Agora a questão subiu de patamar: petistas estão tramando uma “guerra racial” na boca da urna....

Publicado em 15/01/2014 20:46 e atualizado em 18/03/2014 13:56
por Reinado Azevedo, de veja.com.br

Agora a questão subiu de patamar: petistas estão tramando uma “guerra racial” na boca da urna. E o tal “racismo natural contra os brancos”!

Luíza Bairros: ela atribuiu a um senador da República o que ele não disse…

A irresponsabilidade de alguns petistas graúdos nessa questão dos rolezinhos impressiona. São capazes de tudo. A presidente Dilma precisa decidir se vai permitir que subordinados seus brinquem com fogo. Mais: ela terá de deixar claro em que medida está de acordo com a irresponsabilidade ou a estimula.

O prefeito Fernando Haddad — que não é subordinado da presidente, mas é uma estrela do partido — cometeu a insanidade de pedir a seu secretário da Igualdade Racial que convocasse os “líderes” dos rolezinhos, como se houvesse, nesse caso, uma representação formal. Poderia ter pedido tal coisa ao secretário de Segurança, ao de Assistência Social, a algum outro… Mas não! Quis dar à coisa um apelo racial.

Agora, à Folha, a ministra da Igualdade Racial, Luiza Bairros, ultrapassa em muito a linha da responsabilidade. Segundo ela, a reação dos shoppings aos rolezinhos é coisa de brancos inconformados com a presença de negros naqueles ambientes. É MENTIRA, MINISTRA! Quem representa os “brancos” inconformados? Onde estão seus porta-vozes? Boa parte, talvez mais das metade, dos participantes dessas manifestações são… brancos!

À Folha, esta senhora afirmou:
“De um lado está a percepção de grande parcela da juventude de que não tem direito a todos os espaços da cidade. Através dessa manifestação, eles reivindicam participação e presença nesses lugares, que foram reservados a pessoas de mais alta renda, majoritariamente branca.
A manifestação dos jovens revela, por outro lado, aquilo que eles leram muito bem: existe uma parcela da sociedade que não quer a presença deles em determinados lugares. Então você vê manifestação de discriminação racial muito explícita em relação a esses movimentos.
Em muitos sentidos, a liminar que proíbe a entrada dos jovens nos shoppings, ou pelo menos dá o direito de selecionarem quem entra ou não, é uma situação racista. A liminar consagra um processo de segregação racial do espaço, o que esses jovens conseguiram perceber muito nitidamente.”

Trata-se de um discurso asqueroso e falso. Quando e em que lugar um negro, ou negros, ainda que em grupos, foi impedido de circular livremente nos shoppings e de usufruir de seus serviços? Quantas notificações ou casos existem no seu ministério a respeito, minha senhora? Quantos são os inquéritos? Cadê as ocorrências?

A fala da ministra é, além de irresponsável, oportunista. Bairros tem de dizer se concorda com os rolezinhos e se acha que eles são procedimentos seguros, inclusive para aqueles que deles participam. Ultrapassada a linha da prudência e da responsabilidade, aí tudo é possível. A ministra ataca também a PM:
“A PM, infelizmente, ao cumprir decisão judicial, de certa forma recebe respaldo para fazer algo que já fazia e faz cotidianamente. Que é criar um perfil de criminoso associado à pessoa negra, e mais particularmente ao jovem negro.”

A repórter da Folha Andréia Sadi retira do contexto uma observação do ministro Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) no Twitter, dirige duas perguntas à ministra, e se tem, então, um momento de notável mistificação. Reproduzo:
O senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) chamou os jovens dos “rolezinhos” de “cavalões”. Há o que temer nas manifestações?
Eu acho que haverá o que temer se as pessoas, e determinados parlamentares, continuarem a dar declarações que confirmam a desumanização das pessoas negras. Esse tipo de resposta pode acirrar, entende? Existe uma postura e uma intenção absolutamente pacífica nessas movimentações. Os problemas que têm havido são derivados da reação das pessoas brancas que se assustam com essa presença [dos jovens nos shoppings].
O senador relatou ter levado os netos ao Shopping Morumbi e escreveu no Twitter: “Imagino como eu e demais avós reagiríamos caso um bando de cavalões cismassem de dar um rolê por lá”. O que a senhora tem a dizer?
O racismo desumaniza a pessoa negra. Ele não vê um ser humano, vê um animal potencialmente perigoso. Mas acho que você tem que reforçar o seguinte: conversei com a secretária de Justiça de São Paulo e ela me assegurou que a disposição do governador é fazer com que a atuação da policia seja a mais correta possível e qualquer abuso seja repudiado. Acho que esse é o tom que temos que dar a esse fenômeno.

Retomo
Com o devido respeito à ministra, sua fala é de uma vigarice intelectual como raramente se viu. Começo com a repórter Andreia Sadi. Não sei a sua origem. No interior de São Paulo, de onde vem Aloysio, e de onde venho também, “cavalão” não é ofensivo, não, Andréia! “Cavalão” é sinônimo de rapaz saudável, forte, corpulento. Aliás, procure aí no Houaiss, oferecido pelo UOL, e você vai encontrar essa acepção. Sim, “cavalão” também pode ser “indivíduo rude e grosseiro”, segundo o dicionário. Em São Paulo, nunca! Também se diz da moça muito forte, saudável, ser “uma cavalona”, feminino no aumentativo impossível, segundo a norma culta . Note, diligente Andréia, que, se a intenção fosse associar as pessoas aos animais propriamente, não se diria da jovem ser uma “cavalona”, mas uma “eguona”. Quando se diz de um homem ser “um touro”, não se está a dizer que ele tem chifres, mas que é muito forte. Dica, Andréia: se você for um dia  a Dois Córregos e, numa roda de truco, um jogador chamar o outro de “lazarento!”, é grande a chance de ser um elogio. Sinônimo: sagaz, inteligente, ousado — em suma, uma “lazarento!” Como explicar? Bem, primeiro é preciso entender.

As respostas da ministra são intelectualmente delinquentes, ao acusar o senador de estar associando “negros” a animais. Ele deveria acionar a senhora ministra na Justiça por calúnia. Ou, então, cobrar que ela se desculpe.

Não é a primeira vez que ministros dessa pasta dizem barbaridades. Numa entrevista à BBC, Matilde Ribeiro, uma antecessora sua, meteu os pés pelas mãos:
BBC Brasil – No Brasil tem racismo também de negro contra branco, como nos Estados Unidos?
Matilde Ribeiro – Eu acho natural que tenha. Mas não é na mesma dimensão que nos Estados Unidos. Não é racismo quando um negro se insurge contra um branco. Racismo é quando uma maioria econômica, política ou numérica coíbe ou veta direitos de outros. A reação de um negro de não querer conviver com um branco, ou não gostar de um branco, eu acho uma reação natural, embora eu não esteja incitando isso. Não acho que seja uma coisa boa. Mas é natural que aconteça, porque quem foi açoitado a vida inteira não tem obrigação de gostar de quem o açoitou”.

Em 2011, a própria Luíza Bairros já via fantasmas: “Isso [ocupação de espaço pelos negros] provoca reação. Para muitas pessoas, parece perda de espaço. Isso demonstra como ser branco, na sociedade brasileira, implica determinados privilégios em detrimento dos direitos dos negros em geral”.

Chegou a hora de cobrar responsabilidade. Da presidente Dilma! E da imprensa!

*
PS: Eu havia atribuído, numa versão anterior deste texto, à atual ministra a fala de Matilde Ribeiro, uma antecessora sua na pasta. Faço a correção e me desculpo com os leitores. Luíza Bairros não falou aquelas besteiras. Falou outras.

Por Reinaldo Azevedo

 

Haddad politiza os “rolezinhos”, empresta-lhes caráter racial, decide negociar com os organizadores e, para não variar, apaga incêndio com gasolina. Tomara que São Paulo sobreviva à sua passagem

Haddad. Pobre São Paulo! Este Jânio Quadros da esquerda engomada teve mais uma ideia…

A impopularidade está levando o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), a uma escalada de desatinos, ainda que conte com o apoio entusiasmado de setores importantes da imprensa. Na terça, veio à luz o programa “Bolsa Crack”. Nesta quinta, ficamos sabendo que este gigante decidiu negociar com… organizadores de rolezinhos! Assim, o que tinha tudo para ser uma onda, dessas que passam — até porque os amigos e familiares dos “rolezeiros” também frequentam shoppings —, ganha um ar de coisa politicamente grave, séria.

Parece que tentar conduzir Haddad à razão não é nem fácil nem difícil; é apenas inútil.

Vamos ver. O homem decidiu elevar o IPTU de São Paulo a alturas escorchantes e não quis negociar com ninguém. Nem com os vereadores de sua própria base. A coisa acabou na Justiça. Decidiu espalhar faixas de ônibus cidade afora, onde eram e onde não eram necessárias, e também achou que não tinha de conversar. Sua reputação, hoje, na cidade, não é das melhores.

Aí ele teve uma ideia luminosa: por que não conversar com os líderes dos rolezinhos? E o prefeito escalou, então, o secretário da Igualdade Racial, Netinho de Paula, para procurar os chamados “líderes” desses eventos. Um encontro deve acontecer na Prefeitura. O conjunto da obra é de uma impressionante irresponsabilidade. Ao escalar justamente o Secretário da Igualdade Racial, Haddad está a sugerir que a cor da pele é um componente importante da questão, o que é absolutamente falso. Essa já é uma perigosa politização do caso.

