Vamos exibir ao estrangeiro as nossas crianças que não sambam, mas calculam!

Publicado em 22/03/2011 17:49

Capoeira uma ova! A astronomia e a matemática chegaram ao Brasil bem antes! Vamos exibir ao estrangeiro as nossas crianças que não sambam, mas calculam!

E os posts sobre capoeira pra turista continuam a render. Sou refratário à idéia de que determinadas manifestações são expressões da “identidade nacional”. Eu não sei que diabo isso quer dizer. O curioso é que essa abordagem já foi, um dia, “de direita”. Vejam o Integralismo, de Plínio Salgado, por exemplo. As esquerdas, ao contrário, diziam-se internacionalistas. A sua grande irmandade seria o “proletariado”. Hoje em dia, quem investe nessa bobagem de traços formadores da identidade nacional, que teriam virtudes ainda hoje, são exatamente os esquerdistas.

Qual é o meu ponto? Eu não acho que nada disso caracteriza o “Brasil”. A identidade do país não está na capoeira, no berimbau, no pão de queijo, no catira ou no fogo de chão. Todas essas coisas, na verdade, se fossem levadas a sério, nos dividiriam. O que a música de viola do interior de São Paulo diz a um baiano? O mesmo que a capoeira diz a um caipira como eu: nada! Aliás, a maioria dos baianos não sabe dançar capoeira — imaginem o nosso Weimar com as palmas da mão plantadas no chão e as pernas pro ar… Gostamos dele porque tem os pés no chão e a cabeça nas nuvens, hehe…  Ah, sim: a maioria dos paulistas ignora a moda de viola.

Assim como não acho que “o” brasileiro se defina por isso ou aquilo, tenho um tédio mortal com as peroração regionalistas: “Ah, mineiro é assim; gaúcho é assado; cariocas, então…” Acho, sim, que se podem criar estereótipos e clichês a respeito das regiões. Como toda generalização, é uma bobagem, geralmente manipulada pela pilantragem política.

O que nos une, aí sim, é o mundo moderno, são as leis, são as exigências contemporâneas. O resto é bobagem. Por que o garoto que dança capoeira nos representa mais do que aquele que estuda matemática pura? Eu não sei! “Porque a matemática pura não ajudou a formar o Brasil!” É mesmo??? O saber acumulado nessa ciência da natureza está ausente do solo pátrio? A geometria, por exemplo, é uma importação? O Teorema de Pitágoras, por acaso, não resiste ao nosso remelexo?

Atenção! A astronomia, a matemática e a literatura aportaram no Brasil antes da capoeira! Chegaram com a primeira caravela. A rigor, vieram dar nestas terras antes de chegarem ao que hoje são os Estados Unidos!

Então está decidido: quando chegar um novo chefe de estado ao Brasil, vamos fazer uma demonstração dos nossos meninos e meninas dedicados à astronomia e à matemática pura. Talvez seja um tanto aborrecido. Não mais do que a capoeira, paranauê, paranauê, paraná…  A astronomia e a matemática têm prioridade histórica! Vamos exibir ao estrangeiro as nossas crianças que não sambam, não dão piruetas, mas calculam!

Por Reinaldo Azevedo

O presidente do EUA, Barack Obama, é viciado em elogios. Nisso, está com o nosso Apedeuta. Sua tese varia de acordo com o termômetro. Começou a detectar a elevação da temperatura contra o bombardeio à Líbia, feito à revelia do Congresso. Então anuncia que os primeiros objetivos já foram atingidos e que a intensidade do ataque vai diminuir. Num futuro breve, diz, o controle passará para os europeus ou para a Otan — a Turquia, que integra a força, já se disse contrária.

O destaque do dia fica para Nick Harvey, o número dois na hierarquia da Defesa da Grã-Bretanha. Ele admitiu que os aliados podem, para proteger civis — claro! — recorrer a tropas terrestres, fazendo uma distinção entre uma “ocupação” e “uso de tropas no terreno”.

Pelo visto, o “uso de tropas no terreno” é uma “ocupação não-contabilizada”. Será bonito de ver. A resolução aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU é explícita em vetar o “uso de tropas no terreno”, como diz esse amante de eufemismos.

O Ocidente está feito: nos EUA, Obama — escrevi bastante sobre ele na madrugada —; na França, Sarkozy, o amigão de Kadafi até ontem (por baixo dos panos); na Grã-Bretanha, um tal David Cameron, cuja inexperiência não está só na cara.

