Dilma vai se enrolando na teia que os próprios petistas teceram. Ou: Por que eles não dizem simplesmente a verdade?

Publicado em 13/10/2010 17:19 e atualizado em 13/10/2010 18:09


Leiam o que vai na Folha Online: 


Em encontro com Dilma, líderes evangélicos cobram ‘carta à nação’ sobre temas polêmicos

Em meio à polêmica sobre a descriminalização do aborto na corrida presidencial, líderes evangélicos cobraram nesta quarta-feira que a candidata do PT, Dilma Rousseff, apresente uma “carta aberta à nação” com compromissos firmes contra temas-tabus para os religiosos. O apelo é para que Dilma seja mais contundente em relação ao aborto, casamento homossexual, adoção de crianças por pessoas do mesmo sexo e liberdade religiosa.

Alguns líderes religiosos chegaram a garantir que, se eleita, ela vetará qualquer iniciativa que afronte algumas dessas pautas. A sugestão foi apresentada hoje durante um encontro da candidata com 51 representantes dos segmentos evangélicos. “Falar mal é fácil. Para falar bem você precisa de argumentação. [...] O problema é que estamos perdendo a guerra por falta de contundência”, disse o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que nos últimos dias visitou 12 templos defendendo o voto em Dilma.

No discurso aos aliados, Dilma pediu o empenho das bases à sua campanha e, segundo relatos, teria repetido ser contra o aborto. No início de sua intervenção, a candidata declarou precisar primeiro da ajuda de Deus e dos votos cristãos para ganhar. A avaliação dos aliados é de que é preciso executar ações de mídia para rebater os boatos que circulam nos segmentos religiosos contra a candidata. Após a reunião, políticos e líderes evangélicos gravaram depoimentos para serem usados na propaganda eleitoral.

“Ela não vai encaminhar nem sancionar qualquer coisa que ofenda os direitos religiosos, que descriminalize o aborto ou que promova o casamento homossexual”, afirmou o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ). Dilma deixou o encontro sem falar com a imprensa.

Comento
Começo lembrando que esse que funciona como porta-voz do grupo, Marcelo Crivella, é sobrinho de Edir Macedo, dono do PRB e da Rede Record. Macedo também é o mais destacado aliado de Dilma Rousseff e um defensor fanático do aborto.  Ele é tão favorável ao aborto, mas tão favorável, que, em pronunciamento famoso (vídeo no fim do post, para quem não viu), indaga e afirma:
- “O que é melhor? Um aborto ou uma criança vivendo num lixão?”
- “É preferível abortar do que ter a criança saudável, mas criando problemas para si, mendigando, comendo o pão que o diabo amassou e sendo nociva à sociedade”. São palavras que enojam.

Vida é vida, sempre melhor do que a morte, mesmo quando severina, já ensinou o agnóstico João Cabral de Melo Neto. Não para Macedo, esse grande filho de Deus…

Como um auto-intitulado “bispo”, este senhor é o principal aliado religioso de Dilma; como dono da TV Record, é seu principal aliado na “mídia”. E quem aparece para tentar desfazer supostos equívocos sobre a opinião da candidata? Um funcionário e sobrinho de Macedo!!! Dado o modo que o PT tem de ser coerente, faz sentido…

O PT inventou essa questão; o PT armou para si mesmo a teia; o PT criou a fantasia de que seus adversários haviam organizado uma corrente contra o partido na Internet; o PT atribuiu a queda de Dilma nas pesquisas ao fator religioso. E, ao expor-se dessa maneira, tentando fingir posições que não tem, sempre mais lhe é cobrado.

Quero ver como Dilma vai fazer para convencer as pessoas, contra suas próprias palavras e as resoluções do Congresso do PT, de que é contra a descriminação do aborto — contra o aborto em si, convenham, todo mundo é; a questão é o que fazer com as leis. Quero ver como Dilma vai fazer para combater a bandeira histórica do petismo em favor da união civil de homossexuais. A petista não terá como se comprometer com essas “exigências”.

O gênio que teve a idéia de inventar uma “Dilma vítima” do preconceito religioso deve estar bastante arrependido. O tiro saiu pela culatra. O desgaste da petista no primeiro turno, detectou o Datafolha, estava ligado às lambanças de Erenice e dos Menudos Trapaceiros da Casa Civil. No segundo, pode-se juntar, sim, àquela questão o fator religioso. Por obra exclusiva do PT. As pessoas não são idiotas. Sabem muito bem quando alguém tenta fingir uma opinião que não tem só para angariar simpatias ou votos.