Netinho diz que o prefeito vai conversar também com os shoppings para que os jovens possam frequentá-los normalmente. Ora, boa parte desses estabelecimentos, não custa notar, fica em áreas periféricas da cidade. Não se tem notícia de que pessoas tenham sido impedidas de neles entrar em razão da cor da pele, da origem social, da orientação sexual ou de qualquer outra coisa. Netinho também teve a sua ideia luminosa. Afirmou que os rolezinhos poderiam acontecer nos estacionamentos… Imaginem vocês… Centenas ou milhares de pessoas promovendo seus eventos em meio a automóveis. Seria um bom caminho para espantar os consumidores.

Grupos de esquerda, movimentos sociais, autoridades e, infelizmente, jornalistas, como alertei aqui na segunda, contribuíram para emprestar um sotaque político ao que não passava de uma brincadeira meio irresponsável de adolescentes. Em junho, os “black blocs” foram tratados por alguns bocós como “excelências”. Agora, ora vejam!, Haddad transforma organizadores de rolezinhos em vozes autorizadas, com as quais se deve negociar. Um dos rapazes confessou o que queria: apenas beijar algumas meninas na boca.

O prefeito vai demonstrando, assim, que, em São Paulo, para ser ouvido ou ter uma reivindicação atendida, basta transgredir a lei ou se impor pela violência. Se quebrar e incendiar ônibus, o reajuste da passagem é suspenso. Se erguer uma favela no meio da rua, ganha casa, salário e comida. Se promover desordem num shopping, é chamado a negociar como se fosse uma autoridade.

Não será fácil, no futuro, administrar essa herança maldita do Jânio Quadros da esquerda engomada.

Por Reinaldo Azevedo

 

Em primeira reunião do ano, Copom eleva Selic em 0,5 ponto percentual, para 10,50%

Por Talita Fernandes, na VEJA.com:
 

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) aumentou em 0,5 ponto porcentual, para 10,5% ao ano, a taxa básica de juros (Selic) nesta quarta-feira, em decisão unânime, sem viés — ou seja, a decisão é válida até o próximo encontro, em fevereiro de 2014. Trata-se da sétima elevação consecutiva do juro básico da economia desde o início do ano passado. A trajetória de alta teve início em abril, quando a autoridade monetária subiu a Selic de 7,25% (mínima histórica) para 7,5%. As previsões sobre a decisão desta quarta dividiram analistas, que também apostavam em elevação de 0,25 ponto porcentual, aguardando uma redução no ritmo de alta. Trata-se da maior taxa de juros desde janeiro de 2012. Votaram por essa decisão o presidente do BC, Alexandre Tombini, e os diretores Aldo Luiz Mendes, Altamir Lopes, Anthero de Moraes Meirelles, Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo, Luiz Awazu Pereira da Silva, Luiz Edson Feltrim e Sidnei Corrêa Marques. Assim como no encontro do Comitê em dezembro, o comunicado divulgado junto com a nova taxa não deu qualquer sinalização sobre as razões que nortearam a decisão. Houve apenas uma pequena mudança: o documento informa que o BC optou pela elevação da taxa “neste momento”.

Para a analista da Tendências Consultoria Alessandra Ribeiro, a manutenção do ritmo de aperto monetário — de 0,5 ponto percentual — foi motivada pelo cenário inflacionário e pelo câmbio. “A trajetória do câmbio continua uma grande incógnita. Ela segue pressionada, e os riscos são de uma depreciação maior do real. Além disso, pesa a inflação, cuja piora vista em 2013 já refletiu na mudança de expectativa do Focus”, afirma.

Na última sexta-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que a inflação oficial encerrou o ano passado com alta de 5,91%. O dado veio acima da expectativa do mercado, de 5,74%, e da meta informal do BC, que vinha prometendo que o indicador ficaria abaixo do visto em 2012, de 5,84%. A divulgação do dado de 2013 já pesou na estimativa dos analistas para o IPCA este ano: que passou de 5,97% para 6%. Embora alguns analistas esperassem uma diminuição do ritmo de alta da Selic na primeira reunião do ano, Alessandra acredita que a autoridade monetária deixou o tema “no ar” em seus últimos comunicados ao mercado, como ata do Copom e Relatório de Inflação. “Não houve, de fato, um comprometimento de redução do ritmo. O BC só abriu espaço para isso”.

A estratégia da autoridade monetária, segundo analistas, é deixar o caminho aberto para novas subidas, como forma de tentar conter o ímpeto inflacionário. Contudo, apenas a ação do BC não se mostra suficiente, diante da ineficácia das inúmeras medidas anti-inflacionárias adotadas pelo governo ao longo de 2013, como a redução da conta de luz e os tímidos reajustes nos preços dos combustíveis. No lado fiscal, nenhum ajuste relevante foi implementado como forma de reduzir o consumo do governo. Alessandra acredita que, ainda que os efeitos do aperto monetário de 2013 impactem a economia em 2014, devido à ação retardada da alta dos juros sob a inflação, o IPCA não deverá ceder. “A política monetária age com uma defasagem mesmo. É esperada alguma desaceleração dos preços livres para este ano. Mesmo assim, estimamos IPCA em 6% para 2014″, afirma.

Paulo Gala, estrategista da Fator Corretora, acredita que a opção por alta de 0,5 ponto percentual tenha acontecido em um cenário de credibilidade abalada do BC, depois que a meta prometida pelo presidente da autoridade monetária, Alexandre Tombini, não foi alcançada. Tombini disse várias vezes ao mercado que entregaria no ano passado uma inflação menor do que apurada em 2012 (5,84%). “O cenário realmente justificaria qualquer um dos movimentos”, comenta. Os sinais de arrefecimento da atividade econômica nos últimos trimestres do ano passado, para ele, poderiam justificar um aperto menor, de 0,25 ponto percentual.

Juros baixos não vingaram
O governo Dilma terminou seu terceiro ano com um gosto amargo no que se refere à política monetária. Depois de “tratorar” o BC para forçar a redução dos juros ao patamar de 7,25% em 2012 — e também induzir os bancos privados e estatais a reduzir suas taxas, usando como veículo o Banco do Brasil —, a presidente terminou 2013 com um verdadeiro choque de realidade. Juros baixos são resultado de política monetária consistente, com inflação no centro da meta, estabilidade cambial e contas públicas ‘saudáveis’, sem maquiagens. Hoje, não há vestígio de nenhum desses pilares.

O ajuste fiscal — uma das ferramentas mais eficazes (e impopulares) de conter o avanço inflacionário, já que resulta em cortes de despesas do governo — está fora da cartilha do ministro da Fazenda, sobretudo porque pode resultar em desaceleração da economia num período em que o crescimento está distante do esplendor. Tal alternativa se torna ainda menos factível às vésperas do pleito eleitoral.

Por Reinaldo Azevedo

 

A manobra de Toffoli para instituir a “PEC 37″ nas eleições

Por Laryssa Borges, na VEJA.com:
No ano passado, quando os protestos que tomaram as ruas do país ampliaram a lista de reivindicações para além do reajuste das tarifas de transporte público, o Brasil descobriu a PEC 37. A sigla denominava uma Proposta de Emenda Constitucional em aprovação no Congresso destinada a impedir que o Ministério Público conduzisse investigações criminais, prerrogativa que passaria a ser exclusiva da polícia. Promotores e procuradores reagiram e batizaram a proposta de “PEC da Impunidade”. Diante da pressão popular contra a corrupção e a morosidade do Congresso, o movimento contra a PEC 37 ganhou adesão de quem saiu às ruas para protestar. Resultado: acuados, os deputados enterraram a proposta.

No apagar das luzes de 2013, quando a onda de manifestações era passado, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) resolveu impor um outro tipo de mordaça no Ministério Público, desta vez em âmbito eleitoral. Pelas mãos do ministro José Antonio Dias Toffoli, ex-advogado do PT e a quem caberá a tarefa de conduzir o tribunal durante as eleições, foi aprovada a resolução 23.396/13. A nova regra estabelece que, com exceção dos casos de flagrante delito, o “inquérito policial eleitoral somente será instaurado mediante determinação da Justiça Eleitoral”. Ou seja: para investigar um caso, o Ministério Público precisará de autorização prévia do juiz eleitoral.

Embora o mentor da resolução tenha sido Toffoli, os demais ministros do tribunal avalizaram a medida – o único voto contrário foi o de Marco Aurélio Mello. Nos bastidores do TSE, a avaliação de advogados e procuradores é que a matéria foi aprovada de forma açodada. Durante a sessão, somente os ministro Henrique Neves e Laurita Vaz se manifestaram – e de forma breve e lacônica. “O que se pretende é concentrar no juiz eleitoral toda e qualquer investigação para que não se façam investigações que eventualmente podem vir à tona ou não”, disse Henrique Neves.

Segundo um ministro da Corte, o tema será rediscutido em fevereiro – esse tipo de resolução pode ser modificada na volta do recesso. Não é possível afirmar se o tribunal irá recuar da medida. Mas é possível afirmar que Toffoli colocou o tribunal em situação delicada. Em ano eleitoral, é fato que o número de investigações contra candidatos desagrada a classe política. Em alguns casos, essas investigações se transformaram em processos – o país tem hoje, por exemplo, doze governadores na berlinda.

Ofensiva
Entre integrantes do Ministério Público, a sensação é de que começou a ganhar corpo mais uma tentativa de tolher a atuação de promotores e procuradores, desta vez no campo eleitoral – como em casos de compra de votos ou uso da máquina. A Constituição estabelece como função institucional do Ministério Público “requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais”. Não há exceção na Constituição quando o crime é eleitoral.

“É uma nova tentativa de barrar o Ministério Público, desta vez em investigações eleitorais. É um retrocesso para a história e um estímulo a crimes como corrupção eleitoral e uso indevido da máquina”, diz a 1ª vice-presidente da Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (Conamp), Norma Cavalcanti. “Essa resolução é um prato cheio para a criminalidade, é absurda, opaca e exótica, é de um casuísmo tamanho que não sabemos a que interesses servem.”