Uma declaração como essa deveria render demissão, só isso. Notem ainda: pode estar aí a admissão de que só o bombardeio, feito de fora, não será suficiente para derrotar Kadafi.

Por Reinaldo Azevedo

Se uma biografia não-autorizada de Sarney poderia matar  leitor de raiva, uma autorizada certamente mataria de tédio.

Por Reinaldo Azevedo

Analiso, no post abaixo, o ciúme de Lula e afirmo que ele tem um encontro marcado com a ribalta. Já está se preparando para isso. As eleições de 2012 vêm aí, e o PT precisa de seu palanqueiro. Ele é o melhor. Não é a praia de Dilma. Ao contrário até. Em certa medida, ela é até bastante “antieleitoral”.

As qualidades que lhe têm rendido algumas perorações na imprensa não mobilizam muita gente. É preciso que venha aquela voz das catacumbas do espírito para dar o grito de guerra, para estabelecer o confronto entre “nós” e “eles”, para mentir sobre as próprias obras e as obras alheias com desenvoltura, desmesura, desrespeito.

Só Lula pode fazê-lo. E o partido, incluindo Dilma — não se enganem! — conta com isso. Esse PT civilizado, que entende as regras do jogo, é o PT que governa, não o que disputa eleição — ou o que está na oposição. Os dossiês de várias disputas nos dizem que, se preciso, recorrem até ao crime.

Por Reinaldo Azevedo

Consta que Lula está com inveja de Dilma. Isso pode dar em alguma coisa? Acho difícil. O Apedeuta estaria reclamando especialmente do excesso de elogios da imprensa à sua sucessora. Seria apenas uma forma de provocá-lo e de tentar minimizar a sua grande obra. O auge da contrariedade foi a ausência no almoço oferecido pela presidente a Barack Obama. Como escrevi aqui naquele dia mesmo, o convite aos “ex-presidentes” faria dele mais um. E ele não se sente parceiro de ninguém. Há um elemento de natureza também psicológica. Se alguém elogiar muito Jesus Cristo na frente do Demiurgo, ele vai se sentir diminuído e entender que é uma provocação pessoal: “Estão querendo dizer que Cristo era melhor do que eu…” Lembrem-se, a propósito, que Lula tratava Obama com certa indisposição antes mesmo de o governo dos EUA rejeitar aquele acordo mixuruca que ele fez com o Irã. Chegou a sugerir que a eleição de um negro nos EUA tinha uma importância simbólica menor do que a de um ex-operário no Brasil… Com George W. Bush, a relação era harmoniosa. Ideologia? Não! É que Lula não disputava com ele o coração dos “bem-pensantes”.

Feitas tais considerações, a contraposição apedêutica é compreensível. O marketing de Dilma tem sido eficiente — e a imprensa tem embarcado gostosamente — em evidenciar que há diferenças significativas entre os dois governos e os dois estilos. É uma tática de sobrevivência. Dilma foi eleita em razão da falta de qualidades, certo? Explico-me: prometeu-se ao eleitorado que “ela” era “ele”. A imagem do então presidente foi forte e eloqüente: “Pela primeira vez, o meu nome não vai estar lá [na urna], mas ‘Dilma’ quer dizer ‘Lula’”. Era preciso, naquela fase, que não existisse para que pudesse tentar existir um dia. E deu certo!

Se é possível inexistir como candidata, é impossível inexistir como presidente. O PT e sua grande rede não teriam e não têm como fazer oposição ao governo. As fontes de contrariedade estariam, ou estão, necessariamente, em setores tradicionalmente refratários ao partido ou que se caracterizam pela independência. São aquelas áreas da atuação política, já notei aqui diversas vezes, que os petistas chamam, SEM QUE O SEJAM, É BOM DESTACAR, “conservadoras”, “direitistas”, “reacionárias” — o vocábulo varia segundo a corrente do partido.