Mais honesto e, creio, produtivo para o próprio PT seria Dilma dizer o que realmente pensa, tentando convencer as pessoas de que está com a razão. Mas não serei eu a dar conselhos aos petistas, certo?

Abaixo, o vídeo do horror:

Por Reinaldo Azevedo

Um bando de petistas disfarçados de intelectuais e artistas — é a fantasia predileta dos obscurantistas — decidiu assinar um “manifesto” em defesa da candidatura de Dilma Rousseff à Presidência da República. Até aí, nada de estranho. Eles adoram essas coisas. A rigor, desde que a democracia e a liberdade de imprensa estejam “do lado de lá”, eles assinam manifesto em favor de qualquer coisa: dengue, catapora, paralisia infantil…

O texto é uma tentativa de resposta ao Manifesto em Defesa da Democracia, que já atingiu a marca de 83.950 signatários, caminhando célere para as 100 mil assinaturas — em breve, poderá ser conhecido como o “Manifesto dos 100 Mil”, uma das maiores mobilizações da sociedade civil de que se tem notícia na história recente do país. E SEM O APOIO DA IMPRENSA, É BOM DEIXAR CLARO!

Os brucutus não disfarçam a intenção. A primeira frase do manifesto do bem, O DOS 100 MIL,  é esta: “Numa democracia, nenhum dos Poderes é soberano. Soberana é a Constituição, pois é ela quem dá corpo e alma à soberania do povo.” Os supostos “intelectuais e artistas” decidiram emular e escreveram:“Em uma democracia nenhum poder é soberano. Soberano é o povo.” A diferença parece pequena, mas é gigantesca. A primeira formulação exclui a tirania dita popular; a segunda só se realiza com ela, entenderam? “Soberano”, à moda dessa gente, era o “povo” na Alemanha hitleriana, na URSS stalinista ou na Cuba castrista.

Para não variar, um dos “inimigos” dos auto-intitulados “intelectuais & artistas” é a imprensa. Lê-se lá:
“É profundamente anti-democrático - totalitário mesmo - caracterizar qualquer crítica à imprensa como uma ameaça à liberdade de imprensa. Os meios de comunicação exerceram, nestes últimos oito anos, sua atividade sem nenhuma restrição por parte do Governo. Mesmo quando acusaram sem provas. Ou quando enxovalharam homens e mulheres sem oferecer-lhes direito de resposta. Ou, ainda, quando invadiram a privacidade e a família do próprio Presidente da República.”

Em primeiro lugar, o assédio à liberdade de imprensa foi uma constante no governo Lula; não terem conseguido intento não quer dizer que não tenham tentando. Em segundo lugar, a liberdade, que resiste, não é uma dádiva, mas uma garantia constitucional. Em terceiro, as “acusações” sem provas, de que reclamam, certamente se referem a “invenções” como mensalão e caso Erenice Guerra; em quarto, ninguém violou a intimidade da família do presidente: a referência remete à empresa de Fábio Luiz da Silva, o Lulinha, ex-monitor de jardim zoológico, convertido em empresário de sucesso com a ajuda da então Telemar, hoje Oi, empresa que é concessionária de serviço público e da qual o BNDES, um banco público, é, na prática, sócio. Não se trata de intimidade familiar, mas de escândalo público.

Os “intelectuais & artistas” acreditam que essas são evidências das falhas da imprensa, que, então, lastimam. Eu, se fosse a imprensa, far-lhes-ia a todos a vontade: que os signatários desse documento, que vêem uma imprensa tão abominável, deixem de freqüentar… a imprensa. Pronto! Jornais, revistas, rádios e páginas eletrônicas do que chamam “mídia” não são mesmo dignos de abrigar a notável contribuição desses gênios.  Tenham paciência!