Na avaliação do juiz Marlon Reis, do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, ao impor um juiz eleitoral como “intermediário” entre o Ministério Público e a investigação de um candidato, a resolução abre espaço para que as investigações travem nas mãos da Justiça, tornando mais demorada a punição efetiva do candidato irregular. “Fica mais burocrático e demorado o processo de abertura de inquérito porque a resolução submete a abertura de inquérito ao crivo do Poder Judiciário”, afirma. “Essa medida vai na contramão do que exigiu a sociedade, que tomou as ruas e protestou contra a PEC 37.”

Poder de polícia
Nas discussões sobre a redação que seria dada à resolução que trata dos crimes eleitorais, a Polícia Federal também pediu para ter a prerrogativa de abrir inquérito sem a necessidade prévia de requisição ao Ministério Público ou à Justiça Eleitoral. Na redação final votada no plenário do TSE, porém, Toffoli não atendeu ao pleito dos policiais.

“No entendimento da ADPF, ter que esperar pela autorização de um Juiz competente esvaziará o princípio da oportunidade na coleta de provas, além de contrariar a celeridade processual, tão caro nas apurações eleitorais, podendo redundar em impunidade”, afirmou, em nota, Marcos Leôncio Ribeiro, presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal.

Nesta terça-feira, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, prometeu ir ao Supremo Tribunal Federal (STF) caso o TSE não recue da resolução. O ministro Marco Aurélio fez coro à PGR e pediu que o tribunal reconsidere a medida para evitar “um desgaste maior”, algo que, a julgar pelos últimos passos, não parece preocupar o futuro presidente da Corte eleitoral.

Por Reinaldo Azevedo

 

Bahia: no estado brasileiro em que mais se mata, Força Nacional de Segurança cuida de… pelada!

Eis aí: Força Nacional de Segurança vigia os peladeiros de Buerarema (Folhapress)

No início deste mês, informa Severino Mota na Folha, os moradores da cidade de Buerarema, a 450 km de Salvador, decidiram organizar uma pelada, com o apoio da Prefeitura. Sob a proteção, acreditem, da Força de Segurança Nacional.

É isto mesmo: a tropa de elite federal fez a segurança de uma pelada. Na cidadezinha de 18 mil habitantes, há um efetivo da força em razão de conflitos entre índios tupinambás e fazendeiros. O Ministério da Justiça disse o óbvio: trata-se de um emprego irregular da tropa.

Lá vou eu. Segundo o Anuário de Segurança Pública com dados de 2012, a Bahia se tornou um dos estados mais inseguros do Brasil. A gestão do petista Jaques Wagner, em seu segundo mandato, é um desastre na área.

A Bahia tem a quarta maior taxa de homicídios do país por 100 mil habitantes: 40,7. Só perde para Alagoas, Pará e Ceará. Em 2012, com pouco mais de 15 milhões de habitantes, foi o estado com o maior número, em termos absolutos, de pessoas assassinadas: 5.764. Para vocês terem uma ideia, ganhou de São Paulo, onde há quase 42 milhões de habitantes.

Apesar desses dados escandalosos, é o segundo estado com o menor número de bandidos encarcerados. Só ganha do Maranhão de Roseana Sarney. Na Bahia, há apenas 134,6 presos por 100 mil habitantes acima de 18 anos. Para comparar de novo: em São Paulo, são 633,1.

Assim, prende-se pouco na Bahia e mata-se muito. Mesmo com esse quadro de descalabro, a Força Nacional de Segurança deslocou homens para vigiar uma pelada de futebol.

Como a gente pode ver, a violência absurda no estado não acontece por acaso. No século 17, o grande poeta baiano Gregório de Matos, numa crítica severa aos poderosos, mandou ver sobre a então “cidade da Bahia”.

Que falta nesta cidade?… Verdade.
Que mais por sua desonra?… Honra.
Falta mais que se lhe ponha?… Vergonha.

O demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta,
Numa cidade onde falta
Verdade, honra, vergonha.

Por Reinaldo Azevedo

 

Governo petista do Acre agora quer impedir a imigração de haitianos. Em 2012, alunos foram obrigados a elogiá-la na autoritária e esquerdopata redação do Enem

Haitianos em Brasiléia, no Acre: governo federal incentivou a imigração

O governo do Acre, liderado pelo petista Tião Viana, onde Marina Silva também é poder, agora quer que o governo federal feche as passagens da fronteira do estado com o Peru. Por quê? Para conter a invasão de haitianos. É mesmo, é? Antes de entrar no mérito da questão, vamos recorrer a um pouco à memória.

Lembram-se do tema da redação do Enem de 2012, que esculhambei aqui? Recupero o caso. Os estudantes, coitados!, foram obrigados a desenvolver o seguinte tema: “O movimento imigratório para o Brasil no século XXI”. Ainda que houvesse efetivamente um fenômeno dessa natureza, cumpria lembrar que estávamos apenas nos 12o ano do século 21! “Século”, em ciências humanas, não é só uma referência temporal. É também um tempo histórico.

Ao estudante, foram apresentados três textos de referência. Um deles tratava da imigração para o Brasil no século 19 e começo do século 20 e de sua importância na formação do país. Um segundo abordava a chegada dos haitianos ao Acre, e um terceiro tratava dos bolivianos clandestinos que trabalham em oficinas de costura em São Paulo. Tentava-se induzir os alunos a relacionar estas duas ocorrências recentes — a chegada de haitianos e de bolivianos — aos fluxos migratórios do passado, quando houve um claro incentivo oficial à entrada de imigrantes. Os fatos de agora não guardam qualquer relação de forma ou conteúdo com o que se viu no passado. Mas e daí? O Enem não está interessado em rigor intelectual — e bem poucos alunos do ensino médio teriam, com efeito, crítica suficiente para estabelecer as devidas diferenças.

Na formulação da proposta, pede-se que o aluno trate do tema “formulando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos”. Assim, exige-se do pobre que, além de defender e sustentar com argumentos uma tese estúpida, ainda se comporte como um verdadeiro formulador de políticas públicas ou, sei lá, um especialista em populações. Muito bem: digamos que um estudante seja contrário a que se concedam vistos a pessoas que cheguem clandestinas ao Brasil e que tenha defendido, na redação, seu repatriamento. Esse aluno hipotético estaria apenas cobrando respeito à lei — pela qual deve zelar o Poder Público — o mesmo Poder Púbico que realiza a prova.

Digam-me cá: a repatriação de clandestinos era uma “intervenção aceitável” para o Enem, ou o estudante estava obrigado a concordar com o examinador? A gente conhece a resposta. A repatriação, no caso, seguindo os passos das leis democraticamente instituídas no Brasil, caracteriza um atentado aos direitos humanos? Se o governo federal não sabe o que fazer com os haitianos e não consegue impedir a exploração da mão de obra barata dos bolivianos, por que alunos do ensino médio são obrigados a apresentar uma proposta?

Noto que a imigração ilegal divide opiniões no mundo inteiro e que é um absurdo, uma arrogância inaceitável, que se possa, depois de inventar uma tese, estabelecer qual é a opinião correta que se deve ter a respeito, exigindo ainda que os estudantes proponham “intervenções”, porém vigiados pelo “Tribunal dos Direitos Humanos”. Aí o bobinho esperneia: “Mas defender os direitos humanos não é uma coisa boa em si?”. Claro que é! Assim como ser favorável ao Bem, ao Belo e ao Justo. A questão é saber que tribunal decide quando “os direitos humanos” estão ou não a ser respeitados. Eu, por exemplo, considero que seguir leis democraticamente instituídas ou referendadas, segundo os fundamentos da dignidade humana (a integridade física e moral), é uma expressão eloquente dos… direitos humanos!

De tal sorte a petezada estava convicta de que o certo era permitir a entrada de quantos haitianos chegassem que a questão foi parar até na prova do Enem. Pois é…

E agora?
No Estadão Online, informa Itaan Arruda (em vermelho):
O Governo do Acre vai propor ao Governo Federal que a fronteira com o Peru seja fechada para o trânsito de haitianos. Há duas possibilidades de fechamento da fronteira: entre Assis Brasil (Acre) e Iñapari ou no Peru/Equador (entrada dos imigrantes na América do Sul). A alegação do secretário de Estado de Justiça e Direitos Humanos do Acre, Nilson Moruão, é que a atual situação é “insustentável” e que a “administração do caos chegou ao limite”. Nas duas possibilidades, são exigidas soluções diplomáticas. Atualmente, 1,2 mil haitianos estão abrigados em um alojamento onde cabem, no máximo, 300 pessoas. “Em nome da dignidade dessas pessoas, é preciso que nós tomemos uma atitude urgente”, adverte o secretário. “Da forma como está, aquilo ali é uma tragédia anunciada”.
O secretário de Justiça já informou ao governador do Acre, Tião Viana (PT), sobre a situação e sugeriu o fechamento da fronteira como medida emergencial. Ainda não se sabe exatamente quando o Governo do Acre formalizará o pedido. Desde 2010, a cidade de Brasileia recebe haitianos que chegam ao País pelo Acre utilizando a Carretera Interoceânica. Há três anos o fluxo de imigrantes no mês de janeiro aumenta com a expectativa de que as empresas brasileiras reativem contratos nessa época do ano. De um fluxo de 30 a 40 em meses como setembro ou outubro, o número aumenta para 70 ou 80 haitianos por dia. “Quando as empresas contratam, eles chegam e vão”, diz Mourão. “Mas, se não contratam, eles chegam e ficam”. A situação piora a cada dia. “Se um colchão daqueles pegar fogo, vai ser uma tragédia”, preocupa-se o secretário. “O Governo do Acre sempre tratou essas pessoas com dignidade, mas a administração do caos chegou ao limite”.