Dilma resolveu atraí-las ou, ao menos, diminuir significativamente o atrito. O próprio Lula fez isso quando assumiu o poder em 2003. O Demiurgo, ao longo de oito anos, havia comprado algumas brigas um tanto inúteis, pautadas mais por sua vaidade do que por uma estratégia política que tivesse conseqüências. O braço-de-ferro no caso da regulamentação da mídia — coisa de gente autoritária, que não entende o que é democracia — é um exemplo. Confronto pra quê? Pra nada! Dilma jogou água fria na fervura. O antiamericanismo estúpido da política externa dá sinais de estar sob controle. O Brasil se absteve, por exemplo, na votação do Conselho de Segurança que aprovou a intervenção na Líbia, mas modulou a reação: recorreu a uma linguagem suave, “diplomática”, enfim. Sob Lula/Celso Amorim, é possível que o voto tivesse sido o mesmo, mas com muito mais estridência.

João Santana também entendeu que havia certo fastio do excesso de personalismo. Mais do que isso: notou que o produto que tinha em mãos — Dilma — não era compatível com aquele proselitismo exacerbado, que apela diretamente às massas, tornando obsoleta toda e qualquer mediação. Dilma passou a ser uma voz institucional que fala por meio de emissários — a tal estratégia da “Rainha Muda”. Num dado momento, anunciou-se que ela seria mais popular, falaria diretamente ao povo. Por enquanto, não se encontrou o modelo.

Tudo isso, com efeito, despertou a simpatia daqueles tais setores refratários ou independentes. Considera-se que ela levou compostura ao cargo — o que, em certo sentido, não deixa de ser verdade. Ocorre que até um animador de circo  faria o mesmo, tal a falta de limites do antecessor. Dilma é uma espécie de descanso, de volta da política a seu leito normal.

Há mistificações em curso também? Claro que sim! A Dilma durona do corte de R$ 50 bilhões do Orçamento é nada menos do que a Dilma possível depois da lambança que a beneficiou, certo? As contas só chegaram perto do descalabro porque foram anteriormente manipuladas pelo furor eleitoral. Cortou por necessidade, não por boniteza. Gozou das delícias da gastança e depois mostrou a sua força supostamente saneadora. “Supostamente”? Um governo que corta R$ 50 bilhões do Orçamento e enfia mais R$ 55 bilhões no BNDES está é sem rumo. A presidente também foi considerada uma espécie de vítima dos tais “restos a pagar” herdados do seu antecessor, como se isso não fizesse parte de uma obra conjunta, executada a muitas mãos, sobretudo a quatro. Os atrasos e descumprimentos das promessas do PAC foram tratados como uma espécie, assim, de herançazinha maldita — como se Dilma não tivesse sido a coordenadora do programa. Ate os problemas óbvios na distribuição de energia, área que, mais do que qualquer outra, estava afeita à então ministra surgem como um passivo deixado pelo Apedeuta. O mesmo se diga dos aeroportos.

Lula está infeliz porque precisa do elogio e do reconhecimento permanentes;  está infeliz porque, já se observou aqui, ele realmente acredita ser aquela personagem da mitologia; está infeliz porque, intimamente, tomará como usurpador qualquer um que sente naquela cadeira, por mais que a pessoa lhe prestasse reverência. E tem uma pontinha de razão: a Dilma candidata se beneficiou de todos os vícios que estaria corrigindo agora.

Só que Lula tem um encontro marcado com a ribalta. E não demora!

Por Reinaldo Azevedo

Obama, o grande santo, desmoraliza a ONU e o Congresso dos EUA, o que Bush nunca fez!

Pois é, queridos!

Intuo que uma das coisas que os mantêm ligados ao blog, além do fato de esse ser um ponto de encontro para o diálogo entre vocês, é o fato de o blogueiro jamais passar vontade de dizer o que pensa, sem perguntar a quem está exatamente incomodando — menos ainda com medo de ser mal interpretado. Não ligo para o que pensam a meu respeito. Se eu fizesse a vontade “deles”, seria ou um deles ou seu servo. Não preciso ir a Benghazi ou a Trípoli — e nada contra quem vai, muito pelo contrário — para perceber certos desvãos da lógica, que têm de ser iluminados. (I)modestamente, noto que algumas questões aqui propostas desde sempre sobre a crise da Líbia começam a despertar a curiosidade da imprensa americana — e, em alguns casos, a indignação. Barack Obama, hoje, humilha a ONU e até o Congresso do seu país. Vamos com calma.

Só agora o New York Times se dá ao trabalho de perguntar, numa “análise” de David D. Kirkpatrick, se o que ocorre na Líbia é  uma luta por democracia ou uma guerra civil. O autor, talvez patrulhado pelo politicamente correto, não chega a dar “a” resposta. Mas demonstra com fatos: é uma guerra civil! Acho que vocês leram isso primeiro aqui, não é mesmo? Já disse que uma das minhas tarefas mais caras é revelar… o óbvio!

