Para que os brasileiros deixem a Líbia, basta um pedido de Lula ao amigo e irmão Kadafi

Publicado em 23/02/2011 09:20 e atualizado em 23/02/2011 12:36

Para que os brasileiros deixem a Líbia, basta um pedido de Lula ao amigo e irmão Kadafi

Desde domingo, centenas de brasileiros em perigo na Líbia aguardam o pouso do avião fretado pelo Itamaraty. Desde domingo, o chanceler Antonio Patriota espera sentado a autorização do governo local para o pouso em algum aeroporto. Desde domingo, Lula faz de conta que conhece só de vista o homem que há 42 anos manda e desmanda no país. O que espera Patriota para interromper a amnésia malandra e recordar ao ex-presidente os tempos em que entrava sem bater na tenda beduína onde Muammar Kadafi conversa, descansa e dorme escoltado pela guarda pessoal só de mulheres?

Há pouco mais de um ano e meio, na reunião da União Africana realizada em Sirte, na Líbia, Lula e Kadafi andaram protagonizando cenas que, infiltradas em qualquer dramalhão de cinema, fariam a plateia inteira chorar lágrimas de esguicho.  “Meu amigo, meu irmão e líder”, derramou-se o convidado de honra, olhos nos olhos com o anfitrião, na abertura da discurseira. Kadafi pareceu especialmente comovido, naquele 1º de julho de 2009, ao ouvir o parceiro responsabilizar os países industrializados pelo “caráter perverso da ordem internacional”.

Em seguida, o orador acusou a imprensa em geral e os jornalistas brasileiros em particular de tratar com “preconceito premeditado” as relações amistosas entre os governos latino-americanos e as ditaduras da região. Só gente preconceituosa poderia fingir que não vê “a persistência e a visão de ganhos cumulativos que norteia os líderes africanos”, todos muito conscientes de que  “consolidar a democracia é um processo evolutivo”. Kadafi ficou tão animado com o palavrório que no encontro seguinte, promovido na Venezuela, propôs uma aliança militar, “nos moldes da OTAN”, entre os liberticidas africanos e os companheiros cucarachas.

No momento, o terrorista vocacional não tem tempo para pensar nessas grandezas: está inteiramente absorvido pela guerra de extermínio movida contra o povo líbio. Mas atenderá imediatamente ao telefone se souber que é Lula quem está do outro lado da linha. E, se ouvir o pedido, não se negará a suspender por algumas horas o bombardeio aéreo da população civil para permitir que o avião do Itamaraty recolha os brasileiros. Ninguém recusa o que pede um amigo e irmão. (Se recusar, o Brasil colherá mais uma prova de que a política externa da cafajestagem, parida pelo que Ricardo Setti batizou de “lulalato”, serviu apenas para envergonhar o país governado por um megalomaníaco).

Além de acionar o ex-presidente, Antonio Patriota deve reforçar urgentemente o esquema de segurança da embaixada na Líbia. Assustado com o tamanho da rebelião popular, Kadafi tem consultado o companheiro Hugo Chavez sobre planos de fuga e refúgios seguros. O último a tratar desses assuntos com o imaginoso venezuelano foi o hondurenho Manuel Zelaya. Os dois decidiram que um bom esconderijo seria a embaixada brasileira em Tegucigalpa. Kadafi avisou nesta terça-feira que prefere morrer a deixar o país. Se Patriota não abrir o olho, o bolívar-de-hospício e o ditador acuado tentarão abrir em Tripoli mais uma Pensão do Lula.



Gaddafi, Lula e o Brasil, por FERNANDO RODRIGUES

BRASÍLIA - Lula visitou Muammar Gaddafi, em 2003. Fiz a cobertura jornalística dessa viagem presidencial a Trípoli. As bizarrices do ditador já eram conhecidas, mas, vistas de perto, pareciam muito piores.
O líbio recebeu o presidente brasileiro em frente aos escombros de Bab al-Aziziya, o complexo militar cuja imagem serviu ontem de pano de fundo para Gaddafi discursar.
O ditador da Líbia vivia com sua família em Bab al-Aziziya quando o local sofreu um bombardeio dos EUA, em 1986. Hanna, de 15 meses e filha adotiva de Gaddafi, morreu. Tudo foi mantido intacto -inclusive a cama da menina e o sangue das pessoas atingidas pelas bombas.
Depois da exposição do leito de morte da filha, Gaddafi recebeu Lula em uma tenda a poucos metros do local. Estava cercado por dezenas de soldados armados ostensivamente com metralhadoras.
Quase não havia bancas de jornal do país. Nas poucas disponíveis, a publicação mais frequente era o livro verde de Gaddafi, sobre uma tal "Terceira Teoria Universal". Lê-se ali que a "democracia representativa é uma fraude". Os partidos políticos seriam só uma forma de "ditadura contemporânea".
A comitiva brasileira ficou no melhor hotel de Trípoli à época, o Corinthia (era esse mesmo o nome). Por ordem de Gaddafi, os quartos abaixo e acima do de Lula não foram ocupados. Providência útil para proteger. E espionar.
Ao saudar Gaddafi, Lula disse: "Jamais esqueci os amigos que eram meus amigos quando eu ainda não era presidente". Estava começando a longa série de adulação a déspotas mundo afora.
A deferência de Lula a Gaddafi foi inaceitável, mas poderia ter um uso hoje: um canal de comunicação para facilitar a saída dos brasileiros ilhados na Líbia. Nem isso. Há dias o Itamaraty tenta interceder e não tem sucesso. No final, o saldo da viagem de Lula a Trípoli foi só a foto do presidente brasileiro ao lado de mais um ditador.

fernando.rodrigues@grupofolha.com.br (da Folha de S. Paulo)


Em maio do ano passado, quando Lula ameaçou instalar o companheiro Orlando Silva no comando da Autoridade Pública Olímpica, escrevi um post sobre o único ministro do Esporte do mundo que chegou ao cargo porque é comunista. Ele acha que badminton é nome de algum rapper americano e desconfia de que taekwondo é uma bebida japonesa que vai bem com sushi, mas o ocupante do posto não precisa entender sequer de futebol. Como Lula ensinou e Dilma Rousseff aprendeu, o Ministério do Esporte deve ser comandado por um dirigente do PCdoB. Só isso. E isso Orlando Silva é.

