TORTURA NA VENEZUELA: DEPOIMENTOS DOS SEVICIADOS. Ou: Parece que Dilma se opõe apenas a que se torturem as “pessoas erradas”

Publicado em 11/04/2014 21:36 e atualizado em 04/07/2014 10:23
por Reinaldo Azevedo, de veja.com.br

TORTURA NA VENEZUELA: DEPOIMENTOS DOS SEVICIADOS. Ou: Parece que Dilma se opõe apenas a que se torturem as “pessoas erradas”

Quarenta pessoas já morreram na Venezuela em decorrência dos protestos de rua, que tiveram início no dia 12 de fevereiro. A esmagadora maioria das vítimas é composta de manifestantes, que decidiram sair às ruas para repudiar o governo do ditador ensandecido Nicolás Maduro. Algumas foram assassinadas, sim, por homens uniformizados, mas quem mata para valer no país são os membros sem rosto das milícias criadas e armadas por Hugo Chávez. O próprio Maduro, num pronunciamento público, as estimulou a enfrentar na porrada os manifestantes. Como se fosse pouco, a tortura se generalizou no país. Reportagem da VEJA desta semana traz o depoimento de jovens que foram barbaramente seviciados pelas forças de repressão.

Eis o governo que conta com o apoio integral da ex-torturada Dilma Rousseff e da maioria dos partidos de esquerda no Brasil. A presidente brasileira deixa claro, assim, que criou uma “Comissão da Verdade” por aqui porque ela se opõe a que se torturem apenas as pessoas erradas. Quando o torturado é o “inimigo”, aí tudo bem! Assistam ao vídeo e leiam a reportagem na edição impressa da revista.

Por Reinaldo Azevedo

 

Petrobras: o encontro entre a corrupção e a política, contra os brasileiros

A reportagem de VEJA teve acesso a uma parte do material apreendido pela Polícia Federal nos domínios do engenheiro Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Refino da Petrobras, preso na operação Lava Jato, a mesma que levou para a cadeia o doleiro Alberto Youssef e apagou de vez a fulgurante, à sua moda, carreira do deputado petista André Vargas. A reportagem, de seis páginas, é a capa da revista desta semana.

O conteúdo de uma simples agenda já é explosivo. Fica evidente que Costa, indicado para o cargo pelo PP e abrigado na Petrobras no âmbito dos acordos políticos do ex-presidente Lula, usava a empresa para intermediar acordos com fornecedores e empreiteiras, receber propina, distribuir uma parte de dinheiro a políticos e, obviamente, pegar o seu próprio quinhão. Como costuma acontecer com outros de sua estirpe, gostava de fazer anotações meticulosas.

Segue um trecho da reportagem de Rodrigo Rangel e Hugo Marques. Na sequência, um pedaço da agenda de Paulo Roberto e sua tradução. Leia a íntegra na edição impressa da revista.
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Por Reinaldo Azevedo

 

Na VEJA desta semana: André Vargas ameaça a companheirada

Puliquei aqui um post no dia 9 em que se lê o que segue:

Estava tudo pronto para o PT aceitar compungido a renúncia do deputado André Vargas (PT), mas ele demonstrou que não tem a mesma têmpera — nem a mesma origem — de um Delúbio Soares, aquele que aceita ser escorraçado, xingado, humilhado, expulso do partido. Sempre em silêncio. Porque sabe ser um deles, sabe ser um dos “homens de dentro”, sabe que sempre volta.

Leiam reportagem na VEJA desta semana com os detalhes da resistência de Vargas. Entre outras coisas, ele ameaçou botar a boca no trombone. E aí a companheirada recuou. Ou vocês acham que alguém como este senhor ascende tanto no partido sem, como direi?, dividir com outros os benefícios de seus métodos? Como também já escrevi aqui, Vargas é PT. PT é Vargas.

Por Reinaldo Azevedo

 

Um dos centros irradiadores de uma calúnia contra Aécio na Internet estava na… Eletrobras!

Pronto! A turma já começou. Reportagem da VEJA desta semana informa que já há quadrilhas operando, cuja tarefa é difamar o senador Aécio Neves, pré-candidato do PSDB à Presidência. Ninguém está surpreso, eu sei. Em 2010, vocês devem se lembrar, quando Fernando Pimentel chefiava a “pré-campanha” de Dilma, petistas foram flagrados associados a uma quadrilha para criar um dossiê falso contra José Serra.