O autor apela à dúvida decorosa de um acadêmico — essa gente morre de medo de ver o tal óbvio —-, que vem com uma advertência. Indagado se é luta por democracia ou guerra civil, afirma Paul Sullivan, cientista político da Universidade de Georgetown: “É uma questão importante, terrivelmente difícil de responder. Quando Kadafi deixar o poder, podemos ter uma surpresa muito grande ao descobrir com o que estamos lidando”. Sullivan sabe a resposta, claro, mas deve temer que não o considerem um amante da liberdade. Se os dois lados da batalha estão armados de fuzis, tanques, aviões e baterias antiaéreas, é guerra civil!

Kirkpatrick lembra que, a exemplo do governo de Kadafi, também o dos rebeldes é formado por laços familiares e tribais. Assim como a imprensa oficial da Líbia mente, os seus opositores não têm qualquer compromisso com a verdade, reivindicando vitórias inexistentes no campo de batalha, declarando que cidades estão em disputa quando já controladas pelo coronel e, ATENÇÃO!, exagerando enormemente ao acusar o comportamento bárbaro do adversário. TUDO, AQUILO, LEITORES, QUE VOCÊS, CANSARAM DE LER POR AQUI. Ontem, por exemplo, correu o mundo a imagem do funeral de um — sim, de um! — rebelde. Havia protesto e gritaria. Se podem fazer aquela cena ganhar o planeta, por que não espalharam as dos chamados massacres? É inaceitável que a imprensa ocidental, a nossa inclusive, não se coloque essa questão. Kirkpatrick, em suma, está dizendo que os rebeldes mentem um pouquinho…

O autor observa que responder se é luta por democracia ou guerra civil poderia decidir até mesmo o futuro da intervenção das potências ocidentais. Eu diria, discordando um pouco dele, QUE A RESPOSTA DECIDE, NO MÁXIMO, A MORALIDADE DA INTERVENÇÃO. O resultado já está definido. Ou se imagina possível que o coronel resista àquela gigantesca máquina de guerra?

ONU E CONGRESSO DOS EUA
Há dois absurdos em curso. A resolução aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU fala expressamente na proteção a civis, mas prevê que qualquer medida pode ser adotada para garanti-la. Também exige o cessar-fogo e anuncia a implementação da zona de exclusão aérea. Muito bem! As potências acusam Kadafi de mentir e de não respeitar o cessar-fogo. Mas ele não deveria valer para os dois lados? Não! Segundo um assessor de Obama, “rebeldes são civis”. Assim, os aliados estariam apenas “garantindo a sua segurança” quando permitem que avancem contra forças de Kadafi previamente atacadas. ATENÇÃO! NUNCA SE VIU UMA RESOLUÇÃO COMO ESSA!

Voltemos um pouquinho àquele que foi visto como o Grande Satã também pela imprensa ocidental. Bush suou para conseguir a autorização dos congressistas para travar a guerra no Iraque. Obama mandou bombardear a Líbia sem lhes dar a menor pelota. Enviou uma carta depois de iniciado o ataque afirmando que a ação americana será limitada etc e tal e que não haverá envio de tropas terrestres. Ah, bom! Como se ele pudesse também enviar tropas sem prévia autorização! É patético! Afirmar que o que se vê no país é só proteção a civis e implementação da zona de exclusão aérea é uma piada macabra. Aquilo, obviamente, é uma guerra.

A imprensa americana começa a acordar do torpor. A nossa, com as exceções de sempre — deveria escrever “a” exceção? — ainda pisa nos astros distraída.  Críticos contumazes de Bush, aquele que queria ser “policial do planeta”, mostram-se agora engajados no esforço “humanista” de Obama, Sarkozy e Cameron…

Não dá! Eu não lido bem com baguncismo institucional, pouco importa o lugar — na minha casa (sim, há “instituições” aqui), em Dois Córregos, no Brasil, nos EUA ou na ONU. É um bem para a humanidade que Kadafi vá para o quinto dos infernos? É, sim! Mas as instituições não têm de ir junto com ele. E Obama está se mostrando um grande bagunceiro! Muitos achavam que seria temerário ter na Presidência dos EUA um homem tão inexperiente. Era um juízo convencional, conservador. Convencional, conservador e correto!

