ridículo. Das duas, uma: ou Mantega e Pimentel ignoravam de forma absoluta a realidade brasileira — e isso é preocupante porque enseja decisões erradas — ou atuaram de forma consciente para enganar as pessoas. O que é pior? A incompetência ou a mentira deliberada?
Mantega é uma piada!
Por Reinaldo Azevedo
“Oba, o Vanderlei chegou!” E a tromba do elefante de Maupassant
Vejam esta imagem.
É detalhe de uma foto publicada na edição da VEJA desta semana, datada de 2004. O rapaz à direita é o hoje deputado federal pelo PMDB Gabriel Chalita ainda antes da malhação. O da esquerda é Roberto Grobman. Os dois estão em Étretat, na França. O ex-amigo do peito de Chalita é agora o seu principal algoz. O depoimento que prestou ao Ministério Público é demolidor para o deputado. Candidato até havia pouco a um lugar no ministério de Dilma, homem do vice-presidente Michel Temer em São Paulo, considerado uma estrela ascendente da política, Chalita viu sua reputação desmoronar. Na quinta, informa VEJA desta semana, ele se reuniu com seus assessores e admitiu: “Eu estou acabado”. Leiam trechos da reportagem de Leonardo Coutinho. Volto depois.
(…)
Roberto Grobman, o ex-assessor, contou aos promotores que se aproximou de Chalita em 2004, quando ele era secretário da Educação de São Paulo. Fez isso por determinação do empresário Chaim Zaher, que era dono do Sistema COC de Ensino e teria interesse em conseguir contratos com o governo. Grobman diz que Zaher lhe pagava um salário para que ele atuasse na secretaria. “O Zaher queria ter uma pessoa dele lá dentro para que pudesse vender os seus produtos. Queria ser favorecido, obviamente.” Ficou, assim, estabelecida a bizarra situação em que Grobman, empregado pago por uma empresa privada, dava expediente numa secretaria de governo, com direito a cartão de visita timbrado e o título de “assessor de gabinete”.
Nessa condição, ele se tornou íntimo do então secretário, com quem viajou para diversos países (“O Chalita disse que gostou de mim e eu virei seu acompanhante de viagens”). Mas nem essa proximidade com o titular da pasta nem as supostas vantagens que o COC teria ofertado a Chalita — entre elas o pagamento de parte da reforma de um dos seus apartamentos, fato que Zaher nega — resultaram em algum negócio para o grupo. Diz Grobman: “O Chalita deixava o Zaher sempre no fim da fila. Dizia que tinha acordos mais importantes”.
Grobman permaneceu como assessor informal de Chalita por dois anos. Nesse período, disse ao Ministério Público, assistiu a reuniões em que ele combinava como seriam feitas as cobranças de propina a fornecedores da secretaria, como a Zinwell, uma empresa de origem chinesa contratada para fornecer por 5 milhões de reais 5000 antenas parabólicas para escolas. A “taxa”, de 25%, era entregue diretamente a Chalita em seu apartamento em Higienópolis. Segundo Grobman, o ex-secretário chamava o dinheiro de “Vanderlei”. “Quando tocava o interfone, ele gritava, eufórico: ‘Oba, chegou o Vanderlei!’. Só mais tarde descobri que Vanderlei não era uma pessoa. Como ele dizia que mandava a sua parte para uma conta bancária em Luxemburgo, fazia graça com o nome do técnico de futebol”, diz. Grobman contou ao MP que, por diversas vezes, viu Chalita distribuir o dinheiro que recebia. “Ele derramava as notas no chão do closet. Arrancava as tiras dos maços e jogava em cima dos assessores, imitando o Silvio Santos: ‘Quem quer dinheiro?!!’.”
(…)
Voltei
Leia a íntegra na edição impressa. Em nota, Chalita nega as acusações, diz ser vítima de uma disputa política e afirma que Grobman nunca foi seu assessor. Pois é… Conforme narra a reportagem de VEJA, o agora desafeto tinha e-mail funcional e cartão de visita — como assessor de gabinete de Chalita — e apareceu em prospectos da Unesco como representante da Secretaria da Educação em evento ocorrido na França, em 2004.
Foi lá que os dois, no intervalo dos extenuantes trabalhos, posaram para aquela foto, na belíssima praia de Étretat, na Normandia, com suas falésias que despencam no mar, celebrizadas em vários quadros de Claude Monet, como este abaixo, em que aparece a mais famosa delas, a Falaise d’Aval, que Maupassant associou a um elefante molhando a tromba no mar. Soubesse disso à época, Chalita teria escrito uns 37 livros só sobre a metáfora de Maupassant.
Que se apure tudo, até o fim.
Por Reinaldo Azevedo
Os cardeais se reúnem. E este é o meu candidato a papa!