Desta vez, um dos centros irradiadores da falsa informação de que Aécio desviou ora R$ 3,7 bilhões, ora R$ 4,3 bilhões, de verbas destinadas à Saúde é, acreditem, um computador que fica na… Eletrobras.

Não custa repetir — e sempre: eles não aprendem nada nem esquecem nada. Abaixo, veja como funciona o esquema de difamação na rede.

 

 

Por Reinaldo Azevedo

 

Sabem o que é esta estrovenga? É o Chikungunya! Ele é a cara do fracasso dos bananas!

Ah, minha Santa Bárbara!

O Jornal Nacional informa sobre o risco de uma nova doença (ao menos em solo nativo) provocado por um vírus chamado Chikungunya. Lá vou eu para o Google. A estrovenga é transmitida pelo Aedes aegypti, o filho-da-mãe que também é portador do vírus da dengue. Os sintomas iniciais são os mesmos, mas a doença é de outra natureza — não é hemorrágica ao menos. Mas pode provocar dores nas articulações e nas extremidades dos membros que podem durar meses e até anos.

O troço foi identificado na África, migrou para a Ásia e se considera que é fatal que chegue a Banânia — especialmente na Copa do Mundo por razões óbvias: chega alguém contaminado, o aedes nativo cumpre a sua função e pimba!

Que culpa têm os sucessivos governos bananienses por existir o tal Chikungunya? Nenhuma! Mas são responsáveis pela multiplicação do aedes aegypti.

Lá vamos nós fornecer o nosso lombo à incompetência e à safadeza dos bananas.

Por Reinaldo Azevedo

 

A CPI da Petrobras e as duas lógicas. Ou: Em que momento, na empresa, a política virou crime, e o crime virou política?

Cada um dos lados tenta usar a nova operação da Polícia Federal na Petrobras a seu favor. Para os oposicionistas, estamos diante de mais uma evidência — entre muitas — da necessidade da CPI. O governo recorre ao argumento diametralmente oposto: a Comissão Parlamentar de Inquérito não é necessária, tanto é assim que a Polícia Federal está fazendo seu trabalho, e as investigações estão em curso, sem qualquer interferência oficial; se é assim, fazer, então, CPI para quê? Para um lado, a ação da PF é emblema da necessidade da investigação conduzida pelo Parlamento; para o outro, é emblema da desnecessidade. As duas argumentações são lógicas. Então vamos pensar.

Um raciocínio que fraude a lógica não tem como estar correto — uma pessoa de discurso ilógico pode até acertar previsões e antevisões, mas não por causa do seu erro de método; algum outro fator terá operado para determinar o acerto. Mas nem todo argumento lógico, é evidente, está certo. Ou por outra: o que frauda a lógica induz ao erro; nem tudo que é lógico conduz ao acerto.

Entre as duas lógicas, é claro que certa está a da oposição. Por quê? Porque a do governo desconsidera a natureza de uma CPI. Se comissões parlamentares de inquérito tivessem apenas os poderes inerentes à polícia judiciária — e elas os têm —, então CPI para quê? Bastaria entregar à instância policial adequada o caso e ponto final! Ocorre que, com efeito, uma comissão parlamentar de inquérito também é, e deve ser, política. Ou “parlamentar” não seria. E a questão não é, sei lá, meramente taxiológica, de como se vai classificar isso ou aquilo

Sim, sem dúvida, confiando na independência da Polícia Federal nesse caso, acho que ela dispõe de instrumentos para apurar eventuais crimes cometidos na Petrobras, identificar os culpados, buscar as operações fraudulentas, os fraudadores etc. Mas há algo que uma CPI pode e deve fazer e que jamais será da alçada de uma polícia judiciária.

Quem nomeou quem e nomeou por quê? A que ordem de interesses atendiam — e não estou aqui me referindo só à possível roubalheira — aqueles que fizeram escolhas ruinosas para a empresa? Qual era o trânsito de políticos nos bastidores da estatal? Em que medida objetivos estratégicos foram abandonados em nome de urgências que diziam respeito à política, não à saúde da maior empresa brasileira — de resto, de capital aberto?