Alguns dos signatários, como diria certa personagem do filme Casablanca, são os “suspeitos de sempre”, famosos por freqüentar “manifestos”; outros são ainda meros candidatos a celebridades no mundo do protesto. Ente os primeiros da lista, temos:
- Leonardo Boff - é famoso por ter escrito um livro em parceria com Frei Betto em que funde teologia e zoologia. Alguém dirá: “São Francisco também fez isso”. Não exatamente. No livro desses dois gigantes, os filósofos são os animais…
- Maria da Conceição Tavares -
 famosa por ter emprestado a Aloizio Mercadante os prolegômenos que o levaram a convencer o PT de que o Plano Real daria com os burros n’água. No Plano Cruzado, que ela ajudou a formular e que naufragou, esta senhora urrava e chorava de felicidade. No Real, que salvou o Brasil, ela urrava e chorava de raiva. Uma amiga do povo, enfim…
- Oscar Niemeyer - Nada a dizer. Proponho que Niemeyer crie um monumento em homenagem a… Niemeyer e ao “comunismo de resultados”.
- Marilena Chaui - Pfuiii… Esta que Bruno Tolentino chamava “Marxilena” e a quem dedicou um soneto fescenino é famosa por pelo menos dois livros: “O que é ideologia”, escrito em parceria com Karl Marx, e “Cultura e Democracia”, escrito em parceria com Claude Lefort. O problema é que os co-autores não tiveram seus nomes devidamente creditados, se é que me entendem…
- José Luis Fiori - é outro que se tornou notável por antever um grande desastre no Brasil por causa do Plano Real, cujos autores ele classificava, apropriando-se indevidamente de um texto literário, de “moedeiros falsos”. Passou os oito anos do governo FHC fazendo previsões catastrofistas, que não se confirmaram. O manifesto que assina agora exalta as virtudes da economia, decorrentes do Plano Real, cujo desastre ele anteviu… Em comum com os outros, tem o grande talento de não ficar vermelho… por fora.
Emir Sader - bem, é o lado mais circense do manifesto. É aquele rapaz que não sabe a diferença entre os verbos “posar” e “pousar”. É uma bobagenzinha, claro! O problema é que essa é só uma das coisas que ele não sabe. Sader é tão criativo que costuma se expressar numa língua que ele inventou, inspirada no português.

Não vou me estender na lista. Noventa por cento dos signatários são conhecidos apenas pelo Google ou pela lista dos beneficiários de prebendas e mamatas oficiais.

Eles querem é ditadura!

Por Reinaldo Azevedo
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(Do Blog de Augusto Nunes):

O abraço das afogadas

Erenice Guerra é o nervo exposto de Dilma Rousseff. É a chaga viva, a ferida que não cicatriza, o estigma irremovível, o sinal riscado a faca. Por vontade de Dilma, Erenice acumulou durante sete anos o posto de braço-direito e a chefia da quadrilha formada por parentes e agregados. Quando Dilma deixou o gabinete, foi a pedido da Mãe do PAC que Lula instalou no comando da Casa Civil a Mãe da Bandidagem.

No palácio abandonado pelo rei do palanque, Erenice mandou e desmandou desde o começo da campanha. Acobertou negociatas, transformou o gabinete em gazua a serviço do filho arrombador de cofres, foi coiteira dos larápios de estimação, ganhou dinheiro sujo como nunca. Livre de vigilância, sem medo de castigos, assumiu interinamente a Presidência e expandiu as fronteiras da capitania envilecida. Anexou a Anac, a Infraero, o Ministério de Minas e Energia. Foi ela quem expropriou os Correios e escolheu a nova diretoria da estatal hoje em avançado estado de decomposição.

Agora, açulada por ciros e dirceus, Dilma tenta repetir o velho truque: acusar o adversário de fazer o que faz o PT. O candidato da oposição deve deter imediatamente a ofensiva dos prontuários. Se alguém no PSDB cometeu crimes, que seja punido já. Se a denúncia é caluniosa, que acione a Justiça. Em qualquer hipótese, o país que pensa exige que Serra introduza no próximo debate na TV, numa das perguntas de um minuto, o escândalo da Casa Civil.

Cinquenta segundos bastarão para o resumo da ópera. Foi Dilma quem pariu, criou e protegeu Erenice Guerra. Foi a herdeira do pajé da tribo do mensalão quem transformou em sucessora a matriarca da família fora-da-lei. Durante sete anos, sempre juntas, as melhores amigas fizeram compras e dossiês. Sempre juntas, trancaram numerosos esqueletos no armário. Mas Dilma jura que Erenice roubou sozinha.

Feita a sinopse, Serra precisa apresentar à oponente as três opções possíveis. Se nunca suspeitou das bandalheiras na sala ao lado, Dilma é uma administradora inepta, incapaz de selecionar assessores e, portanto, despreparada para chefiar o governo. Se desconfiou de algo e não agiu, pecou por leniência e está, portanto, desqualificada para o cargo. Se descobriu alguma patifaria e preferiu calar-se, é cúmplice ─ e lugar de comparsa é o banco dos réus, não um palanque.

Nos 10 segundos restantes, bastará a Serra perguntar se Dilma sabia ou não sabia das bandalheiras protagonizadas pela melhor amiga (e repetir a pergunta, para que ela não finja que não entendeu). Qualquer que seja a resposta, será consumado o abraço das afogadas.

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Fonte: Blog Reinaldo Azevedo (Veja)

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