Os cardeais realizam nesta segunda a primeira reunião com vistas ao conclave que vai escolher o novo papa da Igreja Católica. Em 2005 — basta recuperar o noticiário do período, disponível na Internet —, estava de tal sorte firmada a convicção, fora dos muros do Vaticano, de que um “progressista” deveria suceder João Paulo II que fiz uma aposta de primeira: será Joseph Ratzinger, odiado, então, por 10 entre 10 supostos defensores de reformas na Igreja Católica. Escrevo “supostos defensores” porque sempre me espanta a sem-cerimônia com que os “modernos” criam uma agenda para a Igreja e se indignam que ela a rejeite. Quando nos inteiramos da pauta, percebemos, então, que essas pessoas não querem uma Igreja afinada com os desafios do mundo contemporâneo, mas uma outra, que negue seus próprios fundamentos. É espantoso que isto deva ser lembrado, mas vamos lá: estamos falando de uma religião, à qual as pessoas aderem espontaneamente. A Igreja Católica não é resultado da vontade democrática de seus fiéis — menos ainda daqueles que a rejeitam como “Corpo Místico de Cristo”. Quando uma pessoa se torna católica ou decide se manter católica, adere a uma conjunto de valores aos quais, de resto, pode renunciar a qualquer tempo. Mas volto ao ponto: desta vez, o cenário me parece menos claro do que há oito anos. Falarei aqui do que acho que está mais perto de acontecer e do que eu gostaria que acontecesse.
É uma ilusão achar que Bento XVI está recluso, alheio aos assuntos da Igreja. Se fosse para não interferir na sucessão, ele teria aguardado, ainda que angustiado, a morte. Mas renunciou ao pontificado justamente para pode atuar por intermédio de cardeais que lhe são fiéis. Assim, parece-me que desponta com força a possibilidade de que o ungido venha a ser mesmo Angelo Scola, arcebispo de Milão. É o preferido do agora papa emérito e, de longe, o que reúne mais recursos intelectuais para a tarefa. Dele se diz que soma o rigor teológico de Bento XVI com o carisma de João Paulo II. Há certa demanda para que o Trono de Pedro volte a ser ocupado por um italiano.
Scola é próximo do movimento “Comunhão e Libertação”, que reúne religiosos e leigos. Alguns políticos ligados ao grupo andaram se envolvendo em escândalos na Itália, embora não se tenha evidenciado qualquer relação do movimento com os malfeitos. Mas bastou para criar teorias conspiratórias as mais disparatadas sobre uma espécie de “Igreja secreta” que existiria no subterrâneos do Vaticano. Já se disse, e se diz ainda, o mesmo do Opus Dei. A máquina de difamação tocada pelos ditos “progressistas” é sempre muito eficiente.
Se Scola for o escolhido, tem tudo para fazer um grande pontificado. Foi o criador da Fundação Osasis, cujo objetivo inicial era acompanhar a realidade das minorias cristãs nos países muçulmanos. O trabalho evoluiu para uma espécie de diálogo entre o Catolicismo e o Islã. Esse esforço de Scola empresta um lustro modernizante ao perfil de um cardeal considerado “conservador” — por “conservador”, deve-se entender alguém com clareza para defender os valores católicos.
Sim, parece-me que Scola é o favorito, acho que a Igreja estaria em boníssimas mãos, mas ele não é o “meu” candidato.
Dom Odilo Scherer
A exemplo de todos os católicos do Brasil, ficaria muito satisfeito se dom Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, fosse o escolhido. É um homem inteligente, capaz, sério e determinado. Tem a seu favor a juventude — apenas 63 anos, contra os 71 de Scola (João Paulo II foi eleito com 58) e o fato de ser um cardeal do país com o maior número de católicos no mundo — mais ou menos 140 milhões. Geografia, em matéria de Igreja Católica, não é necessariamente destino, mas é evidente que esse é um fator a ser considerado.
Um papa vindo do “Novo Mundo” e do continente que reúne hoje mais de 40% dos católicos pode significar um sopro de renovação numa Igreja que foi, sim, seriamente abalada por escândalos, protagonizados — refiro-me, no caso, aos financeiros — por uma estrutura encastelada no Vaticano e que tem de ser desalojada. No caso de dom Odilo, essa “renovação” poderia se dar sem prejuízo do rigor teológico. Já demonstrou, à frente da Arquidiocese de São Paulo, que não tem receio de enfrentar as questões propostas pelo mundo contemporâneo — sem, no entanto, abrir mão dos fundamentos da Igreja.