(…)

Retomo
E agora? O que fazer com aquele discurso “progressista” das fronteiras abertas, do “pode ir chegando que a gente vai concedendo visto”? Será que os petistas do Acre decidiram se comportar como os duros do Tea Party, nos EUA, que veem com maus olhos a imigração ilegal? Ou como a direita europeia, que reivindica medidas para coibi-la? Será, pergunte-se de passagem, que tais forças políticas são apenas malvadas?

Cada um sabe onde lhe aperta o sapato, não é mesmo? O governo federal, na prática, por declarações e omissões, acabou incentivando a entrada de haitianos ilegais. Agora, não sabe mais o que fazer. Até porque eles não desembarcam diretamente no Brasil: têm escolhido o Peru e também a Bolívia. Só depois eles se instalam no Acre. Ora, dado o recado de que a entrada e a permanência no Brasil estão asseguradas, acontece o quê? O óbvio! Mais haitianos chegarão.

Quando escrevi meu post a respeito, em 2013, fui tachado, claro, de “autoritário e reacionário”. Os “progressistas”, essa gente boa, defendem as fronteiras abertas, como a casa da mãe joana. No Brasil, nos EUA ou na Europa, certo? Eu só alertava para o fato de que o governo brasileiro estava incentivando, na prática, a vinda de haitianos e que a coisa caminharia para o colapso.

Aconteceu!
Leio agora as palavras do representantes do governo do Acre. Aconteceu! É evidente que o pedido de ajuda tem de ser encaminhado ao governo federal porque os estados não têm como tomar medidas a respeito.

Há três meses, escreviaqui:
“Tome-se um outro tema espinhoso, como o da migração. A resposta obviamente simpática, “humanista”, é a de que ela contribui para o desenvolvimento e a cultura. Perguntem, no entanto, aos moradores de Brasiléia, no Acre, que sofre uma verdadeira invasão de haitianos em situação ilegal, para ver qual é a opinião. Aposto que a esmagadora maioria dirá que “pobres que migram acabam criando problemas para as cidades”. Isso nada tem a ver com xenofobia, racismo ou discriminação de qualquer natureza. Trata-se apenas de um fato.
Chama-se, muitas vezes, de “pensamento de direita” ou “pensamento conservador” o que é nada além de bom senso. Nesse sentido, ideologia, esta sim, é a engenharia social a que se dedicam as esquerdas, ao tentar impor um ponto de vista ancorado em convicções e crenças que insistem em desafiar a realidade.

Encerro
Afirmei, mais de uma vez, que o governo federal não poderia seguir recebendo indefinidamente haitianos — ou quaisquer outros — que entravam ilegalmente no país. Sabem como é… Lá veio a desqualificação: “Reacionário!”.

Noto que, neste janeiro de 2014, “reacionário”, então, é o governo petista do Acre, né? Como o Tea Party ou a direita europeia…

Texto publicado originalmente às 3h20

Por Reinaldo Azevedo

 

Será que Dirceu deixa a cana ainda neste ano?

Dirceu ao se entregar: à Polícia Federal cheio de “moral revolucionária”…

Será que José Dirceu pode mesmo deixar a cadeia depois de 10 meses, ainda neste ano, conforme reportagem da Folha? Poder, vá lá, até pode, mas não sei se vai. Depende de algumas coisas.

A pena original do chefe do mensalão é de 10 anos e 10 meses. Acontece que a condenação por formação de quadrilha ainda depende do julgamento dos embargos infringentes. A sua pena hoje, já com trânsito em julgado, por corrupção ativa, é de 7 anos e 11 meses. Caso ele venha a ser absolvido do crime de quadrilha, poderá passar para o regime aberto — aquele em que o condenado tem apenas de dormir na casa do albergado. Como faltam albergues no país, os juízes costumam autorizar o cumprimento em casa — na prática, é prisão nenhuma.

Dirceu está condenado hoje a 95 meses de prisão. Pode pedir a progressão do regime depois de cumprir um sexto — no caso,  um ano e quatro meses. Se lhe for concedida autorização para trabalhar, poderá reduzir a pena. Feitas as contas de todos os benefícios, há, sim, uma possibilidade de ele deixar o regime fechado depois de 10 meses de cadeia apenas.

Por quê? Quem trabalha desconta um dia de pena a cada três trabalhados. O mesmo vale para quem estuda. A leitura de livros também vira benefício: quatro dias podem ser descontados a cada mês se o preso ler um livro e apresentar uma resenha. Essa pena tão curta, portanto, depende de ele cumprir algumas tarefas. Considere-se que a autorização para deixar a cadeia para trabalhar não é automática. Depende da avaliação da Justiça.

Mas atenção! Caso o STF rejeite os embargos infringentes no seu caso, aí estará criada uma questão: a sua pena volta a ser de 10 anos e 10 meses. Acima de oito, o regime é necessariamente fechado. Como será feita a conta dos meses cumpridos em regime semiaberto?

Assim, que fique claro: a possibilidade de Dirceu deixar o Presídio da Papuda ainda neste ano depende da sua dedicação ao estudo e ao trabalho e de ser absolvido pelo STF do crime de quadrilha. Em suma, a coisa depende menos do esforço em favor de si mesmo do que do esforço de alguns ministros do tribunal em favor do mensaleiro.

Por Reinaldo Azevedo

 

“Stendhal” quer saber por que a imprensa é tão simpática à cultura das drogas

Ele era Jimi Hendrix por causa das drogas ou apesar delas?

Um leitor que se identifica como Henri-Marie Beyle — é claro que ele está brincando, né?, porque esse era o nome verdadeiro do grande Stendhal! — envia uma pergunta: “Reinaldo, por que a imprensa brasileira é tão condescendente com programas que, em vez de combater a dependência química, a reforçam? De onde vem isso?”

Xiii, meu caro Stendhal!!! A resposta não é simples. Não se esgota em um post. Não se esgota em milhares.

Na base dessa convicção estúpida, está a maconha, que ganhou o estatuto, e não só no Brasil, de uma categoria de pensamento. A repressão ao consumo dessa droga é confundida com o cerceamento, acredite!, da liberdade de expressão. Por quê? Parcela considerável dos, vá lá, contestadores do establishment nos anos 1960 e 1970 — especialmente na Europa e nos EUA — consumiam maconha; a erva era tida como expressão de rebeldia, da luta “contra o sistema”. Diga-me, meu caro Stendhal: há coisa mais patética do que maconheiro velho posando de rebelde em pleno 2014? Contra quê? Contra quem?

Como já escrevi aqui há muito tempo, e Ferreira Gullar voltou a lembrar em artigo recente na Folha, a geração que tomava a maconha como símbolo da liberdade está no poder no Brasil e no mundo. Para muitos, reprimir o seu consumo parece corresponder à morte de um sonho. Não é o caso de Dilma, por exemplo. A droga que ela consumia era outra; suas alucinações eram de outra natureza, como sabemos bem. Ela não consumia mato seco, mas Carlos Lamarca; não pensava na sociedade sem estado, mas na ditadura comunista. De todo modo, pertence, a exemplo de FHC, àquela geração que queria mudar o mundo — no caso dos comunistas, para muito pior. Mas a versão que passou para a história foi outra. Não quero perder o fio. Retomo.

Os apologistas da maconha, ainda que por razões sentimentais, não têm como argumentar logicamente que essa droga deva ser descriminada ou legalizada sem que o mesmo aconteça com as demais. Até porque o principal argumento — de que a proibição só alimenta o poder do narcotráfico — só para de pé se todas as substâncias hoje consideradas ilegais forem liberadas. Todo mundo sabe que a maconha está longe de ser a principal fonte de renda dos carteis internacionais de droga. Ainda é a cocaína.

Assim, o primeiro pilar em que se sustenta a cultura da droga é a suposta defesa da liberdade individual.

Já escrevi aqui que acho esse discurso sedutor e que tenderia até a aderir a ele não fosse o fato de que as consequências do consumo da droga recaem sobre o conjunto da sociedade. Não por acaso, os mesmos que advogam a descriminação dessas substâncias não tardaram a aderir à “medicalização” do discurso, fazendo uma curiosa fusão de leituras do mundo que, em si, são contraditórias.

Se a droga deve ser vista como matéria de liberdade individual, de escolha, então a dependência — em qualquer grau — tem de ser encarada como consequência dessa opção, certo? Mas quê… A um só tempo, os partidários da descriminação gritam “liberdade para consumir!” e “tratamento público e gratuito para os dependentes”. A cidade de São Paulo, como se sabe, acaba de dar um passo rumo ao abismo: passou a financiar com dinheiro público o consumo de crack. Ainda que se tente dourar a “pedra”, a consequência é essa.

A cultura da droga tem, então, na ‘medicalização” do discurso o seu segundo pilar, que convive, num milagre da engenharia argumentativa, harmoniosamente com o outro, o da liberdade individual. Ora, ora, pressuposto do exercício da liberdade é que o indivíduo arque com as consequências de suas escolhas, certo? Não no caso das drogas.

E há um terceiro pilar, talvez o mais deletério deles porque não pode ser submetido a nenhuma forma de abordagem racional. Consolidou-se o mito estúpido, especialmente dos anos 1960 para cá — quando setores importantes da academia e da imprensa resolveram marginalizar a alta cultura em favor da rebeldia pop —, de que as drogas são uma espécie de portal para áreas mais profundas da consciência, de onde se poderiam extrair verdades, que de outro modo, não viriam à tona; onde aconteceriam, sei lá, sinapses que não se realizariam sem o concurso daquelas substâncias.