Sim, nessa medida de que trato, uma CPI também é política. Aquilo que os governistas começaram a vociferar em tom de acusação constitui a essência mesma da comissão de inquérito. Mas esse é o PT: essa gente é craque em criminalizar os adversários porque, afinal, estes cumprem o seu papel. Daqui a pouco, os petistas vão dizer, em tom escandalizado, que Aécio Neves e Eduardo Campos querem tomar o lugar da Dilma! Ora, é claro que eles querem, não é? Se não o quisessem ou se isso fosse tecnicamente impossível, o Brasil seria uma ditadura, não uma democracia.

Ao apontar o dedo para a oposição e acusar a CPI de “política”, os petistas criminalizam, a um só tempo, as oposições, as CPIs e a política. E tudo para não investigar a Petrobras! “Ah, e a CPI nos Estados tucanos?” Ora, determinem o fato, digam o que será investigado e colham as assinaturas — embora seja evidente que, nesse caso, o que se quer é vingança, não apuração. Basta ver como essa tal CPI foi parida. Mas não vou eu aqui esperar do petismo muito além do que ele pode dar — um mínimo de compostura.

A síntese é a seguinte, com ou sem essa nova operação, a CPI da Petrobras já era uma necessidade absoluta. Só ela tem condições de deixar claro em que momento, na empresa, a política virou crime, e o crime virou política.

Por Reinaldo Azevedo

 

Justiça ordena, e PF cumpre mandado de busca na presidência da Petrobras

Por Daniel Haidar, na VEJA.com:
A nova rodada de apreensões da Polícia Federal na Operação Lava-Jato, antecipada pelo Radar On-line, tem como alvo contratos supostamente intermediados pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. Policiais recolheram na manhã desta sexta-feira documentos na sede da estatal, no Centro do Rio, e em uma unidade da empresa em Macaé (RJ). Os agentes estiveram no gabinete da presidência, mas não há informações sobre o recolhimento de material. Ao todo, estão sendo cumpridos 23 mandados – dois de prisão, seis de condução coercitiva e quinze de busca e apreensão.

Além dos desdobramentos criminais da investigação, a entrada da Polícia Federal no coração da estatal petrolífera é simbólica em um momento que a empresa enfrenta a pior crise em décadas. Ontem, a presidente da Petrobras, Graça Foster, combinou com a base do governo no Senado que comparecerá à audiência, na próxima terça-feira, para falar sobre a crise. Politicamente, é uma tentativa do governo de esvaziar a CPI criada para investigar a empresa no Congresso.

A PF suspeita que Paulo Roberto Costa, atualmente preso em Curitiba (PR), tenha recebido propina para favorecer fornecedores e prestadores de serviço. A PF detectou trocas de e-mails de Costa com empresários que prestam serviços para a estatal. Num dos casos, a Ecoglobal, administrada por Vladimir Silveira e pela filha Clara, fechou contrato de 500 milhões de reais com a Petrobras em meados de 2013. Os investigadores suspeitam de um detalhe em particular, identificado nas trocas de mensagens: antes de começar a prestar os serviços, os empresários da Ecoglobal já mencionavam a possibilidade de conseguir um aditivo de até 15% sobre o valor do contrato.

As residências dos sócios da Ecoglobal foram alvos de mandado de busca e apreensão. Vladimir Magalhães da Silveira e Clara tiveram de prestar depoimento na Superintendência da PF no Rio porque foram expedidos contra eles mandados de “condução coercitiva”. Foi detectado que a Ecoglobal negociou com outras empresas a venda de uma participação societária. E há indícios de que a conclusão desses negócios dependia da obtenção de aditivos.

A empresa foi contratada pela Petrobras duas vezes: em abril de 2009, fechou um contrato de 9,5 milhões de reais para serviços de recuperação de efluentes; em janeiro de 2010, fechou negócio de tratamento e descarte de água oleosa, por 4,8 milhões de reais. Além do empresário, um casal que teria relações com o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa também foi levado pela PF para prestar depoimento nesta sexta-feira.

A Superintendência da PF no Paraná, base da operação, informou que o objetivo é buscar documentos que auxiliem os trabalhos da investigação. “O material arrecadado hoje contribuirá para os relatórios finais dos inquéritos em andamento”, diz a nota da PF.

