A poucas horas da votação, o Ibope enfim capitula, concorda com o Datafolha e aposta na chegada de Aécio ao segundo turno

Publicado em 04/10/2014 18:52 e atualizado em 06/10/2014 10:48
No blog de Augusto Nunes, em veja.com (+ Reinaldo Azevedo e Rodrigo Constantino).

A poucas horas da votação, o Ibope enfim capitula, concorda com o Datafolha e aposta na chegada de Aécio ao segundo turno

Nas últimas quatro pesquisas do Datafolha, os índices de Aécio Neves desenharam uma curva ascendente: 17%, 18%, 20% e 21%. O levantamento divulgado nesta tarde de sábado, coerentemente, mostra Aécio com 26%, dois pontos porcentuais à frente de Marina Silva. E constata que o candidato do PSDB praticamente garantiu a passagem para o segundo turno. É ele quem vai enfrentar Dilma Rousseff.

Nas últimas quatro pesquisas do Ibope, Aécio permaneceu estacionado em 19%. Nesta tarde, o instituto enfim capitulou: um salto espetacular catapultou o senador tucano para 27%, três pontos porcentuais acima da concorrente do PSB. O que terá acontecido nas 48 horas que separam os dois levantamentos? Aconteceu o de sempre: na véspera da eleição, o Ibope desistiu de brigar com a realidade. E capitulou.

“A três dias da votação, um dos institutos de pesquisa deformou a realidade”, avisou na quinta-feira o post que comparou as pesquisas divulgadas naquele dia pelo Ibope e pelo Datafolha. Já se sabe qual foi.

(por Augusto Nunes)

É, minha gente! Como diria Chacrinha, uma eleição só acaba quando termina. Informam o Datafolha e o Ibope que Aécio deve estar à frente de Marina no 1º turno e se aproximando de Dilma no segundo…

Uma eleição “só acaba quando termina”, diria Chacrinha, o Velho Guerreiro. Segundo a mais recente pesquisa Datafolha, realizada ontem e hoje, o tucano Aécio Neves está tecnicamente empatado com Marina Silva, do PSB, no primeiro turno, mas numericamente à frente: 24% a 22%. Dilma Rousseff, do PT, segue com 40%. Os demais candidatos somam 4%; brancos e nulos são 4%, e 5% dizem não saber. No Ibope, com levantamento realizado entre anteontem e hoje, a petista e o tucano marcam os mesmos índices, mas a peessebista aparece com um ponto a menos, 21%. Os outros chegam a 3%. Brancos nulos são 7%, e 5% não sabem. Números do segundo turno (já veremos) indicam que o tucano chega à reta final em ascensão, e Marina, em declínio. Já podemos antecipar algumas conclusões:
a: Aécio deve iniciar a disputa no segundo turno em trajetória ascendente;
b: a campanha suja do PT, agora, se voltará contra o tucano;

Vejam o gráfico com os números do Datafolha publicado pela Folha Online, com os votos totais e válidos no primeiro turno:

Vejam os gráficos do Ibope com totais e válidos do primeiro turno, publicados pelo G1:

Como se pode ver, há também uma ligeira diferença entre os votos válidos: no Datafolha, Dilma tem 44%; Aécio, 26%, e Marina, 24%. No Ibope, esses números são, respectivamente, 46%, 27% e 24%.

Debate?
As pesquisas já haviam identificado um movimento em favor de Aécio. Tudo indica, no entanto, que o fato de ter sido, de longe, o melhor no debate promovido pela TV Globo — com mais de 20 pontos de audiência — fez diferença. Em dois dias, ele passou de 21% para 24% no Datafolha, e Marina, de 24% para 22%. No Ibope, em três dias, o tucano saltou de 19% para 24%, e a peessebista, de 24% para 21%. No período, nos dois institutos, Dilma manteve os 40%. Como afirmei aqui neste blog, o debate havia sido bom para Aécio, ruim para Marina e neutro para Dilma.

Segundo turno
É nos números do segundo turno que a tendência de ascensão de Aécio e de declínio de Marina fica mais evidente. Vejam os gráficos do Datafolha (publicados pelo G1):

A diferença entre Dilma e Marina tende a ser crescente: era de sete pontos entre os dias 1 e 2 e passou para 10 pontos entre os dias 3 e 4. Quando a petista enfrenta o tucano, a distância está diminuindo: em uma semana, caiu de 11 pontos (50% a 39%) para 6 pontos: 48% a 42%. Agora, os gráficos no Ibope:

No Ibope, com números um pouco diferentes — 45% a 37% para a petista tanto contra Marina como contra Aécio —, também se nota a tendência de aproximação entre o tucano e Dilma e de distanciamento entre Marina e a presidente-candidata.

A onda em favor de Aécio e contra Marina nos últimos dois dias se revela com ainda mais clareza numa simulação de segundo turno entre os dois, que não vai se realizar. Vejam o gráfico que vai acima: há um mês, sob o impacto da queda do avião que levava Eduardo Campos, a peessebista venceria o tucano por 51% a 27%; agora, ele provavelmente a venceria por 39% a 36%. O Datafolha ouviu a maior amostra de sua série de pesquisas presidenciais em 2014: 18.116 eleitores em 468 municípios nos dias 3 e 4 de outubro. O Ibope realizou a pesquisa junto a 3.010 eleitores.