Combater, então, o consumo de drogas — ou tentar impedi-lo — seria como vetar o acesso a uma intimidade de verdades recônditas; seria como censurar o “eu profundo” que habitaria cada um de nós. Pior: no universo da cultura pop, a droga é considerada a causa da “genialidade” dos artistas. Ora, uma abordagem racional, objetiva, técnica indicaria, citarei alguns, que Janis Joplin, Jimi Hendrix, Jim Morrison ou Kurt Cobain “aconteceram” APESAR DAS DROGAS, JAMAIS POR CAUSA DELAS.

Não é esse, no entanto, o saber firmado inclusive em setores da imprensa que escrevem a respeito. Há uma deletéria e maléfica glorificação, ainda que sub-reptícia e um tanto oblíqua, do vício. A droga se torna, assim, uma espécie de valor simbólico, que seduz adolescentes e jovens, levando-os muitas vezes a crer — por mais que tentem sofisticar o discurso — que, se consumirem as mesmas porcarias que aqueles consumiam, conseguirão, senão a mesma projeção, ao menos a mesma, vá lá, “profundidade’. Ora, é evidente que as drogas não fizeram com que as pessoas acima citadas se tornassem o que se tornaram na cultura pop. As drogas as mataram — de vício ou bala.

E a imprensa? Seu papel é mesmo vigiar o poder, contestá-lo, apontar ineficiências e desmandos. Tomar, no entanto, a ilegalidade das drogas como expressão de uma vontade autoritária do “poder” é uma simplificação estúpida. Programas como o de Fernando Haddad — ainda que essencialmente irracionais e contraproducentes, porque resultará numa elevação do consumo de drogas — são bem-recebidos pelos jornalistas, independentemente de seus méritos, porque lhes parece que o estado teria, finalmente, decidido se reconciliar com a sociedade, numa abordagem supostamente “humana” da questão. Afinal, ele concilia o exercício do suposto “direito” de consumir (nota: não existe esse “direito”) com a devida assistência.

Mais: na prática, a Prefeitura descrimina o consumo das substâncias ilícitas e “abre os braços” para os dependentes, o que reforça aqueles três pilares sobre os quais se assenta a cultura da droga: a liberdade, a assistência e a nova sensibilidade.

Por Reinaldo Azevedo

 

Fernando Haddad e o “Bolsa Crack”: de “Braços Abertos” para o vício e o tráfico, agora estatizados

Roberto Porto: erros novos e nenhum acerto antigo

A Prefeitura de São Paulo acaba de criar o programa “Bolsa Crack”. Passou a pagar R$450, inicialmente, para um grupo de 300 dependentes. Não há condicionalidade nenhuma. Nada lhes está sendo cobrado. Eram os moradores da favelinha criada no meio da rua na gestão Fernando Haddad. Para que saíssem de lá, a administração decidiu oferecer compensações: além do dinheiro, moradia gratuita em hotéis e três refeições por dia. Há só uma pequena exigência: que trabalhem, sabe-se lá como e em quê, quatro horas por dia. Terão ainda a chance de duas horas diárias de curso de requalificação — mas essa parte é volitiva. Podem recusar. O mais grave de tudo: não são obrigados a se tratar. Corolário: ser viciado e montar uma favela no passeio público é caminho para obter compensações que os simplesmente pobres não teriam: é preciso ser viciado. Em qualquer país do mundo, um programa assim seria um escândalo. Por aqui, é aplaudido pelos apologistas da cultura da droga. Os prazeres malditos são de quem consome. A conta vai para quem trabalha, para quem produz. Haddad condenou para sempre o Centro da cidade. O programa, de resto, vem acompanhado de um discurso extremamente arrogante.

Ontem, ouvi na Jovem Pan a entrevista de Roberto Porto, o promotor de Justiça que foi feito secretario de Segurança do município, uma pasta criada por Haddad. Como ele é definido em alguns perfis, é um homem refinado, amante dos bons vinhos. Bom pra ele. Os moradores do Centro já não têm liberdade para tomar uma coca-cola no boteco. Já o doutor, ao fim de cada jornada, pode tentar identificar o apelo de cereja num bom merlot, a memória da amora naquele syrah especial, o pronunciado sabor de ameixa do malbec… Não é um desses “progressistas” sem lustro e sem lastro, entendem? É amigo de alguns poderosos da imprensa e sabe usar o telefone.

Porto é chegado à prática de demonizar os que vieram antes dele para tentar exaltar os próprios feitos — muito especial. Tem dito por aí que o programa da Prefeitura é supimpa porque vai fixar os viciados no Centro de São Paulo; segundo disse, eles não vão se espalhar por aí. Mais do que isso: afirmou que um viciado pode fumar, o que é verdade, 30, 40 pedras de crack por dia. Se, com o programa, chamado “Braços Abertos”, passar a fumar 15 ou 20, então a ação da Prefeitura já se justifica. Ele acha que isso é “redução de danos”. Aguardo o momento em que, seguindo essa linha, Dráuzio Varela venha a público para recomendar que o viciado fume um pouco menos de cigaros para… reduzir danos! 

Pergunto:
a: dada a natureza do programa, por que o dependente passaria a consumir 15 ou 20 em vez das 30 ou 40? Este “reegenheiro” da alma humana e da dependência resolveu dar mais dinheiro a viciados em crack, não lhes impondo tratamento nenhum, na esperança de que passem a consumir menos, é isso?

b: então o secretário confessa que o Centro de São Paulo passou a ser, agora no papel, agora oficialmente, área privada de consumidores — e, pois, de traficantes —, que ficarão concentrados por ali mesmo, “sem se espalhar”? Segundo ele disse, a Prefeitura não quer incidir em erros cometidos antes. Claro que não! Só os erros novos, mas sem nenhum dos acertos do passado.

c: se viciados passaram a ter direitos especiais, não concedidos a nenhum outro grupo socialmente vulnerável, como se diz por aí, doutor Porto deveria expilicar por que, então, a cidade de São Paulo não se tornará um polo de atração de dependentes.

Mas quê… O homem é influente, sabem? É um dos queridinhos do jornalismo politicamente correto e de outro nem sempre correto factualmente, mas sempre muito convicto.

No caso de setores importantes da imprensa, o escândalo, digamos, técnico está em outro lugar, está em não evidenciar o óbvio. Só na Cracolândia da região central de São Paulo, há cerca de 2 mil usuários — não estou contando os barracos e barracas que se espalham cidade afora, na linha “vale tudo” (só não vale tratar os dependentes). O tal programa “Braços Abertos” atende a 300 dependentes, só aqueles que criaram a favelinha.

E o doutor Porto está convicto de que ruins eram aqueles que vieram antes deles.

Por Reinaldo Azevedo

 

Os detalhes macabros da Bolsa Crack do PT. Ou: Em SP e no Brasil, ser viciado é moralmente superior a ser pobre. Ou: Haddad consolida parte de sua herança maldita: o Centro foi entregue para sempre a viciados e traficantes

Haddad: ele entregou para sempre o Centro de SP ao consumo e ao tráfico de drogas

As palavras são fortes, sim, mas, infelizmente, as coisas precisam ser classificadas segundo aquilo que são. A Prefeitura de São Paulo deu início a um programa que me parece moral, filosófica e tecnicamente criminoso de suposto combate ao crack. Por que “suposto”? De fato, a gestão do petista Fernando Haddad deu início, nesta terça, ao financiamento público do consumo de crack. Agora é para valer: está criada a “Bolsa Crack”. E, como sempre, os que trabalham, os que levam uma “vida careta”, passarão a financiar o consumo dos viciados, que não terão nem mesmo de se submeter a tratamento para receber salário, comida e moradia gratuitas. A cidade de São Paulo se torna, assim, o paraíso dos traficantes e continuará a ser o inferno dos dependentes — mas, agora, em fase de estatização. É isto: a sede estatizante do PT chegou ao crack. O presidente do Uruguai, José Mujica, é um doidivanas, mas é intelectualmente mais honesto.

A primeira grande impostura
Vamos ver o que a Prefeitura decidiu fazer e analisar as medidas no detalhe. O Jornal Nacional levou ao ar nesta terça uma reportagem bastante favorável ao programa da Prefeitura. Faz sentido. A emissora está ligada a grupos e entidades que defendem a descriminação das drogas e se opõem à internação de viciados. Já escrevi posts a respeito. Ok. As pessoas e as emissoras são livres pra ter as suas crenças.

Mas não estão livres dos fatos. O texto do Jornal Nacional começou assim:
“A cidade de São Paulo começou, nesta terça-feira (14), mais uma tentativa de combater o consumo de crack. Dependentes químicos vão ganhar hospedagem, alimentação e emprego.
Os barracos de madeira e lona na região da Cracolândia começaram a ser desmontados durante a tarde. Uma nova tentativa de acabar com a Cracolândia, que concentra dependentes de crack no centro da cidade. A partir de agora, 300 vão receber ajuda desse novo programa.”

Epa! Se o objetivo, como se anuncia acima, é “acabar com a Cracolândia”, então é preciso apontar a primeira impostura: o público volante da região é de… DUAS MIL PESSOAS, NÃO DE 300. Se o programa, então, pretende extinguir a Cracolândia oferecendo emprego, comida e moradia a 300 viciados, cumpre perguntar o que pretende fazer com os outros… 1.700! Uma coisa, pois, é a convicção, a escolha ideológica ou sei lá como chamar. E outra pode ser a verdade. Assim, a primeira grande mentira do programa está no seu alcance. Vai atingir apenas 15% dos frequentadores da área.

E que publico é esse?