A Operação Lava-Jato foi deflagrada no dia 17 de março deste ano para desmontar um esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas envolvendo quatro doleiros, que movimentaram mais de 10 bilhões de reais. A operação prendeu o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. O cabeça do esquema era o doleiro Alberto Youssef, preso em Curitiba (PR).

Por Reinaldo Azevedo

 

Para oposicionistas, operação na Petrobras torna urgente a CPI

Por Marcela Mattos e Gabriel Castro, na VEJA.com:
A segunda etapa da Operação Lava-Jato da Polícia Federal atingiu em cheio a estratégia do governo de barrar as investigações sobre a Petrobras. Enquanto o Palácio do Planalto tenta impedir a abertura de uma CPI no Congresso, os agentes realizaram nesta sexta-feira buscas na presidência da estatal. Para parlamentares de oposição, a operação reforça a necessidade de que a companhia passe por um pente-fino.

A PF procura contratos firmados pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, preso em março. A suspeita é que ele tenha recebido propina para favorecer fornecedores e prestadores de serviço. “A impressão clara é que a Petrobras foi sucateada por operações financeiras para bancar eleições, partidos e políticos. Eles precisavam de um operador, acharam, e as fraudes estão cada vez mais evidentes”, disse o vice-líder do PSDB na Câmara, deputado Nilson Leitão (MT). “Não tenho dúvidas de que o caso da Petrobras não é um debate político. Ela é, de fato, um caso de polícia.”

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), disse que os desdobramentos da operação tornam ainda mais difícil a tarefa dos que querem esvaziar a CPI da Petrobras. Na última quinta-feira, em uma ação orquestrada por senadores aliados, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) ampliou o escopo da comissão para que investigue, além da Petrobras, indícios de fraudes no metrô de São Paulo e contratos do Porto de Suape, em Pernambuco. “São evidências sucessivas, e a PF faz busca e apreensão dentro da sede da Petrobras. Acho que isso vai constranger os ‘enterradores’ da CPI”, disse.

Agripino também afirmou que o depoimento de Graça Foster à Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, na próxima terça-feira, não deve alterar o cenário. “Não acredito que ela acrescente algo. Mas, de qualquer forma, isso é apenas uma etapa. Não encerra nada”, avalia o parlamentar. Graça havia cancelado sua ida ao Senado, mas pediu que a CAE agendasse a audiência para a próxima semana. O objetivo é, ao responder pessoalmente aos parlamentares, diminuir o ímpeto de criação da CPI.

Para o líder do SDD, deputado Fernando Francischini (PR), as buscas na estatal “demonstram o poderio político que há dentro da organização”. “Se a operação chegou ao gabinete da presidência, é porque há fortes indícios de que contratos irregulares foram firmados lá. Isso reforça o pedido da CPI e mostra por que o governo tem medo de que a estatal seja investigada”, disse Francischini.

A operação na gigante brasileira, para a oposição, também atinge a credibilidade do país e de suas companhias. “A imagem da Petrobras já está bastante desgastada com a perda de posições importantes no ranking das maiores empresas. Agora, quando se descobre que a situação da empresa não é apenas resultado de incompetência administrativa, mas de corrupção, o Brasil fica em uma situação vexatória”, afirmou o deputado Nilson Leitão.

Por Reinaldo Azevedo

 

Executivo admite que empresa pagou R$ 1,9 milhão a consultoria ligada a doleiro para poder fazer negócio com a Petrobras

Por Thiago Herdy, no Globo:
O executivo Paulo Roberto Dalmazzo, CEO da Jaraguá Equipamentos, fornecedora da Petrobras, admitiu em entrevista ao GLOBO que os R$ 1,9 milhão pagos a uma empresa de consultoria ligada ao doleiro Alberto Youssef serviram como “intermediação” para a obtenção de quatro contratos com a estatal, que totalizaram R$ 1,1 bilhão. O pagamento é investigado pela Polícia Federal.

Dalmazzo afirma que a empresa pagou por um consultor para “validar os números” da proposta apresentada em licitação, com a promessa de vencê-la, mas disse não saber dizer quem é a pessoa que prestou o serviço, porque não estava na empresa na época dos fatos. Perguntado se é possível que a contratação tenha sido uma forma de pagar propina, como sugere a Polícia Federal, respondeu: “Pode acontecer tudo. Você pode ter que pagar ou guardar para livrar seus pontos da carteira. Esse é o Brasil de hoje. Entendeu? Eu posso responder pelos meus atos; pelos dos outros, não posso”.