Conclusão
Tudo indica que o segundo turno será mesmo travado entre Dilma Rousseff e Aécio Neves, o que, convenham, boa parte dos analistas considerava impossível há duas semanas. Aécio, note-se, jamais deixou de acreditar.

O candidato do PSDB chegará, assim, à reta final em ascensão, o que sempre é positivo. Ajuda a criar o clima de virada. Nessa hipótese, como se comportarão Marina Silva e seu eleitorado? Tratarei disso em outros posts. Aécio certamente está preparado para enfrentar o que vem por aí. O estoque de baixarias do PT no processo eleitoral não tem limites — mesmo num debate cujas regras impõem a civilização.

No embate da Globo, por exemplo, deu para perceber que Dilma já contava com a possibilidade de enfrentar o tucano no segundo turno, tanto é que o chamou para o confronto direto sempre que pôde. E perdeu todas. Não hesitou em insistir na mentira escandalosa de que os tucanos tentaram privatizar a Petrobras e os bancos públicos. É mentira, mas isso é fichinha perto do que vem por aí.

Quem certamente acompanha o embate com especial interesse é o doleiro Alberto Youssef. Caso Dilma vença a disputa, convenham, é grande a chance de o governo não chegar ao fim. Viveremos dias interessantes.

Por Reinaldo Azevedo

A “Presidenta” e seu marqueteiro: sintomas do autoritarismo petista

A exigência da presidente Dilma de ser chamada de “presidenta” poderia ser apenas um sintoma de seu exotismo, quiçá um apelo para a cartada sexual em busca do apoio das feministas. Mas não. Ao que tudo indica, não se trata somente de um neologismo fruto de capricho pessoal, e sim de um presságio do que pode estar por vir, caso seja reeleita. Um indício de um autoritarismo preocupante.

A importância dada ao termo é tanta que hoje podemos identificar facilmente seu séquito de bajuladores pelo simples uso dele. Quem se refere a Dilma como “presidenta” está demonstrando sua subserviência, sua obediência. Vale notar que quase todo líder autoritário fez questão de ser chamado por algum apelido ou termo específico qualquer, para destacar sua posição acima dos reles mortais.

A história mostra que os piores ditadores e facínoras tinham também seus apelidos: Führer (Hitler), Il Duce (Mussolini), O Grande Timoneiro (Mao Tse Tung), El Comandante (Fidel Castro). Seria “Presidenta” uma forma sutil de expressar a ambição ditatorial do PT?

Afinal, Dilma não guarda segredo de sua admiração por algumas destas figuras históricas, o que foi constatado quando fez afagos recentemente no ditador cubano, ou quando era Chefe da Casa Civil e quebrou o protocolo para reverenciar Pol Pot. Sim, Pol Pot, o facínora líder do Khmer Vermelho, que exterminou um terço da população de seu país, o Camboja.

Esse autoritarismo do PT foi o motivo pelo qual Eduardo Jorge, hoje candidato a presidente pelo PV, decidiu abandonar o partido em 2003, como revela em entrevista nas páginas amarelas de Veja desta semana:

Uma das marcas registradas desses líderes autoritários é a presença dominante da figura de um marqueteiro, como o poderoso Goebbels no nacional-socialismo de Hitler. Afinal, líderes autoritários são também populistas, precisam ludibriar as massas, enganá-las o tempo todo. Depositam fé quase absoluta no papel do “enganador das massas”, portanto.

É verdade que a crescente dependência dos marqueteiros é uma tendência geral na política nacional, mas também é inegável que a petista Dilma é, sem dúvida, a que mais depende dessa figura. Basta ver que ela é praticamente incapaz de responder algo sem consulta, ao contrário do que acontece com Aécio Neves:

Como brincou um amigo meu, Dilma precisa verificar na “cola” até se é para dar “bom dia” ou “boa noite”. Sem a papelada preparada pelo marqueteiro, fica totalmente às escuras. Eduardo Jorge também comenta sobre esse uso excessivo do marqueteiro na entrevista:

Uma reportagem de Daniel Pereira também na Veja desta semana fala justamente do papel preponderante de João Santana na campanha de Dilma. O discurso de “nós” contra “eles”, por exemplo, que o PT tem usado para conquistar o voto dos ignorantes enquanto segrega perigosamente o Brasil, teria sua impressão digital.

Aquela nefasta campanha do medo que o PT lançou também foi obra do marqueteiro. O vídeo do partido mostrava um cenário sombrio no futuro, caso a oposição vencesse, alegando que haveria uma volta ao passado de miséria total. Conclui a matéria:

A banalização da imoralidade em nosso país pode ajudar a enxergar um marqueteiro desses como apenas um profissional eficiente em sua função, mas discordo totalmente. Se ainda temos algum apreço pela ética, o que João Santana faz, sob a aprovação da “Presidenta”, é abjeto, indecente, algo típico de um Goebbels. Ele é cúmplice da corja no poder, como foi Duda Mendonça antes dele. Joice Hasselmann, na TVeja, foi direto ao ponto:

Juntando as peças do tabuleiro, uma presidente arrogante que insiste em ser chamada de “Presidenta”, e um marqueteiro disposto a jogar sujo e descer no pântano com o único objetivo da vitória, não importa como ela se dê, temos a configuração de um quadro assustador, que nos remete aos piores ditadores que o mundo já viu. Seria isso o que está em construção no Brasil de hoje? Espero que não, que o povo possa acordar enquanto é tempo.

Rodrigo Constantino

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Fonte: Blog Augusto Nunes (VEJA)

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