A segunda grande impostura
Justamente aquele que passou a construir barracos em pleno logradouro público, no chamado quadrilátero da Luz, nas ruas Helvétia e Dino Bueno e Alameda Cleveland. O leitor de outras cidades e estados talvez não saiba. Com a chegada do PT ao poder na cidade e a determinação da Prefeitura de não mais “reprimir” o consumo de drogas, os viciados voltaram a ocupar hotéis caindo aos pedaços, casas abandonadas, praças e calçadas. E deram início à construção de uma “favela do crack” nas ruas, como se pode ver na foto abaixo.

O programa que agora tem início, pois, busca atender apenas esses viciados. Assim, está para ser provada a tese do Jornal Nacional de que se trata de, como é mesmo?, “uma nova tentativa de acabar com a Cracolândia”. Não! A Prefeitura está tentando é acabar — e ela logo vai voltar, já digo por quê — com a favela do crack que surgiu logo nos primeiros meses da gestão Fernando Haddad.

Não há programa nenhum para as centenas de pessoas que se concentram na praça Sagrado Coração de Jesus. Aliás, até a Guarda Municipal saiu de lá. Agora, aquela praça é dos viciados e traficantes como o céu é do condor.

Ao Jornal Nacional, José de Filippi Junior, secretário municipal de Saúde, afirmou, num tom quase carnavalesco: “O tratamento é pra que essa pessoa reconstrua sua vida. Reconstrua a vida dela e possa ver que ela pode ser feliz. Que possa buscar no trabalho, no emprego, a reestruturação dos amigos, da família e a saúde. Acho que é um passo importante pra isso, buscar o seu bem-estar integral”. É preciso ter estômago forte. De que TRATAMENTO este senhor está falando? 

 A terceira grande impostura
E como é que se decidiu pôr fim à favela? Ora, premiando com emprego, salário, comida e moradia gratuitas aqueles que decidiram criá-la. Eles foram cadastrados e “convencidos” a deixar os seus barracos. Em troca, terão de trabalhar apenas quatro horas por dia na conservação de logradouros públicos, além de dedicar duas horas  a cursos de qualificação. Mas essa segunda parte não é obrigatória. Receberão, a cada dia, R$ 15 — ao fim do mês, note-se, o benefício será maior do que a maioria do que paga, per capita, o Bolsa Família: como sábados e domingos são remunerados, serão R$ 450 mensais. Ser viciado, em São Paulo e no Brasil, é moralmente superior a ser apenas pobre. Entenderam?

A coisa não para por aí. Os viciados do Bolsa Crack de Fernando Haddad terão vantagens que os beneficiários do Bolsa Família não têm: vão morar de graça em hotéis do Centro especialmente preparados para isso, e terão direito a três refeições por dia. A forma de pagamento é a “semanada”: a cada semana, o dinheiro será depositado numa conta, a ser movimentada com um cartão.

Ao todo, o beneficiário terá de dedicar apenas quatro horas do seu dia ao “programa” — que poderão ser seis caso faça o curso. Se começar, sei lá, às 9h, já estará livre às 15h. Pra quê? É uma boa pergunta. Ora, se os que decidiram criar a “favela do crack” receberam como recompensa emprego, salário, casa e comida, o que impede outros de recorrerem aos mesmos métodos para ter benefícios idênticos? Cada um deles custará R$ 1.086 à Prefeitura. O programa do governo do Estado paga, sim, para os que participam do programa Recomeço. Mas eles são obrigados a se tratar, e o pagamento é feito à comunidade terapêutica, não ao viciado.

A quarta grande impostura
O aspecto mais deletério — e eticamente asqueroso — do programa de Haddad é que os viciados não serão obrigados a se tratar. No Jornal Nacional, Luciana Temer, secretária de Assistência Social, dizia orgulhosa: “Foi absolutamente voluntário. Quem quer participar, quem não quer participar. É um grande desafio, mas é um caminho que estamos buscando”.

Isso tudo é música — macabra! — para os ouvidos do que chamo de “militantes da cultura da droga”. No Brasil e em várias partes do mundo, considera-se, no fim das contas, que consumir tais substâncias é uma questão de escolha e de direito individual. Posso até flertar com essa ideia; aceito discuti-la. O que me pergunto, então, é por que a sociedade tem de arcar com as consequências e com os custos quando, digamos, algo dá errado?

Se estamos tratando de uma escolha individual, que cada um faça a sua! Mas não pode morar no logradouro público. Não pode receber um salário por isso. Não pode comer de graça por isso. Não pode morar de graça por isso. Se, no entanto, o estado tiver de arcar com as consequências, então ele tem o direito de fazer exigências.

A quinta grande impostura
Pesquisem, conversem com especialistas. Crack não é maconha. Crack não é cocaína. Crack não é, se quiserem, cigarro, analgésico ou diazepínico, para citar drogas legais. A possibilidade de um viciado deixar a droga sem ajuda médica — e o concurso de alguns fármacos — é praticamente nula. Mais: não existe uma forma, digamos, minimamente digna de conviver com o consumo da pedra. Ela rouba a vontade, os valores, a ética, a moral, tudo.

Tenho lido bastante a respeito. Estudos empíricos, especialmente ligados à área da psicologia comportamental, indicam que a remuneração — em dinheiro mesmo — pode ter um papel importante no tratamento de um viciado. Mas atenção! Para que a tática funcione, são necessárias precondições que absolutamente não estão dadas no caso.

Terapeutas e psiquiatras têm obtido respostas positivas quando passam a remunerar viciados em troca da abstinência. Trabalha-se com a ideia da recompensa — a punição, no caso, é só a cessação do benefício. A cada vez que cumpre etapas de uma sequência de desafios — que incluirão, no seu devido tempo, a abstinência —, é remunerado por isso. Se falha, então não recebe. Mas atenção! Isso se faz em situações de absoluto controle. É preciso que o paciente seja rigorosamente acompanhado. Para começo de conversa, ele tem de estar ancorado numa estrutura familiar ou similar — uma comunidade terapêutica, por exemplo. Não pode respirar um ambiente em que a droga é dominante.

O programa de Haddad fornecerá a dependentes químicos que já romperam laços familiares e de amizade fora do mundo das drogas conforto, comida e dinheiro SEM EXIGIR DELES NADA EM TROCA. De resto, os consumidores da Cracolândia têm renda. Fazem bicos, trabalham como catadores, praticam pequenos furtos… Há pessoas que chegam a consumir mais de R$ 50 por dia em pedras. O dinheiro que Haddad vai lhes fornecer, assim, atuará como uma renda suplementar. Não há um só especialista em dependência química com um mínimo de seriedade que possa endossar isso.

A sexta grande impostura
Atentem agora para uma questão de lógica elementar. Se o programa não exige que o beneficiário faça tratamento contra dependência química, pouco importa, pois, para a Prefeitura se ele consome crack ou não, certo? Está, no fim das contas, ganhando salário, moradia e comida porque resolveu criar uma favela no logradouro público.

Estão dadas as condições para que os chamados movimentos de sem-teto comecem a reconstruir a favela dentro de alguns dias — sejam viciados ou não. Ora, se Haddad oferece benefícios sem nenhuma condicionalidade, por que não atender, então, eventuais pessoas que, não tendo teto, também não consumam drogas? O prefeito não seria perverso a ponto de exigir que as pessoas se tornem viciadas para poder receber o agrado, certo?

A sétima grande impostura
Na campanha eleitoral, o então candidato do PT prometeu um programa de fôlego contra o crack, em parceria com a presidente Dilma Rousseff. Agora vemos o que o homem tinha em mente. Não se enganem: essa história do tratamento volitivo, do “procura ajuda quem quer”, é, no fim das contas, economia de dinheiro. É EVIDENTE QUE É MUITO MAIS BARATO FINANCIAR O VÍCIO DO QUE FINANCIAR A CURA, COMO TENTA FAZER O GOVERNO DO ESTADO. 

Os vigaristas intelectuais no Brasil chamam a essa porcaria de “política de redução de danos”. Pesquisem. A redução de danos — embora eu não a aprove — é outra coisa. O programa da Prefeitura de São Paulo é só uma forma de financiar os viciados para poder desmontar uma favela que já havia se tornado símbolo da gestão Haddad. E que tende a voltar.

Concluindo
No projeto original, não sei se a medida será implementada, os dependentes também teriam direito a… andar de graça nos ônibus — não estou brincando. Vai ver é uma forma de tentar espalhar os viciados cidade afora, sei lá… Já houve quem sugerisse que eles tivessem prioridade em programas de moradia. A cultura de glorificação das drogas é capaz das piores bizarrices.

Não há prazo para os beneficiários deixarem os hotéis. Isso quer dizer o óbvio: não sairão nunca mais. Um tipo de programa como esse, uma vez criado, fica para sempre. E a demanda só irá aumentar. A tendência é que viciados de várias outras partes do estado e do Brasil procurem a cidade de São Paulo. A lógica é econômica. O Centro de São Paulo está para sempre condenado. Esqueçam qualquer processo de revitalização. Nunca mais acontecerá. O PT entregou, para sempre, uma área da cidade ao consumo e, por óbvio, ao tráfico de drogas.

Com um ano de gestão, Haddad já consolidou parte de sua herança maldita. Aguardem: ele ainda tem muitas outras ideias na cabeça.

Por Reinaldo Azevedo

 

Jeito Marina de fazer política pode tirar de Campos o seu ÚNICO aliado até agora…

O PPS é um pequeno partido, mas tem peso moral na política brasileira. Para Eduardo Campos, governador de Pernambuco e provável candidato do PSB à Presidência, tem especial valor porque, até agora, é o único aliado conquistado. Hoje ao menos, fica difícil enxergar algum outro.