Por Reinaldo Azevedo

A guerra, o Brasil, o Apedeuta e eu

“Aí, hein, Reinaldo!? Você e aquele que chama de ‘Apedeuta’ estão juntos no caso da Líbia!”

Estamos? Algo mais nos une além do… “Curintchia“??? Ainda que fosse verdade  (não é! ), e daí? Não veria o menor problema. Eu não me obrigo a pensar sempre o contrário do que pensa Lula. Se assim fosse, eu seria uma espécie de seu funcionário moral, entenderam? Veria antes o que ele pensa para dizer o oposto depois. Se o Apedeuta admitir que a Lei da Gravidade existe, não poderia contestá-lo.

O Brasil se absteve na votação do Conselho de Segurança da ONU que aprovou a resolução que permitiu a intervenção na Líbia e pediu ontem o cessar-fogo, em nome da proteção aos civis — afinal, esse é o objetivo da ação. O Itamaraty acertou nas duas vezes. Aliás, dados os termos do texto votado, se o Brasil o tivesse rejeitado, estaria certo ainda assim. Mas preferiu não se isolar. O voto contrário, sem poder de veto, seria inócuo e exporia o país a um desgaste desnecessário. POR QUE DIGO ISSO? Mais uma vez: não cabe à ONU votar uma resolução para desempatar ou inverter o resultado de uma guerra civil. Nunca se viu coisa assim!

Lula foi homenageado ontem pela Federação das Associações Muçulmanas do Brasil, no Clube Monte Líbano, e fez depois um pronunciamento — acho que gratuito. Afirmou: “Sou solidário à posição do Brasil que se absteve na ONU contra a invasão. Essas invasões só acontecem porque as Nações Unidas estão enfraquecidas” . Tá! “Abster-se contra”??? Esse Lula… E avançou: “Se tivéssemos uma representação do século 21, em vez de mandar avião para bombardear, a ONU teria mandado seu secretário-geral para negociar”. Disse também que o povo palestino “era muito mais vítima do que terrorista” e acusou preconceito contra os muçulmanos nas ações americanas contra o terror.

Então! Viram como a minha “união” com Lula dura pouco? Quem disse que eu acho que o diálogo sempre resolve?  Às vezes, tem de ser bomba e porrada mesmo! Eu critico a ação na Líbia, na forma como se dá, porque acho que a ONU não tem de autorizar operações para decidir, entre dois grupos armados, quem deve vencer uma guerra civil. Eu critico a ação porque aquela resolução é uma estupidez, que permite qualquer coisa. Eu critico a ação porque ela não explicita o seu real objetivo: derrubar Kadafi.

Ocorre que Lula não está falando da Líbia, mas do Irã. Ele foi lá negociar com Ahmadinejad e foi engambelado, enganado, feito de bobo. Eu não me oponho a guerras por uma questão de princípio. Isso é coisa de gente do miolo mole. Acho que uma figura como Hitler pode nos lembrar que o humanismo requer, às vezes, sangue, suor e lágrimas. A depender de como se comporte o Irã na questão nuclear, por exemplo, um confronto armado — e, naquele caso, sim, trata-se de coisa para gente grande! — será inevitável. Dolorosamente inevitável, mas, ainda assim, preferível à alternativa.

Sem citar Kadafi
Huuummm… A assessoria de Lula pediu previamente à organização do evento que não se fizessem referências diretas a Muamar Kadafi. É mesmo, é? Em 2009, ele chamou o tirano de “irmão” e “líder”. Isso tudo é amizade?

Por Reinaldo Azevedo

Republicanos e democratas cobram explicações de Obama por decisão de atacar a Líbia

Por Fernanda Godoy, no Globo:

O presidente Barack Obama está enfrentando uma chuva de críticas e cobranças sobre a clareza da missão americana na Líbia. Parlamentares republicanos e democratas querem que o presidente explique qual o objetivo da intervenção militar: depor o ditador Muamar Kadafi ou proteger civis e permitir a entrada de ajuda humanitária, como diz o texto da resolução na ONU? O papel dos EUA passará a ser secundário em breve, conforme dizem as autoridades, ou o país será tragado para uma longa campanha militar, com prazos e resultados imprevisíveis?  As cobranças aumentaram no fim de semana, quando Obama estava no Brasil, com líderes do Congresso se queixando de que ele não consultara o Legislativo nem explicara à nação sua intenção ao entrar numa terceira guerra contra um país muçulmano, depois de Iraque e Afeganistão. Os assessores da Casa Branca fizeram um esforço para reforçar a imagem de Obama participando de todas as decisões à distância, mas isso não o poupou de críticas por estar ausente num momento crucial.