Há dez anos atuando no setor, ex-diretor do estaleiro de Inhaúma, no Rio de Janeiro, e ex-presidente de Óleo e Gás da Andrade Gutierrez, o executivo afirma que durante sua carreira sempre tratou diretamente com Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras que está preso, mas nega que em algum momento ele tenha lhe pedido “qualquer coisa”. Disse acreditar ser possível trabalhar como fornecedor da Petrobras sem ter que pagar “consultoria”, mas afirmou reconhecer que a empresa tem “um lado podre, como tem em qualquer instituição onde tem o bicho homem”.

O executivo revelou que a Jaraguá está com dívidas de R$ 500 milhões e tenta se recuperar depois de sofrer graves erros de gestão da diretoria anterior, que envolvem inclusive a precificação dos quatro contratos com a Petrobras, que teriam custo mais elevado do que o proposto na concorrência. “Você acha que uma empresa que não está bem pode ter tido algum benefício? Acho que não”, afirmou. Ele criticou, também, “a mão do governo” na gestão da Petrobras. E disse que empresas doam a políticos e partidos para influenciar a agenda legislativa.
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Por Reinaldo Azevedo

 

Governo

Encontro marcado

Aparição pública

Pela primeira vez desde que as denúncias inundaram a Petrobras, Dilma Rousseff e Graça Foster aparecerão juntas em um evento público, na segunda-feira, em Pernambuco. Isso, se a constrangedora busca e apreensão feita hoje na companhia não mudar os planos de nenhuma das duas, claro.

Dilma e Graça participarão da entrega do Petroleiro Dragão ao Mar. Logo onde? O encontro acontecerá no Porto de Suape, incluído no escopo da CPI da Petrobras, a pedido do governo, para atrapalhar a vida de Eduardo Campos.

Depois, Dilma seguirá para o Sertão pernambucano, onde vai inaugurar o trecho de uma adutora de grande porte.

No dia seguinte, Graça estará no Congresso, dando explicações sobre os barris de suspeitas contra a Petrobras.

Por Lauro Jardim

 

Gilberto Carvalho, o sofisticado: “A gente organiza uma Copa do Mundo achando que vai ser uma festa, e vocês, jovens, vêm, dão porrada: ‘é uma merda!’”

Gilberto Carvalho explica André Vargas: não é para subir na vida; é para servir!

Ai, que preguiça!

Como vocês sabem, essa é uma das aberturas a que volta e meia recorro.

Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência, se encontrou com “jovens” militantes nesta sexta-feira. Expressou-se em termos elevados, informa a Folha:“Vocês [jovens] também nos dão desespero pelas coisas que vocês fazem. A gente organiza uma Copa do Mundo achando que vai ser uma festa, e vocês vêm e dão porrada, [dizem] é uma merda”.

Que encantador!

Segundo Carvalho, petistas fazem política para servir, não para subir na vida.

Claro!

Fala do doleiro Alberto Youssef a André Vargas, ex-secretário de Comunicação do PT e um dos capas-pretas do partido ao explicar a necessidade de fazer um acordo com o Ministério da Saúde: “É a sua independência financeira e a nossa!”.

É uma gente viciada em servir!

Por Reinaldo Azevedo

 

Resposta à lógica torta de Padilha: a PF só está ocupada com tantos ladrões porque há ladrões demais no poder, certo? Ou: Vá para os fatos, Padilha!

O ex-ministro Alexandre Padilha (Saúde) tem aquele ar meio coxinha — é uma das razões que fizeram com que Lula o escolhesse candidato ao governo de São Paulo: ele parece um tiozão bacana… —, mas pode fazer um discurso bastante virulento. E torto. E em desacordo com a verdade.

Nesta sexta, ele esteve em Araçatuba, parte da tal “Caravana Horizonte Paulista”, um esforço do PT para torná-lo conhecido no Estado. Lula, o autor de mais este poste, estava lá. Indagado se o caso André-Vargas-Labogen pode prejudicar a sua candidatura, Padilha respondeu, informa a Folha, que nunca houve um contrato com a empresa de fachada, que a PF diz pertencer ao doleiro Alberto Youssef. Afirmou: “O Ministério da Saúde recebeu uma proposta em dezembro do ano passado, do laboratório da Marinha brasileira, de parceria com outras empresas privadas para produzir medicamento para o Ministério da Saúde. Da entrega dessa proposta até ter um contrato com o ministério, vários passos seriam tomados”.