Pois bem, o jeito Marina Silva de fazer política pode levar Campos a perder esse aliado único. A seção paulista do PPS, que foi decisiva para que o partido escolhesse Campos — parte considerável defendia o apoio ao tucano Aécio Neves —, quer rever a decisão caso o PSB resolva mesmo romper a aliança com os tucanos em São Paulo, conforme exige a chefe da Rede.  Um líder que não consegue um único aliado, parece-me, define o alcance da própria candidatura.

Engraçada essa Marina Silva. No seu Acre natal, ela não vê necessidade nenhuma de construir uma alternativa. Há 15 anos está aboletada no poder no Estado, junto com os irmãos Viana. Por lá, ela está com o PT e fim de papo. Considerando o seu peso nacional e internacional — na imprensa ao menos —, deveria botar pra quebrar e mostrar como é essa tal “nova política”.

No Acre,  ela se contenta com a velha mesmo. E, reitero, não é assim tão popular. Na eleição presidencial de 2010, Serra conquistou 52,13% dos votos no Estado; em segundo lugar, Dilma ficou com 23,92%; em terceiro, Marina obteve apenas 23,45%.

Não sei, não… É justo ter a impressão de que a ex-senadora prefere um Campos realmente isolado. Quem sabe ele desista. Isso talvez explique a relutância da Rede em declará-la, desde já, candidata a vice na chapa.

Por Reinaldo Azevedo

 

PPS quer rever apoio a Campos caso ele ceda à exigência de Marina e rompa aliança com o PSDB em SP

Por Silvia Amorim, no Globo:
O PPS ameaça rever o apoio anunciado ao pré-candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos, se o PSB romper a aliança que tem em São Paulo com o PSDB do governador Geraldo Alckmin. A parceria com Campos havia sido aprovada em dezembro no congresso nacional do PPS, e a ala paulista do partido teve peso decisivo na decisão sobre a aliança com o governador de Pernambuco. Agora, diante da pressão vinda de Marina Silva e seus aliados para que o PSB rompa a aliança com o PSDB em São Paulo e lance candidatura própria à sucessão estadual, o presidente do PPS paulista, David Zaia, disse nesta terça-feira que a decisão de apoiar o governador pernambucano terá de ser reavaliada se o rompimento entre PSB e PSDB for confirmado.

Ele disse que uma das questões conversadas com Campos, antes do anúncio do apoio à candidatura dele, foi a aliança existente entre PPS, PSDB e PSB em São Paulo. “Nós aprovamos um apoio com base em um cenário de aliança em São Paulo. Se isso mudar, nós temos que reanalisar”, afirmou Zaia, que é secretário no governo Alckmin.

Para o presidente nacional do PPS, Roberto Freire, não é hora para exigências, mas ele considerou natural que o assunto seja rediscutido se a maioria do partido assim decidir. “ É natural que cada um tenha a sua opinião dentro do partido. Se houver a necessidade, vamos reavaliar. Qual o problema nisso? Agora, isso não pode ser colocado como uma exigência. Nós temos que ter em mente que o principal objetivo é construir essa alternativa com Eduardo Campos”, afirmou Freire, que torce para que o pernambucano tenha o palanque de Alckmin no estado.

Assim como o PPS, o PSB também tem espaço no primeiro escalão da gestão tucana. Freire classificou como “praticamente impossível” uma saída do PPS da aliança eleitoral de Alckmin, e defendeu a permanência do PSB nesse bloco como a melhor opção para o próprio Eduardo Campos em São Paulo. “ O melhor para a candidatura Eduardo Campos é estar junto ao bloco político liderado pelo PSDB, e não partir para uma candidatura própria apenas simbólica”, avaliou Freire.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

PT está rindo, e não é à toa, com a atuação de Marina Silva, hoje sua aliada objetiva. Ou: Cavalgando pterodáctilos, como em Avatar

Quem está rindo, e não à-toa, com o veto, caso se consume mesmo, de Marina Silva à aliança do PSB com o PSDB em São Paulo é o PT. É o chamado riso com causa.

A decisão é boa para todos os adversários dos tucanos no Estado, a começar do petista Alexandre Padilha. Mas também estão contentes o peemedebista Paulo Skaf, que aparece em segundo lugar nas pesquisas de intenção de votos, e Gilberto Kassab, do PSD, que vai mesmo se candidatar.

Qualquer dos três que esteja no segundo turno — a história autoriza a apostar que, muito provavelmente, será Padilha — contará com o apoio dos outros dois. A prioridade do petismo, neste ano, é tirar o governo de São Paulo das mãos do PSDB.

O PT está contente também por outro motivo. Ainda que a eventual candidatura de Marina a vice na chapa de Eduardo Campos leve votos para a legenda, é evidente que o melhor para ele seria um palanque forte em São Paulo, o que não terá, qualquer que seja o candidato que o apoie no estado — um nome do próprio PSB ou da Rede.

Se Campos desistir mesmo da aliança com os tucanos no Estado — consta que a decisão já teria sido tomada —, parece-me que a reputação do governador sai um tantinho arranhada. Acordos que já estavam num estágio bastante avançado vão sendo rompidos por exigência de Marina. Isso vai criando a imagem de um político inconfiável.

Feita a apuração, o pleito da Rede para se tornar partido volta a ser analisado pelo TSE. Deve acontecer ali pelo começo de 2015. Aí Marina seguirá a sua saga, que tem um objetivo principal, único na verdade: eleger-se presidente da República. Vamos ver em que condições ficará o PSB depois disso.

Tudo somado e subtraído, a entrada da Rede no PSB, pelo tempo que durar, fez um bem imenso a… Marina Silva. E só a ela! Depois de sua chegada, Campos conseguiu o apoio apenas do PPS — e, ainda assim, não é unânime. Nem poderia ser diferente. Ela rejeitaria a aliança com qualquer outro partido — sabem como é… Falta às demais legendas a “pureza” que ela jura ter. Se um dia se eleger presidente da República, talvez governe com o apoio dos seres elementais, né?, como aquela esquisita que cavalga bichos parecidos com pterodáctilos, no filme Avatar…

Ah, sim: a ordem no petismo é parar de bater em Marina. Avalia-se que isso só serve para fortalecê-la. Faz sentido. De resto, uma aliada informal como essa não se acha a toda hora…

Por Reinaldo Azevedo

 

Um direito, para ser humano, tem de ser de alguma “minoria” influente entre esquerdopatas. Gente pobre que trabalha que se dane! Ou: O outro crime cometido no Maranhão!

Quem é este segurando, com esse ar de prazer, uma bala de borracha?

Vocês o conhecem. Já chego lá.

Um estrangeiro ou um marciano que visitassem o Brasil e decidissem se inteirar dos números da nossa economia certamente esperariam ver uma nação grata ao agronegócio, quase reverente, reconhecendo que, afinal, o setor livra o país do buraco. Em vez disso, os agricultores brasileiros têm de enfrentar a difamação promovida por setores do governo e da imprensa, pelo MST, por ONGs que se apresentam como porta-vozes de índios e quilombolas e até por atores da Globo e alguns comediantes, que não resistem à tentação de pôr a sua ignorância engajada a serviço da desinformação. Recentemente, o ataque mais boçal à produção agrícola brasileira e ao homem do campo partiu de uma autoridade do governo. Refiro-me ao senhor Paulo Maldos, velho conhecido deste blog, que é secretário de Articulação Social da Secretaria-Geral da Presidência — braço-direito de Gilberto Carvalho. É aquele que aparece ali no alto. Já chego ao caso. Antes, é preciso lembrar alguns números para que se possa fazer um debate instruído.

Em 2013, a balança comercial brasileira teve o seu pior desempenho em 13 anos, com um saldo positivo de, atenção!, apenas US$ 2,5 bilhões. E, na verdade, ele é falso. Tem mandracaria aí, uma das muitas artimanhas da contabilidade criativa. O país registrou como entrada US$ 7,7 bilhões por conta da (falsa) exportação de sete plataformas de petróleo que, na verdade, não saíram de Banânia: foram fabricadas aqui, compradas por empresas como a Petrobras no exterior e alugadas para operar no Brasil. Entenderam? Sem o truque, a balança teria fechado no vermelho: US$ 5,2 bilhões.

E o agronegócio com isso? Pois é. Leiam post na home. No ano passado, o superávit comercial do setor foi de US$ 82,91 bilhões. Só para vocês terem uma ideia: o país exportou em 2013 US$ 242,17 bilhões — US$ 99,97 bilhões desse total — 41,28% — pertencem ao agronegócio. Em contrapartida, importou modestos US$ 17,06 bilhões — apenas 7,11% de um total de US$ 239,61 bilhões. Vejam que coisa: os brasileiros gastaram só em viagens no exterior, no ano passado, US$ 23,125 bilhões — 35,6% mais do que tudo o que importou o setor que livra o país do buraco.

Aplausos? Reconhecimento? Reverência? Que nada! O agronegócio brasileiro — na verdade, os produtores rurais de maneira geral — é tratado a tapas e pontapés. E, claro!, no grupo dos detratores que vai lá no primeiro parágrafo, é preciso incluir certo ambientalismo doidivanas. Um setor da economia opera com eficiência máxima para, na prática, financiar a farra daqueles que o difamam. Ou haveria o circo se começasse a faltar pão — inclusive sobre a mesa dos brasileiros? Porque é preciso deixar claro que o agronegócio opera a preços competitivos lá fora e abastece o mercado interno com uma das comidas mais baratas do planeta. Tudo isso é matéria de fato, não de gosto. As coisas são assim porque assim são as coisas. Não são matéria de gosto, de opinião, de achismo.