O texto sobre o ministro que compra até tapioca com cartão corporativo, reproduzido na seção Vale Reprise, deve ser atualizado com a incorporação de duas notícias recentes. A primeira é surpreendentemente boa: Dilma Rousseff pretende entregar a Henrique Meirelles a gerência da APO. A segunda é previsivelmente má: neste fim de semana, Orlando Silva voltou às páginas político-policiais puxando o cortejo de trampolinagens que reduziram o programa Segundo Tempo a outra fantasia confinada no Brasil Maravilha do cartório.

No papel, o projeto não para de “criar núcleos esportivos para oferecer a crianças e jovens carentes a prática de esporte após as aulas e também nas férias”. Na prática, transformou-se num instrumento eleitoreiro a serviço do PCdoB, explorado em parceria por dirigentes do partido e vigaristas amigos. Só em 2010, descobriu o Estadão, R$ 30 milhões saíram pelo ralo dos convênios ou contratos com ONGs malandras e entidades  fantasmas. O rombo é certamente bem maior: a quantia divulgada pelo jornal é dinheiro de troco para o recordista brasileiro em salto sobre o orçamento, modalidade não-olímpica introduzida por Orlando Silva nos Jogos Panamericanos de 2007.

A notícia ruim tem seu lado bom. Como não para de tentar explicar o naufrágio de mais um programa social, o ministro do Esporte não pode usar a voz para continuar implorando a Dilma que o presenteie com o lugar reservado a Henrique Meirelles. Como falta coragem para demitir o ministro, a presidente ganhou um poderoso argumento para ao menos manter o companheiro do PCdoB longe da verba de R$ 30 bilhões (e dos 400 cargos de confiança) que tornam a APO a sigla dos sonhos de todos os aliados.  Pode-se imaginar o que faria com um cofre desse porte quem usa a gazua até em quadras esportivas para crianças pobres.

“O petróleo é nosso, mas a conta bancária é deles”, avisou faz tempo Millôr Fernandes. É o que José Serra deveria ter dito a Dilma Rousseff sempre que a candidata recomeçasse, no meio do debate na TV, a discurseira triunfalista sobre a Petrobras. Com uma frase de 10 palavras, o maior pensador brasileiro fez o resumo da ópera. Enquanto os pais-da-pátria distraem o povo com as mãos manchadas de petróleo, a turma que manda na estatal vê a cor do dinheiro.

Neste domingo, O Globo revelou as duas últimas da Petrobras. Primeira: dos 371 mil servidores, 291 mil não são concursados. Alheio às pressões do Ministério Público, o mamute segue engordando com contratações ilegais. Segunda: enquanto o governo festeja escavações no pré-sal que nem começaram, auditorias do Tribunal de Contas da União constataram que já soma R$ 4 bilhões o buraco escavado por irregularidades em licitações, contratos, obras e serviços em execução pela empresa.

Como de praxe, a diretoria que já foi comandada por José Eduardo Dutra e hoje é presidida por José Sérgio Gabrielli prometeu explicações que não virão. Em vez disso, virá o anúncio de que foi descoberta no litoral outra jazida de matar de inveja os gringos da OPEP. É sempre assim quando camburões são avistados das janelas da sede da estatal.

Antes que outro candidato governista volte a amparar-se nas façanhas imaginárias da Petrobras para recitar que privatização é crime, e que a construção do Brasil Potência passa pela estatização até do botequim da esquina, a oposição oficial precisa decorar outra lição do grande Millôr ─ e repeti-la todos os dias: “Nossos corruptos são tão incompetentes que só conseguem roubar do governo. Se fossem ladrões na iniciativa privada, morreriam de fome”.

MPF processa Lula e ex-ministro da Previdência

O Ministério Público Federal em Brasília entrou com ação contra Lula e o ex-ministro da Previdência Amir Lando. Eles são acusados de improbidade administrativa por supostamente usarem a máquina pública para promoção pessoal e favorecer o banco BMG, envolvido no escândalo do mensalão.

Segundo o MP e o TCU, entre outras irregularidades, foram enviadas mais de 10,6 milhões de cartas contendo propaganda para que assegurados do INSS tomassem empréstimos consignados no BMG.

O prejuízo estimado com a impressão e o envio das cartas é de 9,5 milhões de reais. A procuradora da República Luciana Loureiro pede de Lula e Lando a devolução dos recursos e, em liminar, o bloqueio dos bens dos acusados.

Por Lauro Jardim

Tags:

Fonte: Blog Augusto Nunes (VEJA)

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Prejuízos na pecuária devem continuar em 2022, avalia o presidente da Assocon
Exportações totais de carne bovina caem 6% no volume e 11% na receita em janeiro
Santa Catarina mantém proibição de entrada de bovinos vindos de outros estados
A "filosofia" de Paulo Guedes para a economia brasileira. Os liberais chegaram ao Poder
O misterioso caso de certo sítio em Atibaia (Por Percival Puggina)