Ah, bom! A resposta coincide, em linhas gerais, com a nota emitida pela EMS, a gigante do setor farmacêutico, quando indaguei o que fazia em associação com um troço chamado Labogen. Ao menos coincide com a parte compreensível da nota. Daqui a pouco, os personagens dessa história vão negar que, um dia, algo parecido com Labogen tenha passado por suas vidas.

O fato: o tal laboratório da Marinha, a Labogen e a EMS se associaram para fornecer citrato de sildenafila para o Ministério da Saúde. Valor da operação: R$ 31 milhões. A coisa estava em curso. Tanto é assim que o ministério anunciou a sua suspensão. Ou se suspende por lá o que não existe? A parceria foi firmada pelo Ministério, sob a gestão de Padilha, ignorando uma portaria da própria Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que, no dia 23 de agosto, indeferiu o pedido da Lobogen para atuar como fabricante de medicamentos.

Mais: a agência aplicou várias multas ao  Labogen, que não puderam nem ser entregues porque o endereço oficialmente fornecido não, como direi?, coincidia com a empresa. A última foi aplicada no dia 5 de dezembro de 2013. Mesmo assim, seis dias depois, no dia 11, a pasta de Padilha anunciou a parceria. Instaurou-se uma sindicância no Ministério para apurar a questão. Ora, se não existe nada, apurar o quê, candidato Padilha?:

Já em plena campanha eleitoral, o petista afirmou ainda o seguinte: “A diferença entre o PT e o PSDB é que o governo do PT apura. Quem começou essa apuração [Lava Jato] foi a Polícia Federal, diferentemente do governo estadual [do PSDB, em São Paulo]. Quem começou a apuração do escândalo do metrô, por exemplo, foram autoridades internacionais e a PF”.

Huuummm…

Então vamos ver. Eu achava que a Polícia Federal não fosse do PT, mas do Brasil. Assim, investigações conduzidas por esse órgão, sempre acreditei, são independentes, não? Logo, o que a PF apura é o que a PF apura e pronto!, não o que o PT autoriza que se apure. Ou não é assim? E pouco importa o partido.

Há uma outra diferença importante entre o PT e o PSDB — que, diferentemente do que dizem os idiotas, não me representa porque sou conservador, e os tucanos não são. Eu, ao menos, nunca vi tucano passando a mão a cabeça de larápio ou tentando nos explicar que os ladrões atuam para o nosso bem. Certamente há safados também no PSDB, como há no PT e no PMDB, mas, diga-se em nome dos fatos, ninguém chama tucano ladrão de “herói do povo brasileiro” nem  transforma ladroagem, seja em nome pessoal ou do partido, em ato de resistência.

Finalmente, há outra observação a fazer: há muito tempo os petistas vêm com essa cascata de que a explosão de casos de corrupção no Brasil se deve ao fato de que, agora, o PT investiga… É uma lógica torta, como a cabeça deles: quer dizer que, se chegarmos a um caso de corrupção por dia, será sinal de que estamos no cominho certo?

A PT só está ocupado com tantos ladrões porque há muitos ladrões no poder, não é mesmo?

Por Reinaldo Azevedo

 

Senador tucano denuncia assessor de deputada petista que hostilizou Joaquim Barbosa

Por Mariana Haubert, na Folha Online:
O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) protocolou nesta sexta-feira (11) uma denúncia na Câmara dos Deputados contra o assessor da deputada Érika Kokay (PT-DF), Rodrigo “Pilha” Grassi Cademartori, por ele ter divulgado um vídeo em que ele e duas amigas hostilizam o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Joaquim Barbosa, na saída de um bar, em Brasília. Aos gritos de “tucano” e “projeto de ditador”, os petistas seguiram o ministro no momento em que ele saía do bar Frederic Chopin, na região central da capital federal na última sexta-feira (4), e era escoltado por seguranças até o carro.  Os manifestantes colocaram na internet pelo menos três vídeos em que eles aparecem hostilizando Barbosa. Eles também gritam “Dirceu, guerreiro do povo brasileiro”, em referência ao ex-ministro José Dirceu, condenado pelo STF no processo do mensalão.