Acontece que…
Acontece que uma das configurações que assumiram as esquerdas contemporâneas prevê, deixem-me ver como chamar, a “reindianização” do Brasil. Mais números, que são, sim argumento: esse fantástico desempenho do agronegócio brasileiro é obtido com a agricultura e a pecuária ocupando pouco mais de 27% do território nacional. É nesse espaço que se produzem aqueles números que nos livram da bancarrota.

Atenção: essa área corresponde ao dobro daquela que é hoje ocupada por reservas indígenas, que abrigam uns 600 mil índios, onde não se produz uma espiga de milho. Ao contrário: os indígenas brasileiros — bem como boa parte dos sem-terra — se alimentam com cestas básicas fornecidas pelo poder público: sim, são os alimentos produzidos pelo “detestável”… agronegócio!!! Os comediantes, de fato, teriam com o que se fartar caso buscassem se informar, fugindo da piada fácil e do discurso ideológico bocó.

Maranhão
Brasil afora, multiplicam-se os confrontos entre índios e produtores rurais, decorrentes, na maioria das vezes, da reivindicação para ampliar áreas de reserva já estabelecidas ou da decisão da Funai — e seus antropólogos invisíveis —, de considerar indígenas territórios em que agricultores estão instalados há mais de século.

Neste exato momento, a tragédia de Pedrinhas não é o único crime — ou penca deles — que se comete no Maranhão. Há outro em curso. Agricultores instalados há décadas numa área declarada como pertencente aos índios Awá-Guajá terão de deixar suas terras. Atenção! São 1.200 famílias — perto de 6 mil pessoas. A própria Justiça admite que a esmagadora maioria é formada por agricultores pobres, que têm pequenas propriedades. O ódio ao agronegócio contamina, agora, até os pequenos produtores.

De volta a Maldos
Pois bem, na semana retrasada, o senhor Paulo Maldos falou à Voz do Brasil sobre o assunto e disse a seguinte barbaridade (em vermelho):
“A maioria dos ocupantes que se encontram ali vivem da extração da madeira, plantação de maconha e outros ilícitos, como já foi identificado há pouco tempo trabalho escravo na região. Então, a gente tem uma crise humanitária, digamos, em que você, por um lado, povos indígenas sem contato algum com a nossa sociedade, ou um contato muito recente, e, por outro lado, representantes, digamos, da nossa sociedade, que são o que temos de mais criminoso. Então, uma situação que o estado tem que se fazer presente, dando suporte a uma decisão judicial”.

Existem madeireiros na região? Sim! Há pessoas praticando crimes por ali? Não duvido. Mas é a regra? Não! Ao contrário. A maioria das famílias é formada de gente que ganha a vida honestamente, produzindo alimentos. A fala é absurda, truculenta, escandalosa. A senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), presidente da CNA reagiu (em azul):
“A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil vem a público repudiar as declarações levianas, irresponsáveis e ideológicas de um servidor público mal- intencionado, contra as quais buscará as medidas judiciais cabíveis.”

A presidente Dilma obrigou Maldos a se desmentir. Em nota, ele tentou remendar (em vermelho):
“Em relação à desintrusão da terra indígena Awá-Guajá gostaria de esclarecer que não foi minha intenção generalizar e afirmar que os agricultores que se encontram naquele local são plantadores de substâncias ilícitas. No local vivem muitos agricultores corretos e decentes. Se houve qualquer mal entendido a partir de minhas declarações, deixo claro que não foi essa minha intenção.”

A fala dele à Voz do Brasil é muito clara. De resto, este senhor tem uma atuação pregressa conhecida. Já lembrei aqui alguns de seus feitos.

Maldos é braço-direito de Carvalho. A ele cabe conversar com os movimentos sociais. Essa “conversa” assume um sentido muito particular: na prática, o governo os organiza e os financia. Maldos foi, por exemplo, o coordenador-geral do grupo de trabalho criado pelo governo federal para promover a desocupação de uma região chamada Marãiwatséde, em Mato Grosso.

Como ele trabalha? Nessa área, havia uma fazenda chamada Suiá-Missú, que abrigava, atenção!, um povoado chamado Posto da Mata, distrito de São Félix do Araguaia. Moravam lá 4 mil pessoas. O POVOADO FOI DESTRUÍDO. Nada ficou de pé, exceto uma igreja — o “católico” Gilberto Carvalho é um homem respeitoso… Nem mesmo deixaram, então, as benfeitorias para os xavantes, que já são índios aculturados. Uma escola que atendia 600 crianças também foi demolida. Quem se encarregou da destruição? A Força Nacional de Segurança. Carvalho e Maldos foram, depois, para o local comemorar o feito. Republico este vídeo impressionante que mostra o que restou daquela comunidade.

Maldos já disse a interlocutores que não descansa enquanto 25% do território brasileiro não forem destinados a reservas indígenas. Tem dito também que a violência dos índios é compreensível porque isso é uma espécie de direito à rebelião. De novo: o Brasil já destina hoje a menos de 600 mil índios (de um total de pouco mais de 800 mil) uma área correspondente a 26,6 Holandas, 11 Portugais ou duas Franças. Maldos quer 40 Holandas, 17 Portugais e 3,1 Franças. Agora o Pinheirinho.

Pinheirinho
Maldos não é um qualquer. Trata-se, reitero, de um profissional do conflito — e não da resolução de conflitos. Vocês devem se lembrar da desocupação do Pinheirinho, no interior de São Paulo. A Justiça determinou — e não cabia contestação à ordem — a desocupação de uma propriedade. Carvalho e Maldos acompanhavam tudo de perto. A Polícia Militar não podia mandar a Justiça às favas. Tinha de cumprir a ordem. O governo federal poderia ter resolvido tudo com uma assinatura: bastava desapropriar o terreno. Não o fez. Ficou esperando o conflito. Esperando? Não! Fez um pouco mais do que isso.

No dia da desocupação, adivinhem quem estava lá, ajudando a organizar a “resistência” dos invasores? Acertou quem chutou “Paulo Maldos”. Depois ele veio a público, com grande estardalhaço, anunciar que tinha sido atingido por uma bala de borracha. ATENÇÃO: ELE SE NEGOU A FAZER EXAME DE CORPO DE DELITO. Saiu a exibir uma bala de borracha por aí (foto no alto), dizendo ter sido atingido por um artefato daquele e posando de herói. Sim, uma tragédia poderia ter acontecido. Não aconteceu. Forças do oficialismo chegaram a denunciar ao mundo a existência de mortos e desaparecidos. Era tudo mentira.

Eis aqui um agricultor que está sendo expulso de sua terra no Maranhão. É este homem que Maldos considera “o que há de mais criminoso no Brasil”.

Encerro
As 1.200 famílias que lá produzem seu sustento acabarão deixando a terra. A exemplo do que se viu em Raposa Serra do Sol, não se plantará mais nenhum grão ou pé mandioca por lá. Se não saírem por bem, pais de família serão coagidos pelas forças policiais. Hoje, são donos do seu destino. O governo lhes oferece como saída se cadastrar no programa de reforma agrária.

Escrevi na tarde de ontem um texto sobre a expansão do Bolsa Família. Brasileiro bom é brasileiro dependente da caridade oficial, não é mesmo? Gente que produz tem mais é de ser tratada a chicote. Sem querer pautar comediantes, dou uma dica: o próprio ouvidor da Secretaria Nacional de Direitos Humanos confirmou, em depoimento na Câmara dos Deputados, que os direitos fundamentais dos antigos moradores da fazenda Suiá-Missú foram violados. Quem se importa?

Afinal de contas, direitos, para que possam ser considerados “humanos”, têm necessariamente de ser direitos de alguma minoria sociológica influente no imaginário esquerdopata. Brasileiro pobre que trabalha que se dane. Que vá pedir esmola a Lula e Dilma, pô!

Texto publicado originalmente às 4h05

Por Reinaldo Azevedo

 

Indústria: um espeto de US$ 105 bilhões, mas com muito prestígio político!

No post anterior, falo sobre o desempenho do agronegócio brasileiro e de como o setor é tratado em áreas formadoras de opinião. Como se pode ler, o superávit comercial do setor em 2013 foi de fantásticos US$ 82,91 bilhões. Como a balança brasileira, no ano passado, ficou positiva em ridículos US$ 2,5 bilhões, alertei que o desempenho dos demais setores tinha sido muito fraco. Era óbvio, não?

Vieram a público os dados da indústria. Pois é! Se o superávit do agronegócio está querendo entrar na reta dos US$ 100 bilhões, o déficit da indústria já superou esta marca: foi de US$ 105 bilhões no ano passado. No anterior, tinha sido de US$ 94,162 bilhões. Vale dizer: está piorando.

Como se vê, apesar do incentivo do governo em várias áreas, é evidente que a indústria brasileira está perdendo competitividade. Assim, é mesmo uma sorte que o agronegócio tenha se profissionalizado, garantindo que o país não vá, célere, para o buraco.

Pode-se argumentar que a indústria é mais suscetível aos erros de operação de política econômica do que o agronegócio. Uma coisa, no entanto, é certa: este segundo setor busca a modernização e a independência com mais determinação do que o outro. E já nem se fale, então, do, como vou chamar?, prestígio político, não é?

Os grandes da indústria brasileira costumam ser paparicados pelo governo como patriotas, independentemente de seu desempenho. A agricultura e a pecuária, ao contrário, têm de enfrentar a campanha difamatória da secretaria-geral da Presidência, dos ambientalistas, dos sem-terra, dos quilombolas, dos índios, dos naturebas e, claro!, dos especialistas em agronegócio do núcleo de teledramaturgia da TV Globo… Lá se encontra a maior concentração por metro quadrado de estudiosos da balança comercial…

Por Reinaldo Azevedo

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Fonte: Blog Reinaldo Azevedo (VEJA)

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