Por Reinaldo Azevedo

Um pouco de bom senso!

O bom senso começa a chegar aos nossos jornais. Leiam editorial de hoje no Estadão:

Atoleiro na Líbia

Quando o Conselho de Segurança (CS) das Nações Unidas aprovou, na quinta-feira passada, o uso de “todas as medidas necessárias” para deter a matança na Líbia rebelada contra o coronel Muamar Kadafi, esperava-se o que na vida civil se chama processo e, em linguagem militar, escalada. O ponto de partida seria a interdição do espaço aéreo do país, para impedir que o ditador continuasse a usar a aviação para atacar a população das cidades tomadas pelos insurretos. Isso provavelmente incluiria neutralizar as bases de onde poderiam ser alvejadas as aeronaves estrangeiras incumbidas de impor a chamada zona de exclusão sobre o território líbio. A intensidade da ofensiva, a sua duração e os seus desdobramentos dependeriam da reação do regime.

Pelo visto, porém, a coalizão que assumiu a empreitada de conter Kadafi, capitaneada pelos Estados Unidos, França e Grã-Bretanha, resolveu queimar etapas, antes mesmo de qualquer reação. Já no sábado, 20 caças franceses atacaram as posições do governo nas vizinhanças de Benghazi, a segunda maior cidade líbia e último reduto rebelde, enquanto navios americanos e um submarino britânico disparavam, do alto-mar no Mediterrâneo, mais de 100 mísseis de cruzeiro contra uma vintena de alvos a oeste, incluindo Trípoli. No dia seguinte, o ataque mirou o complexo de construções que abriga o QG de Kadafi, também na capital. As autoridades líbias dizem que chegam a 64 o número das vítimas civis das operações.

Quaisquer que sejam as baixas entre a população do país e o efeito dos ataques sobre o poderio militar do regime, os seus estilhaços políticos se projetaram em várias direções. A Liga Árabe, cujo endosso à resolução anti-Kadafi na ONU foi decisivo para a sua aprovação (o texto foi oficialmente patrocinado pelo Líbano), considerou que os bombardeios deturparam o sentido da iniciativa. “O que aconteceu na Líbia é diferente do objetivo de impor uma zona de exclusão aérea”, observou o secretário-geral da Liga, Amr Moussa. “O que queremos é proteger os civis e não bombardear mais civis.” Essa preocupação foi o que levou o Brasil a se abster no Conselho de Segurança, ao lado da Alemanha, Índia, China e Rússia. O risco, argumentou a chefe da delegação brasileira, Maria Luiza Viotti, é fazer “mais mal do que bem”.

Ela falava da questão humanitária, mas a advertência se aplica à questão essencial na Líbia: a permanência de Kadafi no poder. A rápida propagação do movimento pela sua queda, abrindo mais uma festejada frente democrática no mundo árabe, embaçou a visão do Ocidente para o fato de não ser desprezível o apoio com o qual o ditador ainda conta. As bombas podem ter sido recebidas com euforia por seus inimigos ilhados em Benghazi, mas tendem a reforçar o moral dos muitos que lhe são leais, a ponto de venerá-lo, e de afrouxar a oposição de outros tantos. E não há hipótese de ele próprio renunciar para poupar vidas de concidadãos imersos numa guerra civil ou manter a integridade do país. Seria um erro tratar como meras bravatas a sua ameaça de uma “longa guerra” com o Ocidente e o anúncio de que armará 1 milhão de líbios.

De mais a mais, bombardeios aéreos decidem guerras, mas não ganham guerras. Para isso, nada substitui tropas em terra - eventualidade expressamente excluída na resolução sobre a Líbia. O documento tampouco autoriza a remoção de Kadafi. Mas outra não é a intenção dos seus patrocinadores. Isso vale para o exaltado presidente francês, Nicolas Sarkozy, desejando apagar da memória do mundo não só os negócios recentes com Kadafi, como o seu apoio até a 25.ª hora ao ditador tunisiano, Ben Ali. E vale para o presidente americano, Barack Obama, que relutou em liderar a guerra em curso não porque não queira ver o líbio deposto, mas para poupar os Estados Unidos da ira da rua árabe.