 Para o senador, o assessor praticou os crimes de calúnia, difamação, injúria, além de ferir o código do servidor público, ao não “manter conduta compatível com a moralidade administrativa” e “ferir a dignidade, o decoro e o zelo” para com a sociedade dentro ou fora do local de trabalho. Em nota divulgada pela assessoria do senador, Aloysio Nunes afirma que, em geral, é difícil punir servidores em casos semelhantes porque eles não têm relação de causa e efeito com o trabalho, mas como Grassi é assessor de uma deputada petista além de ser filiado ao partido, o senador afirma que esses fatores o levaram a insultar Barbosa.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

Gleisi Hoffmann: “Ei, ei, vocês se lembram da minha voz?”

Lá vou eu, o coroa, com a memória. Nos anos 70, este comercial virou uma febre, por razões, creio, involuntárias até. Vejam

Circula na Internet um vídeo de 1985 com a então estudante universitária Gleisi Hoffmann, que apoiava a candidatura, que foi vitoriosa, do peemedebista Roberto Requião à Prefeitura de Curitiba, em 1985.

Ai, ai… Lembrei-me de Virgílio, o poeta, na Primeira Écloga: “Candidior postquam tondenti barba cadebat (…)” O narrador indica a passagem do tempo pelo cair das barbas brancas. É uma metonímia: é como se a barba que caía provocasse o seu envelhecimento e dele fosse a causa, não a consequência. Há um fio contínuo de melancolia nas éclogas… Só pra lembrar: é desse poema que sai o “libertas quae sera tamen” dos inconfidentes e da bandeira de Minas, que gerou um debate infindável sobre uma questiúncula gramatical em latim., na qual não vou entrar. Quando o Brasil ficar mais arrumado, só me dedicarei a coisas dessa natureza…

Com poucas pessoas o tempo foi tão generoso como com Gleisi Hoffmann, né?, que, nesse episódio da “CPI-X-Tudo”, defini como “o rostinho mais belo da truculência”. Será a candidata do PT ao governo do Paraná e terá de sambar um pouco para se livrar de um outro rosto truculento, nem tão belo: André Vargas. Capacidade de se transformar, isso ela tem, não é mesmo?

“Ah, se fosse um homem, você não faria esse comentário!” Como não? Já destaquei aqui a cabeleira recém-adquirida por Paulo Skaf — e o mais impressionante é que os cabelos novos nascem mais negros do que as asas da graúna. Taí, Se Skaf fosse um daqueles pastores de Virgílio, a écloga talvez fosse bem mais alegrinha.

Por Reinaldo Azevedo

 

PT cria comissão para ouvir Vargas. Convenham: o partido costuma ser duro com a dissidência e passar a mão na cabeça de malfeitores

Parece que a direção nacional do PT não está exatamente disposta a expulsar o deputado André Vargas (PT-PR).  E o próprio Vargas já deixou claro ao comando, como escrevi ontem aqui, que não pretende ser enxotado da legenda. Já lembrou que tem muitos serviços prestados à companheirada.  Ele conhece os subterrâneos do partido. Em vez de pô-lo pra fora, o PT decidiu montar um grupo para ouvir as suas explicações e só então decidir se vai submetê-lo à comissão de ética da legenda.

Pensando bem, expulsar Vargas por quê? Caso se siga a tradição por lá, ele ainda vai ganhar uma condecoração, uma medalha de “Honra ao Mérito Partidário”. Os patriotas que protagonizaram o mensalão estão onde? No partido, ora bolas! Delúbio Soares, por exemplo, foi expulso no dia 22 de outubro de 2005. No dia 29 de abril de 2011, o Diretório Nacional aprovou a sua volta por ampla maioria: 60 a 15. Houve uma festa de arromba. Sabem quem foi seu advogado de defesa na legenda, em favor do retorno? Ricardo Berzoini, atual ministro das Relações Institucionais.

Nos quase seis anos em que ficou oficialmente fora, nunca se afastou de verdade. Gente como Delúbio ou André Vargas encontra o seu lugar. O partido não perdoa é dissidência política em qualquer tempo: nesse caso, põe pra fora mesmo! Quem lida, digamos, de forma pouco ortodoxa, com recursos públicos e privados sempre terá abrigo.