Os católicos do mundo inteiro estariam sob um comando seguro. Sua eventual escolha significaria, ainda, um alento para milhões de católicos no Brasil, que veem, com alguma frequência, a sua igreja trilhar caminhos bastante tortos. Tenho enorme respeito por Dom Odilo e ficarei muito feliz se for ele o escolhido.
Peter Turkson
Se cardeal fosse, meu voto, no entanto, iria para o ganês Peter Turkison, o presidente do Pontifício Conselho Justiça e Paz. Não, senhores! Não estou em busca de um “papa negro”, que isso interessa mais ao marketing do que à Verdade. Mas acredito que seria, sim, uma grande notícia para o catolicismo. Santo Agostinho (354-430), um dos maiores teólogos da Igreja, nasceu em Tagaste (hoje Souk-Ahras) e se celebrizou como bispo de Hipona (atual Annaba) — viveu apenas cinco anos na Itália. As duas cidades ficam na Argélia. Há documentos do ano 180 que indicam a presença já então antiga do cristianismo no norte do continente. O primeiro bispo a falar de uma Igreja comandada por uma colegialidade (esta mesma que vai se reunir para escolher o novo papa) — respeitando-se a autoridade do papa — foi Cipriano, depois mártir e santo, quando bispo de Cartago (região que hoje pertence à Tunísia). O Norte da África assistiu ao florescimento de uma intensa vida cristã até o século VI. Tanto é assim que a Igreja já teve três papas africanos — nunca um negro: Vítor I (189 a 199), Melquíades (311 a 314) e Gelásio I (492 a 496).
Agostinho e Cipriano também não eram negros. A cor da pele de Turkison não me interessa. Não estou entre aqueles que cultivam racismo às avessas. Eu estou interessado, como católico — sim, sou católico! —, numa escolha que possa fortalecer a Igreja. Ocorre de Turkison ser negro — fosse branco, reunindo as mesmas características que me são relevantes, estaria igualmente torcendo por ele.
Em primeiro lugar, pesquisem a respeito, ele reúne, sim, condições intelectuais para ser o Sumo Pontífice. Tem uma sólida formação teológica e trânsito na Cúria Romana. Mas há muito mais do que isso. Eu o quero papa não apenas porque a África é o continente em que o catolicismo mais se expande hoje em dia, mas também por isso. Gostaria de vê-lo papa porque é naquele continente que os católicos — e os cristãos de modo geral — enfrentam hoje os maiores desafios. Milhares de pessoas são assassinadas todos os anos, especialmente em confrontos com milícias islâmicas, porque se converteram ao cristianismo. Só em Darfur, no Sudão, mais de 400 mil foram esmagados nos últimos anos. Diante do silêncio mais ou menos cúmplice do mundo.
Turkson, cuja mãe é metodista, está ligado ao trabalho social da Igreja, o que é bom, e é firme em matéria de doutrina. O catolicismo enfrenta na África desafios muito parecidos com os dos cristãos dos primeiros dias. Querem um exemplo? Se o aborto, no chamado “mundo moderno”, integra a pauta dos supostos “direitos na mulher”, na maioria dos países africanos, proteger a grávida da interrupção forçada da gravidez (contra a sua vontade) significa, muitas vezes, salvar-lhe a vida. Se estamos acostumados a reivindicações que cobram que a Igreja reconheça formas diferenciadas de família — que não aquela constituída por mulher, homem e filhos —, no continente africano, a expansão da orgnização amiliar cristã impede que milhões de crianças e mulheres sejam relegadas ao abandono. A visão de mundo considerada, em suma, “reacionária” por grupos militantes das democracias ocidentais é, muitas vezes, a diferença entre a vida e a morte na África negra. Turkson conhece, como ninguém, os males do demônio do relativismo.
Com esse perfil, é claro que ele já entrou no radar das máquinas de desqualificação. É considerado pouco aberto aos muçulmanos — ainda voltarei a esse aspecto — e já foi acusado de ter associado os casos de pedofilia da Igreja à homossexualidade. Bem, mais do que ninguém, ele conhece a forma como se dá a expansão do Islã na África negra: na base de milícias armadas e de ações terroristas. É seu dever denunciá-las.
Acho que Peter Turkson pode, em certa medida, fazer pelas populações da África o que João Paulo II fez pelos povos que viviam sob o jugo comunista: ao fortalecer a mensagem cristã, levar um sopro de esperança a milhões de homens e mulheres submetidos a ditaduras sanguinárias e a milícias homicidas. Não são poucos, entre nós, os que decretam a obsolescência e desnecessidade da Igreja num mundo cujos valores essenciais foram preservados e cultivados pela… Igreja!!! Milhões de pessoas, no entanto, mundo afora, pagam com a própria vida o preço da conversão àqueles valores que nos fizeram livres até mesmo para não crer.
Por Reinaldo Azevedo