Daí Washington correr a anunciar que, em questão de dias, o comando das operações na Líbia passará para uma coalizão franco-britânica ou para a Otan, a aliança militar ocidental. Isso não fará secar o atoleiro em que os aliados se enfiaram: não podem deixar Kadafi onde está e não podem tirá-lo sem um ataque direto que faria da Líbia um novo - e impensável - Iraque.

Por Reinaldo Azevedo

Desencarna!!! Lula estaria irritado com “elogios excessivos” da imprensa a Dilma

Por Bernanrdo Mello Franco, na Folha:
Os ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reclamou ontem das comparações entre seu governo e o da presidente Dilma Rousseff. Em tom de desabafo, ele acusou “adversários” de ressaltar diferenças de estilo na nova gestão com o intuito de atingi-lo. “É no mínimo hilariante”, disse Lula. “Durante oito anos alguns adversários tentaram vender que éramos a continuidade do governo anterior. Agora que elegemos uma pessoa para dar continuidade, eles estão dizendo que está diferente”, completou.

Lula discursou em jantar oferecido a ele pela Federação das Associações Muçulmanas do Brasil, em um clube na zona sul de São Paulo. Um amigo de Lula disse à Folha que ele está irritado com o que considera elogios excessivos a Dilma na imprensa. O petista considera que o tratamento amistoso tem como objetivo depreciar a herança de sua gestão. Aqui

Por Reinaldo Azevedo

Empresa privada? Governo pede cargo de Agnelli na Vale

Por David Friedlander, no Estadão:
Depois de dois anos de bombardeio pela imprensa, o governo pediu pela primeira vez ao Bradesco, de forma direta, o cargo de Roger Agnelli, presidente-executivo da Vale. Foi na última sexta-feira, numa conversa entre o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Conselho de Administração do Bradesco, Lázaro Brandão. O banco, por meio da Bradespar, é um dos principais acionistas da empresa.

O objetivo da conversa foi oficializar a intenção do governo de trocar Agnelli e iniciar a negociação em torno de um nome para substituí-lo. Dentro do banco, havia a ideia de, não sendo possível manter o executivo, organizar um processo de transição. A ideia de Mantega, no entanto, é combinar tudo agora e fazer a troca na assembleia de acionistas da Vale marcada para abril.

O ministro também disse que o governo ainda não teria preferência por um eventual substituto e propôs ao Bradesco discutir nomes de executivos de fora ou mesmo da atual diretoria. Brandão ficou de discutir o processo dentro do banco.

Procurados oficialmente e informados do assunto, Bradesco, Mantega e Agnelli preferiram não se pronunciar. A assessoria de imprensa do Ministério da Fazenda disse apenas que o ministro Guido Mantega conversa com o Bradesco sempre que necessário.

Influência. Embora a Vale tenha sido privatizada em 1997, o governo exerce influência na companhia por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e de fundos de pensão de empresas estatais liderados pela Previ (dos funcionários do Banco do Brasil), que são acionistas da mineradora. Junto com a Bradespar (empresa de participações ligada ao Bradesco) e da trading japonesa Mitsui, eles controlam a Vale.

O governo nunca assumiu a intenção de trocar Agnelli, que era próximo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva até a crise de 2008. A fritura do executivo vinha sendo feita por meio de mensagens anônimas, antes atribuídas a Lula e agora à presidente Dilma Rousseff, dando conta do desconforto do Planalto com o comportamento de Agnelli na Vale.

De acordo com essas versões, o governo quer na Vale alguém mais alinhado com seus interesses e disposto a seguir uma programação planejada por Brasília. Numa comparação frequente, o governo gostaria que a Vale, maior produtora de minério de ferro do mundo e segunda maior mineradora do planeta, seguisse o exemplo da Petrobrás - embora a mineradora seja empresa privada, de capital aberto e milhões de acionistas.

Atritos
Perto dos dez anos na presidência da Vale, Agnelli teve acesso privilegiado aos gabinetes mais importantes de Brasília durante boa parte do governo Lula. Os ventos mudaram de lado na crise global de 2008, quando a Vale demitiu funcionários e suspendeu alguns investimentos - justamente no momento em que Lula dizia que a crise internacional era uma “marolinha” e não afetaria o Brasil.Aqui

Por Reinaldo Azevedo

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Fonte: Blog Reinaldo Azevedo (Veja)

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