Só a turma do mensalão? Não! Todo o grupo ligado ao escândalo dos aloprados, o tal falso dossiê que tentaram armar contra o tucano José Serra na disputa pelo governo de São Paulo, em 2006, continua na legenda. O presidente da sigla era o já citado Berzoini. Ficou provado que sabia de tudo. Hoje, é ministro. Hamilton Lacerda, o homem que carregava a mala de dinheiro para pagar a bandidagem, era braço-direito de Aloizio Mercadante, o candidato petista à época ao Palácio dos Bandeirantes. Mercadante, também ministro, é braço-direito de Dilma, daí a impressão correta de que ela tem dois braços esquerdos. Nos EUA, por exemplo, estariam fora da política para sempre.

A tal comissão petista, formada por três membros da direção, vai ouvir as explicações de Vargas sobre, como chamou Rui Falcão, “fatos noticiados, que, por si só, não incriminam ninguém”. Claro que não! Quando Youssef diz ao deputado que, se a tramoia no Ministério da Saúde der certo, ele vai fazer a independência financeira, o doleiro estava prevendo que o petista iria ganhar na Mega-Sena. Não deixava de ser. O contrato que a Labogen estava para fazer com o ministério comandado então por Alexandre Padilha chegava a R$ 150 milhões. Segundo apurou a VEJA, uns R$ 90 milhões até poderiam virar, de fato, remédio. R$ 60 milhões eram, como direi?, apropriação de recursos públicos. É uma Mega-Sena diferente.

O que foi que o DEM fez mesmo com Demóstenes Torres? Não esperou sua renúncia ou, como se deu, a cassação do mandato. Expulsou-o. No petismo, desde sempre, a lógica é diferente. Há a possibilidade de os malfeitores ganharem o epíteto de “guerreiros e heróis do povo brasileiro”, a exemplo de Delúbio Soares e José Dirceu. No partido, Vargas pode ter esperanças. Para encerrar: no caso de Demóstenes, a OAB cobrou rapidinho a renúncia ou cassação de mandato. No caso do Vargas, creio que o conselho está reunido para tentar entender o que quer dizer “independência financeira”…

Por Reinaldo Azevedo

 

A derrota de Dilma e a Metafísica do Corisco

Leiam trechos da minha coluna na Folha de hoje.
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Alguns números da pesquisa Datafolha acenam com a possibilidade de derrota de Dilma. Nem tanto porque o eleitorado já descobriu a oposição, mas porque ainda não a descobriu. Só 1% dos entrevistados desconhecem Dilma –índice que chega a 25% com Aécio e a 42% com Eduardo Campos. Conhecem a presidente “muito bem” 57% –mas só 17% dizem o mesmo do tucano e 8% do peessebista. Não obstante, a rejeição ao trio é de 33%. É óbvio: muitos não votam em Dilma porque sabem quem é ela. Outros tantos não votam em Aécio e Campos porque não sabem quem são eles. E há 72% que querem um governo diferente deste que aí está. Os números perturbaram mais os “Teóricos da Metafísica do Corisco” do que os petistas.

Quem são esses? É aquela gente que recita a música de Sérgio Ricardo de “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, de Glauber Rocha: “Mais fortes são os poderes do povo”, atribuindo a Lula e a seu PT o monopólio da representação popular. Tais analistas ainda não entenderam –ou a repudiam– a essência do regime democrático, que não se desdobra numa única direção nem num único sentido. Ao contrário: onde quer que a democracia tenha se fortalecido, o poder é pendular, ora pra lá, ora pra cá, em modelos, na prática, bipartidários. A eventual derrota de Dilma não implica uma regressão. O resultado, qualquer que seja ele, se garantidas as regras, fortalece o regime que permite a disputa e que, ora vejam!, forneceu ao PT as condições para derrotar seus adversários em 2002. O aspecto mais virtuoso de uma eleição é a conservação das instituições, não a agenda vitoriosa. Pinta-se um poste para que ele possa ser velho, não para que pareça novo. É Chesterton, não Azevedo.
(…)
chega a ser escandaloso ter de lembrar que é a democracia que legitima Lula, não Lula, a democracia.
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Por Reinaldo Azevedo

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Fonte: Blog Reinaldo Azevedo (VEJA)

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